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Crítica

Ouvimos: Verdes & Valterianos, “Social climber” (EP)

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Ouvimos: Verdes & Valterianos, “Social climber” (EP)
  • Social climber é o novo EP da banda recifense Verdes & Valterianos. A banda é formada por Nivea Maria (teclados e vocal, também Diablo Angel), Pedro Gregorio (guitarra e vocal), Diego Gonzaga (baixo) e Thiago Paes (bateria).
  • O disco “é mais do que apenas um conjunto de músicas. É uma remontagem de histórias vividas pela própria banda em sua jornada na cena musical recifense e sua convivência com diversos artistas. Esta jornada pode ser notada na identidade sonora adquirida pela banda que apresenta um trabalho maduro, conciso e cheio de personalidade”, diz Nivea.

Banda pernambucana de afiliação psicodélica, o Verdes & Valterianos tem muita coisa que lembra Mutantes, Mothers Of Invention e até sons da vanguarda paulistana. Social climber é o terceiro e mais bem produzido EP do grupo – o anterior, Líquido, de 2023, trazia algumas músicas que já estão no disco novo em formato de vinhetas extremamente lisérgicas – e pega em fios de alta tensão artística.

As cinco faixas de Social climber falam, quase como se fossem fábulas, dos rolés da vida de artista: das batalhas para bancar um trabalho musical, dos quebra-paus dentro de uma banda, das amizades circunstanciais. Mil pedaços egocêntricos traz referências de The Who e Beatles (este, em especial), só que por um filtro mutante. Família margarina, Social climber e Nara alone (Not alone) são as mais progressivas do disco – sempre tendo a divisão entre psicodélico e progressivo (Pink Floyd do começo, Hawkwind) como modelo.

Nota: 8
Gravadora: Independente

Crítica

Ouvimos: Duncan Lloyd – “Unwound”

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No sexto disco solo, Unwound, Duncan Lloyd (Maximo Park) investe num pós-punk sombrio, introspectivo e cheio de silêncios.

RESENHA: No sexto disco solo, Unwound, Duncan Lloyd (Maximo Park) investe num pós-punk sombrio, introspectivo e cheio de silêncios.

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Guitarrista, tecladista e compositor de uma das bandas mais legais de seu tempo, a britânica Maximo Park, Duncan Lloyd volta à carreira solo com um disco carregado de intensidade – e cheio de energias dos mais variados tipos. Unwound, seu sexto álbum solo, foi feito durante períodos particularmente adversos e complicados, e Duncan faz questão de falar que decidiu botar o/a ouvinte para dentro do álbum, musicalmente falando.

Vem daí, com certeza, a sonoridade cheia de silêncios de Unwound, um disco que abre meio grunge, meio slacker rock, com Gothic pill. E que prossegue em clima de transe com I’m on it, música com baixo sintetizado intermitente e bateria quase no rascunho. Uma vibe decididamente hipnótica – só não dá para falar que é uma vibe “psicodélica” porque o som evoca imagens p&b e fantasmagóricas.

Duncan investe bastante numa estética misteriosa e gélida de pós-punk, com guitarras rangendo, baixo na linha de frente e guitarras com riffs simples. É o que rola nos sete fantasmagóricos minutos de Swim, nas evocações do The Cure de 1978/1979 em One step closer to the dam, no clima grave de Rituals, nas incertezas musicadas de Laugh so loud, e nos silêncios e ecos de Bright field.

Já a tristonha Radio silent oscila entre beleza e ruído. E um clima de isolamento, de deserto, toma conta da ruidosa Lightning bottle e da folk e ensimesmada A world away now.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 8,5
Gravadora: Reveal Records
Lançamento: 11 de julho de 2025

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Crítica

Ouvimos: Lyra Pramuk – “Hymnal”

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Em Hymnal, Lyra Pramuk mistura voz, cordas e eletrônica para criar um som sensorial, experimental e introspectivo, entre o pop e o erudito.

RESENHA: Em Hymnal, Lyra Pramuk mistura voz, cordas e eletrônica para criar um som sensorial, experimental e introspectivo, entre o pop e o erudito.

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Norte-americana com base em Berlim, Lyra Pramuk é um pouco mais do que apenas uma artista multitarefa: é vocalista, produtora, compositora, DJ, artista performática e astróloga. Ela opera CDJs com gravações em seu trabalho, sampleia a própria voz e tem interesses bem diferentes do receituário comum do universo pop. Sua trajetória se parece com aquelas reportagens com pessoas de múltiplos interesses: ela estuda canto desde cedo, chegou a pensar em se tornar cantora de ópera, mas alternava a música clássica com escapadas às pistas de dança.

Hymnal é a soma disso aí tudo: é um disco “eletrônico” em que Lyra opera samples da própria voz e transforma vocais em melodia e ritmo, que vão achando seus espaços próprios em casa faixa, em meio aos arranjos de cordas de Francesca Verga e às improvisações orquestrais do Sonar Quartet. Nomes como Steve Reich e Laurie Anderson surgem como referência inicial para quem ouve, e até daria para dizer que se trata de um disco “minimalista”, não fosse o resultado final bastante elaborado e rico em detalhes.

Músicas como Rewild, Unchosen e Oracle trazem o eletrônico funcionando a favor do orgânico, quase sempre, dando a entender que algo mis dançante pode começar – quase sempre é uma dança do vento, das sonoridades em meio à estereofonia, com vozes sendo transformadas em ritmos e em uma música suave e experimental. Já faixas como Render, Incense, Babel e o loop vertiginoso de Meridian transformam essa sonoridade em algo sombrio, como algo bonito sendo encontrado em meio a uma bad trip.

Num papo com o site The Quietus, Lyra mostrou que tem uma visão bem peculiar de arte e de carreira artística – mais ou menos como Laurie Anderson já mostrou em algumas entrevistas. Lyra não pensava em fazer álbuns, não costuma ler jornalismo musical e não se considera alguém da indústria. Seu som tem mais a ver com um performance pessoal realizada no palco, que não se repetirá em outros shows porque vem do improviso, ou de uma vivência de DJ. Também já se considerou pop demais para mexer com música clássica, e um corpo estranho no universo pop.

Esse clima passa por todas as faixas de Hymnal, mas vai chegando a uma faceta quase progressiva em alguns momentos do disco, como no tom cigano de Gravity, no jazz erudito e sombrio de Swallow e Umbra, e no som despojado e quase roqueiro de Crimson, tocando uma guitarra que parece ter sua afinação mexida com efeitos de estúdio.

O lado acessível de Lyra aparece nos momentos em que o som de Hymnal, como pesquisa musical, poderia influenciar discos de indie pop. Reality, com seus vocais autotunados e intervenções rítmicas feitas com cordas, pode servir de inspiração para discos de trap e rap. A percussão sensorial de vozes e cordas em Solace e em Ending, que encerra o disco, idem. Hymnal é um disco que transforma a introspecção em espetáculo sonoro.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 8
Gravadora: 7K! / pop.solo
Lançamento: 13 de junho de 2025.

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Crítica

Ouvimos: A Filial – “Primeiro disco” (EP)

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Grupo de rap carioca, A Filial volta no EP Primeiro disco com beats simples e versos afiados sobre arte, redes, sobrevivência e dias estranhos.

RESENHA: Grupo de rap carioca, A Filial volta no EP Primeiro disco com beats simples e versos afiados sobre arte, redes, sobrevivência e dias estranhos.

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A Filial é um grupo de rap carioca que existe há mais de duas décadas – sendo que Edu Lopes, criador do projeto, vem de antes: foi um dos fundadores dos Funk Fuckers, banda de funk-rap-sacana capitaneada por BNegão. Quem menos tem é quem mais oferece, segundo disco da Filial (2006), é discoteca básica da música carioca de rua dos anos 2000, com clássicos como Verso versátil, Gosto tanto e o samba-rap Brilha o sol.

Primeiro disco, apesar do nome, é o quinto lançamento da Filial, e um EP que promove uma volta no tempo. O som foge da chuva de misturas sonoras do rap pós-anos 1990 e volta a uma época de simplicidade no estlo, com beats e riffs simples, e versos diretos. Qualquer qualquer tanto faz, que abre o EP, brota com samples e notas no piano, e emenda uma conversa sobre influencers, economia da atenção, bets e agressividade na internet (“a rolagem no feed agride minha capacidade de foco / sou a minha pior versão com o celular na mão”). Debaixo do sol, no fim do disco, encerra o ciclo comentando sobre os dias de hoje como se fossem civilizações de outros tempos.

  • Ouvimos: Don L – Caro vapor II – qual a forma de pagamento?
  • Ouvimos: Y3ll – Entre samples roubados & cerveja barata
  • Ouvimos: FBC – Assaltos e batidas

Uma parte boa de Primeiro disco une jazz, rap, trilhas sonoras e progressões musicais, como em A minha vernissage – um papo sobre hip hop e arte – e o inventário de batalhas de Tamo de pé (“eu não luto pra vencer, eu luto pra me manter fiel”, diz a letra), com participação de Matéria Prima. Que qualquer MC, com Daniel Shadow, narra cenas de rua em tom sombrio e com planos abertos. Haja teta, com Old Dirty Bacon, traz base de soul e versos sobre valorização dos artistas em tempos de IA (“fuck you, pay me, libera logo o faz-me-rir / esse filme é reprise, eu já vi”). Crítica, arte e sobrevivência em papos retos.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 8,5
Gravadora: Independente
Lançamento: 28 de junho de 2025

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