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Destaque

Nós somos os Doors da nova geração

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Nós somos os Doors da nova geração

Os fãs dos Doors sempre sentiram saudades da banda, que sofreu um baque com a morte de Jim Morrison em 1971, mas não se separou de imediato. O trio restante (Robbie Krieger na guitarra, John Densmore na bateria e Ray Manzarek nos teclados) tentou levar a coisa adiante com dois álbuns, Other voices (1971) e Full circle (1972) com momentos legais, mas sem a magia do vocalista. Em 1978 saiu o que pode ser considerado o último disco de estúdio da banda, An american prayer, com o trio colocando música em poemas gravados por Jim em 1969 e 1970, e que poderiam ate ter virado um disco solo de Morrison em 1971 (com a ida do letrista para Paris, foi tudo deixado de lado).

O fato de Krieger, Densmore e Manzarek terem um relacionamento pós-Doors relativamente tranquilo (ou pelo menos com poucos abalos públicos) fez com que muitos fãs – pelo menos a galera não muito radical – sonhassem com um retorno da banda com outro vocalista em algum momento. Em paralelo a isso, produtos ligados à marca Doors nunca deixaram de sair. Alguns no cinema, como The end reabilitada pelas cenas de Apocalypse Now, de Francis Ford Coppola, em 1979, e o filme The Doors, com Val Kilmer encarnando Jim Morrison. Outros lançamentos foram direto no core business do grupo, como o LP ao vivo Alive, she cried (1983), o EP-home video Live at The Hollywood Bowl (1987) e os vários relançamentos que chegaram às lojas nessas últimas décadas.

DOORS NO SÉCULO 21

As coisas começaram a mudar quando em 2001, o trio restante se juntou a vários vocalistas – entre eles Ian Astbury, do Cult – para fazer um show na série Storytellers, do canal VH1, lançado imediatamente em DVD. Em 2002 a empresa de motocicletas Harley-Davidson se preparava para completar 100 anos (a data querida seria no ano seguinte) e resolveu bater um papo com Krieger sobre uma possível continuidade do retorno. Deu (quase) 100% de liga: Krieger e Manzarek resolveram se reagrupar como The Doors Of The 21st Century, puseram Ian no vocal, e saíram dando shows por todo o mundo.

Essa turnê veio parar até no Brasil, onde os Doors sempre se deram bem. O grupo tocou em novembro de 2004 no Metropolitan, que por aqueles tempos se chamava Claro Hall, lembrando canções como Roadhouse blues, The changeling, Soul kitchen e When the music’s over. Ian era impressionantemente parecido com Jim sem imitá-lo. Ray disse à Billboard na época que o cantor foi escolhido porque “tem aquele aspecto cristão celta nele. Esse xamanismo. Essa escuridão. Ele vem do mesmo espaço psíquico de onde Jim Morrison veio. Ele não está imitando Jim Morrison; ele é esse tipo de cara, e ele simplesmente é um grande cantor”, contou.

DENSMORE

Nem todos os ex-Doors estavam de acordo com esse retorno. Se você sentiu falta do baterista John Densmore, ele se recusou a tocar e foi à justiça tentar impedir os (ex?) amigos de fazer referência aos Doors no nome da banda. Os Doors do século 21 eram complementados por dois integrantes da banda de Krieger, Angelo Barbera (baixo) e Ty Dennis (bateria). Os herdeiros de Jim acabaram se juntando a Densmore na briga e a história virou um melê jurídico que se arrastou e obrigou Krieger e Manzarek a mudar o nome do projeto algumas vezes: viraram Riders On The Storm, D21C e outras opções.

O projeto de Robbie e Ray era para ter gerado um álbum de estúdio, que acabou não sendo feito. Gerou alguns lançamentos ao vivo (pela plataforma Disclive, que oferecia discos ao vivo quase instantâneos) e um DVD, além de algumas músicas inéditas (Cops talk, Forever, Eagle in a whirlwind e American Express, feitas com parceiros como Astbury, Henry Rollins e Jim Carroll) e que foram apresentadas nos shows. A dupla continuou fazendo aparições ocasionais nos palcos até 2013, quando Manzarek morreu.

MAIS DENSMORE

Krieger, na pandemia, vem gravando vídeos com tutoriais de músicas dos Doors na guitarra. Densmore reconciliou-se com os outros dois pouco antes da morte de Manzarek – mas decidiu contar seu lado da história no livro de memórias The Doors unhinged, relatando a briga nos tribunais. A porradaria começou em 2003 quando a Cadillac procurou a banda querendo usar Break on through num comercial, e o baterista foi contra, afirmando que Jim Morrison não permitiria o uso de uma canção da banda numa propaganda. Quando a turnê dos novos Doors começou, é que ele se estressou, até porque havia dito que não estaria na banda.

“Não queria que eles parassem de tocar. Qualquer pessoa pode tocar qualquer música dos Doors, desde que não seja num comercial ou num lançamento de produto. Mas que ficasse claro que aquilo não eram os Doors”, contou ele à Rolling Stone, afirmando que, na briga, teve apoio de nomes como Neil Young, Eddie Vedder, Tom Petty, Tom Waits e Randy Newman.

Mais The Doors no POP FANTASMA aqui.

Cultura Pop

Quando Suicide gravou… “Born in the USA”, do Bruce Springsteen

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Quando Suicide gravou... "Born in the USA", do Bruce Springsteen

A way of life, disco de 1988 da dupla de música eletrônica Suicide, é tido como um disco, er, acessível. Acessível à moda de Martin Rev e Alan Vega, claro. O disco pelo menos podia ser colocado tranquilamente na prateleira dos artífices da darkwave e era bem mais audível do que o comum de um grupo que havia lançado a assustadora Frankie teardrop. O disco era produzido por Ric Ocasek, líder dos Cars (que já havia produzido o segundo disco deles, de 1981, Alan Vega/Martin Rev), e tinha até uma eletro-valsinha, Surrender, além de um estiloso misto de rockabilly e synthpop, Jukebox baby 96.

O que ninguém esperava era que a dupla tivesse feito nessa mesma época uma estranhíssima versão de… Born in the USA, de Bruce Springsteen. A faixa surge numa versão ao vivo, gravada num show de Vega e Rev em 1988, em Paris. A dupla nem sequer disfarçou que a ideia era fazer uma versão bem lascada – saca só o sintetizadorzinho da música, e a referência a músicas como Lucille, de Little Richard, e o tema When the saints go marching in, logo na abertura. A “versão” da faixa resume-se a quase nada além do título da canção. Parece um karaokê do demo (e é).

A versão poderia ser uma bela pirataria, mas vira oficial nesse mês: vai aparecer em uma reedição de A way of life, prevista para o dia 26. A edição de luxo estará disponível em vinil azul transparente com Born in the USA e em CD com quatro faixas bônus, além do formato digital. O material extra inclui versões ao vivo de Devastation e Cheree, bem como uma versão inicial de estúdio de Dominic Christ. O pesquisador Jared Artaud encontrou as faixas enquanto trabalhava no arquivo de Vega, após a morte do cantor em 2016.

Quando Suicide gravou... "Born in the USA", do Bruce Springsteen

E se você não sabia, vai aí a surpresa: Springsteen tá bem longe de ser um sujeito que diria “what?” ao ser informado da existência do Suicide. Pelo contrário: era fã da dupla e costumava dizer que a estreia do Suicide, o disco epônimo de 1977, era “um dos discos mais sensacionais que já ouvi”. Em 1980, o cantor esteve com a dupla e Vega descobriu que Springsteen era seu fã – e se surpreendeu.

“Ele estava gravando o disco The river (1980) e nós estávamos gravando nosso segundo álbum em Nova York. Então tivemos uma reunião de audição do nosso álbum. Havia três ou quatro figurões da nossa gravadora, e Bruce também estava lá. Depois que tocamos o álbum, houve um silêncio mortal… exceto por Bruce, que disse, ‘Isso foi ótimo pra caralho.’ Ele fazia questão de nos dizer o quanto nos amava”, contou em 2014 ao New York Post.

Mais: um texto do site Treblezine, a partir de audições da obra de Bruce e de entrevistas do Suicide, descobre: a dupla influenciou muito o sombrio disco Nebraska, tido como o “primeiro disco solo” (sem a E Street Band) de  Springsteen (1982), basicamente um disco sobre crise, desemprego e gente à beira do desespero pela falta de oportunidades. Houve uma versão elétrica e pesada de Nebraska, mas Bruce quis lançar o disco acústico, de voz, violão e registros crus, e que de fato lembram o clima esparso do Suicide do primeiro disco.

Na dúvida, ouça State trooper, cujos uivos lembram bastante os gritos (sem aviso prévio) de Frankie teardrop. “Lembro-me de entrar na minha gravadora logo após o lançamento do meu disco”, disse Vega depois de ouvir State trooper pela primeira vez. “Eu pensei que era um dos meus álbuns que eu tinha esquecido. Mas era Bruce!”

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Cultura Pop

No podcast do Pop Fantasma, a fase de transição do Metallica

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No podcast do Pop Fantasma, a fase de transição do Metallica

A morte do baixista Cliff Burton, em 27 de setembro de 1986, desorientou muito o Metallica. Além do que aconteceu, teve a maneira como aconteceu: a banda dormia no ônibus de turnê, sofreu um acidente que assustou todo mundo, e quando o trio restante saiu do veículo, só restou encarar a realidade. A partir daquele momento, estavam não apenas sem o baixista, como também estavam sem o amigo Cliff, sem o cara que mais havia influenciado James Hetfield, Lars Ulrich e Kirk Hammett musicalmente, e sem a configuração que havia feito de Master of puppets (1986) o disco mais bem sucedido do grupo até então.

Hoje no Pop Fantasma Documento, a gente dá uma olhada em como ficou a vida do Metallica (banda que, você deve saber, está lançando disco novo, 72 seasons) num período em que o grupo foi do céu ao inferno em pouco tempo. O Metallica já era considerado uma banda de tamanho BEM grande (embora ainda não fosse o grupo multiplatinado e poderoso dos anos 1990) e, justamente por causa disso, teve que passar por cima dos problemas o mais rápido possível. E sobreviver, ainda que à custa justamente da estabilidade emocional de Jason Newsted, o substituto do insubstituível Cliff Burton…

Nomes novos que recomendamos e que complementam o podcast: Skull Koraptor e Manger Cadavre?

Estamos no Castbox, no Mixcloud, no Spotify, no Deezer e no Google Podcasts.

Edição, roteiro, narração, pesquisa: Ricardo Schott. Identidade visual: Aline Haluch. Trilha sonora: Leandro Souto Maior. Estamos aqui toda sexta-feira!

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Destaque

Dan Spitz: metaleiro relojoeiro

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Se você acompanha apenas superficialmente a carreira da banda de thrash metal Anthrax e sentia falta do guitarrista Dan Spitz, um dos fundadores, ele vai bem. O músico largou a banda em 1995, pouco antes do sétimo disco da banda, Stomp 442, lançado naquele ano. Voltaria depois, entre 2005 e 2007, mas entre as idas e as vindas, o guitarrista arrumou uma tarefa bem distante da música para fazer: ele se tornou relojoeiro (!).

A vida de Dan mudou bastante depois que o músico teve filhos em 1995, e começou a se questionar se queria mesmo aquela vida na estrada. “Fazíamos um álbum e fazíamos turnês por anos seguidos, e então começávamos o ciclo de novo – o tempo em casa não existia. É uma história que você vê em toda parte: tudo virou algo mundano e mais parecido com um trabalho. Eu precisava de uma pausa”, contou Spitz ao site Hodinkee.

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Na época, lembrou-se da infância, quando ficava sentado com seu avô, relojoeiro, desmontando relógios Patek Philippe, daqueles cheios de pecinhas, molas e motores. “Minha habilidade mecânica vem de minha formação não tradicional. Meu quarto parecia uma pequena estação da NASA crescendo – toneladas de coisas. Eu estava sempre construindo e desmontando coisas durante toda a minha vida. Eu sou um solucionador de problemas no que diz respeito a coisas mecânicas e eletrônicas”, recordou no tal papo.

Spitz acabou no Programa de Treinamento e Educação de Relojoeiros da Suíça, o WOSTEP, onde basicamente passou a não fazer mais nada a não ser mexer em relógios horrivelmente difíceis o dia inteiro, aprender novas técnicas e tentar alcançar os alunos mais rápidos e mais ágeis da instituição.

>>> Veja também no POP FANTASMA: Discos de 1991 #9: “Metallica”, Metallica

A música ainda estava no horizonte. Tanto que, trabalhando como relojoeiro em Genebra, pensou em largar tudo ao receber um telefonema do amigo Dave Mustaine (Megadeth) dizendo para ele esquecer aquela história e voltar para a música. Olhou para o lado e viu seu colega de bancada trabalhando num relógio super complexo e ouvindo Slayer.

O músico acha que existe uma correlação entre música e relojoaria. “Aprender a tocar uma guitarra de heavy metal é uma habilidade sem fim. É doloroso aprender. É isso que é legal. O mesmo para a relojoaria – é uma habilidade interminável de aprender”, conta ele. “Você tem que ser um artista para ser o melhor – seja na relojoaria ou na música. Você precisa fazer isso por amor”.

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