Som
Tocando a bateria de “Enter Sandman” com dois pênis de borracha

Um baterista chamado 66Samus fez sua versão do hit Enter Sandman, do Metallica.
Só que resolveu substituir as baquetas da bateria por… pênis de borracha. Passei uns vinte minutos pensando num texto engraçadinho para essa matéria mas não me veio nada. Pensa aí e me fala (via Dangerous Minds).
Cultura Pop
E os 30 anos de The End Of Silence, da Rollins Band?

A relação de Henry Rollins com a Imago Records – selo que contratou sua Rollins Band no começo nos anos 1990 – acabou em briga. A gravadora e o cantor brigaram nos tribunais por alguns anos. Rollins havia recém mudado para a DreamWorks e era acusado de “quebra de contrato” e de ter mudado de selo por ter sido induzido pela nova casa. O artista alegava fraude e coerção econômica, e reclamava que a Imago tratava seus contratados como se fossem “bens móveis”. Com a mudança, algumas novidades aconteceram na vida do cantor, que chegou a ser fotografado jantando com Madonna (interessadíssima em levá-lo para seu selo Maverick) e deu margem até a boatos de um caso amoroso.
O surgimento de Rollins no mainstream, por outro lado, foi bem mais ameno – embora não menos cheio de trabalho e movimentações. Após alguns anos liderando o Black Flag, e sendo uma das figuras proeminentes do punk californiano, ele havia iniciado uma carreira solo com o álbum Hot animal machine (1987), um precursor da Rollins Band, lançado pelo selo indie Texas Hotel, ao mesmo tempo em que mantinha carreira paralela como escritor e poeta, e gravava desconcertantes discos de spoken word, com seus textos biográficos e tristes – alguns deles escancarando a porta da misantropia.
Sua Rollins Band começou a ser tramada nessa época, e seria um projeto único: com o fortão Rollins à frente, bancando o herói punk californiano, o grupo daria passos além do punk, tocando uma mistura de metal (numa onda pré-stoner) e jazz rock, descambando para o noise rock e para as influências de grupos como Swans, Suicide e Velvet Underground. A política de Rollins, na hora de fazer as letras, era a da superação, do exorcismo de antigos fantasmas, do fim do silêncio em relação à opressão.
Lançado com uma turnê em que a Rollins Band abria para os Red Hot Chili Peppers, o trintão The end of silence, terceiro disco do grupo, chegou às lojas em 25 de fevereiro de 1992, já pela Imago, selo montado por Terry Ellis, fundador da gravadora Chrysalis. O disco abria direto com Rollins aconselhando o ouvinte e analisando detalhadamente a alienação e o autoabandono (Low self opinion).
O cantor, que sofrera com pais abusivos e espancamentos nos tempos de escola, dava conselhos a si mesmo em Grip (“quando essas paredes se fecham ao seu redor/quando todos duvidam de você/quando o mundo pode viver sem você/mantenha-se no controle”). Comentava sobre relacionamentos que acabam em abandono, nas letras de You didn’t need e Tearing. Aos berros, narrava um encontro com seu pai, que costumava espancá-lo na infância, em Just like you.
The end of silence não é um disco agradável. Não que seja um disco ruim, mas ele soa pesado e desconfortável em vários momentos. A atmosfera é extremamente sombria. Rollins era acompanhado por um time de supermúsicos: Chris Haskett (guitarra), Sim Cain (bateria) e Andrew Weiss (baixo). Ao contrário de qualquer disco punk que você possa imaginar, as músicas são quilométricas. O álbum original dura 72 minutos, até mesmo no vinil. Blues jam, faixa de mais de onze minutos, foi tão improvisada em estúdio, até mesmo por Rollins, que sua letra nem sequer aparece no encarte.
Os shows, por sua vez, assustavam: enorme e tatuado, Rollins se movia pelo palco com uma fúria descomunal, impressionando desde novos fãs até gente bem experiente, como Wayne Kramer, do MC5, com quem o cantor chegou a trocar correspondência durante vários anos. O cantor era constantemente chamado para participar de programas da MTV, e acabou conseguindo até mesmo um papel no filme cyberpunk Johnny Mnemonic, de Robert Longo (1995).
Era de fato, o fim do silêncio para um dos maiores nomes do punk americano, cujo próximo passo musical com a Rollins Band seria o disco Weight (1994), um álbum bem mais sacolejante e de canções mais curtas – e nem por isso menos furioso, graças a músicas como Disconnect, Shine (uma canção anti-suicídio, lançada por acaso no mês de morte de Kurt Cobain) e Divine object of hatred. Pena que a discografia de Rollins hoje em dia não esteja nas plataformas digitais.
Cinema
Jogaram o documentário musical brasileiro Som Alucinante no YouTube

Som alucinante, filme de Guga de Oliveira (irmão de Boni, ex-todo poderoso da Rede Globo), lançado nos cinemas em 1971, apareceu pela primeira vez na íntegra no YouTube há poucos dias. O filme traz um apanhado de shows do programa Som Livre Exportação, musical exibido pela Rede Globo entre 1970 e 1971. A produção foi feita no espírito do filme do festival de Woodstock, de Michael Wadleigh, com shows misturados a entrevistas com artistas, músicos, a equipe técnica tanto do festival quanto do filme, e com pessoas da plateia.
Logo no começo, o radialista paulistano Walter Silva (o popular Pica-Pau) resolve perguntar a uma mulher da plateia o que ela espera encontrar no show. Como resposta, recebe risos e um “ah, sei lá, dizem que tá bacana, né?”. Bom, de fato, o formato de festival não competitivo – ou de pacote de shows – ainda não era das coisas mais conhecidas aqui no Brasil.
Tudo ali era meio novidade, tanto o fato de tantos nomes estarem reunidos num mesmo evento, quanto o fato de vários nomes “alternativos”, de uma hora para outra, terem virado grandes atrações de um programa da Globo: Ivan Lins (em ascensão e fazendo seu primeiro show em São Paulo), Gonzaguinha, Mutantes, A Bolha, Ademir Lemos e até um deslocadíssimo grupo americano chamado Human Race – que apresentou uma cover de Paranoid, do Grand Funk. Para contrabalancear e garantir mais audiência ao programa, Elis Regina, Wilson Simonal e Roberto Carlos participaram da temporada de 1971 da atração (que mesmo assim continuou sem audiência, mas com sucesso de crítica). O show levado ao ar nessa temporada serviu de fonte para o documentário.
O que mais chama a atenção em Som alucinante, na real, não é nem mesmo a música. Bom, e isso ainda que o filme apresente uma entrevista bem interessante com um iniciante Gonzaguinha (que faz um excelente discurso sobre “não pensar no mercado e ser você mesmo”), uma Rita Lee aparentemente em órbita falando sobre “é bom ganhar dinheiro com o que se faz, né?”, Mutantes tocando José e Ando meio desligado, A Bolha tocando o gospel-lisérgico Matermatéria, Elis Regina dividindo-se entre os papéis de cantora e mestra de cerimônia. E também várias entrevistas com Milton Nascimento que não vão adiante, de tão constrangido que o cantor estava.
O mais maluco no filme é que a plateia desmaia, e o tempo todo (!). Os fãs começam a empurrar uns aos outros e num determinado momento, a solução da produção é convidar os que estavam em maior situação de vulnerabilidade para subir no palco. Numa cena, um policial carrega uma garota desmaiada e ele próprio quase toma um estabaco.

Companhias indesejáveis na plateia do Som Livre Exportação
Em outro momento, os fãs são puxados ao palco por policiais e pessoas da produção com uma tal intensidade, que aquilo fica parecendo uma tragédia bíblica. Ou um evento que estava mais para Altamont do que para Woodstock, porque era evidente que aquilo estava ficando perigoso. Especialmente porque militares circulavam na plateia e aparecem, em determinados momentos, atrás do palco, o que já explica todo aquele estresse.
Ah, sim a parte do “nós estamos todos reunidos nessa grande festa”, dos Mutantes (que aparece no documentário Loki?, sobre Arnaldo Baptista) foi tirada de Som alucinante. E pelo menos um crítico do Jornal do Brasil, Alberto Shatovsky, detestou a linguagem “moderna” do filme.
A sequência de Roberto Carlos no filme.
E se você não reconheceu o sujeito de bigodes e cabelo black que aparece em alguns momentos no filme, é o Ademir Lemos, do Rap da rapa (lembra?). Era um dos apresentadores do Som Livre Exportação.
Cultura Pop
Devo: no YouTube, tem versão “rascunho” do filme The Men Who Make The Music

Raridade por vários anos para muitos fãs do Devo, o filme The men who make the music (1981), realizado pela banda, foi lançado sob o rótulo maluco de “vídeo-LP”. A produção combina imagens de shows do Devo (focando bastante na turnê de 1978) com textos irônicos sobre a indústria da música, além de aparições do controverso personagem General Boy (interpretado por Robert Mothersbaugh Sr, pai dos irmãos Mark e Bob).
O tal conteúdo “anarquista” do vídeo fez com que ele ficasse arquivado por uns dois anos, já que The men who make the music foi terminado em 1979. O lançamento deveria ter acontecido em paralelo com o disco Duty now for the future, tanto que o LP original anuncia um endereço para os fãs comprarem um produto chamado Devo-vision, que sairia pela Time-Life (empresa responsável por arquivar o filme por dois anos, irritada com as mensagens anti-indústria da música do vídeo).
O material ainda aparece intercalado com imagens bem antigas do Devo. O grupo aparece tocando Jocko homo em 1976, em imagens do primeiro curta do Devo, The truth about de-evolution – que também incluía o clipe do grupo em 1974 tocando Secret agent man, igualmente incluído em The men. Nessa época, o Devo tinha uma formação bastante variável. Com pelo menos cinco ou seis músicos gravitando em volta (incluídos aí três irmãos Mothersbaugh), a banda virou quarteto no clipe de Secret agent man.
The men who make the music, por sinal, teve ainda uma versão demo, feita com produção amadora, em 1977. Tá no YouTube. Foi dirigida por Jerry Casale e produzido por Marina Yakubic, que era namorada de Mark na época.
O vídeo (sim, é vídeo, produzido com câmeras de TV) tem diferenças nos diálogos, nos cenários, na qualidade de som e de imagem (bastante rascunhadas) e no fato de que as músicas não aparecem em clipes. Todas são gravadas em versões extremamente cruas, ao vivo num palco.
Uma surpresa para os fãs é que, originalmente, a versão do grupo para (I can’t get no) Satisfaction, dos Rolling Stones, era quase um blues maníaco e lembrava Captain Beefheart. Muito diferente do que se imagina do Devo.
Aproveita e pega The men who make the music, a versão oficial, que também tá no YouTube.
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