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Cultura Pop

MTV Unplugged: quinze shows desplugados que a estação fez e você nem sabia

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MTV Unplugged: quinze shows desplugados que a estação fez e você nem sabia

MTV Unplugged, Acústico MTV, ou o que o valha, não importa. O formato, que marcou época entre os anos 1990 e 2000, foi tendo um e outro lançamento nessa década. E acaba de marcar um golaço com MTV Unplugged – Summer Solstice, disco novo da banda norueguesa A-Ha. Tá levando uma turma enorme a descobrir o quanto as canções do trio eram excelentes. E o formato, pelo menos lá fora, retornou mesmo. Shawn Mendes e o grupo indie-pop Bleachers já fizeram os seus, e os fãs adoraram.

O formato fez com que uma turma enorme (ainda mais no Brasil) mudasse a própria rota. Mas desde que os primeiros “acústicos” foram levados ao ar pela MTV, rolou muita coisa. Nem sempre a estação o viu como um campeão de audiência, nem artistas e gravadoras o viram como prioridade. E até que “MTV Unplugged” virasse uma marca forte, muitas tentativas foram feitas pela estação. Confira abaixo quinze shows desplugados que a MTV fez e você nem sabia. Ou nem lembrava.

JETHRO TULL O grupo de Ian Anderson esteve na estação em 1987 e soltou versões acústicas de Serenade to a cuckoo e Skating away (On the thin ice of the new day). O nome MTV Unplugged não existia, mas tem quem considere isso o primeiro “acústico” exibido pela estação.

https://www.youtube.com/watch?v=sotzgSvjZUQ

XTC. A MTV gostou tanto do resultado com o Tull que chamou o XTC para gravar um número acústico lá. Na época, o grupo estava lançando um de seus melhores discos, Oranges and lemons (1989). Destaque para a bela King for a day.

SQUEEZE. Pronto: o nome “MTV Unplugged” começava, em 31 de outubro de 1989. O primeiro grupo a ser convidado para o novo conceito foi o Squeeze, que dividiu o palco com outros artistas (a cantora e compositora Syd Straw e o guitarrista dos Cars, Elliot Easton). E na época, “acústico” era basicamente entendido como interpretar uma canção quase no esqueleto. Não havia tratamento especial, arranjos especiais, nada disso.

https://www.youtube.com/watch?v=8iEvU_wymAY

AEROSMITH. A MTV deu uma baita bola fora não lançando o show acústico que o grupo fez por lá em 1990. De volta às paradas, releram clássicos como Dream on e Toys in the attic em versões blueseiras. E ainda complementaram com versões de Doors (Love me two times), Yardbirds (Train kept a rollin) e outros.

JOE WALSH E DR. JOHN. Por um momento, o formato serviu para que a emissora tentasse exibir configurações especiais de shows. A apresentação que uniu o ex-Eagles ao pianista foi uma delas. Quem se acostumou a ver tudo certinho no MTV Unplugged vai estranhar. Músicos chutam cases sem querer e Walsh parece perdido no palco. O apresentador Jules Shear (sim, havia um apresentador) canta duas músicas. Rolou em 1990.

YO! UNPLUGGED RAP. Rap acústico, hoje em dia, é mais do que comum. Em 1991, era altamente inovador. Em 1º de maio daquele ano, a MTV reuniu no mesmo palco A Tribe Called Quest, De La Soul, LL Cool J e MC Lyte. Quem viu não esquece.

https://www.youtube.com/watch?v=OrF4ZmpfcUI

THE CURE. O grupo britânico ligado ao pós-punk tocou lá em 1991. E deu na medida do possível, um ar hippie ao Unplugged. Tudo graças às percussões e à condução mântrica de Let’s go to bed. Fez também versões voz-e-violão para Just like heaven, Boys don’t cry e outras. Um registro da época em que o formato ainda permitia experimentações e rascunhos.

MARIAH CAREY. A versão dela para I’ll be there, do Jackson 5, que você ouve até hoje no rádio, veio daí. O Unplugged de Mariah foi feito em março de 1992, inicialmente apenas para ajudar na divulgação do segundo disco, Emotions (1991). Na época, rendeu apenas um EP de cinco faixas, que vendeu mais de dez milhões de cópias. Bom, esse aí você provavelmente sabia que existia (eu nem lembrava).

https://www.youtube.com/watch?v=3Cj9ENh7j0k

QUEENSRYCHE. Fazendo sucesso com uma balada acústica, Silent lucidity, o grupo de heavy metal encarou o palquinho do MTV Unplugged em abril de 1992. O engraçado é que alguém conseguiu toda a filmagem do show, sem cortes e edições, e jogou no YouTube.

JOÃO BOSCO. O fato de o cantor ter gravado um Acústico em 1992 não é tão desconhecido assim. O CD João Bosco Acústico fez até bastante sucesso. Mas o fato de não haver menção à MTV na capa do disco possivelmente faz até hoje com que muita gente pense que o primeiro CD da série gravado por um artista brasileiro foi o de Gilberto Gil, em 1994. Não foi, não.

BARÃO VERMELHO. E o de Gilberto Gil também não foi o primeiro porque, um ano antes até do de João Bosco, o Barão Vermelho gravou o seu Acústico MTV. Foi gravado em 1991 e só saiu em 2006 num box da banda, MTV Barão Vermelho.

Vale citar que nem o Barão Vermelho foi o primeiro. Quando o conceito do MTV Unplugged foi trazido ao Brasil, em 1990, a estação gravou um Acústico com Marcelo Nova. Mas era um programa piloto e nem foi ao ar.


ROXETTE.
Um show bem interessante que a MTV e a EMI (gravadora do Roxette) não lançaram. E perderam para o mercado pirata. Em 1993, o grupo sueco se tornou o primeiro artista de país de língua não-inglesa a aparecer no MTV Unplugged americano. Fizeram um show de quase uma hora e meia com vários hits. E regravações de músicas de Byrds (So you want to be a rock and roll star) e Aretha Franklin (I never loved a man the way I loved you). Showzão.

DURAN DURAN. Em 1993, popularíssimos por causa do Wedding album, os rapazes gravaram um episódio da série. Também não saiu em DVD, mas a MTV Brasil passava bastante o grupo tocando Ordinary world em formato acústico.

PHIL COLLINS. Pouca gente lembra disso, mas o carequinha rei do pop fez um Acústico MTV, em 1994. Só que o cantor andava com a popularidade meio em baixa nos EUA e o show foi exibido apenas na Europa. Os fãs adoraram e muitos acharam uma grande pena que essa apresentação nunca tenha saído em CD ou DVD.

https://www.youtube.com/watch?v=f7ZyztW3u8w

GIORGIA. Se você nunca ouviu falar, é uma cantora italiana que faz r&b e costuma ser comparada com Whitney Houston. E em 2005 ela gravou o primeiro MTV Unplugged da operação do canal na Itália. Foi bem sucedido a ponto de ela ganhar disco de platina tripla.

E já que você chegou até aqui, pega aí o Right Said Fred (lembra?) tocando o hit I’m too sexy em versão quase acústica, com violão, baixolão e guitarra. Não, a MTV não fez um Acústico com eles. Foi um vídeo que eles fizeram para o MTV Most Wanted em 1993.

Cultura Pop

No nosso podcast, a época em que o Killing Joke revolucionou o pós-punk

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No nosso podcast, a época em que o Killing Joke revolucionou o pós-punk

Drogas, caos, peso, ocultismo, iluminação espiritual e paixão pela violência e pelo proibido marcaram a carreira do Killing Joke – e marcam até hoje, já que a banda ainda existe. Do começo até meados dos anos 1980, Jaz Coleman, Youth (e depois Paul Raven), Paul Ferguson e o recém-falecido Geordie inseriram mais e mais perigo num estilo musical, o pós-punk, marcado pela insinuação e pela exploração de demônios interiores.

No nosso podcast, o Pop Fantasma Documento, o assunto de hoje é a melhor fase do Killing Joke, uma das bandas mais misteriosas da história do rock, responsável por aproximar estilos como pós-punk, gótico e heavy metal. Terminamos no disco Brighter than a thousand suns (1986), mas a história do grupo ainda inclui muitos outros discos – ouça tudo.

Século 21 no podcast: Girls In Synthesis e Plastique Noir.

Estamos no Castbox, no Mixcloud, no Spotify e no Deezer .

Edição, roteiro, narração, pesquisa: Ricardo Schott. Identidade visual: Aline Haluch (foto: reprodução internet). Trilha sonora: Leandro Souto Maior. Vinheta de abertura: Renato Vilarouca. Estamos aqui de quinze em quinze dias, às sextas! Apoie a gente em apoia.se/popfantasma.

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Ouvimos: Ramones, “Halfway to sanity” (relançamento)

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Ouvimos: Ramones, “Halfway to sanity” (relançamento)

Que ironia: um disco nota 6 dos Ramones causa crises de saudades e revisionismo histórico e… pelo menos aqui no Pop Fantasma, aumenta de cotação. Halfway to sanity (1987) volta agora às lojas brasileiras (as online e as que resistem), e no formato CD. Foi o último disco gravado com Richie Ramone na bateria, pouco antes do grupo fazer uma tentativa de colocar o ex-Blondie Clem Burke para substituí-lo.

Dizer que “o disco tal dos Ramones foi marcado por brigas durante a gravação” é chover no molhado, ainda mais em se tratando de uma banda que tinha o intransigente Johnny Ramone como guitarrista. Halfway, décimo álbum da banda, lançado originalmente em 15 de setembro de 1987, por sua vez, é um caso à parte: a porrada comeu antes, durante e depois. Para começar, em janeiro daquele ano, o grupo baixou em São Paulo para três shows – o primeiro deles terminou em briga generalizada provocada por skinheads.

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  • Temos episódios do nosso podcast sobre Ramones e Blondie.

No meio das gravações, Joey e Johnny Ramone, inimigos íntimos, não se entendiam. O produtor Daniel Rey tinha problemas de comunicação com boa parte da banda. Dee Dee Ramone (ainda no baixo do grupo), passava boa parte do tempo doidão, não conseguia se comunicar com ninguém e – dizem – teve suas partes de baixo tocadas por Rey. Pessoas que lidavam com os Ramones de perto dizem que a banda já estava de saco cheio de trabalhar feito louca, gravar um disco por ano e não ser reconhecida, com direito a amigos da onça perguntando a eles “quando a banda iria estourar”.

E aí que Halfway soa insano, embora sob controle. Curtíssimo (12 músicas em 30 minutos e uns quebrados), o álbum traz os Ramones fazendo algumas incursões pelo hard rock e pelo hardcore, com direito a vocais berradíssimos de Joey Ramone em faixas como I know better now, a agitada Weasel face (na qual a voz do cantor chega a lembrar a de Alice Cooper) e o skate punk legítimo I’m not Jesus. O grupo chega perto do pós-punk gótico em Garden of serenity, adere ao som tribal na onda do Public Image Ltd em Worm man, e soa revivalista na balada Bye bye baby (com cara de canção de girl group, e escrita, claro, por Joey) e no rock vintage Go lil Camaro go, marcado por uma apagada participação de Debbie Harry.

1987 foi um ano de três bateristas para os Ramones: com Halfway em curso, Richie saiu brigado da banda, e deu lugar para Clem Burke – jornalistas lançaram a piada de que ele adotaria o nome Clemmy Ramone, mas ficou mesmo como Elvis Ramone. Não deu certo e após dois shows confusos, Marky Ramone, que estava afastado da banda desde 1983, retornou. Hoje, vale a redescoberta.

Nota: 7,5
Gravadora: ForMusic (no Brasil)

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Crítica

Ouvimos: Nick Lowe e Los Straitjackets, “Indoor safari”

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Ouvimos: Nick Lowe e Los Straitjackets, “Indoor safari”
  • Indoor safari é o novo disco do cantor, compositor e produtor britânico Nick Lowe. Um artista cuja carreira vem desde meados dos anos 1960, mas que se notabilizou a partir dos anos 1970, primeiro como integrante das bandas Brinsley Schwarz e Rockpile, depois como artista solo lançado por gravadoras como a indie Stiff e a indie-major Radar.
  • O disco é uma compilação de gravações feitas ao longo de dez anos por Lowe com a banda retrô-lounge-surf Los Straitjackets, que sempre se apresenta disfarçada por máscaras de wrestling. O cantor e o grupo já haviam lançado um álbum ao vivo em 2016.
  • Indoor safari sai pelo selo Yep Roc, iniciado em 1997 e cujo elenco já teve de Fountain Of Wayne a Bob Mould e Gang Of Four.

Figurinha indispensável dos anos 1970, brilhante como cantor, compositor e produtor, rei da transição entre pub rock, punk e new wave (seu som passa pelos três estilos)… Nick Lowe é aquele cara que provavelmente, no Brasil, muita gente conhece sem conhecer. Volta e meia ele é citado por aí como nomão influente, artistas como Elvis Costello já trabalharam com ele, e sua discografia, além de já ser bem extensa, inclui músicas que volta e meia rolam no rádio até mesmo no Brasil, como So it goes, Crackin up e Cruel to be kind.

Drogas e problemas pessoais deixaram a história de Nick mais conturbada, mas ele nunca parou. De qualquer jeito, a carreira discográfica de Lowe meio que ficou no para-e-anda depois de 2013, quando ele lançou Quality street, disco de Natal. Em compensação, ele saiu em turnê para divulgar o álbum ao lado de uma banda chamada Los Straitjackets, uma banda da mesma gravadora que ele (Yep Roc), dedicada a rock extremamente vintage – surf music, rockabilly e coisas próximas do bubblegum – com cada integrante usando uma máscara de wrestling.

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Isso aí era Lowe, que já foi visto como um revisionista futurista, voltando-se para um som clássico de rock, ao lado de uma galera bastante animada. Tão animada que o enrosco com a banda rendeu turnê e alguns singles. E agora rende uma espécie de coletânea expandida, Indoor safari, com os compactinhos que ele vem gravando ao lado dos Straitjackets, mais três músicas inéditas. Uma das novas canções, a surfística Went to a party, surge na abertura soando como o Who ou os Kinks dando vida nova a uma canção dos anos 1950 – ou alguma música perdida de bandas como Kingsmen ou Rivingstones.

Indoor safari não é um disco “novo”, mas isso não o torna menos valoroso. Os Straitjackets e Lowe fazem um disco de rock quase 100% autoral que poderia ter saído em 1961 ou 1962, com músicas que, se tivessem sido feitas naquela época, estariam no set list do show dos Beatles em Hamburgo, ou entre as releituras dos primeiros discos deles. De qualquer jeito, há dois covers, A quiet place, de um grupo chamado Garnett Mimms & The Enchanters, original de 1964; e Raincoat in the river, gravada originalmente por Ricky Nelson.

O clima lounge prometido pela foto da capa surge amplificado em músicas como Love starvation, a tristezinha rocker de Crying inside, a maravilha meio Motown meio Beatles Jet pac boomerang (encerrada com uma citação de Please please me, dos quatro de Liverpool), a selvageria rocker de Tokyo bay e a bateção irresistível de violão e guitarra de Trombone. Cada riff de guitarra soa como anúncio de duelo, numa onda meio surf rock de faroeste. Ouça no volume máximo.

Nota: 9
Gravadora: Yep Roc

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