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Entrevista: Ave Máquina volta com EP e show inspirados pelo sentimentos da pandemia

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Ventre, o EP novo da banda carioca Ave Máquina, é fruto de um crowdfunding, pelo qual a banda financiou a gravação e a produção feita por Jr Tostoi. Também é fruto da pandemia, já que duas faixas foram compostas durante o isolamento, e as canções escolhidas conversam com os sentimentos que o grupo teve nessa época. O Ave Máquina, influenciado desde sempre pela vanguarda da música popular brasileira, retorna também influenciado pelo steampunk (estilo da ficção científica que aborda o impacto das tecnologias) e por filmes como Waterworld – O segredo das águas e Mad Max, explorando imagens bastante apocalípticas.

“Nosso novo trabalho chega para dizer que com a pandemia ninguém passou ileso e todos nós mudamos de alguma forma”, diz a vocalista Katia Jorgensen, que divide a banda com Rafael Monteiro (baixo), Fiu (bateria) e Yuri Ribas (guitarrista). O disco chega a público nesta sexta (14) tanto nas plataformas como no show de lançamento no Teatro Cesgranrio, no Rio de Janeiro (mais infos sobre o show no Instagram da banda). Vai ser a última apresentação de Yuri, que passa as seis cordas do grupo para Rafael Oliveira. E nós batemos um papo com a banda sobre o disco.

Como foi contar com o apoio dos fãs no crowdfunding, numa época em que estava rolando uma crise braba no país (e no mundo, claro)? Houve algum momento em que pensaram: “pô, não vai dar certo…”?

Fiu: Foi lindo, emocionante. Acho que um sentimento de acolhimento, era uma oportunidade única e sem a ajuda deles não íamos conseguir. Dentro de um período tenso, perceber que tinham pessoas acreditando e apoiando o nosso projeto nos deu mais motivação pra acreditar. E sim, a princípio fiquei inseguro, até pela condição que eu me encontrava, que as pessoas ao meu redor se encontravam, era difícil acreditar que íamos conseguir. Descobrimos que temos um público maravilhoso e isso é especial demais.

Rafael: De fato deu uma insegurança. Mas tentamos ser realistas dentro do orçamento que poderíamos conseguir. Vimos o mínimo que precisávamos para lançar esse projeto com a qualidade que queríamos e fizemos uma campanha forte.

Mesmo com as novas tecnologias, vocês diriam que ainda é caro gravar bem um disco? No que o montante do crowdfunding foi aproveitado?

Fiu: Investir em música é caro. Parafraseando o Rodrigo Amarante, “pra ser músico no Brasil precisa ter dinheiro”. E o investimento começa desde ter um bom instrumento até pagar os ensaios. Gravar um single já é caro, um EP mais caro ainda e quem dirá um disco. A tecnologia até deixou as ferramentas mais acessiveis, além dos programas há bastante material, cursos e interesse. Temos o exemplo do rap, do funk.. A molecada se produz e se lança. Mas ainda sim a expertise, a experiência e os equipamentos profissionais disponíveis fazem a diferença no resultado final. Pudemos acompanhar isso nesse EP. O que conseguimos ganhar no crowdfunding foi somatizado com o que já tinhamos em caixa então foi possivel pagar a gravação e a masterização.

Como foi trabalhar com o Jr Tostoi no disco e como surgiu a ideia de chamá-lo?

Katia: Trabalhar com Tostoi já era um sonho de muito tempo. Sempre fui fã das guitarras, timbres e do bom gosto dele. Além de depois de ter conhecido ele e o achar o cara mais divertido de todos os tempos. Nos conhecemos nos bastidores de uma participação que eu faria no show do Fernando Holanda. Ele estava por lá na passagem de som e ficamos uns 10 minutos conversando. Parecia até que já nos conhecíamos! Depois disso, tentei fazer com que ele produzisse meu primeiro disco solo – que ainda sairá em algum momento, creindeuzpai – mas acabou não rolando o edital que esperávamos.

Aí pintou a ideia de chamá-lo pra produzir essas 4 faixas do EP, por meio de um crowdfunding e foi maravilhoso. Foi uma sinergia incrível. Alguns dias de muito encaixe, muita descoberta. Tostoi é de uma generosidade viciante. Ele dirige o trabalho de uma forma que parece que nada está acontecendo. Isso porque ele deixa as coisas fluírem da maneira certa. Ele sabe tirar o melhor de cada um. Um gênio mesmo na liderança de todo processo.

Rafael: Quando Kátia nos apresentou a ideia de trabalharmos com o Tostoi, já conhecia seu trabalho como artista e produtor, então claro que adorei a ideia. Antes de começarmos a gravar o EP, ele foi nos nossos ensaios e conversamos sobre música. Quando finalmente começamos a gravar a sintonia já era total. Ele é um cara muito criativo e aberto a novas ideias e soube bem como se conectar rapidamente com a banda. O resultado dessa energia é perceptível no som que fizemos.

Fiu: No início foi assustador. Nunca tinha trabalhado com um produtor que chegasse junto. Já parou pra olhar o currículo do cara? Mas desde o primeiro contato o Tostoi foi um cara super amoroso. Chegou pedindo licença, respeitando o nosso processo de criação e nos recebendo muito bem em seu estúdio. Saí dessa experiência apaixonado.

Falem um pouco de como o conceito do steampunk entrou na história de vocês.

Katia: O conceito steampunk entrou na minha vida há alguns anos por meio de um conhecido. Ele curtia essas vibes RPG, steam punk, games etc… Eu achei a estética muito foda. Depois que vivemos a pandemia, eu pensei que o visual da banda tinha que passar por esse lugar da destruição, da guerra, do apocalipse e lembrei muito do filme Waterworld e Mad Max primeira versão – acabei esbarrando na segunda com Charlize Theron e amei aquela figura feminina tão poderosa. Achei que as cores e todo visual tinham a ver com a proposta do EP e lembrei da teoria steampunk.

Começou a tudo se encaixar na minha cabeça. Essa teoria de que as máquinas seriam movidas a vapor me trouxe essa sensação de que o mundo precisaria se reinventar depois da pandemia, depois do “fim do mundo”. Me fez refletir sobre como os seres humanos podem renascer. E aí o visual apocalíptico, a reinvenção das máquinas, as engrenagens do steampunk, tudo isso se somou ao som reflexivo e quase melancólico do álbum. Surgiu então Ventre, que seria o renascimento desse novo ser humano depois do fim do mundo.

Tem três músicas feitas durante a pandemia no disco… Que aspectos da pandemia mais influenciaram a banda nessas composições?

Rafael: Na verdade apenas A outra mulher, da Kátia e Baque d’água, de minha autoria foram compostas totalmente durante a pandemia. As outras duas músicas foram escolhidas por acharmos que conversavam com os sentimentos que estávamos tendo que lidar naqueles tempos. Coisas como rotina, isolamento e solidão. Avenidas é uma música anterior ao grupo, mas tem uma melancolia e retrata uma solidão e uma necessidade de libertação que achei que encaixaria perfeitamente. O riff dessa música, esse sim, foi feito durante a pré produção do EP. Curiosamente ele foi composto pensando na música da Kátia. A Baque d’água foi a última canção composta e é a que abre o EP. É uma música inspirada nas canções praieiras do Dorival Caymmi e na música Meu baque é lento da Nação Porto Rico de Maracatu. Assim como Avenidas ela também usa a metáfora do mar e das águas como um caminho.

Fiu: Vou falar da Personagens de mim mesmo, que é uma música minha, criada antes da pandemia mas apresentada pra banda no momento em que decidimos tocar esse projeto do EP, durante a pandemia. Essa música tem como base questionar uma certa “romantização” do dia a dia. A vida não é uma novela, não é o filme que a gente gosta. É tão fácil se entupir de estímulos externos pra fugir de nós mesmos. É um olhar pra dentro, é compreender que tenho várias facetas, várias máscaras. Que com uns posso falar de um jeito, com outros me sinto mais a vontade, uns sabem que eu fumo e outros nem imaginam, olha quantos personagens… Na pandemia tivemos que, pela primeira vez, lidar com a gente mesmo, sem escolha. O mundo se acabando e todo mundo dentro de casa. O tanto de demônios que bateram na minha porta se apresentando, não foi brincadeira. Fui forçado a lidar com vários sentimentos, que facilmente a gente se desfaz numa pedalada. Então poder olhar pra si, como indivíduo mais também dentro de um coletivo. O que é ser para mim e o que sou para os outros?

A banda atualmente é o principal projeto dos integrantes? O que vocês vêm fazendo?

Katia: A banda tem um lugar de prioridade pra mim hoje. Pois tem muito trabalho autoral. Isso acaba me trazendo a vontade de que a banda cresça muito. Eu tenho alguns outros trabalhos paralelos. Atualmente sou idealizadora e diretora artística do Viva Gal, projeto dedicado a memória da minha ídola maior Gal Costa. Já tenho um trabalho de pesquisa sobre a Gal desde 2012 e depois com meu show Mãe em 2019, cantando só o repertório dela. Depois da morte da Gal eu resolvi fazer esse tributo e tem sido lindo. Tenho alguns singles lançados e feats nas plataformas. Também tenho projetos solos pro futuro mas por agora, Ave Máquina é minha prioridade

Rafael: Sou professor de música da rede pública do Rio de Janeiro. Então, além do privilégio que é ensinar música, posso me dar ao luxo de me dedicar artisticamente apenas ao que me interessa, sem ter que pensar num retorno financeiro rápido. Sendo assim, artisticamente a Ave Máquina é meu principal projeto, sim. Tenho também planos de lançar um álbum de um projeto de música infantil do qual sou um dos criadores, o Expresso Pindorama. O disco já está gravado, falta apenas uns detalhes finais.

Fiu: Infelizmente não. Apesar de amar muito essa banda o meu ganha pão é produzindo alimentos veganos e sendo feirante, pra complementar a renda. Mas sonho todos os dias poder um dia largar tudo pra viver dessa paixão que é a música.

O disco vai sair em formato físico? Como vocês estão pensando o lançamento?

Rafael: Não é uma ideia que descartamos, mas como grana é sempre uma questão delicada, preferimos investir na qualidade da gravação e deixar só no digital por enquanto. Dessa forma, o EP estará em todas as plataformas digitais a partir do dia 14 de abril.

Vocês foram influenciados pela vanguarda brasileira dos anos 1960 e 1970. O que essa geração tem pra ensinar a músicos novos, ainda mais nessa época em que tudo é algoritmo?

Fiu: Desde que conheci o tropicalismo – e isso me rendeu uma monografia – fiquei apaixonado com esse movimento de liberdade de expressão, da antropofagia atiçada, do canibalismo cultural. Nessa mistura de referências, não só no aspecto sonoro mas num todo. “É preciso estar atento..” e antenado.

Rafael: Uma coisa incrível dos tropicalistas e dos artistas de vanguarda que vieram na sequência é a capacidade de absorver elementos e influências que para a maioria pareceriam inconciliáveis. Misturaram o “brega” e o “erudito”, o “regional” e o “urbano” sem o menor pudor. Tudo é arte e tudo pode dialogar. Acho que isso é algo que eles tem nos ensinado desde então.

O que vocês têm ouvido ultimamente e o que tem entrado como influência no trabalho novo?

Rafael: Eu tenho me interessado cada vez mais pela música latino-americana de um modo geral. O Tostoi também tem esse interesse, então acho que rolou um alinhamento. Foi ideia dele dar aquele tempero latino em A outra mulher. De coisas mais atuais gosto muito da Natalia Lafourcade (México), Mon Laferte (Chile) e da Eruca Sativa (Argentina). Mas ando sobretudo fascinado pelo rock argentino. Caras como Charly García, Spinetta e as bandas que eles fizeram parte.

Fiu: Tenho ouvido muito dois grandes produtores do rap, Madlib e J Dilla. Mas tenho o hábito de ouvir de Miles Davies, Pharonah Sanders, Paul Desmond a Anelis Assumpção, Candeia, Planet Hemp, Gilberto Gil… Acho que estar numa banda de rock sem pensar – somente – como uma banda de rock é a liberdade que preciso pra compartilhar minhas influências com a Ave Máquina.

Katia: Minhas referências são louquésimas. Escuto de Nina Simone a Slipmami. Adoro a música como um todo. Não só a letra, melodia e harmonia. Eu gosto do que a artista tem a dizer. E todo mundo precisa de um porta voz do seu nicho. Isso me encanta. Ouvir o que a galera jovem quer falar. Meu repeat no Spotify é sempre diferente. Letrux, Duda Beat, Micah, FKA Twigs, Feist, Fiona Apple, Silvia Machete, Mary J Blige, Rosalia… e por ai vai.

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Urgente!: Lançamentos da semana (12 a 16 de maio de 2025)

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Urgente!: Lançamentos da semana (19 a 23 de maio de 2025)

Um sobrevoo rápido por alguns dos lançamentos que movimentaram a semana. Nada de esgotar o assunto – a ideia nessa edição semanal e especial do Urgente! é fazer um recorte, destacar o que chamou a nossa atenção. Então anota aí:

(lembrando que tem mais lançamentos e músicas recentes no nosso Radar)

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ÁLBUNS E EPs:

Quem tá de volta é o Kadavar (foto), banda de psych-rock de Berlim, com o disco I just want to be a sound, disco que mexeu com o coração do quarteto, pelo que eles próprios afirmam. “É mais do que um álbum para nós”. O Mukeka Di Rato, por sua vez, completa 30 anos de luta antifascista com o direto e reto Generais de fralda, o Tagua Tagua volta com o aguardado Raio, a dupla Sofi Tukker solta o disco Butter, repleto de participações de artistas do Brasil (Seu Jorge, Rael, Silva e Liniker entre eles) e o Tune Yards retorna com outro álbum aguardado, Better dreaming.

Quem é vivo sempre aparece: Jair Oliveira lança, ao lado da esposa cantora e atriz Thania Khalil, o disco Cantabrincando, quarto álbum do projeto infantil Grandes pequeninos. Joaquim, cantor e pianista de São Paulo, estreia com o lírico álbum Varanda dos palpites. Spill Tab, cantora lo-fi nascida na Tailândia, está de volta com Angie, a norte-americana Alexandra Savior retorna com Beneath the lilypad, e o rap está representado na semana com o trap metal de Rico Nasty (o destruidor Lethal), a brasileira Ebony (KM 2) e ninguém menos que Snoop Dogg, que lançou de surpresa Iz it a crime?. Já a banda paulista de punk-surf Elétricos estreou com um furioso EP epônimo – um lançamento da Baratos Afins.

Por último mas não menos importante, vale citar que o Sorriso Maroto acaba de se tornar a primeira banda de samba a tocar no estúdio londrino Abbey Road – e lançaram o audiovisual Sorriso eu gosto vol.3 – Homenagem ao Fundo de Quintal.

SINGLES:

Quem é vivo, aliás viva, sempre aparece mesmo: a sumida Rihanna lançou o single Friends of mine, parte da trilha sonora do filme Smurfs, que chega aos cinemas brasileiros em 17 de julho. O grupo tecnopop Nation of Language soltou Inept Apollo, a harpista Kety Fusco lançou o compactinho She, com participação de Iggy Pop (e ficou ótimo) e a produtora, cantora e compositora venezuelana Arca abre caminho para um novo disco com o single duplo Puta / Sola.

Durante a semana você provavelmente viu o arrasador single-clipe Bloom baby bloom do Wolf Alice. E talvez tenha visto que Ana Frango Elétrico lançou o clipe de uma das melhores faixas do disco Me chama de gato que sou suaDr. Sabe Tudo se transformou num clipe antigo do Fantástico, escrito e dirigido por Zabenzi.

E vale citar também que a cantora e atriz Bruna Caram lançou uma versão frevo de Lindo lago do amor, de Gonzaguinha. E que a cantora e compositora chilena Mora Lucay acaba de lançar a bossa eletrônica Uma vez, em parceria com o Aiyé (projeto solo da musicista Larissa Conforto). Outro single novo que saiu na semana foi Desastres fabulosos, que une as vozes de Jorge Drexler e Conociendo Rusia.

Texto: Ricardo Schott

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Urgente!: Little Simz espanta os problemas, Madonna em série, Lemonheads com novidades, e mais

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Urgente!: Little Simz espanta os problemas, Madonna em série, Lemonheads com novidades, e mais

Prestes a lançar disco novo, Lotus (sai dia 6 de junho pela AWAL), a rapper Little Simz andou passando por alguns maus bocados. Irritada com um calote que diz ter recebido do produtor InFlo, com quem trabalhou no misterioso grupo Sault, ela foi atrás dos seus direitos – botou o cara na justiça por supostamente não ter pago um empréstimo de £ 1,7 milhão, incluindo £ 1 milhão para cobrir o único show ao vivo do grupo até o momento, em dezembro de 2023.

De qualquer jeito, vida que segue: ela acaba de lançar o single Young, o terceiro a anunciar Lotus. A música é um rap-rock sinuoso e divertido, no qual Little Simz fala sobre um dia a dia descompromissado no qual a zoeira nunca acaba. No clipe, dirigido por Dave Meyers, ela surge interpretando uma personagem bem mais velha que ela, que toca baixo. O site Stereogum andou comparando a faixa com o ritmo de Low rider, sucesso do grupo War – faz sentido.

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Depois de quase vinte anos sem lançar um álbum de inéditas, os Lemonheads reaparecem com sinais vitais fortes. Love chant, o novo disco, sai em breve, e já tem um primeiro cartão de visitas: o single duplo Deep end / Sad Cinderella, que também ganha um clipe dirigido pelo coletivo Surreal Hotel Arts. Em paralelo, a faixa será lançada em vinil 12” (edição limitada de 500 cópias) no dia 13 de junho.

A suingada Deep end soa quase grunge, com solo de J Mascis (Dinosaur Jr), e letra que parece saída de um encontro em um beco qualquer. A faixa tem a assinatura de Evan Dando e Tom Morgan (Smudge), velho parceiro australiano, e conta com backing vocals de Juliana Hatfield. A Austrália, aliás, entra nesse roteiro: a banda passa por lá ainda este mês, encerrando as comemorações pelas três décadas (e uns quebrados) dos álbuns It’s a shame about Ray e Come on feel The Lemonheads.

O lado B do single traz Sad Cinderella, cover sensível do saudoso Townes Van Zandt, cantor norte-americano de country, morto em 1997. A faixa é um dueto feito por Evan e Erin Rae, e basicamente é um country melancólico, lembrando Gram Parsons e Emmylou Harris. Dois lados, duas atmosferas, e uma banda que parece finalmente pronta pra sair da hibernação.

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Depois de anos namorando a ideia de um filme sobre sua vida, Madonna resolveu mudar o formato. Agora, a história da Rainha do Pop deve virar uma minissérie da Netflix, ainda nos estágios iniciais de desenvolvimento. O projeto tem produção da própria Madonna e de Shawn Levy (Stranger Things), um dos nomes de confiança da plataforma. A semente da virada foi plantada em novembro, quando Madonna sugeriu no Instagram que poderia deixar o filme de lado e transformar sua história em uma série.

A série será feita do zero e não tem ligação com o longa que estava em desenvolvimento na Universal — aquele que teria Julia Garner no papel principal. Mas o nome da atriz de Ozark segue cotado, especialmente depois de ter aparecido no palco com Madonna durante a Celebration Tour, em dezembro passado. A escolha depende de disponibilidade, já que Garner não tem contrato assinado.

Ainda não há definição sobre qual fase da carreira a minissérie vai abordar. Também não se sabe se Madonna vai coescrever o roteiro, como faria no filme. Em 2020, ao anunciar o longa, ela comentou que queria “mostrar a jornada de uma artista, dançarina e mulher tentando abrir caminho no mundo”. A frase segue valendo.

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A banda pernambucana Mundo livre s/a dá largada à turnê que celebra seus 40 anos de estrada com parada dupla em Brasília, no dia 22 (quinta). Às 18h, o vocalista Fred Zero Quatro participa de um bate-papo e do lançamento da biografia Mundo livre s/a 4.0 – Do punk ao mangue, ao lado do autor Pedro de Luna, na Biblioteca Demonstrativa (506/507 Sul, entrada gratuita). Mais tarde, o show rola na Infinu (CRS 506).

Depois da capital, os mangueboys partem para Goiânia e São Paulo, onde tocam na Virada Cultural. Pedro de Luna segue em Brasília para o Porão do Rock — festival que também virou livro pelas mãos dele (Histórias do Porão). No domingo (25), ele faz um segundo lançamento da biografia da banda, agora solo, na livraria Platô (CLS 405). Se você ainda não sabia do livro de Pedro, corra atrás e mergulhe na história do mundo livre, banda cujas primeiras músicas chegam a ser proféticas (Samba esquema noise, a música, diz: “ou você explora o próximo / ou o próximo é você / esta é a única moral / do mundo livre”).

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Antes do “luzes, câmera, ação!” tem o som – e a imagem não vive sem ele. A partir de 28 de maio, o canal Curta! estreia Na trilha do cinema, uma série documental apresentada por André Abujamra sobre a construção do som no cinema brasileiro. São oito episódios, sempre às quartas-feiras, às 21h30 — com streaming no dia seguinte no CurtaOn (via Prime Video Channels, Claro tv+ e CurtaOn.com.br).

Abujamra, que entende do assunto (compôs trilhas para dezenas de filmes), conversa com nomes essenciais da área — montadores, compositores, técnicos e designers de som — para explorar como o som participa da narrativa de um filme. Spoiler: não é só barulho ou trilha bonita — é dramaturgia.

O programa passa por temas como som direto, foley (a famosa sonoplastia), edição e mixagem. Entre os convidados, estão Tide Borges (responsável por A hora da estrela), o engenheiro de som Luiz Adelmo, a compositora Flávia Tygel e o premiado Antonio Pinto, de Central do Brasil. No episódio final, o próprio Abujamra vira entrevistado e fala sobre os bastidores sonoros de Durval discos e Carandiru. Vale pra quem quer ouvir o que o cinema brasileiro tem a dizer — literalmente.

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Por último, mas não menos importante: o Telecine Cult exibe Os sonhos de Pepe, documentário sobre o já saudoso ex-presidente uruguaio José “Pepe” Mujica, nesta quinta (15), às 20h25, e no sábado (17), às 15h10. O filme também está no streaming do Telecine, via Globoplay, Prime Video Channels e operadoras de TV paga.

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Radar: Partido da Classe Perigosa, Dedo de Bruxa, Rachel Reis e outros sons

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Radar: Partido da Classe Perigosa, Dedo de Bruxa, Rachel Reis e outros sons

Música muda vidas – e tem muita gente fazendo música para alertar pessoas sobre os perigos do dia a dia, sobre coisas que a gente nem percebe que estão roendo a gente por dentro. Pelo menos dois grupos do Radar de hoje destacam-se por terem músicas bastante sinceras e diretas, e que vão exatamente nessa linha – e não basta meter o dedo na cara, o som tem que ser ótimo, o que é o caso deles. Com ou sem protesto, as músicas abaixo giram em torno do que move a todos nós: lutas, amores, sonhos. Dá o play e aumenta o volume! (Foto Partido da Classe Perigosa: Yanni Avellar/Divulgação)

PARTIDO DA CLASSE PERIGOSA, “MONTAGEM DA MAIS VALIA”. Esse grupo carioca é de luta – luta de classes, por sinal. O primeiro álbum do Partido da Classe Perigosa, Práxis, lançado no começo do ano (e em breve neste site) une funk, drum’n bass, krautrock, metal, punk, hardcore, tudo junto e misturado, com letras corrosivas, que reviram e dissecam os horrores do capitalismo e do sistema de cobra comendo cobra. Montagem da mais valia está no EP Devorador, lançado apenas no Bandcamp e gravado para comemorar um ano de banda. A faixa é um funk — proibido para neofascistas e estômagos frágeis — que escancara, entre samples e batidas, como o sistema vai crucificando todo mundo aos poucos, dia após dia.

DEDO DE BRUXA, “ELON MUSK E O FOGUETE”. Direto do Rio de Janeiro, o Dedo de Bruxa soltou seu primeiro EP no ano passado — homônimo, cinco faixas que soam como um grito de urgência: o tempo é agora, as atitudes também. O som vem pesado: um hard rock que transita entre o grunge, o metal e o pós-punk. Elon Musk e o foguete é um grunge-metal-funk colérico e dançante, em que a letra manda o dono da Tesla para o espaço — junto com negacionistas, terraplanistas e a fauna toda do preconceito e da extrema-direita. Com nomes, endereços e a fúria bem direcionada.

RACHEL REIS, “JORGE BEN”. Fãs da antiga fazem questão de chamar Jorge Ben Jor de Jorge Ben – ainda que o veteraníssimo cantor carioca já tenha mudado seu nome artístico desde o fim dos anos 1980. Rachel Reis, baiana de Feira de Santana (BA), lançando o excelente álbum Divina casca, vai literalmente na tradição e homenageia o artista com um samba-rock praieiro, e repleto do imaginário do autor do disco A tábua de esmeralda (1974), com seus toques de esoterismo, balanço malemolente e lirismo que beira o místico. Mas tudo aqui é filtrado por uma estética contemporânea, sem perder a leveza. Um aceno respeitoso e amoroso ao mestre, com os dois pés cravados no agora.

MÁQUINA VOADORA, “A HOSPEDARIA DOS JAMAIS ILUMINADOS”. Duo instrumental formado por Marcelo Garcia (guitarra, baixo, programações) e Enrico Bagnato (bateria, percussões acústicas e eletrônicas), o Máquina Voadora prepara um álbum inspirado no livro Paulicéia desvairada, de Mário de Andrade. Chama-se A grande boca de mil dentes, e vem aí. Enquanto isso, entregam a faixa A hospedaria dos jamais iluminados — título pinçado do poema Religião, do próprio Mário. A música abre alas com jazz, sons afro-latinos e progressivos de texturas finas, evocando os momentos mais contemplativos do Focus.

ORBITAL ENSEMBLE, “DAYDREAMS”. Felipe Sena, músico brasileiro radicado no Canadá, puxa as cortinas de seu novo projeto, o Orbital Ensemble — e o primeiro single, Daydreams, já diz muito. Lançado pelas selos Balaclava (São Paulo) e We Are Busy Bodies (Toronto), a faixa mira alto: mistura jazz, psicodelia, rock e um quê cinematográfico à la Verocai e Khruangbin. O clipe, luminoso, complementa a experiência. O álbum de estreia, Orbital, sai ainda este ano. “Fazer música hoje parece um devaneio — é luta, é resistência”, diz Felipe, mostrando que a criatividade é tarefa diária, e tarefa política.

LOOK INTO THE ABYSS, “EYES ON ME”. Duo curitibano que já soltou um EP em formato live session (e em fita cassete, pelo selo Kerozene Discos), o Look Into The Abyss une grunge, screamo, nu-metal e math rock. Charlie (baixo e voz) e BadVibes (bateria e voz) chegam agora com o single Eyes on me — barulhento, denso, direto — e um álbum em gestação.

SÉRGIO SACRA, “FIQUE COMIGO (COMO SE FOSSE A ÚLTIMA VEZ)”. Depois de lançar o disco Duvide dos astros (2024), Sérgio Sacra retorna com um novo single. Fique comigo (como se fosse a última vez) mistura indie, folk e até um sopro de toada caipira. “É uma canção sobre perdas e sobre o que ainda pode ser salvo”, conta. A inspiração veio de uma história pessoal e de um amigo, marcada por desilusão — mas a intenção é emocionar, sem cair na superfície.

RELVAS, “POR ONDE VOCÊ ANDA?”. Primeiro lançamento de Relvas, a faixa Por onde você anda? junta MPB, rap, trap e o pop de agora para contar a história de um casal que vai se perdendo no tempo. Mas sem perder de vista a reconciliação. “Falo sobre não desistir do que vale a pena”, explica o artista, que assina a música ao lado de Raphael Dieguez e Pedro Duque. É pop com propósito — e coração no centro da cena.

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