Connect with us

Lançamentos

Radar: Surely Shirley, Bruce Springsteen, Neil Young, Gorillaz feat Sparks, Lisa SQ, Upchuck – e mais!

Published

on

Na foto, Surely Shirley

Ditadores eleitos pelo povo e crises políticas em que só a elite sai ganhando são os temas das novas músicas de Neil Young e Gorillaz (com Sparks!) – que estão em nosso Radar internacional de hoje. Mas aproveitamos também para compartilhar descobertas bem legais, como os sons de Surely Shirley, Lisa e de outra banda cujo tema são as injustiças sociais, o Upchuck. E ainda tem mais. Ouça tudo aí.

Texto: Ricardo Schott – Foto (Surely Shirley): Divulgação

  • Apoie a gente e mantenha nosso trabalho (site, podcast e futuros projetos) funcionando diariamente.
  • E assine a newsletter do Pop Fantasma para receber todos os nossos posts por e-mail e não perder nada.
  • Mais Radar aqui.

SURELY SHIRLEY, “NEEDLEPOINT HEARTACHE”. Essa dupla é formada pelas irmãs gêmeas australianas Jenaya e Anisha Okpalanze, cujas influências vêm da música pop ouvida por suas avós – uma mescla sonora que vai de Beach Boys a sons country, passando por soft rock e sons que no Brasil rolavam em rádios AM. Essa musicalidade bate ponto no novo single de Jenaya e Anisha, o country nostálgico Needlepoint heartache. O clipe mostra as duas – ao lado de mais duas amigas – filmadas como num antigo super-8, em cenas coadjuvadas por carrões no estilo “banheira”, antigos toca-fitas de automóvel, LPs de Elvis Presley, máquinas fotográficas Xereta e roupas apropriadas para um ensaio de moda cocota da Revista Pop.

GUIDED BY VOICES, “(YOU CAN’T GO BACK TO) OXFORD TALAWANDA”. Não, o Guided By Voices não acabou – apesar de terem rolado rumores de que Robert Pollard, o criador do grupo, estaria abandonando o nome e a atual formação. Alias a banda não apenas continua na ativa como também já tem (você duvidava?) mais um disco de 2025 vindo aí. Thick, rich and delicious é o 42º título do grupo e sai dia 31 de outubro.

(You can’t go back to) Oxford Talawanda, o novo single, é uma daquelas pérolas power pop de Pollard, com um refrão que ele diz já ter feito há um tempão mas que nunca transformou em canção. “Sou um estudioso de refrãos — aquela combinação perfeita de letra e acordes que te dá um arrepio na espinha”, diz ele. Diz o site Stereogum que a universidade do título da faixa (a Talawanda High School) existe de verdade Oxford, Ohio.

BRUCE SPRINGSTEEN, “BORN IN THE USA (ELECTRIC NEBRASKA)”. Max Weinberg, baterista da E Street Band desde 1974 (com algumas pausas), confirmou em 2010 à Rolling Stone que a famosa história sobre a versão elétrica do acústico Nebraska (1982), de Bruce Springsteen, era verdadeira – o álbum foi mesmo gravado. E no dia 17 de outubro chega Nebraska ’82: Expanded Edition, que expande as dez faixas originais para 37, incluindo as oito músicas das sessões registradas com baixo, guitarra e bateria. Uma delas, porém, acabou ficando de fora: justamente Born in the USA, que sairia no disco de mesmo nome, lançado em 1984. Na gravação original, a faixa estava longe do formato de arena que a consagraria: soava como um blues punk, cru e tocado na força da fúria.

GORILLAZ feat SPARKS, “THE HAPPY DICTATOR”. Os Sparks gravaram certa vez um álbum inteiro com o Franz Ferdinand, o ótimo FFS (2015). Bem que poderia sair um disco inteiro ao lado do Gorillaz – o projeto de Damon Albarn e a dupla dos irmãos Mael casaram perfeitamente em The happy dictator, single novo do Gorillaz, com participação de Ron e Russell. Uma canção com jeito de musical tecnopop, sobre déspotas escrotos que prometem castelos no ar para o povão – que serve de batedor para The mountain, disco do Gorillaz programado para 20 de março de 2026.

NEIL YOUNG AND THE CHROME HEARTS, “BIG CRIME”. Talkin to the trees, disco mais recente de Neil Young, marcou a entrada em cena de sua banda The Chrome Hearts, uma nova formação composta por velhos colaboradores: Micah Nelson (vocais e guitarra), Spooner Oldham (órgão), Corey McCormick (baixo e vocais) e Anthony LoGerfo (bateria).  Resenhamos o disco aqui – e ele chama a atenção pelas letras de protesto, e por ter um som lascado, quase punk, como se fosse uma demo antiga que vingou. O mesmo clima rola em Big crime, single novo de Young e do grupo, porrada musical que espalha brasa para o governo Trump e suas “regras fascistas”, “escolas fascistas” e “soldados patrulhando as ruas”.

AURE, “THE SAILOR’S TALES”. Fãs de artistas como Nick Drake e Nico devem ficar ligados no som da cantautora francesa Aure, que em The sailor’s tales – uma canção simples e melancólica, composta por voz, violão, teclados e ambiência – faz “uma espécie de devaneio sobre o horizonte, aquela linha que podemos ver, mas que não existe fisicamente. É o primeiro single de um próximo álbum que explora um momento de transição, uma passagem por um período de mudança”, conta. Uma bela reverência aos que têm como missão diária encontrar a linha divisória entre o céu e o mar, enfim.

PORTUGAL. THE MAN, “DENALI”. Você reparou que o Portugal. The Man lançou um EP esse ano? Sim, o experimental uLu Selects Vol #2 saiu dia 6 de junho, e foi lançado quase na encolha pelo grupo. Já Denali, single novo, vem ganhando uma projeção bem maior, e relaciona-se bastante com as raízes da banda. O Portugal. The Man vem do Alasca – e Denali é uma montanha da região, que inclusive aparece na capa do single e no visualizer da música. A faixa tem a vibe divertida comum das músicas do grupo, mas investe em riffs distorcidos e numa atmosfera que oscila do garage rock à psicodelia.

THE DIVINE COMEDY, “INVISIBLE THREAD”. Se prepara: Invisible thread é daquelas músicas e clipes que desidratam qualquer ser humano. O grupo de chamber pop liderado por Neil Hannon prepara o álbum Rainy sunday afternoon para 19 de setembro, e adianta o trabalho com Invisible thread, uma música sobre aqueles momentos em que um pai precisa perceber que os filhos já estão voando sozinhos – e que mesmo que haja “um fio invisível” unindo os dois, eles precisam partir. Ardal O’Hanlon interpreta o pai amoroso – a filha, em diversas fases da vida, é interpretada por Danu Jennings, Violet Kelly e Niamh Shoyinka.

LISA SQ, “COLD LITTLE FINGERS”. Bons sonhos, ou não: a cantora canadense Lisa SQ decidiu recordar os velhos tempos da infância, em que monstros viviam debaixo da cama, ruídos muito esquisitos vinham do guarda-roupas, o homem do saco podia pular o muro e o bicho-papão não saía de cima do telhado. O punk rock irresistível Cold little fingers surgiu de um fato engraçado: o companheiro de Lisa tem o hábito de conversar sozinho, rir e se debater enquanto dorme. “Eu acordo com ele conversando comigo, sem saber se ele está dormindo ou acordado”, brinca. A faixa já ganhou clipe.

UPCHUCK, “TIRED”. Essa banda de Atlanta, formada pela vocalista KT, os guitarristas Mikey Durham e Hoff, o baixista Ausar Ward e o baterista/vocalista Chris Salado, impressiona pela atitude e pela pressão. KT tem o mesmo vozeirão de Skin (Skunk Anansie) e a mesma vibe de Jehnny Beth, inserindo nas músicas do grupo boas doses de memórias pessoais e de protesto – e a banda une punk, metal, hardcore e experimentações. Tired, faixa de abertura do próximo disco da banda, I’m nice now (3 de outubro), traz KT gritando contra a injustiça social e dando um recado aos porcos do poder: “E eu estou cansada das notícias sombrias / e eu tentei te avisar / parece certo te assustar”.

Crítica

Ouvimos: Half Japanese – “Adventure”

Published

on

Half Japanese celebra o amor e a maturidade em Adventure, unindo no-wave, psicodelia e ecos de Television e T. Rex.

RESENHA: Half Japanese celebra o amor e a maturidade em Adventure, unindo no-wave, psicodelia e ecos de Television e T. Rex.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 8,5
Gravadora: Fire Records
Lançamento: 11 de julho de 2025

  • Quer receber nossas descobertas musicais direto no e-mail? Assine a newsletter do Pop Fantasma e não perca nada.

Tem algo no som do Half Japanese que sempre deu uma ideia de The Fall norte-americano, só que com beleza nas melodias e um clima mais garageiro e art-rock do que propriamente afrontoso. Por acaso, Jad Fair, criador do grupo, lado a lado com a turma que passou pela banda durante nada menos que 50 anos (!), sempre fez questão de que o Half Japanese não falasse só de temas bizarros ou irônicos.

Mesmo um disco malucão como The band that would be king (1989), o sétimo da banda, com nada menos que trinta microfaixas, era bem variado. Tinha espaço para nostalgia dos anos 1960, letras sobre situações do dia a dia e até mesmo a vibe fun fun fun de Daytona beach, bolerinho praiano que deve tanto a Beach Boys quanto a Neil Young, e cuja letra fala basicamente de azarar garotas à beira-mar – lado a lado com a oração pagã, sessentista e ruidosa de Lucky star.

Corta agora para Adventure, disco que a própria gravadora da banda, Fire Records, está apresentando como sendo muito otimista e venturoso, com faixas que “celebram o poder do amor, do afeto e da maturidade”. Em vários momentos, soa mesmo como se o Half Japanese fosse uma banda de no-wave do mundo invertido, de krautrock doce, com vocais tensos misturados a climas bonitos e delicados. Rola isso na melodia bonita e ruidosa de Beyond compare, na união de Talking Heads e do Nirvana do single Dive em Step on up, no pós-punk psicodélico de Meant to be – que traz à mente um supergrupo unindo Mark E Smith (The Fall) e Syd Barrett.

O Television também tem um disco, o segundo deles, chamado Adventure (1978) – e o Half Japanese, vá lá, não deixa de lembrar bastante o Television em vários momentos. Tendo o grupo de Tom Verlaine como uma das fontes primárias, Jad Fair também une magia e mistério em That’s fate, deixa entrar influências do The Doors do disco Morrison Hotel (1970) na faixa-título – que faz lembrar o começo de Roadhouse blues – e soa como um Talking Heads voltado para o dream pop em Magnificent.

A faceta clássica do grupo dá as caras igualmente em faixas que soam como um revisionismo punk da psicodelia – entre elas, a declamada The summer of love e a elaborada Blame it on your smile. Fãs de Marc Bolan e T. Rex vão ficar contentes com o glam rock Stars don’t lie, que tem até uma discreta percussão ao fundo, como nos clássicos do grupo glam britânico.

  • Gostou do texto? Seu apoio mantém o Pop Fantasma funcionando todo dia. Apoie aqui.
  • E se ainda não assinou, dá tempo: assine a newsletter e receba nossos posts direto no e-mail.

 

Continue Reading

Crítica

Ouvimos: Friendship Commanders – “Bear”

Published

on

O duo Friendship Commanders mistura Alice In Chains, Smashing Pumpkins e climas ligados até a country e soft rock em Bear, disco intenso com cara noventista.

RESENHA: Rock pesado e confessional: o duo Friendship Commanders mistura Alice In Chains, Smashing Pumpkins e climas ligados até a country e soft rock em Bear, disco intenso com cara noventista.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 9
Gravadora: Magnetic Eye Records
Lançamento: 10 de outubro de 2025

  • Quer receber nossas descobertas musicais direto no e-mail? Assine a newsletter do Pop Fantasma e não perca nada.

Se até as 4 Non Blondes podiam, por que é que o Friendship Commanders não pode? Esse interessantíssimo grupo de Nashville faz um som pesado que tem até um ou outro elemento de country perdido aqui e ali, em meio às guitarras. Mas o principal é que Buick Audra (guitarras, composições e vocais de longo alcance) e Jerry Roe (bateria e baixo) unem rock pauleira a la Alice In Chains, guitarradas herdadas dos Smashing Pumpkins, clima denso decalcado do doom metal e até truques melódicos do soft rock (evidentemente com um soft lá pelo último volume). Eles retornam do seu jeito aos anos 1990, em clima quase de rock pauleira bedroom, em seu novo disco, Bear.

O Friendship Commanders tem história: o grupo teve um disco produzido por Steve Albini em 2018, Bill – só que o álbum acabou mixado por outra pessoa. Só no ano passado, Jerry e Buick soltaram as mixagens originais feitas por Steve, como homenagem ao produtor. X, um dos singles de Bear, foi inspirado na morte de Albini. A música é uma nuvem de guitarras altamente melódica que envolve o/a ouvinte, e que parece inspirada numa mescla de Fleetwood Mac com os Smashing Pumpkins de Siamese dream (1993).

  • Ouvimos: Rocket – R is for rocket

O repertório de Bear tem pauleira clássica (Keeping score, Midheaven), tons mais densos (Dripping silver, Found, Melt), sons mais próximos do punk (Imperfect, New) e as tais influências dos Smashing Pumpkins (na estradeira Dripping silver, e em algumas combinações de guitarra e virada de bateria). Já as letras de Buick, por sua vez, vão numa onda confessional e direta, falando quase o tempo todo sobre inadequações e abusos.

X, por exemplo, prega que “eles vão te dizer que você é muito jovem antes de te dizerem que você é muito velha”. Found soa como uma carta para alguém, dizendo que “foi aqui que te encontrei / quando o suficiente não era o suficiente”. Keeping score abre o disco com a frase “eu coloquei uma fechadura em mim mesma porque fui assaltada cedo”. O final é tenso e fúnebre, com a energia quase stoner de Dead & discarded girls.

  • Gostou do texto? Seu apoio mantém o Pop Fantasma funcionando todo dia. Apoie aqui.
  • E se ainda não assinou, dá tempo: assine a newsletter e receba nossos posts direto no e-mail.

Continue Reading

Crítica

Ouvimos: Thaysa Pizzolato – “Syzygy” (EP)

Published

on

O EP Syzygy mistura synthpop oitentista e psicodelia; Thaysa Pizzolato cria um som entre Justice, Lincoln Olivetti e Kraftwerk.

RESENHA: O EP Syzygy mistura synthpop oitentista e psicodelia; Thaysa Pizzolato cria um som entre Justice, Lincoln Olivetti e Kraftwerk.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 8
Gravadora: Sound Department
Lançamento: 10 de outubro de 2025

  • Quer receber nossas descobertas musicais direto no e-mail? Assine a newsletter do Pop Fantasma e não perca nada.

A musicista e produtora capixaba Thaysa Pizzolato cria um universo sintetizado bastante ligado à música oitentista em seu EP instrumental Syzygy – mas que também ganha uma vibe psicodélica e quase progressiva em alguns momentos. A faixa-título, que abre o disco, junta esses dois universos com referências de Justice, enquanto Shadows é trilhada numa espécie de ambient dançante, com bateria orgânica (tocada por Maressa Machado) e lembranças sonoras de Giorgio Moroder.

  • Ouvimos: Matthew Nowhere – Crystal heights

O beat de Jupiter chega a lembrar um reggae no início, mas vai se aproximando do pop instrumental nacional, especialmente quando entra a guitarra da convidada Mariana Gruvira. No joke funde ritmos, mais uma vez com bateria orgânica (tocada por Nana Arrivabene), numa experimentação musical que parece unir Lincoln Olivetti, disco music, Nordeste e Kraftwerk na mesma escala. O final é progressivo e meditativo, apresentando o violino de Heviny Moura em Echoes.

  • Gostou do texto? Seu apoio mantém o Pop Fantasma funcionando todo dia. Apoie aqui.
  • E se ainda não assinou, dá tempo: assine a newsletter e receba nossos posts direto no e-mail.

 

Continue Reading
Advertisement

Trending