Crítica
Os melhores discos de 2024 que a gente ouviu no segundo semestre

E estão aí os melhores discos de 2024 que a gente escutou no segundo semestre do ano. Tem uma listinha de melhores do ano que sai em fevereiro, e vai demorar só um pouco, mas isso aí foi ouvido ao longo da segunda fase de 2024.
(confira também as listas de melhores discos de dezembro, novembro, outubro, setembro, agosto, julho e do primeiro semestre)
- Apoie a gente e mantenha nosso trabalho (site, podcast e futuros projetos) funcionando diariamente.
TURMA DA NOTA 8:
2nd Grade, Scheduled explosions
A Day In Venice, A man without a name
Abril Belga, Metrô hi-fi
Afonso Antunes, Filho único
Alas de Liona, Gravity of gold
Alvaro Lancellotti, Arruda, alfazema e guiné
Anastasia Coope, Darning woman
Anocean, Climbing walls (EP)
Apeles, Estasis
Bangladeafy, Vulture
Bill Wyman, Drive my car
Blossoms, Gary
Bodega, Brand on the run
Caco/Concha, Caco/Concha
Cults, To the ghosts
David Gilmour, Luck and strange
Desirée Marantes, Breve compilado de músicas para _______ (EP)
Dora Morelenbaum, Pique
Du Rompa Hammond Trio, O beijo da serpente
Duda Fortuna, Dual
Elemento Zero, Efêmera (EP)
Exclusive Os Cabides, Coisas estranhas
Fastball, Sonic ranch
Fashion Club, A love you cannot shake
Fcukers, Baggy$$ (EP)
Finneas, For cryin’ out loud!
Os Fonsecas, Estranho pra vizinha
Foster The People, Paradise state of mind
Friedberg, Hardcore workout queen
Good Morning, The accident
Guandu, Planos em cima de planos (EP)
Gueersh, Interferências na fazendinha
Halsey, The great impersonator
Hinds, Viva Hinds
I Ya Toyah, Drama
International Music, Endless rüttenscheid
Jack White, No name
Jup do Bairro, in.corpo.ração (EP)
Katie Gavin, What a relief
Kate Pierson, Radios & rainbows
Katia Jorgensen, Canções para odiar
King Hannah, Big swimmer
Laurie Anderson, Amelia
Linkin Park, From zero
Madre, Vazio obsceno
Maria Beraldo, Colinho
Marcos Valle, Túnel acústico
Molchat Doma, Belaya polosa
Neil Young & Crazy Horse, Early daze
Nina Camillo, Nascente (EP)
Os Paralamas do Sucesso, 10 remixes
Pete Townshend, Live in Concert 1985-2001 (box set)
Quito Ribeiro, Umguerrê
Rã, Praia Grande shore
Raça, 27
Riegulate, Whatever together
Ryan Adans, Blackhole
S.E.I.S.M.I.C, S.E.I.S.M.I.C.
Sabrina Carpenter, Short n’ sweet
Shed Seven, A matter of time
The Snuts, Millennials
Suuns, The breaks
Suki Waterhouse, Memoir of a sparklemuffin
T. Greguol, Bum
Tamar Berk, Good times for a change
Tássia Reis, Topo da minha cabeça
Tears For Fears, Songs for a nervous planet
Terrorvision, We are not robots
Thurston Moore, Flow critical lucidity
Tontom, Mania 2000 (EP)
Toro Y Moi, Hole erth
Tuyo, Quem eu quero ser
Verdes & Valterianos, Social climber (EP)
We Hate You Please Die, Chamber songs
Wilco, Hot sun cool shroud (EP)
Willie Nelson, The border
TURMA DA NOTA 8,5.
Adorável Clichê, Sonhos que nunca morrem
Alvilda, C’est déjà l’heure
Applegate, Mesmo lugar
Beachwood Sparks, Across the river of stars
Beabadoobee, This is how tomorrow moves
The Blessed Madonna, Godspeed
Blur, Live at Wembley Stadium
bôa, Whiplash
Chico Chico, Estopim
Clairo, Charm
Cloud Nothings, Here and nowhere else (10th anniversary)
Dani Bessa, Hiperdrama
Dinosaur Jr, Farm (15th anniversary edition)
Dolores Forever, It’s nothing
Duo Chipa, Lugar distante
Fabiana Palladino, Fabiana Palladino
Felipe Aud, Acumulado
Geordie Greep, The new sound
Godspeed You! Black Emperor, NO TITLE AS OF 13 FEBRUARY 2024 28.340 DEAD
Hayden Thorpe, Ness
Ian Hunter, You’re never alone with a schizophrenic (2024 expanded edition)
Inocentes, Antes do fim
The Jesus Lizard, Rack
Joyce, Voyce
The Linda Lindas, No obligation
Madison Cunningham e Andrew Bird, Cunningham Bird
Man/Woman/Chainsaw, Eazy peazy (EP)
Manu Chao, Viva tu
Mercury Rev, Born horses
Motörhead, Snake bite love (relançamento)
Moses Sumney, Sophcore (EP)
Mundo Video, Noite de lua torta
The National, Rome (ao vivo)
Our Girl, The good kind
Pata Söla, Migrante (EP)
Pete Yorn, The hard way
Piglet, For Frank forever
A Place To Bury Strangers, Synthesizer
Porridge Radio, Clouds in the sky they will always be there for me
Primal Scream, Come ahead
Rod Krieger, A assembleia extraordinária
Rodrigo Campos, Pode ser outra beleza
Sly & The Family Drone, Moon is doom backwards
Sofie Royer, Young-girl forever
Somesurprises, Perseids
Sparkle*Jets UK, Box of letters
Sugar Kane, Antes que o amor vá embora
Sue, Quando vc volta?
Supervão, Amores e vícios da geração nostalgia
Taxidermia, Vera Cruz Island
Telenova, Time is a flower
The The, Ensoulment
Tomemitsu, Dream 2
Travis, L.A. Times
Velocity Girl, UltraCopacetic (Copacetic remixed and expanded)
Westfalia, Odds and ends
The Wolfgang Press, A 2nd shape
Xiu Xiu, 13’ Frank Beltrame Italian Stiletto with Bison Horn Grips
TURMA DA NOTA 9.
Aluminum, Fully beat
Amyl and The Sniffers, Cartoon darkness
Azul Delírio, Delírio nº 9 (EP)
Batata Boy, MAGICLEOMIXTAPE (quando vê, já foi)
Blake Jones and The Trike Shop, And still…
Blood Wizard, Grinning William
Body Count, Merciless
Boogarins, Bacuri
Brigitte Calls Me Baby, The future is our way out
Cassandra Jenkins, My light, my destroyer
Childish Gambino, Bando Stone and The New World
cumgirl8, The 8h cumming
The Cure, Songs of a lost world
The Cure, Songs of a lost world + Songs of a live world: Live Troxy London MMXIV (ao vivo)
Dale Crover, Glossolalia
The Dare, What’s wrong with New York?
Faust, Blickwinkel (curated by Zappi Diermaier)
Fontaines DC, Romance
George Harrison, Living in the material world – 50th anniversary edition
Graham Gouldman, I have notes
Guided By Voices, Strut of kings
Guilherme Peluci, São Paulo instrumental
The Hard Quartet, The Hard Quartet
Hifi Sean & David McAlmont, Daylight
Illuminati Hotties, Power
Jamie xx, In waves
Jerry Cantrell, I want blood
Katy J Pearson, Someday, now
Kim Deal, Nobody loves you more
Lake Street Dive, Good together
Laura Marling, Patterns in repeat
Lazy Day, Open the door
Lenna Bahule, Kwisa (EP)
Leon Bridges, Leon
Lestics, Bolero #9
Linda Thompson, Proxy music
Luiz Amargo, Amor de mula
Maximo Park, Stream of life
Michelle, Songs about you specifically
Milton Nascimento e Esperanza Spalding, Milton + Esperanza
Nada Surf, Moon mirror
New Order, Brotherhood (Definitive edition)
Nick Cave and The Bad Seeds, Wild god
Nick Lowe e Los Straitjackets, Indoor safari
Nicolas Não Tem Banda, Nicolas Não Tem Banda
Nilüfer Yanya, My method actor
Oasis, Definitely maybe – 30th anniversary
Oruã, Passe
Osees, Sorcs 80
Papangu, Lampião Rei
Patrick Angello, Violão afro-brasileiro
Peter Perrett, The cleansing
Pixies, The night the zombies came
Pluma, Não leve a mal
The Police, Synchronicity – Super deluxe edition
Pond, Stung!
The Raveonettes, Sing…
Redd Kross, Redd Kross
Saint Etienne, The night
The Smile, Cutouts
Tess Parks, Pomegranate
Ugly, Twice around the sun
Underworld, Strawberry hotel
The Waeve, City lights
X, Smoke & fiction
Zé Manoel, Coral
TURMA DA NOTA 10!
Caxtrinho, Queda livre
David Bowie, Rock and roll star! (box set)
Fantastic Negrito, Son of a broken man
John Cale, POPtical illusion
Julie, My anti-aircraft friend
Lô Borges, Tobogã
MC5, Heavy lifting
Michael Kiwanuka, Small changes
Miragem, Muitos caminhos prum lindo delírio
Omni, Souvenir
Planet Hemp, Baseado em fatos reais: 30 anos de fumaça
Ryuichi Sakamoto, Opus
Sault, Acts of faith
Tahiti 80, Hello hello
Tyler The Creator, Chromakopia
Crítica
Ouvimos: Taylor Swift – “The life of a showgirl”

RESENHA: The life of a showgirl traz Taylor Swift em busca de si própria na década passada — um disco eficiente, mas sem grandes ideias.
Texto: Ricardo Schott
Nota: 6
Gravadora: Republic
Lançamento: 3 de outubro de 2025
- Quer receber nossas descobertas musicais direto no e-mail? Assine a newsletter do Pop Fantasma e não perca nada.
E aí, com paciência para mais um texto sobre o disco novo de Taylor Swift? Esperamos que sim. Mas vale já começar falando que o pior pecado ou a maior virtude do álbum novo dela não é nem ser um disco ruim ou bom. Até porque musicalmente, ele não é nenhuma das duas coisas: The life of a showgirl fica bastante em cima do muro.
Showgirl não é um álbum animador como alguns dos vários discos anteriores dela – ainda que Taylor tenha dito que a ideia foi “criar melodias que fossem tão contagiantes que você quase ficasse com raiva delas”. Ele também não tem as qualidades de álbuns como Folklore (2020), 1989 (2014) e Reputation (2017), e não é um álbum torturado e pretensioso como The tortured poets department (2024).
Mas muito menos é essa coisa horrível que muitos críticos andam comentando. O pop clássico encartado em Elizabeth Taylor, o pop-rock gostosinho de Opalite e Ruin the friendship, o r&b texturizado de Father figure, e as chupadas (er) conceituais de Wood (direto em Jacskon 5) e Actually romantic (o mesmo com Weezer e Pixies) têm muitos encantos. Isso tudo aí funciona – ainda que o clima de “volta ao passado pop”, com Max Martin e Shellback novamente produzindo Taylor, não tenha sido atingido de verdade.
O maior problema de Taylor em The life of a showgirl talvez seja o que um fã dela comentou recentemente em seu canal no Tik Tok. Depois de uma turnê como a The Eras tour, em que Taylor comemorava sua história ao lado dos fãs, e de conseguir reaver seus masters (após regravar vários álbuns), ela supostamente vende “simplicidade” e “volta ao passado pop” – num movimento de retorno parecido com o de Lady Gaga em Mayhem e Zara Larsson em Midnight sun.
Mas não é bem assim: Showgirl fala pouco sobre música, e mais sobre capitalismo, estratégias do mercado fonográfico e fãs que papam tudo que Taylor lança. Até por não ser um disco cheio de grandes ideias, e por ter sido lançado no mesmo esquema de vários discos anteriores dela: várias versões com cores e capas diferentes, que muitos fãs já se apressam em comprar. Na real, parece o mesmo imaginário do mundo dos ingressos, em que muita gente vende um rim para ir a um show, só que levado para o mundo do disco da maneira que é possível (até porque você não escuta shows no Spotify ou no Deezer).
Há quem ande dizendo que Taylor – uma cantora branca que, em plena era Trump, bateu seus próprios recordes e estabelece parâmetros quase inigualáveis – aproveita o disco novo para comemorar as vitórias e espetar colegas de uma forma que tem mais a ver com arrogância do que com empoderamento. Sendo assim, The life of a showgirl cheira mais a supremacia do que a poder.
Faz sentido, já que é uma vitória (e veja lá que vitória!) de menina branca em época bastante apropriada para meninas brancas ligadas ao country, embora Taylor não seja obrigada a nada. Falando do conteúdo do álbum, ninguém duvida que Taylor tenha seus problemas pessoais e que eles devem ser inúmeros – muito menos de todo o machismo e descrédito que ela deve ter que encarar. Mas até mesmo questões existenciais como as da letra do pop anos 1990 Eldest daughter (“toda filha mais velha / foi o primeiro cordeiro para o matadouro”) acabam sendo abordadas de forma ingênua e apressada, mais rasa que um pires.
No fundo, esse tipo de comparação não se faz, mas aqui é inevitável: Cardi B, em seu quilométrico álbum novo, Am i the drama?, tem mais a dizer sobre mulheres indo para o abate e espetamento de colegas – assim como a rapper baiana Duquesa, em seu curtíssimo disco Six., pode acrescentar mais sobre competição na música, machismo e vibes estranhas nos meandros do showbusiness.
O fato é que, numa safra razoável de melodias pop, e num desejo de voltar a tempos “mais simples”, Taylor apostou numa discurseira que não anima lá muita coisa, e Showgirl saiu dessa combinação torta de música, capitalismo, política (sim, por que não?) e propaganda.
Agradecemos a Rafael Chioccarello (Hits Perdidos) pela sugestão do vídeo do fã no Tik Tok.
- Gostou do texto? Seu apoio mantém o Pop Fantasma funcionando todo dia. Apoie aqui.
- E se ainda não assinou, dá tempo: assine a newsletter e receba nossos posts direto no e-mail.
Crítica
Ouvimos: Sombr – “I barely know her”

RESENHA: Sombr estreia no emo-pop “yearncore” com I barely know her: melodias grandiosas, drama juvenil e ecos de 1980s e emo moderno.
Texto: Ricardo Schott
Nota: 6,5
Gravadora: Warner Music
Lançamento: 22 de agosto de 2025.
- Quer receber nossas descobertas musicais direto no e-mail? Assine a newsletter do Pop Fantasma e não perca nada.
Existe um gênero musical ainda não lá muito explorado pela mídia chamado yearncore – que é definido por muita gente como uma mescla de emo e metal, o que nem explica lá muita coisa nessa era de gêneros musicais fluidos. De modo geral, é um estilo de emoções derramadas, refrãos levanta-plateia e gravação/mixagem trabalhada o suficiente para que a coisa não resvale no cafona – e se resvalar, que possa atrair uma galera mais indie. Traduzindo: é querer ser o Roupa Nova sem parecer o Roupa Nova (e nada contra uma das maiores bandas da história, é só uma constatação).
Shane Michael Boose, o popular Sombr, 20 anos, tem sido referido como um grande e novo expoente dessa turma aí. Um jovem que, em casa, antes de ser contratado e de trabalhar com um produtor, já havia desenvolvido uma sonoridade justamente nesse estilo: músicas para multidões, com refrãos trabalhados, melodias grandiloquentes e clima geral que valoriza sua excelente voz. I barely know her, seu primeiro disco, é bastante autoral – todas as músicas foram feitas por ele, e o próprio Sombr dividiu a produção com Tony Berg (Phoebe Bridgers).
O fato de I barely know her ser um disco tão pessoal é um grande feito nessa era de dez compositores e 200 produtores para um só single – não dá para não notar que Sombr já chega no mercado com cara própria, e com uma concepção sonora típica de quem ouve muita música, e ouve música como produtor e compositor. Músicas como Crushing, Back to friends e 12 to 12 têm herança do pop e do rock dos anos 1980 – a segunda tem um excelente balanço nos beats e no baixo, próximos da dance music do começo da década de oitenta. E unem as informações musicais de outrora com vibrações sombrias típicas de quem cresceu ouvindo emo, r&b e hip hop, ou pelo menos sujeito a tudo isso.
Entre guitarras que lembram The Police e The Cure, e emanações de Weezer e Beach Boys nas linhas vocais (além de uma saturação vocal que é a cara dos Strokes), Sombr vai das sombras às explosões em músicas como I wish I know how to quit you, a balada triste Canal Street, o bubblegum de Undressed, We never dated e Dime, e o clima dramático e pesado de Under the mat – clima esse que deixa entrar mumunhas de Beatles, Brian Wilson e David Bowie.
Falando assim, parece que Sombr vem com um esquema de pop perfeito e gostável por todo mundo. Não é bem assim: as influências são perfeitas e a atmosfera é das melhores, mas ainda é o começo. Muitas músicas repetem fórmulas (deu certo em uma, tem que dar certo em outra) e algumas dão aquele trato esperto e cult em fórmulas de outros artistas – em alguns momentos chega a passar pela mente uma bizarrice tipo “Justin Timberlake encontra Yungblud”.
Quanto às letras: a persona Sombr é de um rapaz sensível, que choraminga por todas as mulheres que conheceu na vida, supostamente não merecia ter sofrido tanto nas mãos de um monte de garotas e, mesmo sendo um cara bonitão, vive uma ressaca amorosa que parece durar uma eternidade. Em Canal Street, você descobre que ele chora por uma ex-namorada dos tempos de escola, mora com os pais e leva esporro da mãe porque fuma no quarto. Em Come closer, Sombr literalmente espera que uma peguete gatíssima por quem ele está apaixonado – mas que parece cagar solenemente para ele – lhe atire um osso.
Ou seja: um sofrimento sem fim que você não vai encontrar nem mesmo em discos de pagode romântico, e que acaba melando o tal esquema do “sou emocionado, mas não sou brega”. Justiça seja feita: a vibe pop de I barely know her tem inúmeros atrativos. Mas tem também uns problemas conceituais que cansam.
- Gostou do texto? Seu apoio mantém o Pop Fantasma funcionando todo dia. Apoie aqui.
- E se ainda não assinou, dá tempo: assine a newsletter e receba nossos posts direto no e-mail.
Crítica
Ouvimos: White Reaper – “Only slightly empty”

RESENHA: Entre perdas e recomeços, o White Reaper abraça de vez o pós-grunge em Only slightly empty, unindo peso, melodia e letras sobre crescer e seguir.
Texto: Ricardo Schott
Nota: 7,5
Gravadora: Blue Grape Music
Lançamento: 26 de setembro de 2025
- Quer receber nossas descobertas musicais direto no e-mail? Assine a newsletter do Pop Fantasma e não perca nada.
Only slightly empty (“apenas ligeiramente vazio”) é um bom nome para o quinto álbum do White Reaper, grupo norte-americano que já batizou um álbum de The world’s best american band (o segundo, de 2017) e cuja história é marcada pela combinação de peso e ironia. A começar porque Only slightly empty sai depois que a banda perdeu baixista e baterista (os irmãos Sam e Nick Wilkerson). Desprovido justamente de sua cozinha, o grupo decidiu continuar como trio – mas vale lembrar que outra coisa importante (o contrato com a Elektra) se perdeu pelo caminho.
Em clima de recomeço e de junção de pedaços, o White Reaper estreia na gravadora Blue Grape Music com um álbum que joga a banda de vez na área “pós-grunge” para a qual eles já vinham se dirigindo em álbuns anteriores – o WR era basicamente uma junção esperta de glam rock e power pop, e esse foi o som que deu fama ao grupo. Não que Only seja um disco ruim: na real o White Reaper acaba mesmo é atirando a nomenclatura “rock alternativo” (um catacorno que é usado para definir tanto o Creed quanto o Weezer, dependendo de quem escreve) numa onda que lembra, às vezes, bandas como Therapy? e Hüsker Dü.
É nessa onda que Only slightly empty segue, com o peso metal-punk de Coma, o pós-punk + pop-punk de Blink, Eraser e Honestly, além da vibe anos 1990 de Freakshow e Blue 42 – que lembra o Bad Religion mais “aberto” de Stranger than fiction (1994). Músicas como Pocket e Enemy John, em alguns momentos, soam como um Blink-182 sem vergonha de amadurecer e crescer, com guitarras que lembram bandas como Be Bop De Luxe e Cheap Trick. Tem Rubber cement, que mesmo recorrendo a um truque meio velho e repetitivo de guitarras herdadas dos Pixies e do Weezer (truque esse que até Taylor Swift aprendeu a realizar), tem lá seus encantos.
- Ouvimos: Die Spitz – Something to consume
Usando o pop como mágica e o peso indie como charme sonoro, o White Reaper manda bem na maior parte do tempo em Only slightly empty. Nas letras, por sua vez, a banda mostra que crescer e sobreviver tem dado (bastante) trabalho: Blink recorda uma época em que “a verdade era ruim, mas a mentira era pior”, Blue 42 parece um diálogo interior sobre confusão e insegurança (“eu não quero ser aquele de quem eles estão rindo / porque você não gosta de brigar, e eu não gosto de me sentir excluído”), Freakshow fala de relacionamentos cagados. Parece que Tony Esposito, Ryan Hater e Hunter Thompson, os três que sobraram na banda, estão criando letras românticas, ou meio confusas, para falar das quedas e problemas recentes do grupo. Faz sentido.
- Gostou do texto? Seu apoio mantém o Pop Fantasma funcionando todo dia. Apoie aqui.
- E se ainda não assinou, dá tempo: assine a newsletter e receba nossos posts direto no e-mail.
- Cultura Pop5 anos ago
Lendas urbanas históricas 8: Setealém
- Cultura Pop5 anos ago
Lendas urbanas históricas 2: Teletubbies
- Notícias8 anos ago
Saiba como foi a Feira da Foda, em Portugal
- Cinema8 anos ago
Will Reeve: o filho de Christopher Reeve é o super-herói de muita gente
- Videos8 anos ago
Um médico tá ensinando como rejuvenescer dez anos
- Cultura Pop7 anos ago
Aquela vez em que Wagner Montes sofreu um acidente de triciclo e ganhou homenagem
- Cultura Pop9 anos ago
Barra pesada: treze fatos sobre Sid Vicious
- Cultura Pop8 anos ago
Fórum da Ele Ela: afinal aquilo era verdade ou mentira?