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RoliMan: o voo quase solo do cara do Maskavo Roots e do Prot(o)

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RoliMan: o voo quase solo do cara do Maskavo Roots e do Prot(o)

Uma surpresa para Carlos Pinduca: o cantor e compositor Lô Borges curtiu uma foto sua do Instagram recentemente. Não foi à toa: a capa do primeiro disco de seu projeto quase solo, o RoliMan, tem um chinelo e faz referência ao “disco do tênis” do artista (1971). E o nome do EP do RoliMan não poderia ser mais claro: Queria ser Lô Borges (Mas sou só lo-fi). Mas ele garante que o nome tem um sentido mais figurado do que literal (e surgiu de uma conversa de whatsapp com um amigo, que classificou seu som como sendo de baixa fidelidade).

“Representa o fato de eu querer fazer algo mais refinado, mas acabar entregando um trabalho bem mais cru, tosco”, conta Pinduca, músico de Brasília, que tocou guitarra em bandas como Maskavo Roots, Prot(o) e, recentemente, passou pelo Brasil Cibernético. A foto da capa não surgiu sem querer e envolveu testes: Pinduca tirou primeiro a foto de um tênis All Star e de um chinelo seu. Nenhuma das duas fotos foi usada, mas a hipótese de usar um chinelo quase ficou de fora, por medo de que ninguém entendesse a paródia.

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“De novo, pedi conselho aos amigos em grupos de whatsapp e a capa do chinelo venceu, mas um amigo meu disse que o chinelo era muito novo. Então, notei que o porteiro do meu prédio tinha um chinelo do mesmo modelo que o meu, só que bem mais surrado. Num certo dia, quando cruzei com ele na portaria, pedi o chinelo dele emprestado e, em um minuto, tirei a foto e entreguei de volta”, conta Pinduca.

Vindo dos universos do reggae e do rock, Pinduca trabalha há anos na programação musical de uma rádio especializada em MPB e passou a ouvir mais música brasileira. “Há mais de uma década, eu passo oito horas ou mais do meu dia, ouvindo ou pesquisando sobre isso”, diz. E foi por causa do trabalho que passou a conhecer mais o som do Clube da Esquina, que não havia batido nele até então.

“Sabe quando, finalmente, cai a ficha de algo? Foi o que aconteceu comigo. A partir daí, virei fã, li até a biografia escrita pelo Márcio Borges, Os sonhos não envelhecem. Acho que, dadas as devidas proporções, me vejo no Lô Borges por ele ser primordialmente um compositor, que teta viabilizar o trabalho dele também tocando e cantando”, diz Pinduca, que ainda não mostrou o disco para o homenageado. “Não fiz isso ainda e nem sei se vou ter coragem de fazer”.

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O projeto começou logo depois do Brasil Cibernético acabar, em 2016. Pinduca, cujo sobrenome é Rolim, havia sugerido a junção RoliMan ainda com a banda formada. “Os integrantes do grupo detestavam o nome Brasil Cibernético. Que, na verdade, era propositalmente um anti-nome”, recorda. Em 2017, já solo, fez duas gravações, usando uma bateria eletrônica dos anos 1990. Depois gravou mais duas músicas, só que acompanhado de amigos (integrantes de bandas como Maskavo Roots e Bois de Gerião), no estúdio Sala Fumarte.

“A ideia passou a ser lançar as quatro músicas gravadas, mas a verdade é que elas não combinavam entre si. Então, parei esse projeto”, recorda. O EP que está hoje na internet é fruto da pandemia: durante o isolamento, Pinduca aprendeu a mexer no Pro-Tools e passou a gravar em casa. Um detalhe: pouco antes da pandemia começar, o músico ainda pensava em vender os equipamentos de gravação que comprara há três anos, durante uma viagem aos Estados Unidos, e que estavam parados em casa.

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“Pesquisei bastante e investi nisso. Mas, quando voltei de viagem, travei. Morro de medo de tecnologia e não consegui nem tirar a minha interface de som da caixa”, recorda. Um dia, resolveu montar tudo, pegou dicas e gravou uma música instrumental na marra. “A partir daí, vi que gravar em casa não era o bicho de sete cabeças e continuei gravando as várias músicas que eu tinha, mas ainda não pensava em lançar. Era algo só pros amigos”, recorda. O tal papo com o amigo por zap, que inspirou o título do disco do RoliMan, serviu para ele ver que havia um traço de união entre as músicas.

“Vi que esse lance de ser lo-fi podia ser até estiloso, já que praticamente ninguém mais grava músicas com baterias eletrônicas como a minha. Além disso, sempre gostei de demo tapes e vi que a intenção das minhas músicas estavam naqueles gravações. Resolvi lançar”, diz. “Eu acho que nunca teria tempo ou coragem de gravar um disco em casa se não tivesse sido forçado a permanecer tanto tempo confinado. Além disso, vi que, na pandemia, muitos artistas se permitiram lançar trabalhos mais simples”.

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“O Edgard Scandurra mesmo lançou um disco gravado pelo celular. Então, a junção de todas essas variáveis pandêmicas foi muito importante para o lançamento do meu disco”, conta ele, dizendo também que a experiência em rádio fez com quem valorizasse músicas mais diretas e até radiofônicas, como as novas Feng shui, Pra cego ver (a mais brasileira do EP) e Fuga das palavras. “Por isso, acho que o RoliMan, por exemplo, é mais pop do que o Prot(o) era”, conta.

E AS INFLUÊNCIAS?

Recentemente, Pinduca disse que achava complicado responder sobre suas influências. Daí refizemos a pergunta: o que ele estava escutando quando fez o EP do RoliMan?

“Essa é uma das perguntas mais difíceis de se responder: sobre as influências. A gente ouve tanta coisa na vida, que nem sabe o que acaba entrando no nosso trabalho musical. Geralmente, a gente escolhe algo bem nobre pra dizer para os outros: tem influência de Beatles, Beach Boys, Cream, Beethoven, mas, de repente, um Hoodoo Gurus ou um Rick Astley te influenciaram igualmente.

Sobre o que eu estava ouvindo na época da composição dessas canções, é um pouco difícil de dizer também, pois tem música no EP que foi feita há quase 20 anos e que ganhou letra há menos de dez, assim como tem música feita há três, quatro anos. O que posso dizer é que, nos últimos dez anos, eu ouvi muita música brasileira e que isso se juntou às minhas influências roqueiras passadas e deu nesse som aí”.

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Cultura Pop

Quando Suicide gravou… “Born in the USA”, do Bruce Springsteen

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Quando Suicide gravou... "Born in the USA", do Bruce Springsteen

A way of life, disco de 1988 da dupla de música eletrônica Suicide, é tido como um disco, er, acessível. Acessível à moda de Martin Rev e Alan Vega, claro. O disco pelo menos podia ser colocado tranquilamente na prateleira dos artífices da darkwave e era bem mais audível do que o comum de um grupo que havia lançado a assustadora Frankie teardrop. O disco era produzido por Ric Ocasek, líder dos Cars (que já havia produzido o segundo disco deles, de 1981, Alan Vega/Martin Rev), e tinha até uma eletro-valsinha, Surrender, além de um estiloso misto de rockabilly e synthpop, Jukebox baby 96.

O que ninguém esperava era que a dupla tivesse feito nessa mesma época uma estranhíssima versão de… Born in the USA, de Bruce Springsteen. A faixa surge numa versão ao vivo, gravada num show de Vega e Rev em 1988, em Paris. A dupla nem sequer disfarçou que a ideia era fazer uma versão bem lascada – saca só o sintetizadorzinho da música, e a referência a músicas como Lucille, de Little Richard, e o tema When the saints go marching in, logo na abertura. A “versão” da faixa resume-se a quase nada além do título da canção. Parece um karaokê do demo (e é).

A versão poderia ser uma bela pirataria, mas vira oficial nesse mês: vai aparecer em uma reedição de A way of life, prevista para o dia 26. A edição de luxo estará disponível em vinil azul transparente com Born in the USA e em CD com quatro faixas bônus, além do formato digital. O material extra inclui versões ao vivo de Devastation e Cheree, bem como uma versão inicial de estúdio de Dominic Christ. O pesquisador Jared Artaud encontrou as faixas enquanto trabalhava no arquivo de Vega, após a morte do cantor em 2016.

Quando Suicide gravou... "Born in the USA", do Bruce Springsteen

E se você não sabia, vai aí a surpresa: Springsteen tá bem longe de ser um sujeito que diria “what?” ao ser informado da existência do Suicide. Pelo contrário: era fã da dupla e costumava dizer que a estreia do Suicide, o disco epônimo de 1977, era “um dos discos mais sensacionais que já ouvi”. Em 1980, o cantor esteve com a dupla e Vega descobriu que Springsteen era seu fã – e se surpreendeu.

“Ele estava gravando o disco The river (1980) e nós estávamos gravando nosso segundo álbum em Nova York. Então tivemos uma reunião de audição do nosso álbum. Havia três ou quatro figurões da nossa gravadora, e Bruce também estava lá. Depois que tocamos o álbum, houve um silêncio mortal… exceto por Bruce, que disse, ‘Isso foi ótimo pra caralho.’ Ele fazia questão de nos dizer o quanto nos amava”, contou em 2014 ao New York Post.

Mais: um texto do site Treblezine, a partir de audições da obra de Bruce e de entrevistas do Suicide, descobre: a dupla influenciou muito o sombrio disco Nebraska, tido como o “primeiro disco solo” (sem a E Street Band) de  Springsteen (1982), basicamente um disco sobre crise, desemprego e gente à beira do desespero pela falta de oportunidades. Houve uma versão elétrica e pesada de Nebraska, mas Bruce quis lançar o disco acústico, de voz, violão e registros crus, e que de fato lembram o clima esparso do Suicide do primeiro disco.

Na dúvida, ouça State trooper, cujos uivos lembram bastante os gritos (sem aviso prévio) de Frankie teardrop. “Lembro-me de entrar na minha gravadora logo após o lançamento do meu disco”, disse Vega depois de ouvir State trooper pela primeira vez. “Eu pensei que era um dos meus álbuns que eu tinha esquecido. Mas era Bruce!”

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Cultura Pop

No podcast do Pop Fantasma, a fase de transição do Metallica

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No podcast do Pop Fantasma, a fase de transição do Metallica

A morte do baixista Cliff Burton, em 27 de setembro de 1986, desorientou muito o Metallica. Além do que aconteceu, teve a maneira como aconteceu: a banda dormia no ônibus de turnê, sofreu um acidente que assustou todo mundo, e quando o trio restante saiu do veículo, só restou encarar a realidade. A partir daquele momento, estavam não apenas sem o baixista, como também estavam sem o amigo Cliff, sem o cara que mais havia influenciado James Hetfield, Lars Ulrich e Kirk Hammett musicalmente, e sem a configuração que havia feito de Master of puppets (1986) o disco mais bem sucedido do grupo até então.

Hoje no Pop Fantasma Documento, a gente dá uma olhada em como ficou a vida do Metallica (banda que, você deve saber, está lançando disco novo, 72 seasons) num período em que o grupo foi do céu ao inferno em pouco tempo. O Metallica já era considerado uma banda de tamanho BEM grande (embora ainda não fosse o grupo multiplatinado e poderoso dos anos 1990) e, justamente por causa disso, teve que passar por cima dos problemas o mais rápido possível. E sobreviver, ainda que à custa justamente da estabilidade emocional de Jason Newsted, o substituto do insubstituível Cliff Burton…

Nomes novos que recomendamos e que complementam o podcast: Skull Koraptor e Manger Cadavre?

Estamos no Castbox, no Mixcloud, no Spotify, no Deezer e no Google Podcasts.

Edição, roteiro, narração, pesquisa: Ricardo Schott. Identidade visual: Aline Haluch. Trilha sonora: Leandro Souto Maior. Estamos aqui toda sexta-feira!

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Destaque

Dan Spitz: metaleiro relojoeiro

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Se você acompanha apenas superficialmente a carreira da banda de thrash metal Anthrax e sentia falta do guitarrista Dan Spitz, um dos fundadores, ele vai bem. O músico largou a banda em 1995, pouco antes do sétimo disco da banda, Stomp 442, lançado naquele ano. Voltaria depois, entre 2005 e 2007, mas entre as idas e as vindas, o guitarrista arrumou uma tarefa bem distante da música para fazer: ele se tornou relojoeiro (!).

A vida de Dan mudou bastante depois que o músico teve filhos em 1995, e começou a se questionar se queria mesmo aquela vida na estrada. “Fazíamos um álbum e fazíamos turnês por anos seguidos, e então começávamos o ciclo de novo – o tempo em casa não existia. É uma história que você vê em toda parte: tudo virou algo mundano e mais parecido com um trabalho. Eu precisava de uma pausa”, contou Spitz ao site Hodinkee.

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Na época, lembrou-se da infância, quando ficava sentado com seu avô, relojoeiro, desmontando relógios Patek Philippe, daqueles cheios de pecinhas, molas e motores. “Minha habilidade mecânica vem de minha formação não tradicional. Meu quarto parecia uma pequena estação da NASA crescendo – toneladas de coisas. Eu estava sempre construindo e desmontando coisas durante toda a minha vida. Eu sou um solucionador de problemas no que diz respeito a coisas mecânicas e eletrônicas”, recordou no tal papo.

Spitz acabou no Programa de Treinamento e Educação de Relojoeiros da Suíça, o WOSTEP, onde basicamente passou a não fazer mais nada a não ser mexer em relógios horrivelmente difíceis o dia inteiro, aprender novas técnicas e tentar alcançar os alunos mais rápidos e mais ágeis da instituição.

>>> Veja também no POP FANTASMA: Discos de 1991 #9: “Metallica”, Metallica

A música ainda estava no horizonte. Tanto que, trabalhando como relojoeiro em Genebra, pensou em largar tudo ao receber um telefonema do amigo Dave Mustaine (Megadeth) dizendo para ele esquecer aquela história e voltar para a música. Olhou para o lado e viu seu colega de bancada trabalhando num relógio super complexo e ouvindo Slayer.

O músico acha que existe uma correlação entre música e relojoaria. “Aprender a tocar uma guitarra de heavy metal é uma habilidade sem fim. É doloroso aprender. É isso que é legal. O mesmo para a relojoaria – é uma habilidade interminável de aprender”, conta ele. “Você tem que ser um artista para ser o melhor – seja na relojoaria ou na música. Você precisa fazer isso por amor”.

>>> POP FANTASMA PRA OUVIR: Mixtape Pop Fantasma e Pop Fantasma Documento
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