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Djangos mexem no baú e regravam demo de 1997 aos poucos

Mesmo sem conseguir dar shows e sem conseguir ensaiar por causa da pandemia, a banda carioca Djangos voltou, discretamente, com um lançamento comemorativo. Lyle Diniz (baixo), Jj Aquino (bateria) e Marco Homobono (guitarra e voz) mexeram no baú, voltaram à sua demo de 1997, 100 cortes – cujas músicas ainda não haviam sigo gravadas em discos do grupo – e estão regravando as quatro canções do K7, aos poucos. Em 2021 já saíram dois singles do projeto 100 cortes revisitado, com as músicas Bibliografia (lançada em março) e Aeroporto internacional (em outubro).
Batemos um papo com Homobono, que também vem lançando vários materiais off-Djangos (solo, ou acompanhado de amigos como Gilber T) e ele contou sobre como Aeroporto internacional é ligada à sua vivência como ex-morador de um bairro muito pouco citado do Rio de Janeiro. E relembrou a época de Raiva contra oba-oba, a estreia do grupo, de 1998
Como Aeroporto apareceu na sua vida e na do Djangos?
Essa música está numa demo que a gente lançou em 1997, chamada 100 cortes. É uma demo muito importante pra gente porque foi gravada na década de 1990 lá em Curitiba. A gente tinha uma certa facilidade para viajar porque os eventos que aconteciam geravam um dinheiro que dava para pagar a passagem de ônibus, estadia… A gente não ganhava cachê, mas viajava.
Eu nunca tinha nem pensado em ir para lá, mas fui duas vezes no lançamento da coletânea Paredão, que foi no Aeroanta, e depois voltamos porque o Rodrigo Cerqueira, que era baterista do Skuba, fez um evento lá e chamou a gente para tocar. Fomos lá, o Pedro de Luna (jornalista, escritor e autor da biografia do Planet Hemp, Mantenha o respeito, entre outros livros) fez essa ponte para a gente. O Pedro inclusive foi com a gente.
E aí esse show foi até bem importante para a gente porque eu vi uma banda de ska com metais tocando lá. E isso determinou que usaríamos metais, porque eu fiquei encantado com aquilo. Enchi o saco da banda: “A gente tem que ter metais, tem que ter metais!”. O João era muito partidário do esquema de ser só o trio. Mas isso serviu para a gente fazer a parada desse jeito. O 100 cortes, como a gente gravou numa mesa e transformou numa demo, ela vendeu bastante, a galera vendia muito essa demo.
Havia um mercado grande de demos, não?
Havia um mercado aquecido, você vendia demo, mandava pelo correio, era um negócio movimentado mesmo. A galera que trabalhava no Garage – o Max, o Ricardo, o Panda, o Ronald – eles tinham essa sociedade e comercializaram essa fita. O Djangos ia começar a gravar, a compor músicas novas, a gente estava se encontrando em 2020. Mas aí veio a pandemia e a gente parou total. Nesse meio-tempo, começaram a rolar aquelas gravações que cada um fazia uma coisa no seu canto, assim… com vídeos com quadradinhos dividindo, cada um no seu ambiente de casa.
Fizemos um justamente com a música Aeroporto internacional, mas o resultado não ficou bom. Acho que aí tivemos a ideia de pegar a demo, porque ela tem quatro músicas que nunca foram gravadas em lugar nenhum. Pensamos: “Vamos fazer um projeto, 100 cortes revisitado“. Escolhemos duas músicas para começar, que foram Bibliografia e Aeroporto internacional.
Essa música apareceu porque na época, isso lá em 1996, 1997, eu estava escutando o Casa babylon, disco do Mano Negra. Tinha lá uma música chamada El Alakran (La mar esta podrida), que é muito maneira, tem um coral de crianças. E esse disco é cheio de colagens, ele usava muito sampler. Depois o Mano Chao (vocalista) usou isso no disco dele de estreia. Essa música me chamou muito a atenção, porque vem uma voz que diz “aeroporto Mano Negra!”.
Isso ficou na minha cabeça e eu: “aeroporto, aeroporto…”. Eu comecei a falar do Galeão e imaginei o entorno, que era um lugar que eu visitava bastante quando era criança. Eu morava ali onde o pessoal fala que é Higienópolis, perto de Del Castilho, do Complexo do Alemão…
Sim, sim. Um bairro que o carioca não conhece, por acaso. Você fala em Higienópolis e o cara pensa em São Paulo, não no Rio…
Verdade! Mas existe esse bairro, ali perto de Del Castilho, do Jacarezinho. Cresci ali, conheci bem aquela região. Comecei a falar de uma comunidade fictícia que ficava à beira do aeroporto. Não sei posso considerar que a Maré está na cabeceira, pode ser que ela esteja bem distante. Mas imaginei a comunidade em que o pessoal tomava banho na Maré poluída. Fui numa onda que eu acho que é bem Alagados (Paralamas), a mesma geografia que o Herbert Vianna contemplava quando ia para o fundão… foi a mesma que me inspirou ali. Comecei a falar dessa comunidade aí, da coisa de trabalho assalariado, trabalho escravo, “quero minha carta de alforria”…
Tem uma onda parecida mesmo!
É uma filha de Alagados. Eu tava até lembrando aqui que essa música aí… Os Djangos são uma banda independente, a gente faz o que pode em termos de verba para gravar. E essa música levou muito tempo para ser feita. Aconteceram várias coisas, desde computador quebrado, a gente teve que consertar computador para terminar a música. Fiquei duas semanas sem fazer nada nela… O João (Jj Aquino, baterista) eu não vejo há tempos, até mandei uma mensagem para ele e falei: “A gente tem que se encontrar, cara!”. Porque nunca mais eu encontrei com ele.
Desde 2020?
Desde 2020, foi nosso último ensaio. O pai do Lyle morreu há pouco mais de um mês, e o pai dele era meu vizinho, era um grande apoiador da banda desde o começo. Eu tô aqui em Niterói hoje e eu lembro que ele vinha trazer a gente em Niterói, no Gato Preto, no Farol. Foi um cara que ajudou muito a gente. Estive com Lyle e o João não vejo desde aquela época. E aí a gente fez isso tudo separado, o João foi num estúdio, com o maior cagaço, no meio da pandemia. “Vai ter só eu e o cara na outra sala…”, ele disse. Foi lá e gravou duas músicas na bateria.
O Lyle não tinha onde gravar e foi lá em casa. Depois que o Lyle gravou fiquei duas semanas parado, apático. Foi na semana que o Paulo Gustavo (ator) morreu, e aquilo mexeu bastante com muita gente, a perda. E depois na mesma semana teve a matança no Jacarezinho… Cara, eu fiquei deprê, sem atitude, para fazer certas coisas. Isso atrasou um pouco as coisas. A gente não tinha um prazo, não sei se isso é bom ou se é ruim, porque a gente é nosso próprio coordenador, produtor, a gente tem que se cobrar. Mas sempre fui defensor dessa música, falava “tá demorando, algumas coisas são mais cagadas mesmo que as outras, mas essa música é boa!”. E a galera curtiu, muita gente tá falando da música. Bibliografia passou meio em branco…
Eu fui ouvir Bibliografia outro dia, não tinha escutado quando saiu. A letra é bem legal, cita o nome de um monte de artistas, me lembrou até uma playlist do Ronca Ronca…
Pois é, podia ter botado o Ronca Ronca no meio! A letra foi um dos releases que eu escrevia na época. Tinha várias outras coisas, “subwoofer do DJ Marlboro”, mas na hora de fazer a música botei o que dava mais musicalidade. Era um release da banda resumido, de coisas que influenciavam a gente.
Tem mais algo do 100 cortes vindo aí?
A ideia é terminar! Porque tem mais duas músicas. Uma era uma adaptação que a gente fez do “trem maluco quando sai de Pernambuco, vai fazendo tchucotchuco até chegar no Ceará”, a gente cantava em versão mais punk. A galera gostava, pelo apelo da música infantil. E tem um hardcore misturado com reggae que são as duas últimas músicas. A gente quer gravar e botar num EP. Estamos cumprindo o script de lançar singles. Mas a gente é uma banda do milênio passado, a gente gosta mesmo é de álbum, né, cara?
Só que tem uma questão financeira aí, pra você gravar um disco legal precisa de uma grana. A gente é independente, tá correndo atrás aí de editais para bancar um EP num estúdio bem gravado, com uma produção maneira. Ou até um disco mesmo, vamos ver o que vai acontecer. Ou quem sabe alguém da banda ganha na Mega Sena! (rindo)
Eu dei a ideia da gente voltar a ensaiar em casa mesmo, retomar as músicas que a gente estava fazendo, que seriam para um terceiro disco. E pensar em voltar a tocar, né?
Os shows estão voltando, tem o Circo Voador, Audio Rebel… Como você tá vendo esse retorno aí?
Com muito receio. Fui ver um show da banda DKV aqui em Niterói, foi cobrada carteira de vacinação, todo mundo de máscara, tinha distanciamento. Mas esse vírus é traiçoeiro e o pessoal fica falando das ondas, “lá fora já tá na quarta onda, surgiram casos em Londres…” E às vezes as pessoas se comportam como se já tivesse passado, né? Eu tenho muito receio, tipo “ah, vamos ver o Djangos sei lá onde”, aí a pessoa pega covid é entubada e morre. Eu ficaria bolado com isso.
Quero mais segurança para todo mundo, isso só vai vir com o tempo. Vamos ver como as vacinas vão se comportar ao longo do tempo. Esse show que eu fui foi na Sala Nelson Pereira dos Santos, um espaço enorme, um palcão. Pensei: “Isso é o que eu gosto de fazer, mas eu tenho medo”. Prefiro ser prudente nessa hora aí.
Raiva contra oba oba, o primeiro disco de vocês, lançado em 1998 pela Warner, completa 25 anos em 2023, daqui a pouquinho. Como foi a experiência de estar numa gravadora grande?
A experiência da gravadora foi boa para a gente ter acesso a um estúdio, a uma produção, a uma estrutura boa. A gente gravou num estúdio da Barra, de 18h até a madrugada. Fizemos isso durante um mês, todos os dias da semana de segunda a sexta. O João Barone e o Tom Capone (produtores) com a gente. Eu nunca teria estrutura para bancar dois produtores desse porte. Esse fim do ciclo das gravadoras, a gente pegou uma última fase onde a estrutura fonográfica tinha a coisa do advance, que era um dinheiro que a gravadora te pagava baseado numa previsão do quanto você poderia vender. Eles te adiantavam dinheiro, a gente aproveitou essas possibilidades.
Mas eu acho que a banda era muito imatura, falo por mim. A gente não conseguiu se impor, e ao mesmo tempo que a gravadora fez tudo isso, na hora de promover foi alegada falta de verba. Viajamos com dinheiro da gravadora algumas vezes, mas foi um trabalho pequeno, não foi maciço. Teve essa imaturidade, teve a mudança do diretor artístico – porque quem contratou a gente foi o Paulo Junqueiro, e ele depois saiu. O Tom Capone entrou. Às vezes isso pode acontecer, você não está no projeto empresarial de um diretor artístico.
Ele produziu a banda, mas aí ele mudou para a direção artística, e mudou a política do selo?
Mudou. Não tinha nada garantido, a gente era uma banda iniciante. Não recebemos muito apoio para divulgar, ainda mais levando em conta a estrutura empresarial ali. E teve a imaturidade, acho que a gente não conseguiu se impor. Eu era uma pessoa muito sem autoestima, apesar de acreditar nas minhas músicas. Isso dificultou muito. Mas teve seus momentos ótimos. Foi, de qualquer maneira, um grande momento, sou grato por ter tido essa experiência.
E como foi ser produzido pelo João Barone?
Paralamas para mim é paradigma de banda de rock, acompanhei os shows, os discos. E ele tava ali, exigindo da gente, coordenando a execução, comandando coisas nas letras, “isso não tá bom, não, muda!”. Eu lembro até que uma música que fazia relativo sucesso nos shows não foi pro primeiro disco, porque o Barone não curtiu muito. Faz parte da produção.
A gente teve que escolher repertório, o Barone escolheu o que ia entrar. Tem a convivência, de ele escutar a história da gente, a gente ouvir histórias dele. Sou muito fã dele e do Capone, mas na época eu não tinha consciência da magnitude do que estava acontecendo. Hoje eu olho para trás e penso: “Passei um mês convivendo com o Barone!” (rindo). E todo dia. Ele é um grande ídolo do João, que admira muito o Barone. Foi demais.
E acho que a gente conseguiu não ter uma reverência total, tanto que conseguimos discutir coisas dos arranjos. Sempre debati com produtor e tivemos essa liberdade de debater, ele estava aberto. Não iria rolar nada no esquema do Phil Spector, que quando alguém reclamava de alguma coisa, o cara abria a gaveta e mostrava uma arma (risos). Não rolou nada disso nem com ele nem com o Capone, foi um sonho de criança. E a gente era muito novo, eu tinha 24 para 25 anos, só pensava: “Que coisa boa que aconteceu!”
A última vez que a gente conversou foi na época da música Subcarioca, um single solo seu, que falava da situação atual do Rio de Janeiro. De lá para cá, como está sua visão sobre a cidade? Mudaram prefeito, umas outras coisas…
Eu sou pessimista. Você tira os personagens que protagonizam a vida pública, a máquina, o executivo, o legislativo… mas a mentalidade continua. O povo… bom, nós, né? Nós somos alienados. A gente não sabe o que está acontecendo. Isso facilita para que Bolsonaro seja eleito presidente, por exemplo. Essa mentalidade continua, e estamos nessa situação.
Eu prefiro ser realista: a gente vai evoluir sim, mas vai levar décadas para a gente chegar no “o Brasil é uma superpotência que dá valor a seu próprio povo”. Vai demorar muito para reverter isso. Eu costumo dizer que sou uma pessoa muito deprimida e muito feliz, porque qualquer pessoa que seja observadora atenta aos fatos vai olhar para o mundo e dizer que a gente tá fodido. Mas tenho minha mulher, minha família, minha banda, minha música. Isso me faz ser feliz dentro dessa realidade.
Lançamentos
Radar: L’Impératrice, Sudan Archives, Wet Leg, Darkside, Steve Gunn

Quando fechávamos o Radar internacional, vimos que o Sugar, a segunda banda do Bob Mould depois do Hüsker Dü, voltou – e que o Guided By Voices, uma banda que a gente adora, lançou coisa nova. Vamos ter tempo de falar disso mais detalhadamente, mas é um sinal de que quando a gente acha que tá tudo fechado, a música não para mesmo. Hoje vamos da música sensual e dançante do L’Impératrice ao folk introvertido e Steve Gunn. Bora com a gente?
Texto: Ricardo Schott – Foto (L’Impératrice): Manu Fauque / Divulgação
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L’IMPÉRATRICE, “CHRYSALIS”. Essa banda francesa tem duas novidades em uma: Chrysalis, o novo single, apresenta a nova vocalista Louve, que entrou oficialmente no grupo em 2024, e também estreia como co-autora na nova faixa. O grupo, que esta prestes a fazer três shows no Brasil (no festival Rock The Mountain, dias 31 de outubro e 7 de novembro, e na Audio, em São Paulo, no dia 4 de novembro) retorna honrando as raízes dançantes e pop de seu som – fazendo “uma declaração artística sobre a constante evolução da banda e sua conexão profunda com o público internacional”, como explica o texto de lançamento.
Boa de pista, a música nova do L’Impératrice destaca os teclados viajantes e a ótima voz de Louve, que vinha de uma ótima carreira solo com dois álbuns lançados – e de uma história paralela como atriz e modelo, usando seu nome verdadeiro, Maud Ferron.
SUDAN ARCHIVES, “A BUG’S LIFE”. Sudan, que se chama na verdade Brittney Parks, anuncia seu disco The BPM (programado para 17 de outubro pelo selo Stones Throw Records) com esse novo single, uma ótima combinação de arranjo de cordas, piano patinante e batidão de house music. A letra de A bug’s life é ostentação e empoderamento puros: jogando notas de dólar para longe, Sudan cai dentro da personagem poderosa, que deixa o passado para trás, foca no futuro e no crescimento pessoal e não se arrepende de nada (“ela quer a melhor metade / ela não precisa de um homem”, diz ela, tocando no nervo do romantismo que sempre prevê um “final feliz” romântico para as mulheres).
WET LEG, “MANGUETOUT”. Música do disco mais recente do Wet Leg, Moisturizer (que resenhamos aqui), Manguetout tem vocal blasé e batida punk, e abre parecendo um rock gostosinho desses que podem tocar em rádio sem assustar ninguém – até que o refrão entra e a coisa fica meio feroz. Rhian Teasdale, uma vocalista que Fausto Silva não hesitaria em classificar como “essa fera aqui”, também dá seus sustos no clipe. Ela aparece dançando sensualmente num milharal, só que usando uma peruca que a deixa parecida com o Floquinho, o cachorro peludaço do Cebolinha – até que tira o acessório e surge banhada em sangue.
DARKSIDE, “ONE LAST NOTHING”. Trio voltado para uma mescla ousadíssima de psicodelia, eletrônica experimental e vibes dançantes, o Darkside lançou no começo do ano o álbum Nothing – e retorna com um outtake das sessões do álbum chamado… One last nothing. Um single cru, viciante, dançante e com uma textura tão viva em teclados e beats que você quase pode botar a mão no som. A sonoridade tem a ver com estilos como krautrock (a fase dançante do Can é uma ótima fonte) e dub, com alguns beats industriais surgindo aqui e ali.
STEVE GUNN, “MORNING ON K ROAD”. O norte-americano Gunn é fã da Nova Zelândia – tanto que se inspirou num reencontro que teve em Auckland com um amigo que não via há tempos para compor o lindo tema folk Morning on K Road, uma canção de seis minutos que tenta levar para os fãs a magia desse encontro inesperado. A letra tem ar de carta, trazendo Steve se dirigindo ao amigo e conversando com ele sobre temas como a força da vida, dos encontros, do destino e etc.
“Eu amo a Nova Zelândia e queria espetar um alfinete de metal no mapa daquele lugar, com essa lembrança”, afirma o cantor, que prepara seu novo álbum, Daylight daylight, para 7 de novembro, e adianta os trabalhos com essa nova música. Morning on K Road ganhou também um belo clipe, que curiosamente é formado por imagens feitas por Gunn não no seu país amado, mas na Cidade do México.
Notícias
Tem novidade para os apoiadores do Pop Fantasma

O Apoia.se, onde faço o financiamento coletivo do Pop Fantasma, tem um espaço que eu acho bem interessante no qual você pode fazer um blog, escrever textos, colocar áudio, etc.
Esse espaço já vem sendo usado por mim há tempos, mas sem muita frequência – e confesso que a falta de um foco também ajudava a melar tudo. Consigo perfeitamente ser o editor e o chefe de mim mesmo se eu tiver na cabeça um “isso é assim”, bem demarcadinho. Quando não tem, já bate o “por que é que eu tô fazendo isso mesmo?” e vai tudo embora.
A partir de hoje o espaço vai ser ocupado com uma seção que eu bolei chamada CLIMA DE ÉPOCA – uma análise rápida (a ideia não é fazer texto longo) do que está acontecendo no mundo da música, a partir das notícias, do mercado, dos discos que estão saindo, de movimentos que eu estou vendo do meu lugar (digamos) privilegiado de quem ouve música nova e antiga todos os dias.
A ideia é que a seção saia duas vezes por mês – uma na metade, outra no fim do mês. Acho que vai ser uma ótima para quem acompanha o site e é maluco/maluca por música, ou para quem vive música de forma mais profissional, seja tocando, produzindo ou escrevendo sobre ela. Detalhe: ela não sai aqui no site nem na newsletter, sai no Apoia.se.
Como eu sentia falta de um produto, ou quem sabe até um infoproduto, para presentar quem apoia o site, acho que vai ser bacana dar uma coisa diferente, e que se relacione com o negócio principal do site – que, mais do que jornalismo musical, é o fomento da conversa sobre música, da formação de insights sobre ela. O olho no olho com quem ouve música e ama ler sobre. Então acho que tem tudo para dar certo, e conto com o interesse e a curiosidade de todo mundo que acompanha o site.
Não é a única novidade – tem mais coisa vindo aí para quem apoia o site. Ainda neste mês, começa algo novo, que talvez seja semanal ou quinzenal. Aos poucos, vamos colocando a casa em ordem. Enquanto isso, se você curte o Pop Fantasma considere apoiar o site no Apoia.se. Com R$ 20 por mês, você ajuda o Pop Fantasma a continuar existindo e funcionando todos os dias!
Texto: Ricardo Schott – Arte da seção: Aline Haluch
Lançamentos
Radar: Drama Em Crise, Tomaz, Oruã, Clariá, Stela

O Radar nacional de hoje tem experimentação musical (abrindo com a psicodelia do Drama Em Crise), mas também tem música pop e guitarras bem pesadas, numa mistura musical-existencial que inclui altos astrais e vibrações mais melancólicas. Ouça tudo e ponha na sua playlist de hoje o que estiver mais de acordo com seu astral.
Texto: Ricardo Schott – Foto (Drama Em Crise): Divulgação
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DRAMA EM CRISE, “A GAIVOTA”. Essa banda de Mogi das Cruzes (SP) inspirou-se em A gaivota, peça do dramaturgo russo Anton Tchekhov (1860-1904), para compor essa música – lançada por eles em seu álbum de estreia, de 2023. Gabe Fortunato (guitarra e voz), Sérgio Jomori (baixo e backing vocals), Leo Zocolaro (bateria) e Guilherme Araújo (flauta) voltaram à canção e fizeram um clipe para ela, realizado na praia de Itaguaré, em Bertioga, litoral norte de São Paulo. O clima psicodélico e caleidoscópico do vídeo lembra os primeiros clipes do Pink Floyd – e a canção tem energia de Zé Ramalho e Mutantes.
TOMAZ, “PARTIU”. Tomaz é uma cantora, que está prestes a lançar o EP Amor e mortes (sai no finzinho de outubro) e que adianta o trabalho com mais um single e mais um clipe. Partiu segue uma onda triste contemplativa em som e imagem: Tomaz conversa com as pessoas que desistiram de seus sonhos e acabaram desistindo, de certa forma, de uma parte de si próprias, “seja por autossabotagem ou por coisas ruins que acontecem pelo caminho”, conta. No clipe, Tomaz caminha, num dia bastante chuvoso e cinzento, por uma praia de Rio das Ostras (RJ).
ORUÃ, “MÉXICO SUÍTE” / “CASUAL”. Aos poucos vai surgindo Slacker, disco novo da banda Oruã, que sai em 24 de outubro pela K Records, gravadora histórica de Seattle. Originalmente vindo do Rio, o grupo hoje mistura gente do Rio e de São Paulo na formação, e ganhou ares de supergrupo, com os ocupadíssimos Lê Almeida (guitarra/vocal), João Casaes (sintetizadores), Bigu Medine (baixo) e Ana Zumpano (bateria). México suíte, música que brinca com o sotaque carioca (com “vocês” falado como na música Por causa de você, menina, de Jorge Ben: “voxês”), e Casual são as músicas apresentadas agora. São duas faixas ligadas ao slacker rock misterioso e psicodélico, sendo que a segunda une emanações de Smashing Pumpkins e Pavement.
CLARIÁ, “21” / “ASTRAL”. Lançada pelo selo Caravela Records, Clariá vai lançar um EP autoral em dezembro e abre o trabalho com dois singles que ficam entre o pop e a MPB – e cujo universo pop inclui de indie-folk a climas confessionais, lembrando cantoras como Ariana Grande. 21 e Astral têm co-produção de Luiz Lopes (Filhos da Judith, Erasmo Carlos, A Cor do Som) e letras que falam de encontros e desencontros amorosos. Aliás, põe desencontro nisso: na letra de 21, a personagem deseja ganhar de presente no aniversário de 21 anos um reencontro com um ex-namorado que sumiu do mapa – mas reconhece: “eu não acho que essa dor seja amor / é dependência emocional”. Astral já é mais positiva.
STELA, “CONSTELAÇÃO DE ESCORPIÃO”. Mesmo sendo uma banda identificada com a onda do “rock triste”, o Stela – criado pelo músico amazonense Vinicius Lavor (voz, guitarra) e hoje complementado por Filipe Gosmano (bateria), Lygia Mel Couto (baixo) e Felipe Thibeiro (segunda guitarra) – volta falando de amor e sexo por uma perspectiva bem mais tranquila em seu novo single, Constelação de escorpião, música com guitarras pesadas que aludem tanto a Smashing Pumpkins quanto a Charlie Brown Jr, e uma letra “lisérgica e mais otimista em relação a uma possibilidade de um novo amor”, como diz o próprio Vinicius.
A banda também procurou mandar muito bem no clipe, feito na Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP), em São Paulo, com equipamento alugado pelos músicos. “Os amigos de São Paulo, mais profissionais que a gente, nos ajudaram a executar de uma forma bem legal”, alegra-se Vinicius.
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