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Crítica

Ouvimos: Felipe F. – “Dois”

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Dois, estreia de Felipe F, traz MPB-pop delicada, letras de amores passados e arranjos que vão do samba ao bolero.

RESENHA: Dois, estreia de Felipe F, traz MPB-pop delicada, letras de amores passados e arranjos que vão do samba ao bolero.

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Dois não é o segundo disco do carioca Felipe F – como ele já vinha de uma história como produtor, músico e autor de trilhas sonoras, sua estreia soa para ele quase como um segundo ato de carreira. Segundo Felipe, o fato das letras serem inspiradas em seus dois últimos relacionamentos também pesou na escolha do título. O subtexto do disco é justamente esse clima de “fim”, que permeia faixas como Samba elegia – que para ele, trata-se de “um samba, mas como se a St Vincent estivesse tocando”, mas cujo clima está mais para Nelson Cavaquinho do que para bedroom pop. Ou a indie MPB de Nossa história que ainda mal existe, com programação eletrônica e violão com batida de bossa.

O clima de Dois é de som limpo, com delicadeza instrumental – não é um disco para quem gosta de sons mais sujos e experimentações no estilo música-de-quarto. Tempo torto tem clima sombrio e um som que parece referenciado em Mutantes e na própria St. Vincent – e é exceção à regra. O clima geral do disco é ligado a canções como Pra se acordar uma paixão – MPB-pop ligada aos anos 1980, com clima de época até na melodia e no arranjo – e temas acústicos e elaborados como o choro-canção A poesia, o instrumental Balada para um amor que passou e a dream-MPB de Fim e O dia em que parti do Rio. O repertório tem até um bolero, Recoleta, em clima pop e meditativo.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 8
Gravadora: Independente
Lançamento: 11 de julho de 2025

  • Ouvimos: Lutalo – The academy (versao deluxe)
  • Ouvimos: Fernanda Teka – Reverso

 

Crítica

Ouvimos: Babycarpets – “Different lifetime”

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Babycarpets faz indiepopshoegaze e une estilos roqueiros dos anos 1990 em Different lifetime, álbum versátil que evoca de Teenage Fanclub a Nirvana.

RESENHA: Babycarpets faz indiepopshoegaze e une estilos roqueiros dos anos 1990 em Different lifetime, álbum versátil que evoca de Teenage Fanclub a Nirvana.

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O Babycarpets vem do Maranhão, é liderado pelo compositor, guitarrista e cantor Lucas Ferreira, e se dedica ao que chama de indiepopshoegaze. Different lifetime, segundo álbum do grupo, é repleto, na verdade, de momentos em que o despojamento do guitar rock dos anos 1990 encontra a melancolia do grunge (Candy, Drop dead, as boas guitarras de Ego death e Doom folks) e a vibe solar do power pop (Zombie, Lost in a dream, Below the surface).

O resultado coloca o Babycarpets na fileira dos herdeiros de bandas como Teenage Fanclub e Velocity Girl, mas também torna a banda interessante para fãs de Nirvana e Soundgarden. Entre as outras novidades de Different lifetime, Mother says une climas viajantes e intensos herdados de bandas como My Bloody Valentine a guitarras com cara blues. Já The hedgehog’s dilemma é um punk rock ágil que abre em clima de bossa nova – num dedilhado que toma conta da faixa toda, disfarçado. Estreia bacana e versátil.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 7,5
Gravadora: Brisa Records
Lançamento: 18 de setembro de 2025

  • Ouvimos: Plonki – Kicking at my heels (EP)
  • Ouvimos: Eliminadorzinho – eternamente,

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Crítica

Ouvimos: The Violet Twilight – “Folk illuminate” (EP)

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RESENHA: The Violet Twilight, projeto solo australiano de Tim Butcher, lança EP que mistura folk, psicodelia, jangle rock e ecos sixties.

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The Violet Twilight é um projeto-de-um-cara-só, criado pelo músico Tim Butcher, que vive na Austrália. Um projeto, por sinal, que deve muito a todas as bandas que, nos anos 1980 e 1990, recordaram a psicodelia a uniram com elementos de punk, pós-punk e outros estilos – sem falar no revivalismo do folk sessentista promovido por bandas como R.E.M.

O EP Fate illuminate soa como uma homenagem a essa turma toda, gravada num estúdio no meio da selva australiana, com a introspecção necessária para levar adiante um disco cheio de valores “da nova era” – Tim afirma se tratar de um disco sobre “mudança, aceitação e crescimento”. Em Better than you, na abertura, Tim faz folk selvagem com vocal mântrico, lembrando o lado acústico e doidão do próprio btitpop. Já Strange revere é som indianista em que tabla e violões começam evocando a música de Ravi Shankar e vão mudando para um ritmo parecido com o da guitarra de Bo Diddley.

Tem muito da onda jangle rock nas guitarras e nos violões do disco – algo que aparece bastante na vibe rocker de What’s behind those eyes e no clima sixties de I don’t care. Tem ainda Hey, now, mais próxima de uma onda de rock espacial e meio stoner, embora introspectivo.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 8
Gravadora: Independente
Lançamento: 12 de setembro de 2025

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Crítica

Ouvimos: The Beaches – “No hard feelings”

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RESENHA: The Beaches voltam afiadas em No hard feelings: um punk divertido, pop e confessional, entre rancores amorosos e autozoeira descompromissada.

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Não tem nada mais bizarro do que encontrar alguém que não te vê há muito tempo, e, no fim da conversa, ouvir um “manda um abraço pra fulana!” (fulana, no caso, sua ex, que a tal pessoa não sabe que já virou história na sua vida faz tempo). Pior ainda: quando alguém decide abusar da indiscrição e pergunta: “quem terminou, você ou ela?” – e a bunda chutada foi a sua. Isso tudo aí vale para todos os pronomes (ela, ele, elx, etc): na vida, existe pouca coisa mais democrática que a sensação de constrangimento.

Na real, a questão aí é que, seja lá o que você arrumar pra responder, ou para comentar, já está explícito que se trata de um assunto delicado e espinhoso, e que seja lá o que tenha rolado, você saiu ferido/ferida. Aliás, mesmo que você não sinta mais nada pela pessoa em questão, nunca é agradável mexer em antigos sentimentos. Pois bem: o grupo canadense The Beaches, formado por quatro mulheres, prefere abordar esse tipo de assunto sem indiferença e sem fingimento. Já era assim no segundo disco, Blame my ex (2023) que estourou o hit Blame Brett. O ranço total e irrestrito continua no terceiro álbum, No hard feelings, um disco bem mais afirmativo que o anterior – e um álbum de punk feito por musicistas que têm Eurythmics, Pretenders e Fleetwood Mac nas suas memórias.

  • Ouvimos: Sunflower Bean – Mortal primetime
  • Ouvimos: Wolf Alice – The clearing
  • Ouvimos: Tops – Bury the key

Em No hard feelings, a vocalista e baixista Jordan Miller fala sobre masturbação e nostalgia (no punk pop oitentista Touch myself, dos versos “tenho medo de me tocar / porque quando faço isso / penso em você”), sobre amor e ódio em vibe de retroalimentação (o punk melódico Can I call you in the morning?, onde sobra até para os amigos e para a banda favorita do ex), sobre garotas que têm casos com garotas bissexuais que têm namorado (Did I say too much?), sobre algo que parece com um namoro rápido com uma fã (em Jocelyn, que evoca The Cure e New Order). E sobre passar a namorar mulheres aos 30 anos – na ótima Lesbian of the year, que lembra ABBA e o Queen do hit I want to break free.

Essa fileira de assuntos é entremeada com um clima de autozoeira e de diversão descompromissada, tudo em meio ao caos emocional do disco. Tanto que o fechamento rola com o punk festeiro Last girls at the party, com evocações de Ramones. Tem quem possa torcer o nariz para o fato de No hard feelings ser mais um disco de linha de produção do que um álbum de banda – as faixas têm diversos produtores e co-autores, incluindo gente acostumada a compor para Britney Spears e Sara Bareilles. Bobagem: mesmo com alguns poucos momentos não tão brilhantes (como rola em Fine, let’s get married e no pastiche de Pretenders de Dirty laundry), No hard feelings é um baita disco de rock.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 8,5
Gravadora: AWAL
Lançamento: 29 de agosto de 2025

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