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Ouvimos: Pom Pom Squad, “Mirror starts moving without me”

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Ouvimos: Pom Pom Squad, “Mirror starts moving without me”
  • Mirror starts moving without me é o segundo álbum do Pom Pom Squad, projeto musical da cantora e compositora norte-americana Mia Berrin. Ela é a única integrante “oficial”, mas a banda ainda tem na formação Shelby Keller (bateria) e Alex Mercuri (guitarra).
  • Ao elaborar o segundo álbum, Mia tentou se livrar de todas as pressões, especialmente de quem esperava que ele fosse uma continuação da estreia, Death of a cheerleader (2021). “Com o segundo álbum, todo mundo quer que você faça a mesma coisa que fez no primeiro, ‘se não está quebrado, não conserte’. Eu não queria fazer isso, e quanto mais eu tentava me forçar a fazer Death of a cheerleader 2, menos eu gostava do processo”, contou à newsletter Last donut of the night.
  • Como artista independente, Mia diz que já ouviu os mais variados conselhos para fazer seu projeto musical bombar. “Se estou falando com um amigo que não está realmente envolvido na indústria e eu fico tipo, ‘eu realmente queria que meu projeto estivesse indo melhor’, eles dizem, ‘bem, você já tentou fazer TikToks?’. Realmente se tornou a receita para todo mundo sugerir. É ridículo e não é sustentável para a saúde emocional e mental do artista”, queixa-se.

Já que o pop feminino anda mais afirmativo do que nunca, não seria o Pom Pom Squad, banda cuja única integrante verdadeiramente fixa é a cantora e compositora Mia Berrin, que iria ficar de fora. O Pom Pom Squad já fazia uniões de pop, punk e dramas pessoais há bastante tempo e, de certa forma, chegou cedo demais a uma sonoridade que só depois de 2021 virou pop de verdade.

No caso de Mirror starts, segundo álbum do PPS, tem algo ali mostrando que Mia juntou tudo que já havia no primeiro disco e aderiu a métodos de produção que vêm dando bastante certo com outras artistas. Isso, por sorte, não faz com que ela e suas canções soem deslocadas – embora alguns momentos surpreendam pelo efeito já-ouvi-isso-antes. Villain, por exemplo, abre numa onda Billie Eilish, até que vira algo próximo do “rock alternativo” estadunidense. Runnin from myself e Montauk têm certa dramaticidade de “fantasia”, que aliás cabe bem num disco que fala de espelhos e carrega um ar de Alice no país das maravilhas.

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Mirror starts moving without me soa como tentativa de Mia de fazer um rebranding com seu próprio trabalho, acentuando o lado pop e dando certa diminuída na faceta punk, que gerou excelentes momentos em Death of a cheerleader. O disco ainda traz ainda um lado mais próximo do emo e do pop-punk, em Messages e Street fighter, e uma “coisa” dos anos 1990 em Doll song, que soa como um grunge cujo clipe poderia ser dirigido por uma parceria Disney + Tim Burton.

No final, a balada pesada e sombria The tower usa o simbolismo das cartas do tarô para fechar o ciclo de um álbum que, basicamente, fala sobre raiva, ranço, luto e quebras bruscas de rotina (“memórias ficaram como uma cicatriz no meu cérebro/eu estava perseguindo uma estrela e eu caí/foi bom até que não era e de repente/meu país das maravilhas se transformou em um inferno”, diz a letra).

Nota: 7
Gravadora: City Slang

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Ouvimos: Optic Sink – “Lucky number”

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Pós-punk afiado: no novo álbum, o Optic Sink mistura baixo frontal, bateria robótica e synths em faixas tensas, frias e cheias de energia.

RESENHA: Pós-punk afiado: no novo álbum, o Optic Sink mistura baixo frontal, bateria robótica e synths em faixas tensas, frias e cheias de energia.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 9
Gravadora: Feel It Records
Lançamento: 31 de outubro de 2025

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Tem pós-punk estranho lá em Memphis. O Optic Sink parece com aquelas bandas que você descobre em coletâneas antigas da Factory – grupos para os quais o Joy Division chegou a abrir shows mas que ficaram no passado, ou que chegaram a ser considerados mais promissores que o New Order por alguns minutos. Claro que nada disso significa que o Optic Sink vai ficar para trás: no terceiro disco, Lucky number, eles vêm com músicas pontiagudas e altas habilidades no uso dos melhores truques dos estilos da “família” pós-punk.

  • Ouvimos: Anika, Jim Jarmusch – Father, mother, sister, brother (trilha sonora do filme)

Natalie Hoffmann, Ben Bauermeister e Keith Cooper usam e abusam de baixo na frente, batera robótica, riff de guitarra combinados com riffs de synth, heranças do krautrock, vibes repetitivas e bacanas, vocais que dão certos sustos no/na ouvinte – tudo isso surge em faixas como Laughing backwards, Lucky number, Don’t look down. Já Construction abre com algo que (opa) pode se parecer com a fase tecnopop do Queen, mas também pode não parecer – e que logo se torna algo mais próximo de bandas como Magazine e Stranglers.

O lado mais frio e ritmado do grupo continua dando as cartas em músicas como How can I help you? e Kinetic world, duas canções que constroem atmosferas urbanas e musicais na frente de quem ouve o disco. Já Golden hour, um duelo entre baixo e guitarras funciona como se pusesse Joy Division e New Order lado a lado. Luxury of honesty, encerrando o álbum, tem curiosamente algo de raggamuffin na batida, e chega a lembrar a mania do Public Image Ltd pela exploração de ritmos em meio ao instrumental frio.

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Ouvimos: Alan James – “Solar/Sonhar”

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Solar/Sonhar, novo álbum de Alan James, junta Beatles, sunshine pop e Clube da Esquina em faixas psicodélicas e sessentistas, com toques de Skank, Guilherme Arantes e Elton John.

RESENHA: Solar/Sonhar, novo álbum de Alan James, junta Beatles, sunshine pop e Clube da Esquina em faixas psicodélicas e sessentistas, com toques de Skank, Guilherme Arantes e Elton John.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 9
Gravadora: Independente
Lançamento: 7 de novembro de 2025

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Fã de Beatles, de Roberto Carlos, do já saudoso Lô Borges, de Todd Rundgren e de nomes do chamado sunshine pop (estilo musical mais ou menos popular na Califórnia no fim dos anos 1960, gerado por fãs de Beach Boys e The Mamas and The Papas como a banda The Millennium), o carioca radicado em SP Alan James faz a junção de tudo isso em seu segundo álbum solo, Solar/Sonhar.

  • Ouvimos: Julian Lennon – Because… (EP)

Solar/Sonhar começa juntando Todd Rundgren e The Who na psicodélica Não precisa mais – que ganha duas partes no disco, a segunda encerrando o álbum numa onda meio britpop, meio Guilherme Arantes. Luz da manhã, na sequência, tem toques herdado tanto do Clube da Esquina quanto de sensações pop sessentistas como The Cowsills. A onda sunshine pop toma conta de faixas puramente sessentistas como Não se prenda ao medo, Pra ver o sol e Olha, enquanto a vinheta Por que isso aconteceu comigo? (cuja letra é apenas o seu título) tem muito de bandas como High Llamas.

Perto do final, Solar/Sonhar ganha uma cara parecida com a fase Maquinarama / Cosmotron do Skank, em Sobrevivo e Graciosa ilusão, e junta Guilherme Arantes, Elton John e Carpenters na bela Aquela que brilha.

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Ouvimos: Scarlet Rae – “No heavy goodbyes” (EP)

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Scarlet Rae estreia com No heavy goodbyes, EP indie/alt-rock noventista, intimista e ruidoso, que mistura Smashing Pumpkins, shoegaze e folk para tratar de luto e confissão.

RESENHA: Scarlet Rae estreia com No heavy goodbyes, EP indie/alt-rock noventista, intimista e ruidoso, que mistura Smashing Pumpkins, shoegaze e folk para tratar de luto e confissão.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 8,5
Gravadora: Bayonet Records
Lançamento: 19 de setembro de 2025

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Scarlet Rae é uma cantora de Los Angeles que hoje vive em Nova York, e que após trabalhar em vários projetos na adolescência, começou a lançar faixas solo em 2020. Seu meio de origem é o indie folk – ela chegou a cantar numa banda do estilo, a Rose Dorn, que gravou pelo selo Bar None Records.

No heavy goodbyes é o EP solo de estreia, e é mais uma prova audível de que os Smashing Pumpkins (que há poucos meses atrás não pareciam ser uma banda tão “seguida” por artistas novos) virou referência maníaca. Músicas como The reason I could sleep forever são tão reverentes ao grupo de Billy Corgan quanto o disco de estreia do Rocket, R is for rocket. Não apenas isso: A world where she left me out vai na onda shoegaze, e tem mais do que apenas uma ou outra referência dos SP e também do Joy Division. É um rock barulhento com o pé no radiofônico – coisa que tem se tornado comum nos dias de hoje, aliás. Não por acaso, volta e meia você vai lembrar dos Cardigans e do Placebo ouvindo o EP, o que já insere Scarlet num corredor noventista.

Apesar das influências de Smashing Pumpkins e da vocação para fazer barulho, o som de Scarlet – vale dizer – é bem baixos teores nesse sentido. O foco de No heavy goodbyes é na demonstração dos talentos de uma ótima cantora e compositora ligada a climas mais introspectivos e a letras confessionais – o idioma do soft rock traduzido para sons “alternativos”. Bleu, primeiro single de Scarlet, vem na sequência com ruídos eletrônicos, vocais gravados “lá atrás” e clima hipnótico. No fim do disco, Light dose e Call of the day são as canções mais aprochegadas do “indie folk” – trazendo violões com senso rítmico e melódico, e um certo ardidinho grunge.

As letras de Scarlet, por sua vez, trazem bem mais do que tristeza e pé na bunda. O material de No heavy goodbyes foi fortemente influenciado pela morte de irmã da cantora – e além do luto, a própria pulsão de morte do ser humano entra em discussão nas letras (daí o EP ter uma faixa chamada The reason I could sleep forever). Um disco que pede imersão, ainda que por um curto tempo.

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