Lançamentos
Radar: Feeble Little Horse varia o som em nova música – e muito mais!

Feeble Little Horse voltou com música nova, Manu Chao convidou Juliana Linhares para fazer o som do bode, Lady Gaga levou o hit Abracadabra para a TV… e outras novidades no Radar internacional de hoje. Aumenta o som e põe tudo na sua playlist.
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FEEBLE LITTLE HORSE, “THIS IS REAL”. Finalmente sai o primeiro single dessa ruidosa banda desde o álbum Girl with fish (2023), que foi prejudicado pela falta de uma turnê para divulgá-lo. This is real pode assustar os fãs do primeiro álbum, porque lá pelas tantas o Feeble Little Horse chega a lembrar uma mescla de shoegaze com o “rock alternativo” norte-americano. É só impressão, calma – e a banda diz que ainda é cedo para dizer que a faixa é bastante representativa do que será o próximo disco (“mas ela se tornou algo que nenhuma outra música jamais se comparará”, despista a cantora Lydia Stocum).
MANU CHAO feat JULIANA LINHARES, “MELÔ DO BODE”. A nova de Manu Chao é esse single vibrante que mistura guitarrada com sonoridades mexicanas, trazendo dois brasileiros para a festa: a cantora Juliana Linhares e o guitarrista Felipe Cordeiro. O trio entrega um perfeito tema de novela sertaneja, com versos irreverentes como “esse bode dá bode / eu não quero saber / esse bode dá bode / é por isso que eu quero vender”. O álbum mais recente de Manu, Viva tu, foi resenhado aqui.
SUNFLOWER BEAN, “NOTHING ROMANTIC”. Esse trio de Nova York caminhou do soft rock (com herança evidente do Fleetwood Mac) ao quase-metal, passando pelo indie-pop. Mortal primetime, disco deles que sai dia 25 de abril, parece que vai unir todas essas viagens sonoras – o grupo já declarou que nomes como Heart, Pat Benatar e Joan Jett estão entre as referências do álbum, e Nothing romantic, novo single, dá ótimas pistas desse caldeirão sonoro. Música e clipe refletem bem a onda atual da banda. “Ela é sobre rejeitar o mito do artista torturado — perceber que as alegrias da criatividade não precisam vir dos baixos da miséria. O vídeo espelha essa jornada, capturando nossas vidas como músicos em turnê entre performances de pesadelo”, contam.
ILLUMINATI HOTTIES, “777”. Parece que vem por aí um grande ano para o Illuminati Hotties, projeto da cantora, compositora e produtora Sarah Tudzin. Se você ouviu o álbum que o Hotties lançou em 2024, Power, e já curtiu a evolução no som do projeto, confira toda a potência shoegaze de 777, o single novo – é promessa de que tem algo bem legal vindo aí.
LADY GAGA, “ABRACADABRA”. Já falamos sobre Mayhem, o novo disco de Lady Gaga, e ela certamente não precisa de mais divulgação, mas vale destacar a performance avassaladora no Saturday Night Live, que transformou Abracadabra em um clipe ao vivo. Gaga voltou disposta a reconquistar antigos fãs, mas voltou com disposição para ser o que Ozzy Osbourne e Alice Cooper fariam se largassem o rock e abraçassem o pop dançante e vigoroso. É dance music com notas de misticismo, para perturbar os sentidos.
THE HARD QUARTET, “LIES (SOMETHING YOU CAN DO)”/”COREOPSIS TRAIL”. O novo supergrupo da cena alternativa – formado por Emmett Kelly, Stephen Malkmus, Matt Sweeney e Jim White – lançou um excelente álbum de estreia no ano passado e já retorna com um single duplo na base do “vale tudo”. Lies (Something you can do) traz aquele slacker rock típico do Pavement (banda de Malkmus), enquanto Coreopsis trail é uma jam de cinco minutos em que cada integrante parece estar solando para si próprio – e o resultado é pura diversão.
THE DRIVER ERA, “DON’T TAKE THE NIGHT”. O novo single do The Driver Era – duo formado pelos irmãos Ross e Rocky Lynch – tem algo que evoca o clássico Give me the night, de George Benson, mas filtrado por uma pegada indie-pop-dance moderna. Além da nova música, a dupla traz mais novidades: entre abril e maio, eles desembarcam no Brasil para shows no Rio e em São Paulo, e o álbum Obsession chega no dia 11 de abril.
NOVANGOGH, “YOU’RE RIGHT THERE”. Um prato cheio para fãs de rock dos anos 1990, seja o pessoal do britpop ou os grunges que sempre garimparam influências do passado sem culpa. O Novangogh, grupo de Los Angeles, mistura tudo isso em You’re right there, uma balada com ecos de folk, country-rock e psicodelia. Até a capa do single traz um Van Gogh “roqueiro”.
CAR SEAT HEADREST, “GETHSEMANE”. Se você gosta de Car Seat Headrest, já sabe que eles não economizam em material – e agora se preparam para lançar a ópera-rock The scholars no dia 2 de maio. O novo single, Gethsemane, que foi assunto nosso aqui, tem 11 (!) minutos e mergulha em temas como espiritualidade, vida e morte. Não há latim gasto à toa: a faixa, que soa às vezes como um The Who indie (com referência aos teclados de Won’t get fooled again em determinada altura), é boa de verdade, e ainda ganhou um clipe formidável.
AIMLESS, “WEIRDO”. A Itália vai bem, obrigado – uma série de bandas interessantes vem surgindo por lá. O Aimless, uma dupla de Milão, une sons entre Nine Inch Nails e Queens Of The Stone Age, e sai metendo a mão e guitarra e bateria no novo single, Weirdo. Um EP está a caminho, e o visualizer do single é minimalista ao extremo: os dois integrantes sentados num banco de parque, dividindo um fone de ouvido e ouvindo música.
Foto Feeble Little Horse: Luke Ivanovich/Divulgação
Lançamentos
Urgente!: Tim Bernardes no samba, Car Seat Headrest no pós-punk, Stereolab no relax

Invadindo a área do Radar (seção onde a gente anuncia singles novos, não necessariamente assim que eles são lançados), o Urgente! solta três notinhas sobre sons que chegaram hoje às plataformas, e que merecem MUITO destaque. Ouça no volume máximo, leia no volume máximo e coloque tudo em suas playlists.
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Tim Bernardes resolveu lançar um single duplo quase de surpresa (não foi totalmente de surpresa porque ele chegou a avisar em suas redes sociais e tudo). Prudência e Praga são dois sambas – o segundo em parceria com ninguém menos que Erasmo Carlos – gravados originalmente, e respectivamente, por Maria Bethânia e Alaíde Costa. Só que cada samba no seu quadrado: Prudência tem inspiração no romantismo derramado de Lupicínio Rodrigues, Praga é herdeira do sangue nos olhos de Nelson Cavaquinho.
“Prudência é essa batalha interna entre o lado passional e o lado controlador na cabeça do ex-boêmio romântico”, diz Tim. Já Praga, feita por ele e Erasmo como “uma canção venenosa de cabaré samba canção”, é porradaria na pequena área. “Quis produzir uma gravação meio samba de terror, porque se não fosse rock n roll não teria muita graça pra mim. Fui lá no Bielzinho (referência a Biel Basile, baterista do O Terno, banda na qual Tim surgiu) e gravamos esse refrão que explode com as percussões e o coro das amigas Tulipa Ruiz, Maria Beraldo e Luiza Lian”, afirma.
Ah sim: se você achou que a capa do single é parecida com as antigas imagens dos programas musicais da TV Cultura e da TV E (Rio), acertou em cheio. O clipe de Prudência reproduz direitinho a vibe dos programas dirigidos pelo saudoso Fernando Faro (MPB Especial, Ensaio) e o lay out do compactinho – que vai sair em vinil – vai pelo mesmo caminho.
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Nesta sexta (2), o mundo vai finalmente conhecer The scholars, a ópera-rock espiritualista do Car Seat Headrest. O último single do disco, The catastrophe (Good luck with that, man) saiu nesta terça (29) e é tão épico quanto os dois outros compactinhos que anunciaram o álbum (Gethsmane, de 11 minutos, e CCF, de oito).
Só que, dessa vez, a música nova: 1) é pouca coisa menor que os outros dois singles, tem apenas 5 minutos e pouco; 2) a letra fala em tom nonsense sobre o dia a dia em meio a turnês e shows; 3) a vibe da música é mais pro pós-punk do que a zoeira prog de Gethsemane, por exemplo. Há quem zoe que, com esses três singles, o Car Seat, se bobear, mostrou todo o conteúdo de The scholars ao público – afinal, com esses três lançamentos já brotaram 25 minutos do álbum.
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Você já deve saber, mas não custa lembrar que o indie pop elegantérrimo do Stereolab está de volta na praça. O grupo francês lança no dia 23 de maio seu primeiro álbum em 15 anos, Instant holograms on metal film. O novo single do disco, Melodie is a wound, é para quem gosta de viajar sem sair do lugar: sete minutos e meio de um casamento dançante e espacial entre rock 60’s, jazz e psicodelia pop. E no dia 9 de novembro tem show deles em São Paulo, no Balaclava Fest.
Lançamentos
Radar: Cameron Winter, Suzanne Vega, Model/Actriz e outros sons novos

Outro dia perguntaram porque é que nós, do Pop Fantasma, não fazemos playlists. Olha, é uma boa ideia, viu? – e até que já fizemos algumas no passado. Mas cada textinho do Radar é uma playlist imaginária, com seis músicas novas (e volta e meia alguma canção recentemente recordada em relançamentos) que fez nossa cabeça e ocupou nossa mente e nossos ouvidos. A dessa terça tá aí. Faça você mesma/mesmo sua playlist e ouça com a gente.
Foto Cameron Winter: Reprodução Bandcamp
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CAMERON WINTER, “LSD”. O cantor da banda norte-americana Geese gosta de causar – e de bagunçar certezas. Heavy metal, seu primeiro álbum solo (2024) é uma perversão da estética do blues-rock e do country rock do começo dos anos 1970. Soa como se, em 1969, os Rolling Stones tivessem chamado Syd Barrett (ex-Pink Floyd) para assumir a guitarra deixada por Brian Jones – e não Mick Taylor. LSD, um out take do disco, sai agora, e é uma loucura melódica unindo emanações de Syd, Radiohead e Beach Boys.
SUZANNE VEGA, “ALLEY”. Não paramos de ter MUITA curiosidade em relação ao próximo álbum de Suzanne Vega, Flying with angels, que sai nesta sexta-feira (2) pelo selo Cooking Vinyl. Tudo indica que vem aí um mergulho ousado nas possibilidades do rock alternativo, dividido entre ruído e delicadeza. Alley, o novo single, é um pós-punk sombrio que faz lembrar Siouxsie & The Banshees mergulhados em trevas folk, ou um curioso encontro entre o The Damned de Black album (1980) e Rita Lee. Alguns apostaram em Mazzy Star como referência — e olha que faz sentido, hein?
MODEL/ACTRIZ, “DIVA”. O Model/Actriz está de volta: Pirouette, o próximo disco da banda de electropunk, chega nesta sexta-feira (2). Diva, novo single, nasceu de forma despreocupada — segundo o vocalista Cole Haden, bastou trocar a caneta por uma taça de vinho para tudo fluir. Inspirado em encontros casuais e romances efêmeros das turnês, a letra de Diva mistura diversão e melancolia: “Conheci um cara em Copenhague / Ele era gay, mas tinha uma namorada / Conheci um cara em Amsterdã / Fechei o bar e depois o beijei”, canta Haden. Para ele, a canção lembra aqueles momentos em que a frivolidade de uma noite dá lugar à saudade no amanhecer — quando dois estranhos percebem que talvez nunca mais se reencontrem.
A DEEPER HEAVEN, “HIGH”. Wild Nothing, DIIV, Beach Fossils e veteranos como New Order e Echo and The Bunnymen inspiram o som enevoado do A Deeper Heaven, projeto de Brighton, Inglaterra. Rock psicodélico e tranquilo, feito para soar suave até quando sobe o volume. High, faixa-título do novo EP, já entrega essa sensação de olhar direto para o sol, sem óculos escuros. Na sexta (2), às 15h, o clipe da faixa estreia no YouTube.
CASSETTES ON TAPE, “NIGHT DRIVE”. Sem lançar álbuns novos há quase uma década, o Cassettes On Tape, de Chicago, ainda guarda um fascínio indie college dos anos 1980-90. Night drive, seu novo single, é grave, distorcido, sombrio, e remete ao Movement do New Order. Baixo, guitarra e vocais em clima de tensão até a explosão do refrão, com riff de sintetizador e parede de guitarras. No Instagram, rede social a qual nem se dedicam muito (231 seguidores apenas!), limitaram-se a dizer: “há novas faixas a caminho” — e deixaram o mistério no ar.
JAMES, “TOMORROW”. Veteranos de Manchester, o James prepara para novembro o filme-disco Live at the Acropolis, gravado em Atenas em julho de 2023. Um passeio pelos hits mágicos dessa banda que, no Brasil, já foi chamada nas rádios de “os novos Smiths” (ironicamente, surgiram antes). Um desses clássicos é Tomorrow, do álbum Whiplash (1997), cujo clipe chegou a passar na MTV Brasil e agora retorna remasterizado ao YouTube da banda. Vale ver de novo — como se fosse lançamento.
Crítica
Ouvimos: Mamalarky, “Hex key”

Vindo do Texas e baseado em Atlanta, Georgia, o Mamalarky é formado por três amigos de colégio (a cantora e guitarrista Livvy Bennett, o baterista Dylan Hill e o tecladista Michael Hunter) e por uma baixista (Nook Khan) que depois se juntou à formação por um meio bastante incomum: a vocalista Livvy fez uma convocatória de músicos pelo Tinder (!) e ela apareceu.
Vem dando match, musicalmente falando, na história musical do quarteto até o momento – e Hex key, o terceiro álbum, continua a tradição não apenas de discos legais, como também de criações desafiadoras. Basicamente Hex key é cheio de canções que parecem com uma coisa, mas logo logo vão revelando outras faces.
É o que rola no alt pop de Broken bones, no tecnopop repleto de camadas de Won’t give up, no pop espacial e psicodélico da faixa-título (remetendo a Mutantes, The Waeve e a estranhices como Joe Meek) e em especial nas dissonâncias e no som “derretido” de The quiet – cujo ritmo, a maior parte do tempo, é dado por um barulho que parece uma flautinha percussiva, como numa trilha de desenho animado.
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Anhedonia, por sua vez, tem uma guitarra na abertura que remete a Pixies. Até que fica claro que aquele acorde que costura a faixa é uma referência ao início de Ziggy Stardust, de David Bowie, servindo de base para uma canção de clima espacial. Uma música que, como acontece em quase todo o disco, sempre tem uma mudança brusca de tom, de nota. Tanto que ainda tem Take me, um easy listening que é tudo, menos uma música de “fácil audição”, e um dubstep-bossa nova que lembra um Sparks moderninho, #1 best of all time.
A estranhice do Mamalarky em Hex key se torna um troço sem edição (e com rédea solta demais) em poucos momentos, como no pós-disco esquisitaço de Nothing lasts forever. De modo geral, é um pop estranho com alguma noção de que aquilo ali tem que ser compreendido de alguma forma (ou uma música pop com tendência a se desfazer a qualquer momento, tanto faz).
O grupo vai chegando perto de novo da psicodelia em músicas como MF e Blow up, e parece recriar Word, lado B dos Beatles, no indie pop Blush. Como hoje em dia é quase impossível que uma banda ou um artista não tenha um forte lado soft rock, ele aparece nas duas últimas faixas, Feel so wrong e Here’s everything.
Trafegando entre o som acessível e a experimentação com uma categoria que volta e meia lembra a fase anos 1990 do Pato Fu, o Mamalarky pode virar uma daquelas bandas que mudam para chegar ao mainstream – ou um daqueles grupos que fazem com que o mainstream fique um pouco igual a eles. Ou pode ficar num meio termo bem interessante para seu público. Só vendo.
Nota: 8,5
Gravadora: Epitaph
Lançamento: 11 de abril de 2025
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