Cultura Pop
Nove + 1 relançamentos para você estourar o limite do cartão de crédito

É o POP FANTASMA contribuindo para a pobreza do nosso (ainda pequeno) núcleo de leitores: olha aí nove + 1 motivos para você gastar mais dinheiro ainda em 2017. Aceitamos alguns dos itens de presente 🙂
THE WHO – “MAXIMUM As & Bs”. Assim que você sair da Cidade do Rock (ou do festival São Paulo Trip), já pode começar a pensar em como vai gastar grana pra comprar essa caixa de cinco CDs, com todos os lados A e B do grupo, mais um livrinho de 48 páginas, incluindo memorabília, anotações de todas as faixas e fotos do período.
PETE TOWNSHEND – “SCOOP”. Os três discos de demos do guitarrista do Who, Scoop (1983), Another scoop (1987) e Scoop 3 (2001) ganham em breve edições limitadas em LP colorido – o material sai em CD também. A faixas incluem músicas gravadas pelo Who, temas que ele lançaria em edições solo e algumas inéditas. Interessantíssimo para fãs. Os lançamentos fazem parte de uma série, já que tudo solo de Townshend está chegando às lojas nas mesmas condições.
ROLLING STONES – “THEIR SATANIC MAJESTIES REQUEST”. Comemorando os 50 anos do desvio psicodélico dos Rolling Stones, a gravadora ABKCO põe nas lojas no dia 22 de setembro uma edição limitada de LP duplo e Super Audio CD duplo. A capa original em 3D voltou neste relançamento – que peca por não incluir nenhum out take do disco (Their satanic é cheio deles, só pra constar).
THE JAM – “1977”. Caixa de cinco discos para comemorar os quarenta anos dos primeiros discos do grupo britânico. Tem o disco original In the city remasterizado e acrescido de dois lados-B (All around the world e Carnaby street), as demos do LP, o segundo disco (This is the modern world, lançado em novembro de 1977) também remasterizado (mas sem bônus), sessões gravadas no programa do radialista John Peel e um DVD de clipes e aparições na TV. Imperdível ao extremo.
THE SMITHS – “THE QUEEN IS DEAD”. Dia 20 de outubro a Warner põe nas lojas a edição expandida e turbinada do clássico dos Smiths. Sai em várias versões: deluxe com 3 CDs e um DVD (incluindo o remaster do disco, demos, b-sides, um disco gravado ao vivo em Boston em 5 de agosto de 1986) e The Queen is dead – a film, de Derek Jarman), 2 CDs (o disco remasterizado com gravações extras) e 5 LPs (tudo da caixa deluxe, menos o DVD). Compre todas! Compre pra gente também!
THE REPLACEMENTS – “FOR SALE: LIVE AT MAXWELL’S 1986”. Em 29 de setembro a Rhino põe nas lojas esse disco, em LP ou CD duplo, que traz um dos últimos shows antes da saída do guitarrista Bob Stinson. Esse disco já havia sido pirateado durante vários anos.
RAMONES – “LEAVE HOME”. O segundo disco dos Ramones volta em edição comemorativa de quarenta anos, trazendo lados-B, outtakes e um show da época no CBGB’s. São três CDs e um LP – e ainda tem uma versão CD simples, remasterizada, para quem não pode pagar muito. E ainda tem uma edição deluxe com um livro de capa dura, com quarenta páginas.
DAVID BOWIE – “A NEW CAREER IN A NEW TOWN”. Dia 29 de setembro os fãs de Bowie ganham a terceira caixa da série retrospectiva do cantor, com os discos da fase Berlim – incluindo faixas que não saíram nos LPs, o EP Heroes e versões exclusivas dos singles. Sai em 11 CDs e 13 LPs.
SEX PISTOLS – “NEVER MIND THE BOLLOCKS”. Lançada originalmente em 2012, a edição de luxe do único disco dos Sex Pistols retorna às lojas em 27 de outubro, um dia antes da comemoração de 40 anos do álbum. No pacote, três CDs (o disco original com b-sides, um CD com out-takes e um CD ao vivo gravado em 1977). E ainda tem um DVD com o famigerado show da banda em alto-mar, no Tâmisa. Um livro de 48 páginas acompanha a pacoteira.
Never Mind The Bollocks, Here’s The Sex Pistols 40th anniversary box set, out October 27th. 3 CD’s, 1 DVD. https://t.co/eLIbYHfYzP pic.twitter.com/zlmMyJ1Z1n
— Sex Pistols Official (@pistolsofficial) September 20, 2017
BRITNEY SPEARS – “…BABY ONE MORE TIME”. Nunca antes na história da música pop isso aconteceu: Britney relançou em vinil seu primeiro álbum, de 1999, um marco da era do CD – é o que tem hits como a faixa-título e (You drive me) crazy. Como já imagino que você vai comprar correndo, aviso que são só 2.500 cópias.
DON'T WAIT ON THIS: ? @britneyspears' iconic …Baby One More Time is available for preorder on vinyl, only at UO! https://t.co/AwXo2HcZfh pic.twitter.com/SZwaTNpzHJ
— Urban Outfitters (@UrbanOutfitters) August 14, 2017
Cultura Pop
Urgente!: O silêncio que Bruce Springsteen não quebrou

Tá aí o que muita gente queria: Bruce Springsteen vai lançar uma caixa com sete álbuns “perdidos”, nunca lançados oficialmente. O box vai se chamar Tracks II: The lost albums (é a continuidade de Tracks, caixa de 4 CDs lançada em 1998) e nasceu de uma limpeza que Bruce fez nos seus arquivos durante a pandemia. Pelo que se sabe até agora, o material inclui sobras das sessões de Born in the USA (1984) e gravações da fase eletrônica dele, no comecinho dos anos 1990 – inclusive um disco inteiro desse período, que nunca viu a luz do dia.
Essa notícia caiu nos sites na semana passada e trouxe de volta um detalhe que os fãs de Bruce já conhecem bem: ele tem muito material inédito guardado – e material bom. Em uma entrevista à Variety em 2017, ele mesmo comentou que sabia ter feito mais discos do que os que lançou, mas que havia motivos sérios para manter alguns deles nas gavetas.
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“Por que não lançamos esses discos? Não achei que fossem essenciais. Posso ter achado que eram bons, posso ter me divertido fazendo, e lançamos muitas dessas músicas em coleções de arquivo ao longo dos anos. Mas, durante toda a minha vida profissional, senti que liberava o que era essencial naquele momento. E, em troca, recebi uma definição muito precisa de quem eu era, o que eu queria fazer, sobre o que estava cantando”, disse na época (o link do papo tá aqui – é uma entrevista longa e bem legal).
Com o tempo, vários desses registros acabaram saindo em boxes e coletâneas. Um deles foi The ties that bind, um disco de pegada punk-power pop que seria lançado no Natal de 1979 – e que acabou virando uma espécie de esboço inicial do disco duplo The river, de 1980. Pelo menos saiu uma caixa em 2015 chamada The ties that bind: The River collection, com todo o material dessa época, inclusive o tal disco descartado (além de um material que formava quase um suposto disco de punk + power pop que teria sido abandonado).
Um texto publicado na newsletter do músico Giancarlo Rufatto recorda que Bruce infelizmente deixou de fora do novo box alguns álbuns que realmente mereciam ver a luz do dia. Um deles é um álbum solo (sem a E Street Band, enfim), com uma sonoridade country ’n soul, que foi gravado em 1981. Esse disco teria sido abandonado durante um período de depressão, que resultou em isolamento e na elaboração do disco cru Nebraska (1982), feito em casa com um gravador de quatro canais, só voz e violão.
Bruce até parece fazer referência a esse álbum perdido na entrevista da Variety. “Esse disco é influenciado pela música pop da Califórnia dos anos 70”, contou. “Glen Campbell, Jimmy Webb, Burt Bacharach, esse tipo de som. Não sei se as pessoas vão ouvir essas influências, mas era isso que eu tinha em mente. Isso me deu uma base pra criar, uma inspiração pra escrever. E também é um disco de cantor e compositor. Ele se conecta aos meus discos solo em termos de composição, mais Tunnel of love e Devils and dust, mas não é como eles. São apenas personagens diferentes vivendo suas vidas.”
Outro material bastante esperado pelos fãs – e que também não está na caixa – é o Electric Nebraska, a tentativa de Bruce de gravar com a E Street Band as músicas que acabaram no Nebraska. Nem ele, nem o empresário Jon Landau, nem os co-produtores Steven Van Zandt e Chuck Plotkin gostaram do resultado, e as gravações foram trancadas a sete chaves. Nem em bootlegs esse material apareceu até hoje. Pra você ter ideia, Glory days, que só sairia no Born in the USA (1984), chegou a ser ensaiada e gravada junto.
Quase todo mundo próximo a Bruce acredita que ele nunca vai lançar oficialmente essas gravações elétricas do Nebraska. Max Weinberg, baterista da E Street Band desde 1974 (com algumas pausas), confirmou a existência desse material em 2010, numa entrevista à Rolling Stone, e disse que adoraria ver tudo lançado.
“A E Street Band realmente gravou todo o Nebraska, e foi matador. Era tudo muito pesado. Por melhor que fosse, não era o que Bruce queria lançar. Existe um álbum completo do Nebraska, todas essas músicas estão prontas em algum lugar”, revelou. Bruce pode até guardar discos inteiros na gaveta, mas esse é um daqueles casos em que o silêncio guarda várias histórias – que podem render surpresas bem legais.
E ese aí é o lyric video de Rain in the river, uma das faixas programadas para Tracks II (a faixa sai num disco montado durante a elaboração do box, Perfect world).
Cultura Pop
Urgente!: Supergrass, Spielberg e um atalho recusado

Coisas que você descobre por acaso: numa conversa de WhatsApp com o amigo DJ Renato Lima, fiquei sabendo que, nos anos 1990, Steven Spielberg teve uma ideia bem louca. Ele queria reviver o espírito dos Monkees – não com uma nova versão da banda, como uma turma havia tentado sem sucesso nos anos 1980, mas com uma nova série de TV inspirada neles. E os escolhidos para isso? O Supergrass.
O trio britânico, que fez sucesso a reboque do britpop, estava em alta em 1995, quando lançou seu primeiro álbum, I should coco. Hits como Alright grudavam na mente, os vídeos eram cheios de energia, e Gaz Coombes, o vocalista, tinha cara de quem poderia muito bem ser um monkee da sua geração. Spielberg ouviu a banda por intermédio dos filhos, gostou e fez o convite.
Os ingleses foram até a Universal Studios para uma reunião com o diretor – com direito a recepção no rancho dele e papo sobre fase bem antigas da série televisiva Além da imaginação. O papo sobre a série, diz Coombes, foi proposital, porque a banda sacou logo onde aquilo poderia dar. “Talvez eu estivesse tentando antecipar a abordagem cafona que seria sugerida, tipo a banda morando junta como os Monkees”, contou Coombes à Louder, que publicou um texto sobre o assunto.
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A proposta era tentadora. Mas eles disseram não. “Foi lisonjeiro e muito legal, mas ficou óbvio para nós que não queríamos pegar esse atalho”, explicou o vocalista, afirmando ter pensado que aquilo poderia significar o fim do grupo. “Você pode acabar morrendo em um quarto de hotel ou algo assim, ou então a produção quer apenas um de nós para a próxima temporada. Foi muito engraçado, respeitosamente muito engraçado”.
O tempo passou. E agora, em 2025, I should coco completa 30 anos (mas já?). O Supergrass, que se separou no fim dos anos 2000, voltou para tocar o disco na íntegra e alguns hits em festivais como Glastonbury e Ilha de Wight.
Aqui, o trio no Glastonbury de 2022.
Foro: Keira Vallejo/Wikipedia
Crítica
Ouvimos: Lady Gaga, “Mayhem”

Tudo que é mais difícil de explicar, é mais complicado de entender – mesmo que as intenções sejam as melhores possíveis e haja um verniz cultural-intelectual robusto por trás. Isso vale até para desfiles de escolas de samba, quando a agremiação mais armada de referências bacanas e pesquisas exaustivas não vence, e ninguém entende o que aconteceu.
Carnaval, injustiças e polêmicas à parte, o novo Mayhem foi prometido desde o início como um retorno à fase “grêmio recreativo” de Lady Gaga. E sim, ele entrega o que promete: Gaga revisita sua era inicial, piscando para os fãs das antigas, trazendo clima de sortilégio no refrão do single Abracadabra (que remete ao começo do icônico hit Bad romance), e mergulhando de cabeça em synthpop, house music, boogie, ítalo-disco, pós-disco, rock, punk (por que não?) e outros estilos. Todas essas coisas juntas formam a Lady Gaga de 2025.
Algo vinha se perdendo ou sendo deixado de lado na carreira de Lady Gaga há algum tempo, e algo que sempre foi essencial nela: a capacidade de usar sua música e sua persona para comentar o próprio pop. David Bowie fazia isso o tempo todo – e ele, que praticamente paira como um santo padroeiro sobre Mayhem, é uma influência evidente em Vanish into you, uma das faixas que melhor representam o disco. Aqui, Gaga entrega dance music com alma roqueira, um baixo irresistível e um batidão que evoca tanto a fase noventista de Bowie quanto o synthpop dos anos 1980.
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Mais coisas foram sendo deixadas de lado na carreira dela que… Bom, sao coisas quase tão difíceis de explicar quanto as razões que levaram Gaga a criar um álbum considerado “difícil” como Artpop (2013), enquanto simultaneamente mergulhava no jazz com Tony Bennett e preparava-se para abraçar o soft rock no formidável Joanne (2016), um disco autorreferente que talvez tenha deixado os fãs da primeira fase perdidos. Em outro tempo, Madonna parecia autorizada a mudar como quisesse, mas quando Gaga fazia o mesmo, deixava no ar notas de desencontro e confusionismo. O pop mudou, as décadas passaram, o público mudou – e todas as certezas evaporaram.
É nesse cenário que Mayhem equilibra as coisas, entregando um pop dançante, consciente e orgulhoso de sua essência, mas ao mesmo tempo sombrio e marginal. Há momentos de caos organizado, como em Disease e Perfect celebrity – esta última começa soando como Nine Inch Nails, mas, se você mexer daqui e dali, pode até enxergar um nu-metal na estrutura. Killah traz uma eletrônica suja, um refrão meio soul, meio rock que caberia num disco do Aerosmith, enquanto Zombieboy aposta no pós-disco punk, evocando terror e êxtase na pista (por acaso, Gaga chegou a dizer que o disco tem influências de Radiohead, e confirmou o NiN como referência).
Na reta final, o álbum se aventura por outros terrenos: How bad do U want me e Don’t call tonight flertam com o pop dinamarquês dos anos 90 (e são, por sinal, as únicas faixas pouco inspiradas do disco); The beast tem cara de trilha sonora de comercial de cerveja; e Lovedrug mergulha na indefectível tendência soft rock que surge hoje em dia em dez entre dez discos pop. Essa faixa soa como um híbrido entre Fleetwood Mac e Roxette – como se Gaga estivesse pensando também na programação das rádios adultas de 2035.
O desfecho de Mayhem chega como um presente para o ouvinte: Blade of grass é uma balada melancólica de violão e piano, que ecoa tanto a tristeza folk dos anos 70 quanto a melancolia do ABBA, crescendo em inquietação à medida que avança. E então, como quem perde um pouco o tom, o álbum termina com… Die with a smile, a já conhecida balada country-soul gravada em parceria com Bruno Mars, lançada há tempos como single. Dentro do contexto do disco, ela soa mais como um apêndice do que como um encerramento – uma nota de rodapé onde se esperava um ponto final. Nada que chegue a atrapalhar a certeza de que Lady Gaga conseguiu, mais do que retornar ao passado, unir quase todos os seus fãs em Mayhem.
Nota: 8,5
Gravadora: Interscope
Lançamento: 7 de março de 2025.
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