Notícias
Hanson: “Despacito” é a “clamídia dos ouvidos”

A clamídia é uma doença sexualmente transmissível causada pela bactéria Chlamydia trachomatis, causada especialmente pelo hábito de fazer relações sexuais sem camisinha. Entre os sintomas mais conhecidos, estão dor ao urinar, corrimento vaginal ou peniano, dor ou secreção retal e penetração dolorosa no ato sexual (no caso de mulheres e de sexo vaginal). Respondidas as suas dúvidas sobre uma DST da qual quase não se comenta, vale afirmar que o Hanson trouxe o tema de volta a mídia numa entrevista ao programa “Whose Song Is It Anyway?”, da rádio australiana Hit107FM, que faz uma cabra-cega de músicas. Ao ouvir o hit “Despacito”, gravado por Luis Fonsi e Daddy Yankee, na versão que conta com os vocais de Justin Bieber, um dos três irmãos classificou a canção como “a clamídia dos ouvidos”. Quem reproduziu o papo foi o New Musical Express.
No papo, o locutor tocou a canção e a banda não sabia qual era a música. “Posso só dizer que estou contente com o fato de não saber o que é isso?”, disse um dos irmãos. “Eu prefiro não pegar nenhuma doença venérea, daí a qualquer momento em que uma canção de Justin Bieber chega perto de mim ou dos meus ouvidos… É como infecção dos ouvidos, elas são terríveis”. Um outro deles completou: “É a clamídia dos ouvidos, é uma merda”, contou outro irmão, também tecendo comparações entre ouvir a música e “sair com um urso Koala” (baseado no fato de que os ursos Koala estão sujeitos a epidemias da doença). Ouça abaixo.
O grupo tá vindo aí para divulgar sua turnê de 25 anos, que passa por Rio (24 de agosto, no ex-Metropolitan), BH (25 de agosto, no ex-BH Hall) e São Paulo (26 de agosto, no Citibank Hall). Relembre “MMMBop”, grande hit do trio – por sinal tocado no programa na sequência da música de Bieber.
Notícias
Urgente!: Jesse Welles e o folk viral; Eliminadorzinho invade SP de terno e gravata

O periódico musical britânico New Musical Express ficou recentemente frente a frente com um dos artistas mais instigantes dos últimos tempos: Jesse Welles, um rapaz norte-americano de 30 anos, saído do Arkansas, é uma espécie de herói folk do TikTok. Um jovem músico fã de artistas como Bob Dylan, Creedence Clearwater Revival e Grateful Dead que se tornou célebre pelo hábito de usar a rede de vídeos para “cantar as notícias”. E como assim?
“Sou eu mesmo tentando dar sentido a tudo isso”, diz ao NME Jesse, que viu sua vida mudar depois que o pai sofreu um ataque cardíaco. O susto trouxe uma nova urgência à sua arte. O músico começou a usar o TikTok para transformar manchetes em canções curtas, misturando poesia crua com crítica social. “Se os músicos dos anos 30, 40 e 50 tiveram que depender de uma (pistola) 45 para lançar seus discos, minha 45 era o rolo de 90 segundos”, diz.
Welles não é um estreante: já teve outros codinomes, gravou discos, integrou bandas, passou por gravadoras – e volta e meia é acusado por detratores de ser um artista “de Inteligência Artificial”, que usa a IA para transformar o que lê nos jornais em versos. Acusações a parte, diz ter se reencontrado quando desistiu de “ser alguém” e decidiu apenas… ser. “Percebi que não preciso ser ninguém além do que eu quero ser”, afirmou. Uma das raras músicas desbragadamente políticas de seu novo disco, Middle, lançado em fevereiro, é Horses, cujo refrão fala em “amar todas as pessoas que você passou a odiar”.
“O mais provável é que o caminho seja pelo meio. Se eu decidi que esse é o caminho mais honesto, bem, o bálsamo que você terá que aplicar é o amor, para não perder a cabeça por lá, ou não cair na tentação de se juntar a uma tribo”, disse ele, que aproveitou para lançar junto de Middle um álbum de três horas (!), Under the powerlines, cujas faixas têm títulos datados e servem como uma espécie de diário.
No tal papo com o NME, Jesse faz questão de falar que suas músicas não fazem comentário político comum, como um colunista ou um militante faria. “Estou tentando encontrar uma linha mestra que seja honesta”, conta. E lá pelas tantas, completa: “Mais do que uma tradição norte-americana, acho que é uma tradição humana: escrever e encontrar a verdade, extraí-la do nada”.
***
Já a banda paulista Eliminadorzinho anuncia seu segundo disco, previsto para o segundo semestre, pela Cavaca Records. O trio – Gabri Eliott (voz e guitarra), João Haddad (voz e baixo) e Tiago Schützer (voz e bateria) – apresentou hoje o novo trabalho com o single A cidade é uma selva. Uma música urgente como o bom rock brasileiro sempre foi, e que já chega com clipe.
Gravado na Avenida Faria Lima, em São Paulo, o vídeo mostra a banda vestida como executivos do mercado financeiro – os “Faria Limers”. A sátira é direta: terno, gravata, calor (era o dia mais quente do verão paulistano), sorrisos forçados e passos apressados. Só que… Gabri aparece usando uma máscara de inseto. E o músico diz que notou olhares de nojo nas pessoas. “Foi divertido atrair esse desgosto de uma forma mais leve e engraçada, provocando nas pessoas a reação que cantamos na música”, contou.
A provocação faz parte do DNA da banda, que desde o primeiro disco vem cruzando energia punk com senso de humor ácido. Ao que tudo indica, o novo álbum deve seguir nessa toada – crítica urbana, sarcasmo e barulho bem posicionado. Vamos acompanhar.
Texto: Ricardo Schott
Foto: Reprodução YouTube
Lançamentos
Radar: Mateus Aleluia, Bonsai, Jonabug, Sudano, Noite Suite e outros novos sons

Fazendo a lista de sons nacionais do nosso Radar de hoje, deparamos com a diversidade da nova música que está sendo produzida no Brasil atualmente – tanto por gente muito experiente (olha o Mateus Aleluia encabeçando a lista de hoje!) quanto por bandas bem recentes (Noite Suite, Nuna, Jonabug) e artistas solos ligados em sons de todos os tempos (Zaina Woz, Sudano, Bonsai), além de uma banda que já soma duas décadas de ralação (o Pátria Celeste). É assim, unindo gerações e propostas musicais, que seguimos hoje. Dá play aí! (Foto Mateus Aleluia: Vinícius Xavier / Divulgação).
Texto: Ricardo Schott
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MATEUS ALELUIA, “NO AMOR NÃO MANDO”. Tarefa impossível: escutar o novo disco de Mateus Aleluia — um dos fundadores do grupo vocal Os Tincoãs — sem se emocionar profundamente. Intitulado simplesmente Mateus Aleluia, o álbum mergulha em faixas longas que soam como verdadeiras suítes da mata, da introspecção, da negritude e da espiritualidade individual. Os versos são tocantes: “eu não sou rebelde ao ensino que o amor me dá”, “quando o amor me manda eu sigo e vou / de caravela ou carro de boi, jegue ou teco teco / sigo o amor”.
Ambos os versos estão em No amor não mando, canção de nove minutos conduzida por violão, sopros, coral, acordeom e uma declamação de Mateus que define “a sonoridade do amor”. “Não está dentro de nós, está em nós (…). O amor nos rege, não sejamos rebeldes. Para nossa continuidade, entreguemo-nos sem pestanejar. O amor nos manda”. Ouça em volume máximo.
BONSAI, “ESPORTE DE CONTATO”. Para quem acredita que a vida se resume à internet, o rapper paulistano Bonsai tem algo a dizer. Esporte de contato, faixa do álbum Sorte ou revés, aborda o cotidiano nas ruas como uma vivência fundamental — dica nossa: não só para quem faz rap, mas para qualquer artista, e também para quem faz jornalismo. A base é soul-jazz: metais, baixo e bateria leve criam um clima quase relaxante, que contrasta com o tema e dá vontade de sair e encarar os “esportes de contato” da vida real.
JONABUG, “LOOK AT ME”. Direto do interior de São Paulo, mais exatamente da cidade de Marília, chega um sinal bonito e levemente fantasmagórico: Look at me, novo single da Jonabug, agora em formação de trio. É o anúncio do que vem aí — um disco cheio, o primeiro, que atenderá pelo nome de Três tigres tristes. O som mistura indie rock, shoegaze e um pouco da névoa das guitarras noventistas. As letras vão de um idioma ao outro, português e inglês, mas aqui o inglês é quem fala mais alto. Já o clipe da faixa, em preto e branco, foi gravado de forma totalmente independente na antiga estação ferroviária da cidade — hoje espaço cultural — com uma handycam e a ajuda do amigo Thales Leite.
SUDANO, “PRAZER, NB”. “A vida não é e nunca foi preto e branco / eu venho mostrar que as cores vêm pra ficar”, afirma Igor Sudano, 32 anos, cantor, compositor e bodypiercer de Niterói (RJ). Seu novo single fala sobre como a sociedade tenta apagar e silenciar a fala de pessoas não-binárias (daí o “NB” do título). “Acho que a letra fala por si só. Coloquei para fora tudo que uma pessoa não binária sente e passa desde jovem, quando se vê em um mundo que não a reconhece como uma pessoa real”, conta. O som tem pegada de emocore, e a letra é direta e literal como no punk.
NOITE SUITE, “OUTRAS PESSOAS”. Clima musical líquido e psicodélico, com um groove lento e uma sonoridade que parece prestes a derreter no ouvido. Assim é o som do Noite Suite, projeto musical baiano formado por Bianca Gonzalez (guitarra, voz e sintetizadores), Paulo Tiano (bateria e produção), João Sarno (baixo e guitarra) e Yan Franco (guitarra, voz e sintetizadores). O novo single, Outras pessoas, é uma faixa surrealista, herdeira do dream pop e da chillwave.
NUNA, “VELHA JAQUETA”. Entre a new wave oitentista e o emocore, essa banda paulista (que já se chamou Sem Meia) volta explorando o universo do pop-punk em seu novo single, Velha jaqueta. Tadeu Patolla, ex-produtor do Charlie Brown Jr, cuidou do som, e Rodrigo Psy dirigiu o clipe, gravado em três locações diferentes de São Paulo, e que mostra visualmente as diferentes fases mostradas na letra da música – que fala sobre seguir em frente. A cantora Manu Fair brilha nos vocais com carisma e intensidade.
PÁTRIA CELESTE, “JOHNNY J”. Essa banda de Caçapava (SP) voltou cinco anos no tempo e resgatou uma faixa do álbum Roda dos excluídos (2020) para lançar em videoclipe. E fez bonito: o vídeo é uma animação assinada por Leandro Franco (Garotos Podres, Supla, Inocentes, Autoramas), que mostra a banda e o personagem da música interagindo com programas históricos de TV e desenhos animados. “A música trata sobre as divertidas e controversas influências que as gerações de 1970 / 1980 sofreram pela TV”, diz o grupo. Se você se identificar com o protagonista do clipe, cuidado: o final pode surpreender (ou assustar).
ZAINA WOZ, “SUCESSO SEXUAL”. Composta por Leo Jaime e Leandro Verdeal e eternizada por Angela Ro Ro, Sucesso sexual ganhou nova vida na voz de Zaina, que a lançou como single e clipe — e também a incluiu em seu álbum de estreia, Zaina Woz – { Vol. 01 }, previsto para julho. A produção é dividida entre Zaina e Arthur Kunz (Marina Lima, Os Amantes), e o clipe, gravado no Museu do Sintetizador, em São Paulo, é um aceno perfeito à era tecnopop da música brasileira.
Lançamentos
Urgente!: Stereolab na bossa psicodélica, Turnstile no emo ambient, Forth Wanderers de volta (?)

Nesta sexta (23), finalmente o mundo vai conhecer o novo disco do Stereolab – que, a julgar pelos singles lançados até agora, promete ser fantástico (mas a gente sempre pode se enganar… eu mesmo apostei no novo do Arcade Fire). Instant holograms on metal film, décimo-primeiro álbum da banda, é o primeiro desde 2010, tem quase uma hora de duração, será lançado em vinil duplo e ganhará uma turnê de divulgação que passa pela Europa, América do Norte e Reino Unido até dezembro.
Entre os convidados estão Cooper Crain e Rob Frye (do Bitchin Bajas), Ben LaMar Gay (músico, compositor e folclorista de Chicago) e a multi-instrumentista Marie Merlet. As gravações ficaram por conta da dupla Tim Gane e Lætitia Sadier, junto com os músicos de turnê: Andy Ramsay (bateria), Joe Watson (teclados) e Xavi Muñoz (baixo). Um último vislumbre de Instant holograms on metal film saiu nesta terça (20): é o single Transmuted matter, bossinha psicodélica de respeito, que ganhou um visualiser mais lisérgico ainda. Para ver (e ouvir) estrelas.
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Um disco que já tá cheio de assunto é o quarto álbum da banda norte-americana Turnstile, Never enough, que sai dia 6 de junho pela Roadrunner. Para começar, Never enough não é só um disco — é um álbum visual, que será lançado mundialmente durante o Festival de Cinema de Tribeca, entre 4 e 15 de junho. A direção do filme ficou por conta do vocalista Brendan Yates e do guitarrista Pat McCrory, e ele reúne as 14 faixas do álbum em uma imersão audiovisual contínua — ou seja, se você assistiu aos clipes lançados até agora, já teve pequenos encontros com o filme.
E o som? Surfando na boa maré das bandas emo e mergulhando de vez nos conceitos artísticos, o Turnstile dá passos firmes em direção a paisagens mais ambient — uma tendência que já vinha de antes, mas que agora se consolida. Nesta terça (20), saiu mais um fragmento do novo trabalho: Look out for me, uma faixa de quase sete minutos, com clima de pós-rock, videoclipe misterioso e dinâmico, e versos que doem, como “agora meu coração está por um fio” e “estamos numa fila para desaparecer / é injusto, injusto, injusto”.
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Sumidos da Silva desde 2018, os Forth Wanderers reapareceram do nada com To know me / To love me, single novíssimo que caiu de surpresa no Bandcamp da banda, e foi lançado por sua última gravadora, Sub Pop. O grupo indie de Nova Jersey, que não lançava nada desde seu segundo disco (o auto-intitulado Forth Wanderers, de 2014), nunca anunciou um fim oficial — só um hiato, um cancelamento de turnê e um texto forte da vocalista Ava Trilling na saudosa revista Vice, sobre crises de pânico na estrada.
Agora, a coisa pode estar esquentando de novo: o Instagram do grupo foi reativado com o anúncio da faixa nova. E embora o perfil também tenha sido usado recentemente (no fim de abril) pra anunciar uma edição comemorativa em vinil branco do disco de 2014, o noise rock de To know me / To love me parece que não é só nostalgia…
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O selo Cavaca Records arma noite com shows de City Mall, Caco/Concha e Lorena Moura no dia 29 de maio, na Casa Rockambole, em São Paulo. O evento marca a estreia da nova identidade visual do selo, criada por Bruno Faiotto, e a campanha Ouro da música brasileira.
Na noite, também rolam DJ sets de Eliminadorzinho e do próprio Faiotto. A noite celebra lançamentos recentes, músicas inéditas e a fase atual do selo fundado por Cainan Willy e Yasmin Kalaf. Vale citar que Caco/Concha e City Mall já andaram aparecendo aqui no Pop Fantasma. Ingressos aqui.
Texto: Ricardo Schott
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