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Cultura Pop

Quando o Napster fez a festa no Rock In Rio 3

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Quando o Napster fez a festa no Rock In Rio

Personagem preferido de dez entre dez colunas pop do começo dos anos 2000, o sistema de compartilhamento de arquivos do Napster estava fortíssimo em janeiro de 2001, quando o Rock In Rio 3 estava em plena atividade.

O serviço já existia desde 1998, mas o assunto virou festa a partir de 13 de março de 2000 quando o Metallica teve uma ideia que decidiria todos os passos de suas relações com os fãs a partir de então: processou o Napster após descobrir que uma demo de sua música I disappear estava rolando por lá. Fez vários apelos para que o arquivo fosse tirado do ar e, ao que consta, o Napster nada fez. A partir disso, nenhuma pobre velhinha que resolvesse baixar um arquivo para animar a quermesse da igreja escaparia impune.

MÚSICA “DE GRÁTIS”

Começou aí uma longa discussão sobre se a divulgação de arquivos piratas de músicas ajudava ou não a divulgar o trabalho de determinados artistas – muita gente passou a defender isso, inclusive alguns artistas que se sentiam beneficiados pelos downloads. No Brasil, o equivalente disso na época era a pirataria de CDs, feitas com CD-Rs com capa de xerox e som pobre. Quanto mais popular fosse um artista (Zezé di Camargo & Luciano estavam entre os campeões), mais fácil de ele ter suas “obras completas” vendidas no camelô da esquina. Artistas nacionais das antigas (e seus discos fora de catálogo há décadas) também foram beneficiados com o mercado paralelo de CD-Rs piratas.

O longo braço da lei fez com que o Napster passasse por modificações para ficar “legal”. Ele quase foi vendido para a empresa de mídia alemã Bertelsmann, inicialmente, mas a transação foi bloqueada. Foi reativado em 2008 como Napster 2.0 pela empresa de softwares Roxio, e foi passando de mão em mão. No ano passado foi comprado por US$ 70 milhões pela MelodyVR, “empresa de shows por realidade virtual” de Londres, com a ideia de criar a “primeira plataforma de entretenimento musical que combina conteúdo visual imersivo e streaming de música”.

E O ROCK IN RIO COM ISSO?

Bom, o Rock In Rio 3, de 2001, pode até perder feio quando as pessoas lembram da primeira edição, de 1985. Mas o evento tem um valor sentimental enorme para uma turma bem grande, tanto que nos últimos dias o que mais tem é gente se lembrando de como foi legal ver Oasis, Foo Fighters, Cássia Eller, Beck, Guns N Roses, Neil Young e outros nomes. Ou se recordando de situações insólitas como a vaia a Carlinhos Brown, ou de O Surto tocando sua versão sui generis para Californication, dos Red Hot Chili Peppers.

E vale lembrar que o verão de 2001 também foi o verão do Napster, do Audiogalaxy, do Soulseek, do Kazaa e de qualquer outra porcaria que você usasse para pegar MP3 (com internet muitas vezes discada…). No caso do Rock In Rio, uma reportagem da Folha de S. Paulo assinada por Lucio Ribeiro mostrava que o Napster – que dentro em pouco estaria legalizado e ostentando um belo link da loja CDNow – já estava recebendo os shows internacionais do Rock In Rio rapidíssimo, logo depois deles terem sido apresentados.

“Com isso, já no próximo final de semana as badaladas apresentações do Rock in Rio 3 deverão estar sendo comercializadas, na forma de CDs ‘caseiros’, nas ruas de cidades como Tóquio, nas feiras de Londres e nas lojas de rock em Amsterdã”, escreveu Lucio, lembrando que o som dos discos havia sido tirado direto das transmissões de TV (Multishow, DirecTV) e de rádio (Jovem Pan FM). Ou seja: você ouvia os discos com as vinhetas das rádios (o que virou algo meio cult entre fãs gringos).

OOPS, ALGUÉM ESQUECEU O MICROFONE LIGADO

Uma atração especial daquele Rock In Rio foi o fato de pelo menos dois artistas estarem com músicas novas para apresentar lá. O R.E.M. lançaria Reveal em maio de 2001 e aproveitou o evento para mostrar em primeira mão The lifting e She just wants to be. O Guns’N Roses não lançaria disco nenhum até 2008 (quando saiu o eternamente adiado Chinese democracy), mas compareceu com a faixa-título e com Madagascar. Poucos dias depois os fãs das duas bandas já tinham como ouvir as músicas novas via Napster e todo mundo ficou felizinho.

Um show que entrou para a história foi o de Britney Spears, que tocou na noite pop do Rock In Rio. Isso porque, de acordo com outra reportagem da Folha (assinada por Laura Prado), “durante um intervalo para arrumar o palco, seu microfone ficou ligado e os fãs tiveram uma chance de realmente ouvir a rainha teen, já que o show foi feito com playback”. A cantora passou a maior parte do tempo dando esporro em pessoas da equipe  e soltando palavrões porque a turma estava deixando as pessoas da plateia esperando. Numa brincadeira com o hit da cantora, Oops! I did it again, esses arquivos apareceram com o nome de Oops! I think someone left the mic on… (Oops, acho que alguém esqueceu o microfone ligado) e viraram disco pirata, junto com o resto todo do show.

Tem conteúdo extra desta e de outras matérias do POP FANTASMA em nosso Instagram.

Cultura Pop

No nosso podcast, Alanis Morissette da pré-história a “Jagged little pill”

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No nosso podcast, Alanis Morissette da pré-história a "Jagged little pill"

Você pensava que o Pop Fantasma Documento, nosso podcast, não ia mais voltar? Olha ele aqui de novo, por três edições especiais no fim de 2025 – e ano que vem estamos de volta de vez. No segundo e penúltimo episódio desse ano, o papo é um dos maiores sucessos dos anos 1990. Sucesso, aliás, é pouco: há uns 30 anos, pra onde quer que você fosse, jamais escaparia de Alanis Morissette e do seu extremamente popular terceiro disco, Jagged little pill (1995).

Peraí, “terceiro” disco? Sim, porque Jagged era só o segundo ato da carreira de Alanis Morissette. E ainda havia uma pré-história dela, em seu país de origem, o Canadá – em que ela fazia um som beeeem diferente do que a consagrou. Bora conferir essa história?

Edição, roteiro, narração, pesquisa: Ricardo Schott. Identidade visual: Aline Haluch (foto: Capa de Jagged little pill). Trilha sonora: Leandro Souto Maior. Vinheta de abertura: Renato Vilarouca. Estamos aqui de quinze em quinze dias, às sextas! Apoie a gente em apoia.se/popfantasma.

Ouça a gente preferencialmente no Castbox. Mas estamos também no Mixcloud, no Deezer e no Spotify.

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Cultura Pop

No nosso podcast, Radiohead do começo até “OK computer”

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Radiohead no nosso podcast, o Pop Fantasma Documento

Você pensava que o Pop Fantasma Documento, nosso podcast, não ia mais voltar? Olha ele aqui de novo, por três edições especiais no fim de 2025 – e ano que vem estamos de volta de vez. Para abrir essa pequena série, escolhemos falar de uma banda que definiu muita coisa nos anos 1990 – aliás, pra uma turma enorme, uma banda que definiu tudo na década. Enfim, de técnicas de gravação a relacionamento com o mercado, nada foi o mesmo depois que o Radiohead apareceu.

E hoje a gente recorda tudo que andava rolando pelo caminho de Thom Yorke, Jonny Greenwood, Colin Greenwood, Ed O’Brien e Phil Selway, do comecinho do Radiohead até a era do definidor terceiro disco do quinteto, OK computer (1997).

Edição, roteiro, narração, pesquisa: Ricardo Schott. Identidade visual: Aline Haluch (foto: reprodução internet). Trilha sonora: Leandro Souto Maior. Vinheta de abertura: Renato Vilarouca. Estamos aqui de quinze em quinze dias, às sextas! Apoie a gente em apoia.se/popfantasma.

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4 discos

4 discos: Ace Frehley

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Dizem por aí que muita gente só vai recordar de Gene Simmons e Paul Stanley, os chefões do Kiss, quando o assunto for negócios e empreendedorismo no rock – ao contrário das recordações musicais trazidas pelo nome de Ace Frehley, primeiro guitarrista do grupo, morto no dia 16 de outubro, aos 74 anos.

Maldade com os criadores de uma das maiores bandas de rock de todos os tempos, claro – mas quando Frehley deixou o grupo em 1982, muita coisa morreu no quarteto mascarado. Paul Daniel Frehley, nome verdadeiro do cara, podia não ser o melhor guitarrista do mundo – mas conseguia ser um dos campeões no mesmo jogo de nomes como Bill Nelson (Be Bop De Luxe), Brian May (Queen) e Mick Ronson (David Bowie). Ou seja: guitarra agressiva e melódica, solos mágicos e sonoridade quase voadora, tão própria do rock pesado quanto da era do glam rock.

Ace não foi apenas o melhor guitarrista da história do Kiss: levando em conta que o grupo de Gene e Paul sempre foi uma empresa muito bem sucedida, o “spaceman” (figura pela qual se tornou conhecido no grupo) sempre foi um funcionário bastante útil, que lutou para se sentir prestigiado em seu trabalho, e que abandonou a banda quando viu suas funções sendo cada vez mais congeladas lá dentro. Deixou pra trás um contrato milionário e levou adiante uma carreira ligada ao hard rock e a uma “onda metaleira” voltada para o começo do heavy metal, com peso obedecendo à melodia, e não o contrário.

Como fazia tempo que não rolava um 4 Discos aqui no Pop Fantasma, agora vai rolar: se for começar por quatro álbuns de Ace, comece por esses quatro.

Texto: Ricardo Schott – Foto: Reprodução

“KISS: ACE FREHLEY” (Casablanca, 1978). Brigas dentro do Kiss fizeram com que Gene, Paul, Ace e o baterista Peter Criss lançassem discos solo padronizados em 1978 – adaptando uma ideia que o trio folk Peter, Paul and Mary havia tido em 1971, quando saíram álbuns solo dos três cujas capas e logotipos faziam referência ao grupo. Ace lembra de ter ouvido uma oferta disfarçada de provocação numa reunião do Kiss, quando ficou definido que cada integrante lançaria um disco solo: “Eles disseram: ‘Ah, Ace, a propósito, se precisar de ajuda com o seu disco, não hesite em nos ligar ‘. No fundo, eu dizia: ‘Não preciso da ajuda deles’”, contou.

Além de dizer um “que se foda” para os patrões, Ace conseguiu fazer o melhor disco da série – um total encontro entre hard rock e glam rock, destacando a mágica de sua guitarra em ótimas faixas autorais como Ozone e What’s on your mind? (essa, uma espécie de versão punk do som do próprio Kiss) além do instrumental Fractured mirror. Foi também o único disco dos quatro a estourar um hit: a regravação de New York Groove, composta por Russ Ballard e gravada originalmente em 1971 pela banda glam britânica Hello. Acompanhando Frehley, entre outros, o futuro batera da banda do programa de David Letterman, Anton Fig, que se tornaria seu parceiro também em…

“FREHLEY’S COMET” (Atlantic/Megaforce, 1987). Seguindo a onda de bandas-com-dono-guitarrista (como Richie Blackmore’s Rainbow e Yngwie Malmsteen’s Rising Force), lá vinha Frehley com seu próprio projeto, co-produzido por ele, pelo lendário técnico de som Eddie Kramer (Jimi Hendrix, Beatles, Led Zeppelin) e Jon Zazula (saudoso fundador da Megaforce). Frehley vinha acompanhado por Fig (bateria), John Regan (baixo, backing vocal) e Tod Howarth (guitarras, backing vocal e voz solo em três faixas).

O resultado se localizou entre o metal, o hard rock e o rock das antigas: Frehley escreveu músicas com o experiente Chip Taylor (Rock soldiers), com o ex-colega de Kiss Eric Carr (Breakout) e com John Regan (o instrumental Fractured too). Howarth contribuiu com Something moved (uma das faixas cantadas pelo guitarrista). Russ Ballard, autor de New York groove, reaparece com Into the night, gravada originalmente pelo autor em 1984 em um disco solo. Típico disco pesado dos anos 1980 feito para escutar no volume máximo.

“TROUBLE WALKING” (Atlantic/Megaforce, 1989). Na prática, Trouble walking foi o segundo disco solo de Ace, já que os dois anteriores saíram com a nomenclatura Frehley’s Comet. A formação era quase a mesma do primeiro álbum da banda de Frehley – a diferença era a presença de Richie Scarlet na guitarra. O som era bem mais repleto de recordações sonoras ligadas ao Kiss do que os álbuns do Comet, em músicas como Shot full of rock, 2 young 2 die e a faixa-título – além da versão de Do ya, do The Move. Peter Criss, baterista da primeira formação do Kiss, participava fazendo backing vocals. Três integrantes do então iniciante Skid Row (Sebastian Bach, Dave Sabo, Rachel Bolan), também.

“10.000 VOLTS” (MNRK, 2024). Acabou sendo o último álbum da vida de Frehley: 10.000 volts trouxe o ex-guitarrista do Kiss atuando até como “diretor criativo” e designer da capa. Ace compôs e produziu tudo ao lado de Steve Brown (Trixter), tocou guitarra em todas as faixas – ao lado de músicos como David Julian e o próprio Brown – e convocou o velho brother Anton Fig para tocar bateria em três faixas. A tradicional faixa instrumental do final era a bela Stratosphere, e o spaceman posou ao lado de extraterrestres no clipe da ótima Walkin’ on the moon. Discão.

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