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HandMade Films: descubra agora!

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HandMade Films: descubra agora!

Sabe a HandMade Films? Vamos por partes: lembra daquela mansão gótica absurda de enorme na qual George Harrison filmou o proto-clipe de Crackerbox Palace, seu hit de 1977?

Bom, graças a essa casa enorme (que pertencia ao ex-beatle) todo mundo dá risada até hoje de A vida de Brian, terceiro filme do grupo britânico de humor Monty Python. O filme estava sendo financiado por uma grande empresa (coincidentemente a ex-gravadora de Harrison, a EMI). Só que quando o presidente da firma decidiu dar uma lida no roteiro,  ficou meio chocado com aquele monte de blasfêmias e desistiu do patrocínio.

O estresse durou até que Eric Idle, um dos pythons (e que por acaso dirigira o clipe de Crackerbox e fizera até uma ponta nele), decidiu bater justamente na porta do amigo Harrison para pedir nada menos que dois milhões de libras para fazer o filme. O ex-beatle consultou seu empresário Denis O’Brien, que sugeriu que Harrison bancasse a produção. Mas havia um problema: a tal mansão teria que ser hipotecada, assim como o escritório de Denis.

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Mas acabou que deu certo: A vida de Brian rendeu mais de 20 milhões de dólares e virou clássico. E o ex-beatle e seu empresário passariam a dividir seu tempo entre suas atividades normais e a… HandMade Films, uma empresa britânica disposta a entrar na batalha das telonas, e que lançou vários filmes clássicos (e outros nem tanto) até o começo dos anos 1990. Ah, sim, George manteve a mansão (a família Harrison vive lá até hoje).

Hoje nem todo mundo se recorda dessa ligação de Harrison com o cinema. Mas a relação com a telona já era algo que vinha dos Beatles, que mantiveram a Apple Films até 1974 (enfim, mesmo com a banda separada). Aliás, foi a firma que produziu o filme do Concerto para Bangladesh, realizado por George, em 1972.

Já a HandMade (“filmes artesanais”, nome surgido após o ex-beatle conhecer uma empresa que fabricava “papel britânico artesanal” reciclado de calcinhas velhas) surgiu numa época de renascimento para Harrison, querido pela crítica como artista solo, e conseguindo vender discos novamente – com Thirty three & 1/3, de 1976, e o disco epônimo de 1979. Evidentemente, alguns trocados eram muito bem vindos: os milhões movimentados naqueles tempos pela indústria do cinema davam pulga na cama de qualquer figurão da indústria da música.

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A empresa ganhou fama imediata de “salvadora de projetos”. Harrison aproveitava roteiros que estavam sendo recusados por grandes produtoras, e trabalhava com diretores e atores desconhecidos. O grande problema foi que ele e O’Brien começaram a se desentender numa coisa básica: a missão-visão-valores da HandMade. Isso porque o ex-beatle queria realizar projetos pessoais e o empresário sonhava em conquistar a América. Deu enquanto deu: a história conta que O’Brien tomou à frente, contraiu muitas dívidas, o discreto Harrison teve que pagar tudo e os dois se desentenderam seriamente.

O autor de Something, já useiro e vezeiro de tribunais (sua frase “se algum dia conseguirmos sair daqui”, durante a guerra judicial entre Beatles e ex-empresários, vazou para a letra de Band on the run, de Paul McCartney), não pensou duas vezes. Processou O’Brien por fraude e negligência. Em 1996, conseguiu ganhar US$ 11,6 milhões.

A HandMade fechou as portas em 1991, teve seu catálogo vendido em 1994 e foi passando de mão em mão. Ainda assim, é tida como uma aventura que salvou o cinema inglês. Hoje, ainda mantém um site com várias informações sobre seus filmes. Recentemente saiu o documentário An accidental studio, contando toda a história da empresa. Aliás, em 1989, quando a HandMade fez dez anos (e estava com a corda no pescoço), já havia saído o doc The movie life of George.

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E vão aí dez filmes que você não conheceria se não fosse o lado cinematográfico do ex-beatle (cuja morte, infelizmente, completa 20 anos no fim de 2001). Importante: pulamos A vida de Brian porque esse é obrigatório ;).

“CAÇADA NA NOITE” (THE LONG GOOD FRIDAY, 1980). Dirigido por John Mackenzie, que havia feito poucos filmes e algumas produções para a TV, esse filme policial falava de relacionamentos entre gângsters londrinos e a máfia dos EUA. Fez sucesso de crítica e trazia atores como Helen Mirren e Bob Hoskins no elenco. Até ser finalmente lançado pela HandMade, o roteiro passou por várias mãos. Quase chegou a virar filme de TV, mas foi vetado pela emissora britânica ATV por suposta glorificação do Exército Republicano Irlandês.

“OS BANDIDOS DO TEMPO” (TIME BANDITS, 1981). Filme de aventura e fantasia dirigido por ninguém menos que o animador do Monty Python Flying Circus, Terry Gilliam. Aliás, era o primeiro movimento de uma trilogia que inclui também Brazil – O filme (1985) e As aventuras do Barão de Munchausen (1988). Incluía uma inédita do próprio George Harrison, Dream away, na trilha.

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“SCRUBBERS” (1982). Inspirado em Escória, filme de 1979 dirigido por Alan Clarke que contava o dia a dia violento de um reformatório, esse filme (dirigido pela atriz sueca Mai Zetterling) levava a historia para uma prisão de jovens garotas. Duas delas escapam, uma delas pensando em rever seu bebê, a outra querendo reencontrar sua namorada. Uma trama envolvendo sexo e intriga desenrola-se a partir daí.

“O PADRE APAIXONADO” (THE MISSIONARY, 1982). Comédia na onda do Monty Phyton, esse filme de Richard Loncraine contava a história de um reverendo que partiu para uma missão na África e, de volta a Londres, ganhava a missão de levar a palavra de Cristo às prostitutas das docas. Mas o grande problema vai ser resistir às tentações…

https://www.youtube.com/watch?v=eGb6NsMuT-c

“SHANGAI SURPRISE” (1986). Ficou claro que a HandMade passava por problemas graves quando nem mesmo um filme com Madonna e Sean Penn, casal da vez, voltou a fazer os cofres da empresa tilintarem. Dirigido por Jim Goddard, ele pôs a cantora no papel de uma enfermeira ativista e generosa, e Sean no papel de um patife incorrigível. O filme teve distribuição da MGM, contou com uma ponta do próprio George Harrison e só não arrasou irremediavelmente a carreira da atriz principal porque, enfim, tratava-se de Madonna.

“WHITNAIL AND I” (1987). A vidinha besta de dois atores desempregados e viciados em drogas (Richard E. Grant e Paul McGann) na Londres de 1969. Virou filme cult rapidamente e, graças à HandMade, trouxe na trilha nada menos que While my guitar gently weeps (Beatles, escrita pelo patrão Harrison).

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“TRACK 29” (1988). Revolucionários reunidos: Nicholas Roeg (dos clássicos Performance e O homem que caiu na Terra) dirigiu esse filme que teve co-produção do próprio George Harrison, e contava com Gary Oldman no elenco. Um drama psicológico que conta a história de um casal em crise, e de uma mulher que se envolve com um rapaz que acredita ser seu filho, que ela tinha dado para adoção.

“THE RAGGEDY RAWNEY” (1988). Dirigido por Bob Hoskins, fala dos horrores da Segunda Guerra Mundial e dos traumas que ela causou a vários soldados – embora o nome do evento histórico não seja citado. O jovem recruta Tom (Dexter Fletcher) deserta e se junta a um acampamento cigano.

“POWWOW HIGHWAY” (1989). Lançado já bem perto da derrocada da HandMade, esse road movie, inspirado no romance de mesmo nome de David Seals, fala da briga entre indígenas e exploradores de minérios. Ao que consta, é, de todos os filmes que a empresa fez, o preferido de George Harrison. Ganhou prêmios de melhor filme, diretor e ator no American Indian Film Festival.

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“FREIRAS EM FUGA” (NUNS ON THE RUN, 1990). Último filme da primeira fase da HandMade – que, em 1991, retornaria com um pool de investidores que incluía até mesmo o ex-empresário do Black Sabbath, Patrick Meehan. Dois gângsters (Robbie Coltrane e o ex-Monty Python Eric Idle) mudam-se para o Brasil (!), pegam todo o dinheiro de um roubo que fizeram com colegas e têm as cabeças postas a prêmio. Disfarçam-se de freiras e vão buscar abrigo num convento. No Brasil, fez sucesso a ponto de passar no SBT. Carlos Seidl, o dublador do Seu Madruga do Chaves, fez a voz de Idle.

https://youtu.be/vubvsEEt4DM

 

 

 

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Urgente!: Cinema pop – “Onda nova” de volta, Milton na telona

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Urgente!: Cinema pop – "Onda nova" de volta, Milton na telona

Por muito tempo, Onda nova (1983), filme dirigido por Ícaro Martins e José Antonio Garcia – e censurado pelo governo militar –, foi jogado no balaio das pornochanchadas e produções de sacanagem.

Fácil entender o motivo: recheado de cenas de sexo e nudez, o longa funciona como uma espécie de Malhação Múltipla Escolha subversivo, acompanhando o dia a dia de uma turma jovem e nada comportada – o Gayvotas Futebol Clube, time de futebol formado só por garotas, e que promovia eventos bem avançadinhos, como o jogo entre mulheres e homens vestidos de mulher. Por acaso, Onda nova foi financiado por uma produtora da Boca do Lixo (meca da pornochanchada paulistana) e acabou atropelado pela nova onda (sem trocadilho) de filmes extremamente explícitos.

O elenco é um espetáculo à parte. Além de Carla Camuratti, Tânia Alves, Vera Zimmermann e Regina Casé, aparecem figuras como Osmar Santos, Casagrande e até Caetano Veloso – que protagoniza uma cena soft porn tão bizarra quanto hilária. Durante anos, o filme sobreviveu em sessões televisivas da madrugada, mas agora ressurge restaurado e remasterizado em 4K, estreando pela primeira vez no circuito comercial brasileiro nesta quinta-feira (27).

Meu conselho? Esqueça tudo o que você já ouviu sobre Onda nova (ou qualquer lembrança de sessões anteriores). Entre de cabeça nessa comédia pop carregada de referências roqueiras da época, um cruzamento entre provocação punk e ressaca hippie. O filme abre com Carla Camuratti e Vera Zimmermann empunhando sprays de tinta para pixar os créditos, mostra Tânia Alves cantando na noite com visual sadomasoquista, segue com momentos dignos de um musical glam – cortesia da cantora Cida Moreyra, que brilha em várias cenas – e trata com surpreendente modernidade temas como maconha, cultura queer, relacionamentos sáficos, mulheres no poder, amores fluidos e, claro, futebol feminino.

Se fosse um disco, Onda nova seria daqueles para ouvir no volume máximo, prestando atenção em cada detalhe e referência. A trilha sonora passeia entre o boogie oitentista e o synthpop, com faixas de Michael Jackson e Rita Lee brotando em alguns momentos. E o que já era provocação nos anos 1980 agora ressurge como registro de uma juventude que chutava o balde sem medo. Vá assistir correndo.

*****

Milton Bituca Nascimento, de Flavia Moraes, que estreou na última semana, segue outro caminho: o da reverência, mesmo que seja um filme documental. Durante dois anos, Flavia seguiu Milton de perto e produziu um retrato que, mais do que um relato biográfico, é uma celebração. E uma hagiografia, aquela coisa das produções que parecem falar de santos encarnados.

A narração de Fernanda Montenegro dá um tom solene – e, enfim, logo no começo, fica a impressão de um enorme comercial narrado por ela, como os daquele famoso banco que não patrocina o Pop Fantasma. Aos poucos, vemos cenas da última turnê, reações de fãs, amigos contando histórias. Marcio Borges lê matérias do New York Times sobre Milton, para ele. Wagner Tiso chora. Quincy Jones sorri ao falar dele. Mano Brown solta uma pérola: Milton o ensinou a escutar. E Chico Buarque assiste ao famigerado momento do programa Chico & Caetano em que se emociona ao vê-lo cantar O que será – um vídeo que virou meme recentemente.

Isso tudo é bastante emocionante, assim como as cenas em que a letra da canção Morro velho é recitada por Djavan, Criolo e Mano Brown – reforçando a carga revolucionária da música, que usava a imagem das antigas fazendas mineiras para falar de racismo e capitalismo. Mas, no fim, o que fica de Milton Bituca Nascimento é a certeza de que Milton precisava ser menos mitificado e mais contado em detalhes. Vale ver, e a música dele é mito por si só, mas a sensação é a de que faltou algo.

Por acaso, recentemente, Luiz Melodia – No coração do Brasil, de Alessandra Dorgan, investiu fundo em imagens raras do cantor, em que a história é contada através da música, sem nenhum detalhe do tipo “quem produziu o disco tal”. Mas o homem Luiz Melodia está ali, exposto em entrevistas, músicas, escolhas pessoais e atitudes no palco e fora dele. Quem não viu, veja correndo –  caso ainda esteja em cartaz.

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Urgente!: Filme “Máquina do tempo” leva a música de Bowie e Dylan para a Segunda Guerra

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Urgente!: Filme "Máquina do tempo" leva a música de Bowie e Dylan para a Segunda Guerra

Descobertas de antigos rolos de filme, assim como cartas nunca enviadas e jamais lidas, costumam render bons filmes e livros — ou, pelo menos, são um ótimo ponto de partida. É essa premissa que guia Máquina do tempo (Lola, no título original), estreia do irlandês Andrew Legge na direção. A ficção científica, ambientada em 1941, acompanha as irmãs órfãs Martha (Stefanie Martini) e Thomasina (Emma Appleton), e chega aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (13), dois anos após sua realização.

As duas criam uma máquina do tempo — a Lola do título original, batizada em homenagem à mãe — capaz de interceptar imagens do futuro. O material que elas conseguem captar é todo registrado em 16mm por uma câmera Bolex, dando origem aos tais rolos de filme.

E, bom, rolo mesmo (no sentido mais problemático da palavra) começa quando o exército britânico, em plena Segunda Guerra Mundial, descobre a invenção e passa a usá-la contra as tropas alemãs. A princípio, a estratégia funciona, mas logo começa a sair do controle. As manipulações temporais geram consequências inesperadas, enquanto as personalidades das irmãs vão se revelando e causando conflitos.

Com apenas 80 minutos de duração e filmado em 16 mm (com lentes originais dos anos 1930!), Máquina do tempo pode soar confuso em algumas passagens. Não apenas pelas idas e vindas temporais, mas também pelo visual em preto e branco, valorizando sombras e vozes que quase se tornam personagens da história. Em alguns momentos, é um filme que exige atenção.

O longa também tem apelo para quem gosta de cruzar cultura pop com história. Martha e Thomasina ficam fascinadas ao ver David Bowie cantando Space oddity (o clipe brota na máquina delas), tornam-se fãs de Bob Dylan, adiantam a subcultura mod em alguns anos (visualmente, inclusive) e coadjuvam um arranjo de big band para o futuro hit You really got me, dos Kinks, que elas também conseguem “ouvir” na máquina. Um detalhe curioso: a própria Emma Appleton operou a câmera em cenas em que sua personagem Thomasina se filma (“para deixar as linhas dos olhos perfeitas”, segundo revelou o diretor ao site Hotpress).

Ainda que a cultura pop esteja presente, Máquina do tempo é, acima de tudo, um exercício de futurologia convincente, explorando uma futura escalada do fascismo na Inglaterra — que, no filme, chega até mesmo à música, com a criação de um popstar fascista.

A ideia faz sentido e nem é muito distante do que aconteceu de verdade: punks e pré-punks usavam suásticas para chocar os outros, Adolf Hitler quase figurou na capa de Sgt. Pepper’s, dos Beatles, Mick Jagger não se importou de ser fotografado pela “cineasta de Hitler” Leni Riefenstahl, artistas como Lou Reed e Iggy Pop registraram observações racistas em suas letras, e o próprio Bowie teve um flerte pra lá de mal explicado com a estética nazista. Mas o que rola em Máquina do tempo é bem na linha do “se vocês soubessem o que vai acontecer, ficariam enojados”. Pode se preparar.

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Ouvimos: Lady Gaga, “Harlequin”

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Ouvimos: Lady Gaga, “Harlequin”
  • Harlequin é um disco de “pop vintage”, voltado para peças musicais antigas ligadas ao jazz, lançado por Lady Gaga. É um disco que serve como complemento ao filme Coringa: Loucura a dois, no qual ela interpreta a personagem Harley Quinn.
  • Para a cantora, fazer o disco foi um sinal de que ela não havia terminado seu relacionamento com a personagem. “Quando terminamos o filme, eu não tinha terminado com ela. Porque eu não terminei com ela, eu fiz Harlequin”, disse. Por acaso, é o primeiro disco ligado ao jazz feito por ela sem a presença do cantor Tony Bennett (1926-2023), mas ela afirmou que o sentiu próximo durante toda a gravação.

Lady Gaga é o nome recente da música pop que conseguiu mais pontos na prova para “artista completo” (aquela coisa do dança, canta, compõe, sapateia, atua etc). E ainda fez isso mostrando para todo mundo que realmente sabe cantar, já que sua concepção de jazz, voltada para a magia das big bands, rendeu discos com Tony Bennett, vários shows, uma temporada em Las Vegas. Nos últimos tempos, ainda que Chromatica, seu último disco pop (2020) tenha rendido hits, quem não é 100% seguidor de Gaga tem tido até mais encontros com esse lado “adulto” da cantora.

A Gaga de Harlequin é a Stefani Joanne Germanotta (nome verdadeiro dela, você deve saber) que estudou piano e atuação na adolescência. E a cantora preparada para agradar ouvintes de jazz interessados em grandes canções, e que dispensam misturas com outros estilos. Uma turminha bem específica e, vá lá, potencialmente mais velha que a turma que é fã de hits como Poker face, ou das saladas rítmicas e sonoras que o jazz tem se tornado nos últimos anos.

O disco funciona como um complemento a ao filme Coringa: Loucura a dois da mesma forma que I’m breathless, álbum de Madonna de 1990, complementava o filme Dick Tracy. Mas é incrível que com sua aventura jazzística, Gaga soe com mais cara de “tá vendo? Mais um território conquistado!” do que acontecia no caso de Madonna.

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O repertório de Harlequin, mesmo extremamente bem cantado, soa mais como um souvenir do filme do que como um álbum original de Gaga, já que boa parte do repertório é de covers, e não necessariamente de músicas pouco conhecidas: Smile, Happy, World on a string, (They long to be) Close to you e If my friends could see me now já foram mais do que regravadas ao longo de vários anos e estão lá.

De inéditas, tem Folie à deux e Happy mistake, que inacreditavelmente soam como covers diante do restante. Vale dizer que Gaga e seu arranjador Michael Polansky deram uma de Carlos Imperial e ganharam créditos de co-autores pelo retrabalho em quatro das treze faixas – até mesmo no tradicional When the saints go marching in.

Michael Cragg, no periódico The Guardian, foi bem mais maldoso com o álbum do que ele merece, dizendo que “há um cheiro forte de banda de big band do The X Factor que é difícil mudar”. Mas é por aí. Tá longe de ser um disco ruim, mas ao mesmo tempo é mais uma brincadeirinha feita por uma cantora profissional do que um caminho a ser seguido.

Nota: 7
Gravadora: Interscope.

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