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Cultura Pop

Músico de estúdio: Paul McCartney

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Paul McCartney

O nono disco dos Foo Fighters, Concrete and gold, tá cheio de participações especiais. Tem desde Inara George, da dupla The Bird And The Bee, fazendo vocais em Dirty water até Justin Timberlake cantando em Make it right. E ninguém menos que Paul McCartney tocando bateria em Sunday rain. Uma participação que, revelou a banda à BBC, foi gravada em dois takes, logo após Dave Grohl ensinar a música ao ex-beatle. Tudo na maior rapidez. Se você não conseguiu ainda escutar o disco dos Foo Fighters, aliás, pega aí.

Pra quem nunca soube, Paul, lado a lado com sua carreira solo (ou durante o período dos Wings e até dos Beatles, vá lá) sempre manteve o hábito de fazer trabalhos como músico de estúdio – muitas vezes acumulando papeis de produtor, compositor ou até tocando vários instrumentos ao mesmo tempo. Ou inclusive realizando tarefas bem estranhas enquanto os músicos estavam tocando. Confere só essa lista com dez momentos em que Paul foi só mais um (até parece, né?) no estúdio.

BEACH BOYS – “VEGA-TABLES” (Smile/The Smile sessions, 1967/2011). Tem gente que duvida, mas Paul e Al Jardine, dos Beach Boys, confirmam: o ex-beatle fez uma curiosa participação nessa música comendo aipo (!). Gravaram o barulho e jogaram na canção, que só apareceria no lançamento definitivo de Smile, em 2011 – em Vegetables, incluída em Smiley, smile (1967), não há o barulhinho do ex-beatle.

BADFINGER – “ROCK OF ALL AGES” E “COME AND GET IT” (Magic Christian music, 1969). Contratados pelo selo Apple, dos Beatles, o Badfinger contou com uma mãozona de Paul, que produziu o primeiro disco (junto de Mal Evans e Tony Visconti), compôs para eles o hit Come and get it (para gravá-lo, a banda só precisou atender a um pedido especial do autor: não mudar o arranjo original em nada) e ainda tocou percussão na faixa. Em Rock of all ages, tocou piano.

DONOVAN – “ATLANTIS” (Barabajagal, 1969). Tem biógrafos que dizem que Paul fez backing vocals e tocou um pandeirinho nesse hit folk – e outros afirmam que o ex-Beatle estava recluso na época. O próprio Donovan também nega que Paul tenha participado. Ouça aí e decida (e essa música é tão boa que colocamos de qualquer jeito 🙂 ).

STEVE MILLER BAND – “MY DARK HOUR” (Brave new world, 1970). Creditado como Paul Ramon, McCartney tocou bateria, guitarra, baixo e ainda fez backing vocals nessa música. Lonnier Turner (baixo) e Tim Davis (bateria) nem tocam seus instrumentos nessa faixa.

RINGO STARR – “SIX O’CLOCK” (Ringo, 1973) e GEORGE HARRISON – “ALL THOSE YEARS AGO” (Somewhere in England, 1981). Paul fez várias gravações em discos de Ringo (inclusive recentemente, no álbum Give more love, lançado em setembro). Esteve mais de perto com ele em estúdio em Six o’clock, presente dele e de Linda McCartney para o terceiro disco do baterista – na música, ele tocou teclados e fez vocais ao lado de Linda. Já All those years ago, single de um dos últimos discos que George lançou antes de um hiato que duraria cinco anos, era uma homenagem a John Lennon com Paul nos backing vocals e Ringo na bateria.

“LEAVE IT” – MIKE McGEAR (McGear, 1974). O irmão de Paul, Michael McCartney (o popular Mike McGear) lançou um disco de estreia, Woman, em 1972, que não tinha nem sombra da presença do mano mais ilustre. Em 1974, contratado pela Warner, soltou McGear, que era quase um spin-off dos Wings, banda de Paul na época. Tem Paul compondo, fazendo backing vocals, tocando baixo, guitarra e teclados, Linda cantando e tocando teclados e Denny Laine tocando guitarra. Discão (e Leave it, a música abaixo, é de Paul e parece realmente cantada pelo ex-beatle).

DENNY LAINE – “HOLLY DAYS” (1977). Dono de todo o catálogo de Buddy Holly (da mesma forma que, ok, Michael Jackson faria com o próprio catálogo dos Beatles anos depois), Paul produziu um disco do guitarrista dos Wings tocando clássicos do roqueiro dos anos 1950. A ideia era captar as músicas com a mesma qualidade sonora dos álbuns de Holly, a ponto de quase tudo no disco ser em mono. Paul produziu, tocou guitarra, baixo, teclados e bateria, fez vocais – e Linda McCartney ainda tocou piano e bateu as fotos da capa.

SUPER FURRY ANIMALS – “RECEPTACLE FOR THE RESPECTABLE” (Rings around the world, 2011). SFA, uma das bandas mais loucas e criativas da história do rock, mereciam ter Paul no estúdio – e conseguiram. Nessa música, o ex-beatle desempenha um papel parecido com o que ele fez em Vega tables, dos Beach Boys: gravaram o barulho de Paul comendo cenoura crua e aipo, e jogaram na canção.

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Relembrando: Johnny Thunders, “Stations of the cross” (1982/1987)

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Relembrando: Johnny Thunders, "Stations of the cross"

Até mesmo um sujeito com uma vida bem louca como Johnny Thunders (1952-1991) tinha direito a momentos de (suposta) calmaria. O ex-guitarrista dos New York Dolls não teve uma carreira solo das mais constantes – ressurgiu em 1978 no mercado com So alone, um disco entre o punk e o rock básico, com produção de Steve Lillywhite. Entre vícios, retornos e situações de baixa, chegou a morar na Suécia com esposa e filha.

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Foi depois desse período de (vamos dizer assim) calma que surgiu o álbum duplo Stations of the cross, gravado em 1982 durante duas noites no Mudd Club, em Nova York, mas que só chegou às lojas em 1987 – e inicialmente apenas em K7, como parte da série de lançamentos em fitinhas pelo mitológico selo ROIR. Só depois de um tempo, o disco foi lançado em LP e CD (em vinil, saiu uma edição dupla na França em 1991). O disco na verdade traz mesmo é um show de sua banda punk pós-Dolls, os Heartbreakers – já que tem Thunders (voz e guitarra), Walter Lure (guitarra) e Jerry Nolan (bateria), além de um tal de Talarico no baixo.

Stations of the cross quase foi um filme, ou pelo menos a trilha sonora de um. Lech Kowalski, diretor do documentário punk DOA – A rite of passage, e que depois faria Born to lose: The last rock and roll movie sobre a vida do próprio Thunders, queria ter incluído as músicas como trilha do seu filme Gringo – História de um viciado (1987), do qual Johnny teria participado, fazendo o papel nada ambicioso de Jesus Cristo.

Num textinho publicado justamente no encarte de Stations, Lech relatou o quanto foi complicado trabalhar com Johnny. O diretor foi procurar o músico em sua casa e deparou com um apartamento que vivia com a porta permanentemente aberta, com Johnny em estado permanente de torpor. Ao propor o papel a ele, ouviu de Thunders que o único script do qual precisava era uma Bíblia.

Johnny ainda era viciado em drogas – com as filmagens iniciadas, chegou a sair em busca de cocaína e desapareceu por alguns dias do set. Numa ocasião, recusou-se a tocar uma música duas vezes. Ao gravar ao vivo o material que geraria este Stations of the cross, não quis seguir a ordem estabelecida ao lado de Lech. “De fato, ele nunca nem chegou a gravar as canções que eu precisava para o filme”, reclamou o diretor.

A aventura terminou com Thunders, drogado e semi-nu, sendo atendido por paramédicos. A Lech, só restou lamentar: Gringo saiu, mas o diretor desistiu de incluir as passagens de Thunders e decidiu reservá-las para um filme que nunca foi lançado, Stations of the cross. O disco em questão – produzido pelo próprio cineasta – fica então mais ou menos a trilha sonora de um filme que nunca foi lançado, e como uma trilha alternativa de Gringo.

O som de Stations of the cross é básico, formado por uma mescla de clássicos do próprio Thunders, com regravações como (I’m not your) Stepping stone (Paul Revere & The Raiders), Pipeline (The Chantays), Do you love me (Dave Clark Five). Tem também Chinese rocks, canção dividida entre Ramones e The Heartbreakers, cuja autoria costuma ser reclamada pelas duas bandas, e que surge aqui cantada com uma desafinação considerável. O material é complementado por conversas de bastidores e o que parecem ser trechos falados das filmagens.

Nesse papo aqui, Lech detalha um pouco sobre como foi trabalhar com Johnny, um sujeito que ele teve como fonte por alguns anos, e um personagem pelo qual se interessava, mas de quem pessoalmente ele não gostava de jeito nenhum. Quando decidiu fazer Born to lose, sobre Thunders, havia tido um contato rápido com uma das esposas do músico, e conheceu um dos filhos do artista – o garoto estava preso, na ocasião. O lado escroto e babacão de Thunders fica claro em atitudes, imagens e até em letras de músicas (inclusive nesse Stations of the cross, vale informar). Quando acerta, é um clássico do rock.

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Relembrando: Public Image Ltd, “The flowers of romance” (1981)

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Relembrando: Public Image Ltd, "The flowers of romance" (1981)

Keith Levene, guitarrista que se dividiu em vários instrumentos nesse The flowers of romance, chegou a afirmar que o terceiro álbum de estúdio do Public Image Ltd é “provavelmente o disco mais anti-comercial já entregue a uma gravadora”. Faz sentido: The flowers mal pode ser chamado de punk ou pós-punk. Está mais para uma aventura experimental e percussiva, com músicas compostas apenas de voz e bateria (a claustrofóbica Four enclosed walls), voz, percussão, sinos e ruídos (Phenagen), voz, bateria e sons orquestrais tirados com virulência punk (a faixa-título), voz, bateria brutal e ruídos (Under the house).

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O som vai do mais assustador e climático ao mais documental, com sons ciganos e flamencos unidos a uma espécie de “música de selva”, dada pelo som da bateria e pelos vocais de John Lydon. Hymie’s him, com sintetizadores, percussões e batidas de latão, soa “industrial” anos antes de tal termo ficar famoso. Banging the door é um quase reggae que destaca o uso de sintetizadores Moog. Francis Massacre é literalmente um massacre sonoro, trazendo vocais lamentosos, batidas tribais e sons de guerra. A associação com a música e o imaginário hispânico surgem já na capa, que traz Jeannette Lee, empresária, gerente e melhor amiga da banda (e hoje sócia da gravadora Rough Trade), com uma flor na boca, e ameaçando o fotógrafo (e o/a ouvinte do disco) com um pilão.

Curiosamente, mesmo sendo um disco tão anti-pop, The flowers of romance (o nome é o mesmo de uma banda cata-corno punk que surgiu antes dos Pistols, e da qual Keith Levene e Sid Vicious fizeram parte) acabou tendo lá suas dimensões pop. O som da bateria já foi elogiado por Phil Collins (que trabalhou depois com o produtor do disco, Nick Launay), e soa quase como se tivesse sido produzido para cinema, e não para um álbum.

Esse som cinematográfico não rolou por acaso. A turma do PiL (na época, os inimigos íntimos Lydon e Levene, mais o baterista Martin Atkins) aproveitou todos os recursos de um novo brinquedo do empresário Richard Branson: o estúdio The Manor, literalmente um estúdio de ponta construído numa mansão histórica. Antes de começar, foram sete dias (de um total de dez dias agendados) “curtindo” um bloqueio de compositor que travou toda a banda. Jah Wobble, baixista do PiL e sujeito cheio de ideias, saiu pouco antes da gravação, o que piorou um pouco as coisas – por acaso, só duas faixas de Flowers (Track 8 e Banging the door têm o instrumento.

The flowers of romance marcou um período de bons investimentos na banda ainda que não vendessem tanto – 1983 foi inclusive o ano do duplo Live in Tokyo, gravado no Japão, e que rendeu até um homevideo, mania da época. Daí para a frente, era o PiL virando algo mais próximo daquele som que pode até tocar no rádio, mas assusta. E muito.

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Relembrando: Vários, “O espigão – trilha sonora nacional” (1974)

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Relembrando: Vários, "O espigão - trilha sonora nacional" (1974)

Até os dez primeiros capítulos (que foi até onde assisti), O Espigão, novela das 22h exibida pela Rede Globo em 1974, e escrita por Dias Gomes, tem ritmo de série bem construída e passagens que lembram Os Simpsons. Por sinal, com a chance de cada personagem ali conseguir ser o Homer por alguns minutos, ou por alguns capítulos. Os três primeiros capítulos são tomados por um cavernoso engarrafamento no Túnel Novo – que divide Botafogo e Copacabana, na Zona Sul carioca – no último dia de 1972. Hoje dá para ver tudo no Globoplay, que resgatou a trama.

No túnel, os personagens vão aparecendo para, mais do que construir a história, dar uma baita sensação de caos. Isso porque parece que quase ninguém ali costuma ser ouvido ou enxergado de verdade. No caso do trio de bandidos interpretado por Betty Faria, Ruy Resende e Milton Gonçalves, nem eles conseguem enxergar sua própria falta de talento para roubar os outros, mas isso é apenas um detalhe.

Para quem passou a vida ouvindo as trilhas sonoras de O Espigão, a nacional e a internacional, lançadas pela Som Livre naquele mesmo ano, o mais legal é ver a utilização nos capítulos das faixas da trilha nacional (um perfeito disco pop-rock-MPB). Pela cidade, tema instrumental e quase progressivo do Azymuth, surge na primeira cena, com o assombrado Léo (Claudio Marzo) chegando de navio de Sergipe, passando pela Baía de Guanabara. Nessa hora, destaque para o estranho cromaqui marítimo e para as imagens das barcas Rio-Niterói em alto-mar.

Retrato 3×4, primeiro quase-hit de Alceu Valença, e segunda ou terceira tentativa de sucesso do cantor, antes da fama, surge nas cenas do assalto frustrado do trio de bandidos. Versos como “rasgue meu retrato 3×4/porque eles vão pintar o sete com você” dão a sensação de que a turma formada por Lazinha (Betty), Nonô (Milton) e Dico (Ruy) é bem mais robin hoodiana do que pode parecer. Na sombra da amendoeira, de Sá & Guarabyra, na voz do grupo niteroiense Os Lobos, dá vontade de visitar o tal casarão antigo que é, de fato, o tema da novela.

Alfazema, tema folk do hoje astrólogo Carlos Walker, surge inicialmente numa cena de total lesação e abandono na cidade grande (por sinal no fim da Rua Voluntários da Pátria, em Botafogo, Zona Sul do Rio, bem antes do excesso de bares e carros). Já o tema de abertura, o hard rock orquestral O espigão, de Zé Rodrix, vem da transição entre os álbuns I acto (1973) e Quem sabe sabe, quem não sabe não precisa saber (1974), os dois primeiros do cantor – que geraram um show apresentado no Rio em março de 1974, ao lado da banda Agência de Mágicos.

O repertório da trilha de O espigão ainda inclui um excelente e hoje cancelável samba-rock (Malandragem dela, de Tom & Dito, que tocou muito no rádio na época), uma música que surge como protesto à gentrificação no Rio, mas que tem mais a ver com a poluição em São Paulo (Botaram tanta fumaça, de Tom Zé), um tema clássico composto por Tuca (Berceuse), um samba antirracista com letra de Nei Lopes (Você vai ter que me aturar, com Sônia Santos) e um sambão triste composto e cantado por Benito di Paula (Último andar).

O espigão fez tanto sucesso que a trilha nacional voltou às lojas várias vezes. Volta e meia dá para achar um vinil a preço barato em loja de usados, mas o álbum foi relançado em CD na série Som Livre Masters, com remasterização comandada por Charles Gavin. Hoje é um caso raro de trilha de novela nacional dos anos 1970 que pode ser vista e ouvida.

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