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Lançamentos

Radar: Folk Bitch Trio, Stealing Sheep, Mae Martin, Dream Bodies, Lal Tuna, Desu Taem, Power Station

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Radar: Folk Bitch Trio (foto), Stealing Sheep, Mae Martin, Dream Bodies, Lal Tuna, Desu Taem, Power Station

E a fila de lançamentos internacionais que a gente separa para sair no Radar tá cada vez maior – o que significa que muita música legal tem saído aqui com atraso. Tem espaço pra todo mundo (todo mundo que está fazendo música boa, claro!) e vai tudo saindo devagar – com direito a novidades e, às vezes, alguns relançamentos, como é o caso do clipe clássico do Power Station que está voltando ao YouTube. Leia, veja, ouça, passe adiante.

Texto: Ricardo Schott – Foto: Reprodução de capa de disco (Folk Bitch Trio)

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FOLK BITCH TRIO, “CATHODE RAY”. Esse trio australiano gosta de um papo introspectivo e literário. Now would be a good time, primeiro álbum de Heide Peverelle, Jeanie Pilkington e Gracie Sinclair, sai em 25 de julho e já teve três singles lançados: The actor, God’s a different sword e esse Cathode ray, que usa metáforas ligadas à química para falar de amor, sexo e autenticidade. O texto de lançamento do álbum avisa que o grupo curte falar de “devaneios dissociativos e términos irritantes, fantasias sexuais e sobrecarga de mídia, todos os pequenos ressentimentos e pequenas humilhações de estar na casa dos vinte anos na década de 2020”, sempre com uma sonoridade vaporosa e folk.

STEALING SHEEP, “FOUND YOU”. Misturando experimentação musical e psicodelia derretida, esse trio de Liverpool diz estar mais interessado em movimentos de guerrilha do que apenas em música. “Pense em festas de escuta nas ruas, passeios de bicicleta, grupos de corrida noturna e competições de dança — trata-se de viver artisticamente e fazer de cada momento uma celebração”, contam Emily Lansley, Luciana Mercer e Rebecca Hawley, que lançam o novo álbum, GLO (Girl life online) em 25 de setembro. Found you é eletrônica e percussiva a ponto de lembrar pop novaiorquino independente, e não rock feito na terra dos Beatles – mas tem a inovação e a criatividade do rock britânico no DNA.

MAE MARTIN, “TRY ME”. Indie rock, letras confessionais e referências que vão do emo ao folk marcam o álbum de Mae, I’m a TV – que é sua estreia no universo da música, já que seu trabalho de atuação e roteiro (especialmente em comédia, em séries como Feel good, popular no Reino Unido) é mais conhecido. “É como se estivesse aprendendo um novo idioma. Mas as músicas que escrevi e às quais tenho mais apego são aquelas que fluíram de mim e tinham algo específico a dizer, ou um sentimento específico a capturar”, disse Mae, num papo com a revista Exclaim!  E Try me, uma das melhores faixas da estreia, tem cara simultaneamente soft rock e pós-punk, com beleza e clima levemente lo-fi nas guitarras do início. Um universo assustador e tóxico surge na letra, e é revisto de forma construtiva. “Me experimente / já estive lá tantas vezes”.

DREAM BODIES, “DON’T LOOK BACK”. A bateria eletrônica do começo dessa faixa vai te levar direto para os anos 1980 – lembra-se daquelas viradas de drum machine que surgiam até em gravações de música brasileira lá por 1984? Só que o Dream Bodies invade a área da darkwave com um clima diferente, bem mais próximo de um synthpop que se orgulha das próprias raízes. A lista de referências do projeto, criado por um músico norte-americano chamado Steven Fleet (que toca quase todos os instrumentos na faixa), é grande: “Clan of Xymox, the Glove, the Cure, New Order, Joy Division, Drab Majesty, Cocteau Twins, the Chameleons UK…”, enumera.

LAL TUNA, “TELEVISION FOREVER”. A artista turca Lal Tuna saiu de Istambul aos 18, dizendo-se sufocada num país em que os artistas se autocensuravam. Hoje vive em Bordeaux, França, e faz um trabalho autoral que mistura música, vídeo, colagem, poesia. Television forever, seu primeiro single, é sombrio, delicado e direto: fala do trauma de uma sobrevivente de abuso sexual que não consegue mais sair da cama – restando apenas a TV como janela para o mundo, daí o “televisão para sempre”. O clipe, feito ao lado Hugo Carmouze, é cru, bonito, tem clima de videoarte – e muda de tom quando o som cresce.

DESU TAEM, “THE BOOT IN THE ASS I’VE BEEN LONGING FOR”. Essa curiosíssima banda dos Estados Unidos – formada por um pai e um filho – lança discos na base do “você bobeou, nós lançamos um álbum duplo” (falamos deles aqui e aqui). 1/Infinity é o quarto (!) álbum lançado só em 2025, e mostra o grupo bandeando-se de vez para o lado do punk-metal (no estilo de bandas como Backyard Babies).

O destaque de 1/Infinity é essa música que fala sobre uma figurinha bem estranha que, certo dia, acorda com “um tijolo na cabeça” e achando que a cidade é uma selva, e há uma sombra à espreita em cada canto.

POWER STATION, “SHE CAN ROCK IT”. Lembra deles? O supergrupo formado nos anos 1980 por Robert Palmer (voz), Tony Thompson (bateria, Chic), John Taylor (baixo, Duran Duran) e Andy Taylor (guitarra, Duran Duran) gravou um disco epônimo em 1985 e em 1996 retornou com formação mudada – John saiu para fazer rehab e deu lugar a um pequeno rodízio de baixistas que incluiu Bernard Edwards (Chic) e Guy Pratt.

Living in fear, segundo álbum do Power Station (1996, cujo baixo foi creditado a John mas gravado por Bernard), destacou essa pérola meio hard rock, meio glam, cujo clipe retorna ao YouTube em HD, com som e imagem melhorados. Para o vídeo, o Power Station foi um trio, já que Bernard havia morrido em abril daquele ano. Vale para curtir o som e para matar saudades não apenas da banda, mas também de Palmer, morto em 2003.

Lançamentos

Radar: Bike, Negro Leo, Vivendo do Ócio, Lô Borges e Zeca Baleiro, Esquema Símio, Tiaslovro, Funérea

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Radar: Bike, Negro Leo, Vivendo do Ócio, Lô Borges e Zeca Baleiro, Esquema Símio, Tiaslovro, Funérea

Nada como a poesia de Lô Borges e Zeca Baleiro, além do clima introspectivo do Tiaslovro, para contrabalançar uma das edições mais ruidosas do Radar nacional do Pop Fantasma. Tem peso no som novo do Bike, no punk gótico do Funérea… até o indie gótico do Vivendo do Ócio e a MPB tropicalista de Negro Leo surgem falando bem alto por aqui. Ouça tudo no último volume para os vizinhos ouvirem.

Texto: Ricardo Schott – Foto (Bike):  André Almeida/Divulgação

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BIKE, “SUCURI”. Noise meditations, sexto álbum da banda paulista Bike, sai em setembro, marcando mais um gol da nova psicodelia brasileira. Sucuri, single novo do grupo, investe com força na lisergia jazzística brasileira: a percussão e a bateria são assumidamente inspiradas nos trabalhos dos mestres Dom Um Romão e Robertinho Silva. Já a letra é inspirada na lenda Yube e a Sucuri, da tradição indígena Kaxinawá, que fala sobre um homem que se apaixona por uma mulher sucuri.

Júlio Cavalcante e Diego Xavier, guitarristas do Bike, emulam sons de pássaros com seus instrumentos, enquanto toda a banda dedica-se a um som ruidoso, com experimentações que vão do afropop ao hard rock. Não ouça de fone – é som pra caixas acústicas altas, espaços grandes e horas de sonho.

NEGRO LEO, “BORBOLETINHAS MULTICOLORIDAS”. Com participações de músicos como Marcelo Callado, Domenico Lancellotti e Eduardo Manso, o álbum Água batizada, de Negro Leo, saiu originalmente em agosto de 2016 pelo selo Rock It!. E agora passa a fazer parte do catálogo da gravadora QTV, em todas as plataformas. O samba infantil psicodélico Borboletinhas multicoloridas, aludindo a Jorge Ben, Mutantes e Gilberto Gil, é para escutar no repeat – e dá quase uma trilha do Sítio do Pica-Pau Amarelo (o programa da Globo) aditivada. E Rela, disco novo de Negro Leo, foi resenhado pela gente.

VIVENDO DO ÓCIO feat JADSA, “NÃO TEM NENHUM SEGREDO”. Depois de lançar a dançante Baila comigo (nada a ver com a canção de Rita Lee) ao lado de Paulo Miklos, a banda baiana recebe a conterrânea Jadsa para uma aventura pelo pop adulto eletrônico. Não tem nenhum segredo remete a soul, a psicodelia, a Roberto e Erasmo e a Skank. A música nasceu um sonho do vocalista e guitarrista Jajá Cardoso, que acordou com o refrão na cabeça e correu para gravá-lo no celular – Ronei Jorge, comandante da banda Os Ladrões De Bicicleta, coassina a faixa com ele. E Hasta la Bahia, quinto disco de estúdio do Vivendo Do Ócio, tá vindo aí.

LÔ BORGES E ZECA BALEIRO, “ANTES DO FIM”. Lô e Zeca curtem encontros musicais – descobrir novos parceiros, renovar o som com músicos novos, criar viagens sonoras diferentes. No dia 22 sai Céu de giz, disco novo de Lô, com letras assinadas por Zeca – e os dois dividem os vocais em cinco faixas do álbum, entre elas o single Antes do fim. Zeca, na canção, adere ao clima beatle e clássico das canções de Lô – e o mineiro junta-se à vibe poética, ácida e esperançosa do maranhense. A música já ganhou um lyric video, dirigido por Izabele Pertensen.

ESQUEMA SÍMIO, “BERÇÁRIO”. Essa banda baiana, lançamento da supergravadora indie Trinca de Selos (formada pelas etiquetas Brechó Discos, Bigbross Records e São Rock Discos), faz pós-grunge – mas não espere nada parecido com Foo Fighters ou algo do tipo. O negócio do Esquema Símio é misturar grooves psicodélicos, guitarras repletas de efeitos e letras instigantes – como o protesto de Arquivos mortos e a espiritualidade de Ogum. Berçário, uma das faixas do álbum Homo homini lupus 2 (2025), fala sobre todo o medo e renúncia da maternidade, com climas assumidamente influenciados pelos Smashing Pumpkins de Machina/The machines of god (2000).

TIASLOVRO, “TORRE DO TEMPO”. Tiaslovro é o codinome artístico escolhido pelo músico e diretor cinematográfico Matias Lovro. O EP de estreia Portos do Reino sai em breve, e Torre do tempo adianta os trabalhos. Um folk imagético, com referências assumidas de Fleet Foxes e Leonard Cohen, mas com algo bem próximo do som de cantores como Tim Buckley (o pai do Jeff). Tiaslovro diz que, na canção, o violão chega a expressar mais do que as palavras – e que a música revela que ele curte criar mundos e deixar o/a ouvinte completar as lacunas.

FUNÉREA, “CAROLINA”. Lançada pelo selo Downstage, a faixa nova da banda de Lucas Carmo (voz, guitarra), Pedro Lanches (baixo, voz), Lucas Santos (bateria) e Vitor Martins (guitarra) é punk com vibe emo, e certo clima gótico dado pela letra e por detalhes da melodia – por sinal, desde o começo, a banda paulistana é tida como “punk demais pro emo, emo demais pro punk”. Pedro Lanches, baixista do grupo, já apareceu com seu trabalho solo num outro Radar aqui no Pop Fantasma.

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Ouvimos: Wavves – “Spun”

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Em Spun, o Wavves mergulha no pop-punk e power pop, com co-produção de Travis Barker, referências a Ramones e Green Day e clima ensolarado.

RESENHA: Em Spun, o Wavves mergulha no pop-punk e power pop, com co-produção de Travis Barker, referências a Ramones e Green Day e clima ensolarado.

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Não ouvia nenhum disco inteiro dos Wavves desde seu terceiro álbum, King of the beach (2010), lançamento surf-indie-garage-rock que fez certo barulho na cena – se bobear você depara com a faixa-título em festas indie até hoje. Passou tempo de lá para cá – e Spun, nono disco do grupo, traz o Wavves totalmente imerso no power pop, soando muitas vezes como um filhote feliz (e solar) de bandas como Replacements, Green Day, Ramones, The Posies e Terrorvision.

Na real, dá para dizer que Spun é um disco de pop-punk, só que indo além do receituário comum do estilo musical. A banda de Nathan Williams (voz, guitarra), Stephen ‘Stevie’ Pope (baixo, backing vocal), Alex Gates (guitarra, backing vocal) e Ross Traver (bateria, backing vocal) resolveu dizer a que veio, e convidou ninguém menos que Travis Barker (Blink-182) para produzir e tocar bateria em duas músicas, Goner e Way down, dois punk rocks com cara anos 1990, equilibrando sons que lembram Green Day e o próprio Blink, com algo mais voltado para a construção clássica de melodia power pop. Não só isso: Aaron Rubin, colaborador frequente do Blink, produziu e mixou o resto do disco, tocou guitarra em quase todas as faixas e infiltrou-se como coautor.

  • Ouvimos: Replacements – Tim (Let it bleed edition)
  • Ouvimos: Green Day – Saviors

Travis e Aaron como produtores, comparações com o Blink-182… Se isso não ajuda você a querer ouvir o disco, vale dizer que Spun na maior parte do tempo é rock melódico e garageiro desavergonhado. As tais referências de Replacements e Ramones saltam no ouvido em faixas como Sun, Big nothing, Lucky stars e So long. Busy sleeping é meio Ramones, meio hardcore – e tem algo de Dukes Of Stratospheare, o spin-off anos 60 do XTC. O clima de diversão musical pop punk toma conta de faixas como Gilette bayonet e New creatures, além do quase grunge In good time.

Se você está pensando algo como “ué, será que o Wavves voltou parecendo com o Weezer?”… Bom, faz sentido, ainda mais quando surgem no caminho de Spun faixas como Machete Bob, Body sane e a balada Holding into shadows, com quase seis minutos, e que encerra o álbum com chuva de microfonias. Pode ouvir sem susto, e se bobear o Blink-182 é que vai imitar o Wavves a partir de agora.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 8,5
Gravadora: Ghost Ramp
Lançamento: 27 de junho de 2025

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Crítica

Ouvimos: Duda Beat, “Esse delírio vol. 1” (EP)

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Duda Beat mistura psicodelia, hyperpop e synthpop no EP Esse delírio, explorando amor e surrealismo ao lado de colaboradores.

RESENHA: Duda Beat mistura psicodelia, hyperpop e synthpop no EP Esse delírio, explorando amor e surrealismo ao lado de colaboradores.

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O agachamento de Duda Beat na capa do EP Esse delírio vol. 1 lembra vagamente o de Rhian Teasdale na capa de Moisturizer, novo disco do Wet Leg. As semelhanças quase param por aí – afinal, Duda não fez um disco de rock, muito menos de punk – mas ambos os discos tratam de assuntos como amor, sexo, introspecção, confortos e desconfortos por um viés quase surrealista.

Mexendo no terreno do hyperpop à brasileira, Esse delírio vol. 1 é um EP de indie pop muito bem composto, produzido e arranjado, com pelo menos uma participação inesperada – a banda goiana Boogarins ajuda Duda a fazer de Foi mal um rock psicodélico e texturizado, que já vem sendo chamado por aí de “Tame Impala brasileiro”, e comparado com as parcerias entre Miley Cyrus e Flaming Lips (nada a ver nos dois casos, e o contexto é bem outro, diga-se).

Você vai gostar, que traz a rapper Ajuliacosta, é indie pop com surpresas e dissonâncias, Nossa chance é pos-disco + piseiro com participação de TZ da Coronel, e a busca total de liberdade de Fuga cai dentro do synthpop e do eletrorock. Já Pessoa errada segue nessa mesma onda roqueira e eletrônica, mas com um clima adicional de bossa espacial. A curiosidade maior de Esse delírio acaba nem sendo a presença dos Boogarins, mas o fato do timbre de Duda lembrar nada ligeiramente o de Ivete Sangalo (!) na dançante e introspectiva Casa (que reaparece em demo acústica no final).

Texto: Ricardo Schott

Nota: 8,5
Gravadora: Universal Music Brasil
Lançamento: 8 de agosto de 2025.

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