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Cinema

Quando John Lennon tentou defender um assassino

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Quando John Lennon tentou defender um assassino

Até 1965, ainda havia pena de morte na Grã-Bretanha. E o caso de um dos últimos assassinos condenados à forca – um sujeito chamado James Hanratty, morto em 4 de abril de 1962 – deixou John Lennon e Yoko Ono interessadíssimos por um bom tempo. Tempo suficiente, aliás, para a própria divisão de cinema da gravadora dos Beatles, a Apple, resolver fazer um documentário sobre a história, Did Britain murder Hanratty?

Hanratty, um sujeito com transtornos mentais, que vivia de bicos e já tivera quatro condenações por crimes de trânsito e invasão de domicílio, havia sido condenado pelo assassinato a tiros do cientista Michael Gregsten, num carro na rodovia A6, no Norte da Inglaterra. Valerie Storie, namorada de Gregsten, estava com ele no automóvel, e foi estuprada e baleada cinco vezes pelo assassino, ficando sem os movimentos dos membros inferiores. O caso, ocorrido em agosto de 1961, chamou a atenção pelo fato de não ter havido roubo nenhum. Isso apesar de o matador ter anunciado “um assalto”, ter pedido comida e de ter rodado com o casal no carro por vários lugares antes dos tiros.

EVIDÊNCIAS 

No começo o crime tinha dois suspeitos: um cara errante e excêntrico chamado Peter Alphon, e Hanratty. Alphon, no entanto, acabou sendo afastado da história. Valerie reconheceu Hanratty como o autor dos crimes e, a partir daí, ele foi alvo do maior julgamento da história jurídica inglesa até então (foram 21 dias). Mas até que finalmente fosse condenado à forca, o criminoso se enrolou em várias histórias e jogou vários caôs furados. Um deles foi o de que estava em Liverpool no momento do assassinato. Depois afirmou que, na verdade, tinha ido ao País de Gales vender um relógio roubado.

Finalmente, em 4 de abril de 1962, não teve mais jeito. Apesar de uma petição de mais de 90 mil assinaturas e de um monte de gente reclamando que havia evidências de que Alphon era o verdadeiro culpado, James Hanrraty foi parar nas mãos do famigerado carrasco James Allen, em Bedford, e enforcado. No dia da execução, houve protestos do lado de fora da prisão. Aliás, houve até estudantes de Oxford portando cartazes onde se lia “Acabem com o assassinato legalizado”, “Não aos enforcamentos”, “Enforcar não é a solução”.

COMITÊ DE DEFESA

Lennon e Yoko acabaram interessados no caso de Hanrraty quando estavam em plena fase bed-in, de protestos. A família de James começou as mobilizações para limpar seu nome postumamente logo depois do enforcamento. Em 1969, o pai de James, sem conseguir muito espaço na imprensa, chegou até o casal John & Yoko por intermédio de um amigo milionário. O caso Hanratty já era considerado uma injustiça por muita gente e era bastante discutido na mídia, e não era tão aleatório assim que o casal se envolvesse com a história.

O beatle e sua mulher financiaram um grupo de militantes (o Comitê de Defesa A6), que usava como alegação várias supostas inconsistências do caso, além de momentos em que Alphon teria se enrolado. John e Yoko incluíram na sua agenda protestos públicos contra a maneira como a Inglaterra levou o caso adiante. E, enfim, o cantor anunciou que o filme seria feito.

E tá aí Did Britain murder Hanratty?, feito às pressas e exibido só uma vez, no dia 17 de fevereiro de 1972 na cripta da Igreja de St. Martin-in-the-Fields, em Londres. O nome de Lennon não aparece nos créditos, mas ele costuma ser tido como “um filme de John Lennon”.

Yoko, por sua vez, apareceu berrando “Grã-Bretanha, você matou Hanratty, sua assassina!” em Don’t worry Kyoko, na gravação ao vivo do Lyceum Ballroom, em Londres. Essa gravação está no disco Some time in New York City, de 1972.

EXUMAÇÃO

O envolvimento do casal na história durou pouco. Mas a família de Hanratty continuou batalhando para que o nome do filho fosse limpo. Em 2001, atendendo a um pedido dos parentes dele, seu corpo foi exumado para que tentassem descobrir provas através do DNA. Não deu muito certo: em 2002 testes confirmaram a culpa de Hanratty no assassinato. Muito embora a família continuasse afirmando que houve contaminação das amostras por causa do pouco cuidado existente nos anos 1960 com os materiais.

Por sinal, o caso de Hanratty já virou até documentário da BBC. Tem legendas (ruins) em inglês.

Aliás, na entrevista abaixo, lá pra 1:37, dá pra ver o cartaz “Britain murdered Hanratty” atrás de Lennon.

Com informações de Canal dos Beatles.

VEJA TAMBÉM NO POP FANTASMA:

– John Lennon e Yoko Ono: apresentadores de TV por um dia
– John Lennon na TV em 1973: “Quem sabe os Beatles não voltam?”

Tem conteúdo extra desta e de outras matérias do POP FANTASMA em nosso Instagram.

Cinema

Ouvimos: Lady Gaga, “Harlequin”

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Ouvimos: Lady Gaga, “Harlequin”
  • Harlequin é um disco de “pop vintage”, voltado para peças musicais antigas ligadas ao jazz, lançado por Lady Gaga. É um disco que serve como complemento ao filme Coringa: Loucura a dois, no qual ela interpreta a personagem Harley Quinn.
  • Para a cantora, fazer o disco foi um sinal de que ela não havia terminado seu relacionamento com a personagem. “Quando terminamos o filme, eu não tinha terminado com ela. Porque eu não terminei com ela, eu fiz Harlequin”, disse. Por acaso, é o primeiro disco ligado ao jazz feito por ela sem a presença do cantor Tony Bennett (1926-2023), mas ela afirmou que o sentiu próximo durante toda a gravação.

Lady Gaga é o nome recente da música pop que conseguiu mais pontos na prova para “artista completo” (aquela coisa do dança, canta, compõe, sapateia, atua etc). E ainda fez isso mostrando para todo mundo que realmente sabe cantar, já que sua concepção de jazz, voltada para a magia das big bands, rendeu discos com Tony Bennett, vários shows, uma temporada em Las Vegas. Nos últimos tempos, ainda que Chromatica, seu último disco pop (2020) tenha rendido hits, quem não é 100% seguidor de Gaga tem tido até mais encontros com esse lado “adulto” da cantora.

A Gaga de Harlequin é a Stefani Joanne Germanotta (nome verdadeiro dela, você deve saber) que estudou piano e atuação na adolescência. E a cantora preparada para agradar ouvintes de jazz interessados em grandes canções, e que dispensam misturas com outros estilos. Uma turminha bem específica e, vá lá, potencialmente mais velha que a turma que é fã de hits como Poker face, ou das saladas rítmicas e sonoras que o jazz tem se tornado nos últimos anos.

O disco funciona como um complemento a ao filme Coringa: Loucura a dois da mesma forma que I’m breathless, álbum de Madonna de 1990, complementava o filme Dick Tracy. Mas é incrível que com sua aventura jazzística, Gaga soe com mais cara de “tá vendo? Mais um território conquistado!” do que acontecia no caso de Madonna.

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O repertório de Harlequin, mesmo extremamente bem cantado, soa mais como um souvenir do filme do que como um álbum original de Gaga, já que boa parte do repertório é de covers, e não necessariamente de músicas pouco conhecidas: Smile, Happy, World on a string, (They long to be) Close to you e If my friends could see me now já foram mais do que regravadas ao longo de vários anos e estão lá.

De inéditas, tem Folie à deux e Happy mistake, que inacreditavelmente soam como covers diante do restante. Vale dizer que Gaga e seu arranjador Michael Polansky deram uma de Carlos Imperial e ganharam créditos de co-autores pelo retrabalho em quatro das treze faixas – até mesmo no tradicional When the saints go marching in.

Michael Cragg, no periódico The Guardian, foi bem mais maldoso com o álbum do que ele merece, dizendo que “há um cheiro forte de banda de big band do The X Factor que é difícil mudar”. Mas é por aí. Tá longe de ser um disco ruim, mas ao mesmo tempo é mais uma brincadeirinha feita por uma cantora profissional do que um caminho a ser seguido.

Nota: 7
Gravadora: Interscope.

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Rock Horror Film Festival: cinema de terror em setembro no Rio

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Rock Horror Film Festival: cinema de terror em setembro no Rio

O Rock Horror Film Festival, festival carioca de filmes de terror, está de volta na praça – e vai rolar de 19 de setembro a 02 de outubro no Cinesystem de Botafogo (Zona Sul do Rio). Dessa vez, o evento vai trazer uma seleção de mais de 50 filmes de 17 países em seis categorias: Longas Sinistros, Médias Bizarros, Docs Estranhos, Curtas Macabros, Brasil Assombrado e Pílulas de Medo.

O objetivo do festival é unir terror, cultura pop e rock, e juntar os públicos das três coisas. Entre os filmes selecionados, há produções como The history of the metal and the horror, documentário de Mike Schiff repleto de nomões do som pesado (EUA), Tales of babylon, de Pelayo de Lario (Reino Unido), The Quantum Devil, de Larry Wade Carrell (EUA). Há também Death link, dirigido por David Lipper (EUA), com um time de astros e estrelas que inclui Jessica Belkin (Pretty little liars), Riker Lynch (Glee), David Lipper (Full House) e outros.

O evento também vai ter mesas redondas com  diretores, atores e outros profissionais da indústria para o público do festival, comandadas pela criadora do Rock Horror Film Festival, Chrys Rochat (Sin Fronteras Filmes), e que vão rolar no hall do Cinesystem. Entre os convidados já estão confirmados diretores da Polônia, EUA, Canadá e Brasil. Happy hours cinéfilas, shows de rock e oficinas estão no programa também, além da exibição de um filme inédito no Brasil na abertura.

Lista completa dos filmes que participarão da edição no site do festival: www.rockhorrorfilmfestival.com

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Parayba Rock Fest: filme que será exibido no evento relembra história de fotógrafo morto por covid

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Parayba Rock Fest: filme que será exibido no evento relembra história de fotógrafo morto por covid

Marcado para este domingo (28) na Areninha Cultural Hermeto Pascoal (Lona Cultural de Bangu, na Zona Oeste do Rio de Janeiro), o Parayba Rock Fest, do qual você ficou sabendo aqui, vai ter shows, DJs, exposições e várias outras atrações. E Michael Meneses, criador do selo Parayba Records e realizador da festa (que também comemora seus 50 anos de idade), vai exibir seu primeiro filme, Ver + – Uma luz chamada Marcus Vini. Michael, que é fotógrafo e professor de fotografia, iniciou o filme como trabalho de conclusão de curso de sua faculdade de Cinema.

“O que eu vou exibir no evento são os 50 minutos que já estão prontos do filme e que apareceram na apresentação do meu TCC. Ainda estou inclusive fazendo pesquisas para ele”, conta Michael, que com o filme, homenageia Marcus Vini, seu melhor amigo (“o irmão homem que eu não tive”, conta), morto por covid. Marcus era fotógrafo e, como Michael, foi professor universitário e cobriu festivais de música como o Rock In Rio.

“Marcus contraiu covid naquela época mais braba da doença, e morreu no dia em que ele deveria estar tomando a primeira dose”, lembra Michael. “Ele foi fotojornalista e curiosamente fazia aniversário no dia 19 de agosto, que é o Dia Mundial da Fotografia. E só soube disso depois que virou fotógrafo. Ele inclusive fez uma foto super importante numa enchente, que foi publicada no jornal Le Monde. A ideia do filme é focalizar o lado humanitário dele, um cara que estava sempre pensando em fazer doação de alimentos, coordenou um curso de fotografia em Madureira (Zona Norte do Rio)“. Antes do evento de Michael, o filme foi exibido também em lugares como a livraria carioca Belle Epoque.

O Pop Fantasma é um dos apoiadores do evento, ao lado de uma turma enorme. Para saber mais e comprar seu ingresso, confira o serviço abaixo.

SERVIÇO:
SHOWS COM AS BANDAS:

Netinhos de Dna Lazara, Benkens, NoSunnyDayz, New Day Rising (NDR) e Welcome To Tenda Spírita.
ALÉM DOS SHOWS:
Exibição do Documentário:
 VER+ – Uma Luz Chamada Marcus Vini – Direção: Michael Meneses
DJs: Explica e Chorão 3
Expo de fotos dos fotógrafos da Rock Press
Feira Cultural com: Disco de vinil, CDs, DVDs, roupas, livros, fanzines, artesanato, acessórios de moda rock, cultura geek e muito mais
Gastronomia Vegana: Vegazô – A Feira Vegana da Zona Oeste/RJ
DATA: 28 de julho 2024, às 14h.
LOCAL: Areninha Cultural Hermeto Pascoal – Praça 1 de Maio S/N – Bangu/RJ
INGRESSOS: antecipados aqui, na bilheteria da Areninha e na loja Requiem (Camelódromo de Campo Grande).

Foto: reprodução Instagram

 

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