Lançamentos
Urgente!: novidades de Dom Salvador, Motörhead, Andre 3000 e Gil em alto-mar (!)

Uma das lendas da música popular brasileira, morando há décadas nos Estados Unidos, o pianista Dom Salvador lança em breve disco novo, e pelo selo Jazz Is Dead. O álbum Dom Salvador JID024 sai agora em maio e tem produção de Adrian Younge, o homem por trás do selo (aguarde para breve, aqui no site, resenhas dos discos de Adrian e do soulman brasileiro Hyldon que acabam de sair pela gravadora). E um vislumbre do álbum já chegou às plataformas.
É o single Não podemos o amor parar, soul-samba-jazz cuja letra se resume aos versos “tem um tempo pra sentir / tem um tempo pra tocar / tem um tempo pra lutar / não podemos o amor parar”, e que serve como um hino de resistência. “Ela representa como o poder da música pode ser usado como uma linguagem universal para espalhar amor pelo mundo”, conta Adrian, que colabora na faixa ao lado do músico Ali Shaheed Muhammad.
Dom Salvador tem tanta história que não cabe aqui, mas você precisa saber, em primeiro lugar, que: 1) foi ele o responsável pelo piano suingado de Jesus Cristo, na gravação original de Roberto Carlos; 2) ele gravou discos como os básicos Dom Salvador (1969) e Som, sangue e raça (1971, como Dom Salvador e Abolição); 3) tem um documentário sobre ele e seu grupo, Dom Salvador & Abolition, que ganhou o prêmio de melhor filme no festival de documentários In-Edit (falamos com os diretores aqui).
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E do soul-jazz vamos direto pro rock barulhento: vasculharam o baú do Motörhead e acharam coisa fina. Vem aí The Manticore tapes, com uma das primeiras gravações da formação clássica da banda: Lemmy Kilmister (voz e baixo), Fast Eddie Clarke (guitarra) e Phil “Philty Animal” Taylor (bateria). O disco chega às plataformas em 27 de junho.
O material foi registrado em agosto de 1976, no estúdio Manticore — um antigo cinema em Fulham, Londres, que foi transformado em qquartel general pela banda progressiva Emerson, Lake & Palmer. A gravação? Numa máquina portátil que pertencia a Ronnie Lane (sim, o do Wings). A restauração do material foi feita por Cameron Webb, colaborador de longa data do Motörhead.
Imagina o som. Ou melhor, nem imagine, ouça: já saiu o primeiro single, com a faixa que dá nome à banda, Motörhead.
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Uma surpresa daquelas — e vinda de quem? Dele mesmo, André 3000. Na segunda-feira (5), enquanto o povo se distraía com os looks esquisitos do Met Gala, lá estava o sujeito: piano nas costas, literalmente, desfilando no tapete vermelho. E não era só figurino performático — tinha recado ali. No mesmo dia, sem aviso, pintou nas plataformas o curtíssimo 7 piano sketches, álbum instrumental, todo ao piano, que ele compôs e gravou em casa, só pra ele mesmo.
São faixas improvisadas, feitas sem pressa e sem pretensão de virarem disco. E gravadas como dava: ou com o iPhone, ou com o microfone do laptop. “Eram gravações pessoais, caseiras. Às vezes, eu as enviava por mensagem de texto para minha família e amigos”, conta ele, que gravou boa parte do material faz tempo, numa casa vazia, sem mobília alguma, que ele alugava no Texas para morar com o filho.
O som passeia entre o jazz e o easy listening, com uma parada clara na MPB — chutamos Marcos Valle e Milton Nascimento como inspirações, mas ele avisa que a lista de influências tem Thelonious Monk, McCoy Tyner, Philip Glass, Stephen Sondheim, Joni Mitchell e Vince Guaraldi. Um bilhete musical íntimo, mas que estava esperando para ser revelado ao mundo.
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Um homem da MPB ao mar. Mas calma que ninguém se afogou: Gilberto Gil decidiu aderir à onda dos shows em alto-mar e adaptou sua turnê Tempo Rei para o Navio Tempo Rei, que acontece de 1 a 4 de dezembro de 2025, partindo do porto de Santos (SP) com destino ao Rio de Janeiro a bordo do navio MSC Preziosa. A venda geral de cabines começa ao meio-dia do dia 12 de maio, no site do Navio Tempo Rei (acesse aqui). Uma pré-venda exclusiva também estará disponível para fãs que fizerem um cadastro no site oficial do cruzeiro (acesse aqui).
Lançamentos
Radar: A Mosca, Megachoir, $upply e outros sons do Groover

O Pop Fantasma tá no Groover! Por lá, artistas independentes mandam seus sons pra uma rede de curadores – e a gente faz parte desse time. O que tem chegado até nós? De tudo um pouco, mas, curiosamente (ou nem tanto), uma leva forte de bandas e projetos mergulhados no pós-punk, darkwave, eletrônico, punk, experimental, no wave e afins. Aqui embaixo, separamos alguns nomes que já passaram pelo nosso filtro e ganharam espaço no site. Dá o play, adiciona na sua playlist e vem descobrir coisa nova! (foto A Mosca: Divulgação).
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A MOSCA, “32 PORCOS”. Um grupo português que se define como “jazz-rock-eletrónico experimental”, e cujo single novo, A mosca (por enquanto apenas no Bandcamp) faz uma crítica ao capitalismo predatório e ao clima de cobra-comendo-cobra dos dias de hoje. “Querem comer a alma à cidade / e nem lavam as mãos / que porcos!”, afirma o A Mosca, em meio a uma base de guitarra, baixo, bateria e efeitos de teclado, tudo desabando.
MEGACHOIR, “NOT REVENGE”. “Viver bem não é uma vingança”, declara Erik Shveima em voz grave e teatral, no comando desse projeto de música industrial e eletrônica. O Megachoir, afirmam eles, “desceu recentemente a essa era de capitalismo de cérebro reptiliano” e disponibilizou seu som para todas as playlists, em todas as plataformas. Violência sonora das boas.
$UPPLY, “THE SAINT MARCH”. Com um som que parte do grunge e se espalha por influências de pós-punk, hip hop, jazz e até música clássica, o $upply chega com um som denso e emocional. Em The saint march, baixo marcante e clima sombrio anunciam o disco Welcome to Wasteland. A banda se define como “nascida da rebelião, da emoção crua e da introspecção” — e soa exatamente assim.
ME & MELANCHOLY, “NAIVE”. Projeto musical sueco influenciado tanto por Depeche Mode quanto por Radiohead, o Me & Melancholy (criado e liderado pelo compositor Peter Ehrling) lançiu recentemente o disco Open your eyes. O single Naive une sons eletrônicos e atmosfera sombria, com versos inconclusivos na letra.
THE NEW BORN YEARS, “BANGLADESH”. Uma banda norte-americana que deve tanto a Sparks quanto a Residents e Negativland, e que gravou discos absolutamente secretos e/ou sigilosos entre 2008 e 2013. Agora, com o catálogo chegando às plataformas, eles resgatam a faixa Bangladesh, um mergulho nas suas experimentações surrealistas.
MUELLERCRAFT, “AFTER THE FALL”. Prestando homenagem a discos como Tommy, do Who, e 2112, do Rush, o Muellercraft (projeto musical do norte-americano Jay Nelson Mueller) lançou a ópera-rock Dystopia 31, uma ficção científica que fala sobre clonagem, despotismo e revolta. Atenção aos belos synths dessa faixa, uma das melhores do álbum.
LOVE GHOST feat JAZZ MOON, “JUST ANOTHER SUNDAY”. O Love Ghost, dos EUA, uniu forças com a cantora austríaca Jazz Moon para criar uma balada shoegaze com pegada folk. Guitarras atmosféricas e uma melodia suave embalam a letra, que trata da solidão que persiste mesmo em relacionamentos a dois.
DUPLEXITY, “WAVELESS TIDE”. A dupla de irmãos que comanda o Duplexity volta ao Pop Fantasma com Waveless tide, uma pancada sonora que junta riffs do nu-metal com quebras rítmicas do pós-hardcore. Intenso e explosivo, o som parece pronto para colidir com qualquer calmaria.
JOHN CONSALVO, “IMY”. O norte-americano John Consalvo transforma a saudade em canção com IMY — sigla para “I miss you”. A faixa é um folk rock com cara de hit, daqueles que grudam na cabeça e fazem a gente se perguntar: por que isso não está tocando no rádio (que rádio?).
ZIRCON SKYEBAND, “ELVIS LIVES ON THE MOON”. Banda da casa no selo Zircon Skye, a Zircon Skyeband é formada por uma “constelação de músicos” com fixação pelo espaço. Em Elvis lives on the moon, eles embarcam num soul-country psicodélico e levam o espírito do Rei do Rock para dançar na gravidade zero
Crítica
Ouvimos: Preoccupations – “Ill at ease”

RESENHA: Preoccupations lança Ill at ease, seu melhor disco: pós-punk denso, melódico e sombrio, com ecos de R.E.M., Smiths e Interpol.
Existe algo bem forte no som da banda canadense Preoccupations (ex-Viet Cong – a alcunha mudou porque a banda começou a ter shows cancelados devido ao nome considerado ofensivo) que lembra uma mescla de Interpol, R.E.M. e Smiths. O tal “algo” inclui: vocais fortes, letras apocalípticas, climas pesados, mas tudo amaciado com vibes bem melódicas.
Ill at ease (algo como “constrangido”, “pouco à vontade”) leva essa receita ao máximo e é o melhor disco de Matt Flegel (baixo, vocais), Mike Wallace (bateria), Scott “Monty” Munro (guitarra, sintetizador) e Daniel Christiansen (guitarra) até o momento. Musicalmente é o retrato da transformação do pós-punk em, mais que um estilo musical, uma senha de compreensão musical, e uma chave de leitura para clima estranhos.
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É o que rola em Focus, uma canção sobre mal do século e culpa (“o diagnóstico é / estou fazendo o meu melhor / para esquecer tudo o que sei / mas não consigo me livrar da vergonha dos erros que cometi / deve ter acontecido aqui há mil anos’). E no pós-punk eletrônico de Bastards, uma canção que põe a nu a pose daquele ser humano que só pensa em grana e fama, mas com metáforas de fim de mundo: “talvez, quando você sentir tudo desmoronando / não há mais nada aqui para aproveitar / acho que estamos prontos para o asteroide”.
O disco aponta também para uma união entre a crueza do punk e o som dos já citados R.E.M. e Smiths (Andromeda), sons que lembram David Bowie (a faixa-título e Retrograde – essa última na onda da fase Berlim) e pós-punk robótico na cola de Can e New Order, simultaneamente (Panic). Sken tem experimentações rítmicas a rodo no começo, a ponto de confundir a/o ouvinte, e, finalizando, Krem2 é um blues pós-punk gótico e sombrio. Enfim, Ill at ease traduz inquietações com arranjos emocionantes, atmosferas densas e um senso constante de tensão.
Texto: Ricardo Schott
Nota: 8,5
Gravadora: Born Losers Records
Lançamento: 9 de maio de 2025.
Crítica
Ouvimos: Men I Trust – “Equus asinus”

RESENHA: Men I Trust lança Equus asinus, disco nostálgico e etéreo com folk desolado, pop barroco, emanações da música francesa, e clima de trilha soft porn das antigas.
Demoramos para resenhar o disco do Men I Trust, Equus asinus, lançado em março, e acabou que a banda canadense já cumpriu o que havia prometido e soltou nas plataformas Equus caballus, novo álbum e “outra face” do disco anterior.
São de fato dois discos com astrais bem diferentes um do outro – Caballus fica para uma próxima resenha, mas Asinus investe fortemente numa nostalgia ligada ao pop barroco, à música francesa e… aos temas de antigos filmes soft porn. Pois é: faixas como Girl, Bethelehem e The landkeeper caberiam bem em algum filme da franquia Emmanuelle, ou em alguma produção liberalzaça rodada numa praia deserta.
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Também é um disco marcado por estruturas musicais ligadas ao folk desolado, como em Unlike anything (“quando minha mão se for, você será o mesmo / você é diferente de tudo que eu conheço / você ainda é aquele que não pode ser domado”), I don’t like music, Frost bite, a celestial Burrow. Moon 2 é uma balada jazzística, psicodélica, derretida, que soa como uma viagem bem estranha – e é seguida por um instrumental de piano, What matters most.
Na real, o que o Men I Trust fez foi dividir seu som em dois lados diferentes, e colocar cada lado em cada disco – e a face tranquila e enevoada surge em Equus asinus. É uma opção que acaba cobrando algumas coisas do grupo: mesmo que Asinus tenha algumas músicas excelentes, o cansaço acaba vencendo várias vezes, e fica a impressão de um disco bem maior do que seus quase 45 minutos.
A curiosidade fica por conta da capa, que mostra uma foto num clima nada sexy: um casal no quarto, o homem passando roupa, a mulher de costas. Pode ser uma autozoação, mas fica na memória o que alguém disse do disco no site Album Of The Year: “Desculpe, mas a ironia não pode salvar esta capa”. E é verdade.
Texto: Ricardo Schott
Nota: 7
Gravadora: Independente
Lançamento: 19 de março de 2025
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