Cultura Pop
Johnny Marr muito além dos Smiths – descubra!

Aparentemente, os Smiths não voltam nem a pau. Em compensação, Johnny Marr, guitarrista da banda inglesa que durou até o fim dos anos 1980 e definiu parte do som da década, não para. O sujeito tem seu nome envolvido em três lançamentos de alta classe. Um deles é até dos próprios Smiths: eles lançam um single com gravações inéditas no Record Story Day, dia 22 de abril (o compacto tem versões diferentes de “The boy with the thorn in his side” e “Rubber ring”). O The The, banda liderada pelo músico inglês Matt Johnson e com a qual Marr gravou discos, lança no Record Store Day, em 22 de abril, sua primeira música nova em 15 anos, “You can’t stop what’s coming”, em formato de single de 7 polegadas. E o Blondie lançou single novo recentemente, “My monster”, com o músico assinando a composição e tocando guitarra. A canção sai no próximo disco do grupo, “Pollinator”, marcado para 5 de maio. Olha “My monster” aí.
Aproveitando e dando uma olhada no que ele fez de legal fora dos Smiths (além da sua carreira solo, claro), achamos isso aí.
Freak Party: Antes dos Smiths, Johnny Marr era guitarrista de uma banda pós-punk inspiradíssima pelo soul e pelo funk, o Freak Party. E dividia os trabalhos com um futuro colega de banda, Andy Rourke (baixo). Não era nem um pouco incomum que a turma dos três acordes gostasse de batidas dançantes – é só lembrar de bandas como APB, Gang Of Four, o próprio Clash e, no Brasil, de Picassos Falsos e Finis Africae. O Freak Party foi formado em 1981, gravou só demos e tinha nos vocais a explosiva Angie Brown. Em outubro do ano passado, o ex-baterista Simon Wolstencroft achou uma dessas demos e a jogou na internet. Olha “Firefly” aí.
Quando Quango: Esse grupo new wave tinha na formação Mike Pickering, um sujeito que foi diretor artístico da gravadora Factory e DJ do clube mantido pelo selo, o Haçienda. Marr tocou guitarra em dois singles deles de 1985, “Atom rock” e “Triangle”.
Billy Bragg: Mesmo ocupado com “The queen is dead”, disco dos Smiths, Johnny Marr achou tempo para tocar guitarra no terceiro disco do bardo esquerdista, “Talking with the taxman about poetry”, de 1986. Depois repetiu a parceria em outros discos e, em “Don’t try this at home”, disco de 1991, escreveu uma música com ele, “Sexuality”.
Bryan Ferry: O clipe de “The right stuff”, do disco “Bété noire” (1987), sétimo álbum do ex-Roxy Music, passou na televisão até enjoar – e olha que em 1987/1988, no Brasil, nem tinha MTV. A música era uma parceria de Ferry com Johnny Marr – que declarou certa vez que Ferry nem sequer o conhecia. “Ele procurava novos parceiros e recomendaram meu nome”, disse. Guy Pratt, que tocava com Ferry e tinha sido produtor dos Smiths, tem outra lembrança: disse que o cantor simplesmente pôs letra num instrumental do grupo britânico, “Money changes everything” e convidou Marr para tocar.
Talking Heads: Marr tocou guitarra em quatro músicas de “Naked” (1988), último disco do grupo: “Ruby Dear”, “(Nothing But) Flowers”, “Mommy Daddy You and I” e “Cool Water”.
https://www.youtube.com/watch?v=uIRzqBPyyGg
Pretenders: Definido como “um rockstar de verdade” pela líder da banda, Chrissie Hynde, Johnny Marr arrumou lugar lá quando os Smiths terminaram. Acabou vindo ao Brasil como um dos integrantes da banda, quando o Pretenders tocou (em show aberto pelos Titãs) no Hollywood Rock de 1988. A passagem de Marr pelo Brasil rendeu uma entrevista à Bizz em fevereiro de 1988 em que o músico declarou estar sendo bastante solicitado pelos fãs brasileiros na rua (na época não existiam selfies, então a turma pedia autógrafos mesmo) e assustou-se com o fato de o Brasil não ter parada de compactos (“se eu fizer uma grande canção aqui ela não vai me deixar rico porque não se vendem singles? é isso?”). Mas a passagem dele pela banda foi curta: o single “Windows of the world”/”1969” e mais nada.
https://www.youtube.com/watch?v=ys8dMfPyUGQ
E olha eles aí no Hollywood Rock de 1988.
Pet Shop Boys: O ex-Smiths colaborou com Neil Tennant e Chris Lowe em vários discos. Em “Behavior”, de 1990, tocou em “This must be the place I waited years to leave” e “My october symphony”.
Banderas: Lembra disso? Essa dupla dance-rock com duas garotas de visual moderninho e andrógino juntou Bernard Sumner (New Order) e Johnny Marr no estúdio, ambos dividindo as guitarras de seu principal hit, “This is your life”, lançado em 1991.
Electronic: Na época da gravação com o Banderas, Marr & Sumner estavam há dois anos trabalhando juntos no disco de seu projeto em dupla, o Electronic – surgido num momento de iluminação espiritual em que os músicos, como afirmou Marr numa entrevista, estavam “cheirando uma no banheiro”. Adicionando genes roqueiros às ondas da house music e da indie dance (e brincando de Pet Shop Boys, vá lá), os dois fizeram um excelente disco, lançado em 1991. E “Getting away with it” você ouviu muito.
The The: A amizade de Marr com Matt Johnson, o homem-The The, vem de antes dos Smiths existirem. Mas só em 1989, a partir do disco “Mind bomb”, o guitarrista passou a colaborar ativamente com o projeto, gravando em discos e fazendo shows. Uma curiosidade é que, com Matt, Marr mostrou suas habilidades não apenas como guitarrista, mas também como gaitista. A harmônica do hit “Slow emotion replay”, que no Brasil virou até jingle de loja de surfwear nos anos 1990, foi tocada por ele. Saiu em 1992 no ótimo disco “Dusk”.
Marion: Lançado na onda do brit-pop noventista, esse grupo chegou até a ser alardeado como “novo Joy Division”. O segundo disco, “The program”, teve Marr como produtor, parceiro musical (no hit “Miyako hideaway”) e músico convidado (na guitarra e nos teclados). O disco fracassou e a banda não deu muito certo.
Pearl Jam: O ex-Smiths se juntou ao grupo de Eddie Vedder no palco, na Austrália, em 2003 – juntos, tocaram “Fortunate son”, do Creedence Clearwater Revival. Saiu no ao vivo “2/23/03 – Perth, Australia”. Mas a parceria na música foi reeditada outras vezes, como nessa ocasião no Madison Square Garden, com Pearl Jam, Marr e mais uma porrada de gente no palco.
The Cribs: Além dos Pretenders, Marr foi integrante por pouco tempo de outras bandas, como o Modest Mouse e os Cribs – com quem gravou um único disco, “Ignore the ignorants”, em 2009. Esse é o hit “We share the same skies”.
Solo: Johnny Marr tem dois discos solo de estúdio, além de um álbum gravado como Johnny Marr and The Healers em 2003. E já tocou solo no Brasil. Olha ele aí no Lollapalooza (por sinal, a edição 2017 do festival rola neste fim de semana).
Foto: Wikipedia
Cultura Pop
No nosso podcast, Alanis Morissette da pré-história a “Jagged little pill”

Você pensava que o Pop Fantasma Documento, nosso podcast, não ia mais voltar? Olha ele aqui de novo, por três edições especiais no fim de 2025 – e ano que vem estamos de volta de vez. No segundo e penúltimo episódio desse ano, o papo é um dos maiores sucessos dos anos 1990. Sucesso, aliás, é pouco: há uns 30 anos, pra onde quer que você fosse, jamais escaparia de Alanis Morissette e do seu extremamente popular terceiro disco, Jagged little pill (1995).
Peraí, “terceiro” disco? Sim, porque Jagged era só o segundo ato da carreira de Alanis Morissette. E ainda havia uma pré-história dela, em seu país de origem, o Canadá – em que ela fazia um som beeeem diferente do que a consagrou. Bora conferir essa história?
Edição, roteiro, narração, pesquisa: Ricardo Schott. Identidade visual: Aline Haluch (foto: Capa de Jagged little pill). Trilha sonora: Leandro Souto Maior. Vinheta de abertura: Renato Vilarouca. Estamos aqui de quinze em quinze dias, às sextas! Apoie a gente em apoia.se/popfantasma.
Ouça a gente preferencialmente no Castbox. Mas estamos também no Mixcloud, no Deezer e no Spotify.
Mais Pop Fantasma Documento aqui.
Cultura Pop
No nosso podcast, Radiohead do começo até “OK computer”

Você pensava que o Pop Fantasma Documento, nosso podcast, não ia mais voltar? Olha ele aqui de novo, por três edições especiais no fim de 2025 – e ano que vem estamos de volta de vez. Para abrir essa pequena série, escolhemos falar de uma banda que definiu muita coisa nos anos 1990 – aliás, pra uma turma enorme, uma banda que definiu tudo na década. Enfim, de técnicas de gravação a relacionamento com o mercado, nada foi o mesmo depois que o Radiohead apareceu.
E hoje a gente recorda tudo que andava rolando pelo caminho de Thom Yorke, Jonny Greenwood, Colin Greenwood, Ed O’Brien e Phil Selway, do comecinho do Radiohead até a era do definidor terceiro disco do quinteto, OK computer (1997).
Edição, roteiro, narração, pesquisa: Ricardo Schott. Identidade visual: Aline Haluch (foto: reprodução internet). Trilha sonora: Leandro Souto Maior. Vinheta de abertura: Renato Vilarouca. Estamos aqui de quinze em quinze dias, às sextas! Apoie a gente em apoia.se/popfantasma.
Ouça a gente preferencialmente no Castbox. Mas estamos também no Mixcloud, no Deezer e no Spotify.
Mais Pop Fantasma Documento aqui.
4 discos
4 discos: Ace Frehley

Dizem por aí que muita gente só vai recordar de Gene Simmons e Paul Stanley, os chefões do Kiss, quando o assunto for negócios e empreendedorismo no rock – ao contrário das recordações musicais trazidas pelo nome de Ace Frehley, primeiro guitarrista do grupo, morto no dia 16 de outubro, aos 74 anos.
Maldade com os criadores de uma das maiores bandas de rock de todos os tempos, claro – mas quando Frehley deixou o grupo em 1982, muita coisa morreu no quarteto mascarado. Paul Daniel Frehley, nome verdadeiro do cara, podia não ser o melhor guitarrista do mundo – mas conseguia ser um dos campeões no mesmo jogo de nomes como Bill Nelson (Be Bop De Luxe), Brian May (Queen) e Mick Ronson (David Bowie). Ou seja: guitarra agressiva e melódica, solos mágicos e sonoridade quase voadora, tão própria do rock pesado quanto da era do glam rock.
Ace não foi apenas o melhor guitarrista da história do Kiss: levando em conta que o grupo de Gene e Paul sempre foi uma empresa muito bem sucedida, o “spaceman” (figura pela qual se tornou conhecido no grupo) sempre foi um funcionário bastante útil, que lutou para se sentir prestigiado em seu trabalho, e que abandonou a banda quando viu suas funções sendo cada vez mais congeladas lá dentro. Deixou pra trás um contrato milionário e levou adiante uma carreira ligada ao hard rock e a uma “onda metaleira” voltada para o começo do heavy metal, com peso obedecendo à melodia, e não o contrário.
Como fazia tempo que não rolava um 4 Discos aqui no Pop Fantasma, agora vai rolar: se for começar por quatro álbuns de Ace, comece por esses quatro.
Texto: Ricardo Schott – Foto: Reprodução
“KISS: ACE FREHLEY” (Casablanca, 1978). Brigas dentro do Kiss fizeram com que Gene, Paul, Ace e o baterista Peter Criss lançassem discos solo padronizados em 1978 – adaptando uma ideia que o trio folk Peter, Paul and Mary havia tido em 1971, quando saíram álbuns solo dos três cujas capas e logotipos faziam referência ao grupo. Ace lembra de ter ouvido uma oferta disfarçada de provocação numa reunião do Kiss, quando ficou definido que cada integrante lançaria um disco solo: “Eles disseram: ‘Ah, Ace, a propósito, se precisar de ajuda com o seu disco, não hesite em nos ligar ‘. No fundo, eu dizia: ‘Não preciso da ajuda deles’”, contou.
Além de dizer um “que se foda” para os patrões, Ace conseguiu fazer o melhor disco da série – um total encontro entre hard rock e glam rock, destacando a mágica de sua guitarra em ótimas faixas autorais como Ozone e What’s on your mind? (essa, uma espécie de versão punk do som do próprio Kiss) além do instrumental Fractured mirror. Foi também o único disco dos quatro a estourar um hit: a regravação de New York Groove, composta por Russ Ballard e gravada originalmente em 1971 pela banda glam britânica Hello. Acompanhando Frehley, entre outros, o futuro batera da banda do programa de David Letterman, Anton Fig, que se tornaria seu parceiro também em…
“FREHLEY’S COMET” (Atlantic/Megaforce, 1987). Seguindo a onda de bandas-com-dono-guitarrista (como Richie Blackmore’s Rainbow e Yngwie Malmsteen’s Rising Force), lá vinha Frehley com seu próprio projeto, co-produzido por ele, pelo lendário técnico de som Eddie Kramer (Jimi Hendrix, Beatles, Led Zeppelin) e Jon Zazula (saudoso fundador da Megaforce). Frehley vinha acompanhado por Fig (bateria), John Regan (baixo, backing vocal) e Tod Howarth (guitarras, backing vocal e voz solo em três faixas).
O resultado se localizou entre o metal, o hard rock e o rock das antigas: Frehley escreveu músicas com o experiente Chip Taylor (Rock soldiers), com o ex-colega de Kiss Eric Carr (Breakout) e com John Regan (o instrumental Fractured too). Howarth contribuiu com Something moved (uma das faixas cantadas pelo guitarrista). Russ Ballard, autor de New York groove, reaparece com Into the night, gravada originalmente pelo autor em 1984 em um disco solo. Típico disco pesado dos anos 1980 feito para escutar no volume máximo.
“TROUBLE WALKING” (Atlantic/Megaforce, 1989). Na prática, Trouble walking foi o segundo disco solo de Ace, já que os dois anteriores saíram com a nomenclatura Frehley’s Comet. A formação era quase a mesma do primeiro álbum da banda de Frehley – a diferença era a presença de Richie Scarlet na guitarra. O som era bem mais repleto de recordações sonoras ligadas ao Kiss do que os álbuns do Comet, em músicas como Shot full of rock, 2 young 2 die e a faixa-título – além da versão de Do ya, do The Move. Peter Criss, baterista da primeira formação do Kiss, participava fazendo backing vocals. Três integrantes do então iniciante Skid Row (Sebastian Bach, Dave Sabo, Rachel Bolan), também.
“10.000 VOLTS” (MNRK, 2024). Acabou sendo o último álbum da vida de Frehley: 10.000 volts trouxe o ex-guitarrista do Kiss atuando até como “diretor criativo” e designer da capa. Ace compôs e produziu tudo ao lado de Steve Brown (Trixter), tocou guitarra em todas as faixas – ao lado de músicos como David Julian e o próprio Brown – e convocou o velho brother Anton Fig para tocar bateria em três faixas. A tradicional faixa instrumental do final era a bela Stratosphere, e o spaceman posou ao lado de extraterrestres no clipe da ótima Walkin’ on the moon. Discão.
Cultura Pop5 anos agoLendas urbanas históricas 8: Setealém
Cultura Pop5 anos agoLendas urbanas históricas 2: Teletubbies
Notícias8 anos agoSaiba como foi a Feira da Foda, em Portugal
Cinema8 anos agoWill Reeve: o filho de Christopher Reeve é o super-herói de muita gente
Videos8 anos agoUm médico tá ensinando como rejuvenescer dez anos
Cultura Pop7 anos agoAquela vez em que Wagner Montes sofreu um acidente de triciclo e ganhou homenagem
Cultura Pop9 anos agoBarra pesada: treze fatos sobre Sid Vicious
Cultura Pop8 anos agoFórum da Ele Ela: afinal aquilo era verdade ou mentira?







































