Notícias
Ih, pera. Tem disco novo do My Bloody Valentine vindo aí

Formada em 1983, a banda irlandesa My Bloody Valentine teve um monte de hiatos e, de lá para cá, só gravou três discos. O mais recente, MBV, saiu em 2013 e isso após 22 anos sem que o grupo lançasse nada. Mas parece que tem novidade vindo por aí. Num papo com a bíblia indie Pitchfork o vocalista Kevin Shields diz que tem um disco novo do My Bloody Valentine para sair. O tal álbum está bem adiantado e chega aos fãs em 2018. “Vamos cem por cento lançá-lo no ano que vem”, garante, avisando também que vêm shows no verão europeu.
O My Bloody Valentine tinha começado a gravá-lo em 2016, mas precisou dar um tempo para cuidar da remasterização dos dois primeiros discos, Isn’t anything (1988) e Loveless (1991).
“Basicamente, o disco começou como um EP, mas percebi que ele iria durar pelo menos uns 40 minutos. Então, vai ser um álbum completo, mas eu realmente não sei quantas músicas serão. Provavelmente será sete ou oito, pelo que parece”, diz-não diz Kevin Shields sobre o tal disco novo do My Bloody Valentine.
Aproveita e pega aí um show mais ou menos recente da banda no Bataclan, em Paris.
Lançamentos
Radar: Stereolab, Retail Drugs, False Advertising, Lianne La Havas, Strawberry Alarm Clock

Chegamos ao fim de semana e… sim, teve muita música boa nos últimos dias. Sexta é dia de novos lançamentos, então ainda tem muita coisa aí para ser ouvida. Chamamos a atenção em especial para os novos clipes do Stereolab, que transformou seu novo single em dois vídeos. E para a volta triunfal do Strawberry Alarm Clock, um clássico da psicodelia sessentista. Ouça e passe adiante.
Texto: Ricardo Schott – Foto (Stereolab): Divulgação
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STEREOLAB – “FED UP YOUR JOB” / “CONSTANT AND UNIFORM MOVEMENT UNKNOWN”. Se você acha que o single lado A duplo lançado recentemente pelo Stereolab precisava de clipes… Não precisa mais, porque a banda já lançou clipes para ambas as faixas. O single duplo Fed up with your job / Constant and uniform movement unknown, que chegou às plataformas no dia 12 de setembro. A primeira faixas é uma mescla perfeita de pop elegante e krautrock, a segunda carrega mais ainda nas referências de pop francês e música dos anos 1960. Já os clipes são um primor de psicodelia, sobreposição de imagens, desenhos e… perigo para pessoas fotossensíveis (cuidado ao assistir).
RETAIL DRUGS, “ANTI-LONELY”. Projeto ruidoso criado pelo artista nova-iorquino Jake Brooks, o Retail Drugs tem um álbum novo pronto para sair, Factory reset (dia 5 de dezembro pela Angel Tapes / Fire Talk). Anti-lonely, single do álbum, ganhou também um clipe, daqueles que dão nervoso por mostrar a realidade de forma bem desorientadora. Na prática, é só Jake acordando, escovando os dentes e ficando de olho em tudo que acontece na internet, com o celular na mão. “Ele foca em como é difícil seguir as tendências online. A internet é um anjo que, no final, arranca minhas cordas vocais da garganta, levando minha voz embora”, conta Jake, que encheu a faixa de gritos e de climas perturbadores.
FALSE ADVERTISING, “THE SORRY WINDOW”. O que acontece se uma banda unir rock britânico dos anos 1980 e um certo clima grunge? No caso do False Advertising, de Manchester, o que surge é beleza e introspecção, além de muita nostalgia não apenas do passado, mas de chances que surgiram e foram perdidas com o tempo – tudo isso no single novo, The sorry window. Destaque para a voz celestial da vocalista Jen Hingley, e para o clipe da faixa, cheio de escapismo e saudade.
LIANNE LA HAVAS, “DISARRAY”. “Essa música me pareceu muito íntima, quase como um segredo só meu. Ela fala sobre vulnerabilidade, honestidade e sobre permitir que as pessoas tenham um vislumbre de um momento da minha vida”, conta Lianne sobre seu novo single, Disarray. E já que a música era uma experiência íntima, a britânica Lianne decidiu gravar tudo ao vivo, só ela e a guitarra, e nada mais, num clima de jazz e pop sofisticado. O lançamento inaugura o selo da cantora, Kalo Mina, expressão grega que significa “mês bom” e se refere a uma crença local de que a pessoa se renova no começo de cada mês.
STRAWBERRY ALARM CLOCK, “MONSTERS” / “WHITE LIGHTS”. Lenda nem sempre tão lembrada da psicodelia californiana dos anos 1960, marcada pelo hit Incense and peppermints, o Strawberry resiste até hoje, e – detalhe – com uma formação tão fiel às origens quanto possível. O grupo circula por aí com quatro integrantes que tocaram na gravação do primeiro álbum, também chamado Incense and peppemints (1967). Até mesmo Mark Weltz, principal compositor, vocalista e tecladista, ainda está à frente do grupo. E voltam agora com um single triplo, puxado pela música Monsters – um tema gotico-psicodélico que lembra uma mescla de George Harrison e Beach Boys com a fase Phantasmagoria do grupo punk The Damned.
O disquinho sai pelo selo Big Stir Records. Outro detalhe interessante: a faixa faz parte também de uma coletânea de Halloween do selo, Chilling, thrilling hooks ans haunted harmonies, cheia de temas assustadores e zoeiros. E o lado B do single, além do radio edit de Monsters, ainda tem uma espécie de progressivo stoner, a maravilhosa White lights.
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Lançamentos
Urgente!: Sex Noise tem sua primeira demo resgatada nas plataformas digitais

RESUMO: Selo Caravela Records lança demo de 1993 do Sex Noise nas plataformas, e vai reeditar aos poucos a discografia do grupo.
Texto: Ricardo Schott – Foto: Eliane Bittencourt/Divulgação
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Os anos 1990 no Brasil eram uma época muito, mas muito louca – diria que assustadora de tão louca e ousada. Está aí a existência do Sex Noise, uma das bandas mais representativas do punk carioca da época, que não deixa ninguém mentir.
Franzino costela, único hit do grupo, acabou sendo também um raro hit do punk do Rio (era aquela do “meu pai me batia / com vara de vergalhão / vara de araçá e cabo de vassoura”). E o início da história da banda chega às plataformas, com o lançamento digital da demo Pultanovinzona, gravada em outubro de 1993 e vendida originalmente apenas no formato K7. O relançamento é do selo carioca Caravela Records, que pôs a demo no ar nesta sexta (3), e resgatou até a arte original da fita. E vai disponibilizar aos poucos a discografia da banda nas plataformas.
Pultanovinzona, cujo título é exatamente isso que você está pensando (e que refletia a maneira como o grupo se via naquele universo indie carioca), foi gravada pela formação inicial do grupo: Larry Antha (voz, letras), Alex Dusky (guitarra, e também autor do desenho usado na capa da demo), Mario Jr (baixo) e Henrique Santos (bateria). O repertório, além de Franzino, inclui músicas como Sacrossanto saco, Papai não me dava papá, O porco, Vovô Hemetério e Dia sem sol – esta, incluída depois apenas na coletânea de bandas novas Paredão, lançada pela EMI em 1996.
“Essa é primeira demo oficial da Sex Noise. Antes rolou uma demo-ensaio com quatro canções, que foram regravadas na Pultanovinzona, por isso a banda considera esse registro nosso debut”, conta Larry. Numa época em que não havia CD-R e o K7 era o único suporte para banda novas que ainda não haviam sido contratadas, o cantor recorda que o Sex Noise chegou a perder o controle das vendas das fitinhas.
“Lembro-me que fizemos num primeiro momento 200 cópias. Elas esgotaram rapidamente. E depois acho que ficamos fazendo cópias em casa mesmo. Havia também uma demanda de demos para resenhas em fanzines e revistas – Rock Brigade, Bizz, Roll – pelo Brasil”, conta ele. A banda começou a receber cartas de vários lugares do país, de gente querendo comprar a fita. “Tempos depois soube pelo Duda, ex-baterista da Pitty, que ele vendeu centenas de demos da Sex Noise em sua loja em Salvador”.
O Sex Noise era uma banda mais do que distante dos grandes centros: surgiu entre 1990 e 1991 em Inhoaíba, bairro da Zona Oeste do Rio, localizado entre Cosmos e Campo Grande. Os shows eram dados em lugares como Bangu e São João de Meriti, além do mitológico Garage Art Cult – este mais pertinho, na região da Praça da Bandeira. A gravação de Pultanovinzona foi feita em Vaz Lobo, bairro da Zona Norte do Rio. As cópias iniciais da fita foram feitas numa copiadora de K7s “que, se eu não me engano, era no Campinho, em Madureira”, conta Larry.
”Fizemos tudo em dois finais de semana no estúdio Quadrante, por indicação do Ronaldo Chorão, da (banda) Gangrena Gasosa. Na época todas as bandas da cena gravaram nesse estúdio”, conta o vocalista, lembrando que o processo de composição do grupo sempre foi bastante democrático. A única quase-regra era a de que a banda faria as melodias e ele as letras – mas segundo Larry, até isso surgiu por acaso.
“Nosso lance era tirar um som o mais sujo e cru possível, mas que tivesse ritmo e potência musical. Éramos totalmente influenciados por bandas como Joy Division, Bauhaus, Alien Sex Fiend, The Cure, Sisters of Mercy, Cocteau Twins, etc. Eu trouxe para a Sex Noise minha influência de bandas nacionais como DeFalla, Vzyadoq Moe, Smack, Mercenárias, Fellini. E isto fez a Sex Noise começar a ter uma cara própria”, conta.
Pulando de buraco em buraco no Rio, o Sex Noise acabou indo parar no Circo Voador, a convite de Marcelo D2 e do falecido Skunk, ambos em plena atividade com o Planet Hemp. Detalhe: a banda foi gritar “eu apanhava todo dia!” (refrão de Franzino costela) num show em homenagem a Jim Morrison, vocalista dos Doors. “Ninguém curtia The Doors. As bandas fizeram um show de massacre a banda. Eu xingava a plateia hostil com a pérola ‘The Doors de cu é rola!’. O Planet Hemp quebrou um quadro com a imagem do Jim Morrison que estava no palco”, conta.
Larry lembra que há anos ouvia de um amigo querido (justamente BNegão, do Planet Hemp e dos Seletores de Frequência) que deveria jogar a demo na web. “Ouvi-la hoje será quase uma viagem numa cápsula do tempo”, diz. O grupo lançou um álbum pelo selo indie Tamborete, de Rafael Ramos (hoje Deck) e Leonardo Panço, Uno palmo d’lacraya (1997) e depois fez outros álbuns independentes, mas acabou se separando. Franzino costela foi regravada pela banda punk paulistana Inocentes no álbum O barulho dos Inocentes, só de covers de punk brasileiro (2001).
Dudv Oliveira, um dos sócios do selo Caravela, lembra que conheceu a fita ainda nos anos 1990. “Acho que algum amigo do Colégio Pedro II me emprestou”, diz. Disponibilizar o material do Sex Noise é mais um passo da gravadora no resgate de material raro e inédito de artistas independentes. “Fizemos parecido com a demo da minha banda Fora De Lado (Demotape ‘93) e com um LP do paraibano Naldinho Freire, Lapidar (1995)”, conta ele, adiantando que no fim de outubro sai outra demo do Sex Noise. “Vamos relançar Psychedelic congolo, lançada originalmente em 1995”, diz.
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Lançamentos
Radar: Os Fugitivos, Rafa Militão, Lorena Moura, Janine Mathias, Abajur Always On

Hoje o Radar nacional está cheio de vozes femininas. Coincidência? Ou será que não? Talvez tenha sido, já que só fomos reunindo as melhores músicas que ouvimos durante a semana, e por acaso, todas apresentam mulheres cantando – até mesmo no caso de duplas ou grupos, como Os Fugitivos e Abajur Always On. Mas ainda tem as vozes solo de Janine Mathias, Rafa Militão e Lorena Moura na nossa seleção. Não ouça sozinha/sozinho: passe adiante.
Texto: Ricardo Schott – Foto (Os Fugitivos): Thiago Mata e Nayane Ferreira/Divulgação
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OS FUGITIVOS, “ONDE ESTÁ VOCÊ”. Soul como antigamente, lembrando as primeiras gravações de Cassiano e Tim Maia, coisas da Motown e antigos grupos vocais – mas com texturas que você quase consegue pegar com a mão, e um ou outro detalhe que atualiza as gravações. É a onda da dupla alagoana Os Fugitivos, formada por Nayane Ferreira e Thiago Mata.
“Espero que as pessoas aproveitem ao lado de uma bela taça de vinho e um fondue de queijo”, brinca Thiago. Já Nayane destaca o solo de piano Rhodes: “É a minha parte favorita da música”, conta ela. Onde está você é um som romântico e caloroso, sobre amores e perdas, e que anuncia o próximo álbum da dupla, Sonhos & traumas, previsto para o ano que vem.
RAFA MILITÃO feat MARCIA SIQUEIRA, “HERANÇA”. “O Norte está vivo / O Norte é forte!”, sussurra a cantora, rapper, DJ e produtora cultural Rafa Militão, num tom que impõe movimento e foco a Herança, seu novo single. A faixa se abre como um rap pesado e veloz, mas logo se expande, absorvendo camadas de boi-bumbá, maracatu e guitarrada.
“Essa música nasceu do cruzamento das nossas vivências. É sobre mulheres reais, do Norte, que constroem com resistência e afeto. Me permito experimentar, cruzar linguagens e afirmar com ainda mais clareza quem sou e o que carrego comigo”, afirma Rafa, que divide a composição da faixa com a cantora amazônica Marcia Siqueira, cuja voz também surge na gravação. E Herança também ganha um curta-metragem com direção de Keila-Sankofa – que será exibido apenas presencialmente, em sessões com intérprete de Libras e público limitado, para que todo mundo viva a experiência junto, de verdade.
LORENA MOURA, “CARINHO”. Carioca, Lorena Moura apresenta hoje, pelo selo Cavaca Records, seu single de estreia, Carinho. A faixa transita entre o blues e o indie rock, equilibrando vocais delicados e solos de guitarra, romantismo e saudade, MPB e apelo pop. O resultado ganha ainda mais textura com as participações de Guilherme Lírio (guitarra) e Marcelo Costa (percussão).
A melodia de Carinho é de Lorena; a letra, dos poetas Luca Fustagno e Paula Reis Vianna. Parceiros desde 2020, Lorena e Luca iniciaram o trabalho em dupla justamente em Carinho. “Já era uma das favoritas entre os mais próximos e continuou assim nos shows”, conta a cantora. “Acho que representa bem meu trabalho. E é uma coincidência bonita nossa primeira composição em parceria ser também a primeira a ganhar o mundo”.
JANINE MATHIAS, “UM MINUTO”. O novo single da brasiliense Janine Mathias traz ecos da musicalidade de João Bosco, do início da carreira de Emílio Santiago e de João Donato. Um minuto é um samba que poderia embalar tanto um baile de samba-rock quanto uma gafieira: tem alma soul, guitarra marcante, piano cheio de balanço e um ritmo sustentado pelo diálogo entre voz, baixo e bateria. A faixa, composta e produzida por Rodrigo Campos, inclui ainda o histórico prato-e-faca na percussão. O single antecipa o próximo álbum de Janine, O rap do meu samba, previsto para 7 de outubro.
“Um minuto é sobre nossa vulnerabilidade amorosa, que também pode ser felicidade. Dor de amor é para ser reconhecida. A separação, com o tempo, desata os nós e transforma lembranças em um minuto capaz de traduzir a eternidade dos sentimentos que desejamos romper”, explica Janine, cuja voz amplifica a força poética da letra.
ABAJUR ALWAYS ON, “NO ALCANCE DE MIM”. Virgínia Perê (voz, guitarra, violão), Luís Feitoza (baixo, sintetizador) e Renato Marciano (bateria) vêm de Goiânia e fazem um art-rock delicado, que une belezas e sombras, entre a música brasileira, climas jazzísticos e detalhes do pós-punk e do post rock, trazendo emanações de bandas como Radiohead e Porridge Radio. As letras falam sobre “a complexidade do ser mulher e gente no mundo”.
O Abajur Always On é um grupo bem novo: o trio estreou nos palcos em setembro, na edição de 30 anos do festival Goiânia Noise, e lançou por lá seu introspectivo primeiro single, No alcance de mim. “Essa música reúne muito bem o que queremos fazer: uma música autoral disruptiva, com atmosfera própria, talvez indie, talvez pop, talvez rock”, diz a banda. Virgínia, na voz e na guitarra, soa às vezes como uma versão feminina de Jeff Buckley, com vocais surpreendentes e fantasmagóricos.
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