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Cultura Pop

Lembra quando os camelôs vendiam CDs piratas dos Psychedelic Furs e do The Sound?

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Lembra quando os camelôs vendiam CDs piratas dos Psychedelic Furs e do The Sound?

Essa história começa com um estojo em um canto escondido do armário que revela algo como uma centena de CDRs, todos numerados e da mesma marca como pede o TOC e cada um com uns oito álbuns gravados neles. A lista é eclética e tem nomes como Espers, Polar Bear, Cherry Twister, Vetiver e outros que não faço mais muita ideia de quem sejam. Eles dividem espaço com gente mais conhecida.

Mas o que chama mesmo a atenção são os CDs piratas que estão no final do “porta-CDs”, todos com uma capinha impressa e trazendo as discografias completas de Van Morrison, Elliott Smith, Flaming Lips, Psychedelic Furs, Traffic e alguns outros (tudo em ordem alfabética porque como pede o TOC…).

Lembra quando os camelôs vendiam CDs piratas dos Psychedelic Furs e do The Sound?

Spotify? Who?

É quando a memória se acende e me manda de volta para 2005/2006, uma época marcada pelo fim dos meus dias de internet discada em casa e os primeiros com banda larga. Os tais CDrs são fruto direto daquele momento em que era possível finalmente escutar todos os discos recomendados pelas revistas importadas, ter acesso àquela raridade que você tinha lido sobre e nunca tinha tido a oportunidade de ouvir, e baixar os discos recomendados em diversos blogs (estamos em uma época pré YouTube e Spotify logicamente).

Se escutei tudo aquilo com afinco? Obviamente não, mas era um “tempo de descoberta” e a vontade em estar sempre ouvindo coisas novas e/ou diferentes sempre me acompanhou.
Já os CDs com capinha trazem a tona um período imediatamente anterior, quando os aparelhos de DVD, e também os CDRs e seus gravadores começaram as e popularizar e as lojinhas em galerias de “produtos eletrônicos” estavam tomadas de todo tipo de pirataria. Quem tem certa idade deve se lembrar dos apelos dos artistas na televisão implorando para que as pessoas não consumissem esses produtos, mas, convenhamos, eles já sabiam que aquela era uma causa perdida.

Lembra quando os camelôs vendiam CDs piratas dos Psychedelic Furs e do The Sound?

Pega aí a coleção completa logo de uma vez

Entre os últimos lançamentos do cinema em formato AVI (Piratas do Caribe era um dos mais vendidos se bem me lembro), não eram poucas as lojas do Stand Center na Av. Paulista que oferecem “CDs com mais de 150 músicas”. É quando descubro que em meio aos suspeitos de sempre (Legião, Chico, Caetano, Bon Jovi, Zezé Di Camargo, Só as melhores, Flashback anos 1980, Seleção romântica) também há volumes dedicados ao Calexico, Blondie, Kraftwerk (incluindo os três primeiros álbuns, lançados entre 1970 e 1973 e até hoje esgotados) e muitos outros. Todos naquele esquema do “um é cinco e três é 10 porque tu é freguês” que ninguém resiste (ninguém = eu).

O fato é que com o passar dos anos acabei comprando muitos daqueles discos em CD “de verdade”, mas jamais tive coragem de jogar os piratas fora. Mesmo tendo tudo facilmente disponível hoje no Spotify. Até pelo inusitado de tais artefatos.

E aí voltamos ao tal estojo do começo da história, que rendeu uma foto postada no Facebook e o convite feito pelo caro editor desse site para que eu contasse a história de como eu acabei com esses itens um tanto fora do comum na minha coleção.

No próximo capítulo contarei sobre a fita do Nirvana com selo da Chantecler (mentira, essa não comprei, mas que ela existiu, eu juro) ou a coletânea do Creedence que tem na capa os dizeres “Aus der TV Und Rundfunkwerbung” (“como anunciado no rádio e na TV”).

Foto: Leandro Saueia

Leandro Saueia é jornalista, colecionador de discos, livros, revistas de música e HQs, já teve o "Titanomaquia" dos Titãs e o "Good as I've been to you" do Bob Dylan em cassete de camelô e ainda tem o "O dinheiro não é tudo, mas é 100%" do Falcão nesse formato.

Cultura Pop

No nosso podcast, Alanis Morissette da pré-história a “Jagged little pill”

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No nosso podcast, Alanis Morissette da pré-história a "Jagged little pill"

Você pensava que o Pop Fantasma Documento, nosso podcast, não ia mais voltar? Olha ele aqui de novo, por três edições especiais no fim de 2025 – e ano que vem estamos de volta de vez. No segundo e penúltimo episódio desse ano, o papo é um dos maiores sucessos dos anos 1990. Sucesso, aliás, é pouco: há uns 30 anos, pra onde quer que você fosse, jamais escaparia de Alanis Morissette e do seu extremamente popular terceiro disco, Jagged little pill (1995).

Peraí, “terceiro” disco? Sim, porque Jagged era só o segundo ato da carreira de Alanis Morissette. E ainda havia uma pré-história dela, em seu país de origem, o Canadá – em que ela fazia um som beeeem diferente do que a consagrou. Bora conferir essa história?

Edição, roteiro, narração, pesquisa: Ricardo Schott. Identidade visual: Aline Haluch (foto: Capa de Jagged little pill). Trilha sonora: Leandro Souto Maior. Vinheta de abertura: Renato Vilarouca. Estamos aqui de quinze em quinze dias, às sextas! Apoie a gente em apoia.se/popfantasma.

Ouça a gente preferencialmente no Castbox. Mas estamos também no Mixcloud, no Deezer e no Spotify.

Mais Pop Fantasma Documento aqui.

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Cultura Pop

No nosso podcast, Radiohead do começo até “OK computer”

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Radiohead no nosso podcast, o Pop Fantasma Documento

Você pensava que o Pop Fantasma Documento, nosso podcast, não ia mais voltar? Olha ele aqui de novo, por três edições especiais no fim de 2025 – e ano que vem estamos de volta de vez. Para abrir essa pequena série, escolhemos falar de uma banda que definiu muita coisa nos anos 1990 – aliás, pra uma turma enorme, uma banda que definiu tudo na década. Enfim, de técnicas de gravação a relacionamento com o mercado, nada foi o mesmo depois que o Radiohead apareceu.

E hoje a gente recorda tudo que andava rolando pelo caminho de Thom Yorke, Jonny Greenwood, Colin Greenwood, Ed O’Brien e Phil Selway, do comecinho do Radiohead até a era do definidor terceiro disco do quinteto, OK computer (1997).

Edição, roteiro, narração, pesquisa: Ricardo Schott. Identidade visual: Aline Haluch (foto: reprodução internet). Trilha sonora: Leandro Souto Maior. Vinheta de abertura: Renato Vilarouca. Estamos aqui de quinze em quinze dias, às sextas! Apoie a gente em apoia.se/popfantasma.

Ouça a gente preferencialmente no Castbox. Mas estamos também no Mixcloud, no Deezer e no Spotify.

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4 discos

4 discos: Ace Frehley

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Dizem por aí que muita gente só vai recordar de Gene Simmons e Paul Stanley, os chefões do Kiss, quando o assunto for negócios e empreendedorismo no rock – ao contrário das recordações musicais trazidas pelo nome de Ace Frehley, primeiro guitarrista do grupo, morto no dia 16 de outubro, aos 74 anos.

Maldade com os criadores de uma das maiores bandas de rock de todos os tempos, claro – mas quando Frehley deixou o grupo em 1982, muita coisa morreu no quarteto mascarado. Paul Daniel Frehley, nome verdadeiro do cara, podia não ser o melhor guitarrista do mundo – mas conseguia ser um dos campeões no mesmo jogo de nomes como Bill Nelson (Be Bop De Luxe), Brian May (Queen) e Mick Ronson (David Bowie). Ou seja: guitarra agressiva e melódica, solos mágicos e sonoridade quase voadora, tão própria do rock pesado quanto da era do glam rock.

Ace não foi apenas o melhor guitarrista da história do Kiss: levando em conta que o grupo de Gene e Paul sempre foi uma empresa muito bem sucedida, o “spaceman” (figura pela qual se tornou conhecido no grupo) sempre foi um funcionário bastante útil, que lutou para se sentir prestigiado em seu trabalho, e que abandonou a banda quando viu suas funções sendo cada vez mais congeladas lá dentro. Deixou pra trás um contrato milionário e levou adiante uma carreira ligada ao hard rock e a uma “onda metaleira” voltada para o começo do heavy metal, com peso obedecendo à melodia, e não o contrário.

Como fazia tempo que não rolava um 4 Discos aqui no Pop Fantasma, agora vai rolar: se for começar por quatro álbuns de Ace, comece por esses quatro.

Texto: Ricardo Schott – Foto: Reprodução

“KISS: ACE FREHLEY” (Casablanca, 1978). Brigas dentro do Kiss fizeram com que Gene, Paul, Ace e o baterista Peter Criss lançassem discos solo padronizados em 1978 – adaptando uma ideia que o trio folk Peter, Paul and Mary havia tido em 1971, quando saíram álbuns solo dos três cujas capas e logotipos faziam referência ao grupo. Ace lembra de ter ouvido uma oferta disfarçada de provocação numa reunião do Kiss, quando ficou definido que cada integrante lançaria um disco solo: “Eles disseram: ‘Ah, Ace, a propósito, se precisar de ajuda com o seu disco, não hesite em nos ligar ‘. No fundo, eu dizia: ‘Não preciso da ajuda deles’”, contou.

Além de dizer um “que se foda” para os patrões, Ace conseguiu fazer o melhor disco da série – um total encontro entre hard rock e glam rock, destacando a mágica de sua guitarra em ótimas faixas autorais como Ozone e What’s on your mind? (essa, uma espécie de versão punk do som do próprio Kiss) além do instrumental Fractured mirror. Foi também o único disco dos quatro a estourar um hit: a regravação de New York Groove, composta por Russ Ballard e gravada originalmente em 1971 pela banda glam britânica Hello. Acompanhando Frehley, entre outros, o futuro batera da banda do programa de David Letterman, Anton Fig, que se tornaria seu parceiro também em…

“FREHLEY’S COMET” (Atlantic/Megaforce, 1987). Seguindo a onda de bandas-com-dono-guitarrista (como Richie Blackmore’s Rainbow e Yngwie Malmsteen’s Rising Force), lá vinha Frehley com seu próprio projeto, co-produzido por ele, pelo lendário técnico de som Eddie Kramer (Jimi Hendrix, Beatles, Led Zeppelin) e Jon Zazula (saudoso fundador da Megaforce). Frehley vinha acompanhado por Fig (bateria), John Regan (baixo, backing vocal) e Tod Howarth (guitarras, backing vocal e voz solo em três faixas).

O resultado se localizou entre o metal, o hard rock e o rock das antigas: Frehley escreveu músicas com o experiente Chip Taylor (Rock soldiers), com o ex-colega de Kiss Eric Carr (Breakout) e com John Regan (o instrumental Fractured too). Howarth contribuiu com Something moved (uma das faixas cantadas pelo guitarrista). Russ Ballard, autor de New York groove, reaparece com Into the night, gravada originalmente pelo autor em 1984 em um disco solo. Típico disco pesado dos anos 1980 feito para escutar no volume máximo.

“TROUBLE WALKING” (Atlantic/Megaforce, 1989). Na prática, Trouble walking foi o segundo disco solo de Ace, já que os dois anteriores saíram com a nomenclatura Frehley’s Comet. A formação era quase a mesma do primeiro álbum da banda de Frehley – a diferença era a presença de Richie Scarlet na guitarra. O som era bem mais repleto de recordações sonoras ligadas ao Kiss do que os álbuns do Comet, em músicas como Shot full of rock, 2 young 2 die e a faixa-título – além da versão de Do ya, do The Move. Peter Criss, baterista da primeira formação do Kiss, participava fazendo backing vocals. Três integrantes do então iniciante Skid Row (Sebastian Bach, Dave Sabo, Rachel Bolan), também.

“10.000 VOLTS” (MNRK, 2024). Acabou sendo o último álbum da vida de Frehley: 10.000 volts trouxe o ex-guitarrista do Kiss atuando até como “diretor criativo” e designer da capa. Ace compôs e produziu tudo ao lado de Steve Brown (Trixter), tocou guitarra em todas as faixas – ao lado de músicos como David Julian e o próprio Brown – e convocou o velho brother Anton Fig para tocar bateria em três faixas. A tradicional faixa instrumental do final era a bela Stratosphere, e o spaceman posou ao lado de extraterrestres no clipe da ótima Walkin’ on the moon. Discão.

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