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Cultura Pop

E Here’s Little Richard, que fez aniversário?

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E Here's Little Richard, que fez aniversário?

Em 1956, Little Richard virou mania. Não só por causa do sucesso de milhões de Long tall Sally e Tutti frutti, como também pelo fato de integrar pessoas brancas e negras em suas plateias, em regiões altamente segregadas dos Estados Unidos (nas quais também era um dos raros artistas negros a serem convidados para fazer shows). Isso foi acontecendo quando o cantor, compositor e pianista começou a viajar pelos EUA numa turnê que incluía nomes como Fats Domino e Chuck Berry – uma espécie de “pacote” que apresentava os primeiros grandes nomes do rock para a juventude da época.

Foi uma fase que durou pouco: Richard, no meio de uma turnê (iniciada em 1957) em que se apresentava ao lado de Eddie Cochran e Gene Vincent, anunciou que iria se converter ao cristianismo. Isso aconteceu após ele ter tido supostas visões durante um voo na Austrália (“os anjos estavam me segurando”). E de ter tido um avistamento durante um show (Richard viu uma bola vermelha que era nada menos que o satélite Sputnik, mas não adiantou muito terem avisado isso para ele).

Richard passou vários anos gravando discos gospel, exaltando deus e a família, e declarando seu mais profundo arrependimento pelo estilo de vida “devasso”. O que aconteceu, na real, foi uma experiência comparável ao destino de artistas que encerram suas carreiras num primeiro disco (Sex Pistols, New Radicals) ou no máximo lançam um segundo que têm pouco fôlego e sai impactado pelo fim (Secos & Molhados).

Richard Penniman (seu nome verdadeiro) já havia conquistado o mundo. Ele havia feito sucesso extremo com a estreia Here’s Little Richard, lançado em 4 de março de 1957 (opa, 65 anos!). Conseguiu esticar a boa fase, mesmo sob o impacto da conversão, para mais dois discos: Little Richard (em julho de 1958), o LP que reuniu hits como Lucille e Keep a knockin’, e The fabulous Little Richard (setembro de 1958), o álbum de All night long e Kansas city. Mas o debute foi o que marcou a primeira imagem pública do cantor e compositor.

Here’s Little Richard saiu por um dos primeiros selos especializados em rock e rhythm’n blues dos Estados Unidos, Speciality. O álbum aproveitava o sucesso do cantor servindo como uma espécie de coletânea de singles turbinada: eram seis sucessos, incluindo as já populares Long tall Sally, Tutti frutti e Jenny Jenny, além de três lados B e mais três inéditas feitas especialmente para o disco. Era assim que se fazia LPs no início do comércio de álbuns – e ainda por cima Here’s era o primeiro LP de doze polegadas da Speciality, um selo inicialmente pensado para mexer com o valoroso mercado de singles.

O legado que Richard deixa em seu disco de estreia foi bastante aproveitado não apenas pelos primeiros nomes do rock (como Elvis Presley) como também pelos nomes de décadas seguintes, com direito a Beatles e Rolling Stones regravando clássicos do cantor, Jimi Hendrix tocando em sua banda (quando Richard voltou a fazer rock), Prince usando bigodinho e cabelo armado (e soltando uivos no palco). E até Raul Seixas aportuguesando no disco Wah-bap-lu-bap-lah-béin-bum (1987) o grito de guerra de Tutti frutti (opa, a banda que acompanhava Rita Lee tirou seu nome disso).

O LP deixa também algumas controvérsias, como a bronca da parceira Dorothy LaBostrie, que escreveu Tutti frutti com ele, e alegou que Richard não fez nada na canção. Slippin’ and slidin’, outro hit do disco, surgiu de várias mudanças e reinterpretações de uma canção chamada I got the blues for you, de Al Collins – tanto que Slippin’ é uma obra de quatro parceiros, após várias refações.

O Brasil descobriu Here’s Little Richard em tempo real: a London/Odeon editou-o aqui rapidamente, em 1957 mesmo. Já na Argentina, ele ficou mais conhecido pelo nome Aqui Little Richardo velho costume do país de traduzir nomes de discos e de canções. Hoje, o álbum, originalmente um LP de menos de 30 minutos, ganhou mais de uma hora de demos e singles em acréscimo, nas plataformas digitais. Descubra agora.

Cultura Pop

No nosso podcast, Alanis Morissette da pré-história a “Jagged little pill”

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No nosso podcast, Alanis Morissette da pré-história a "Jagged little pill"

Você pensava que o Pop Fantasma Documento, nosso podcast, não ia mais voltar? Olha ele aqui de novo, por três edições especiais no fim de 2025 – e ano que vem estamos de volta de vez. No segundo e penúltimo episódio desse ano, o papo é um dos maiores sucessos dos anos 1990. Sucesso, aliás, é pouco: há uns 30 anos, pra onde quer que você fosse, jamais escaparia de Alanis Morissette e do seu extremamente popular terceiro disco, Jagged little pill (1995).

Peraí, “terceiro” disco? Sim, porque Jagged era só o segundo ato da carreira de Alanis Morissette. E ainda havia uma pré-história dela, em seu país de origem, o Canadá – em que ela fazia um som beeeem diferente do que a consagrou. Bora conferir essa história?

Edição, roteiro, narração, pesquisa: Ricardo Schott. Identidade visual: Aline Haluch (foto: Capa de Jagged little pill). Trilha sonora: Leandro Souto Maior. Vinheta de abertura: Renato Vilarouca. Estamos aqui de quinze em quinze dias, às sextas! Apoie a gente em apoia.se/popfantasma.

Ouça a gente preferencialmente no Castbox. Mas estamos também no Mixcloud, no Deezer e no Spotify.

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Cultura Pop

No nosso podcast, Radiohead do começo até “OK computer”

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Radiohead no nosso podcast, o Pop Fantasma Documento

Você pensava que o Pop Fantasma Documento, nosso podcast, não ia mais voltar? Olha ele aqui de novo, por três edições especiais no fim de 2025 – e ano que vem estamos de volta de vez. Para abrir essa pequena série, escolhemos falar de uma banda que definiu muita coisa nos anos 1990 – aliás, pra uma turma enorme, uma banda que definiu tudo na década. Enfim, de técnicas de gravação a relacionamento com o mercado, nada foi o mesmo depois que o Radiohead apareceu.

E hoje a gente recorda tudo que andava rolando pelo caminho de Thom Yorke, Jonny Greenwood, Colin Greenwood, Ed O’Brien e Phil Selway, do comecinho do Radiohead até a era do definidor terceiro disco do quinteto, OK computer (1997).

Edição, roteiro, narração, pesquisa: Ricardo Schott. Identidade visual: Aline Haluch (foto: reprodução internet). Trilha sonora: Leandro Souto Maior. Vinheta de abertura: Renato Vilarouca. Estamos aqui de quinze em quinze dias, às sextas! Apoie a gente em apoia.se/popfantasma.

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4 discos

4 discos: Ace Frehley

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Dizem por aí que muita gente só vai recordar de Gene Simmons e Paul Stanley, os chefões do Kiss, quando o assunto for negócios e empreendedorismo no rock – ao contrário das recordações musicais trazidas pelo nome de Ace Frehley, primeiro guitarrista do grupo, morto no dia 16 de outubro, aos 74 anos.

Maldade com os criadores de uma das maiores bandas de rock de todos os tempos, claro – mas quando Frehley deixou o grupo em 1982, muita coisa morreu no quarteto mascarado. Paul Daniel Frehley, nome verdadeiro do cara, podia não ser o melhor guitarrista do mundo – mas conseguia ser um dos campeões no mesmo jogo de nomes como Bill Nelson (Be Bop De Luxe), Brian May (Queen) e Mick Ronson (David Bowie). Ou seja: guitarra agressiva e melódica, solos mágicos e sonoridade quase voadora, tão própria do rock pesado quanto da era do glam rock.

Ace não foi apenas o melhor guitarrista da história do Kiss: levando em conta que o grupo de Gene e Paul sempre foi uma empresa muito bem sucedida, o “spaceman” (figura pela qual se tornou conhecido no grupo) sempre foi um funcionário bastante útil, que lutou para se sentir prestigiado em seu trabalho, e que abandonou a banda quando viu suas funções sendo cada vez mais congeladas lá dentro. Deixou pra trás um contrato milionário e levou adiante uma carreira ligada ao hard rock e a uma “onda metaleira” voltada para o começo do heavy metal, com peso obedecendo à melodia, e não o contrário.

Como fazia tempo que não rolava um 4 Discos aqui no Pop Fantasma, agora vai rolar: se for começar por quatro álbuns de Ace, comece por esses quatro.

Texto: Ricardo Schott – Foto: Reprodução

“KISS: ACE FREHLEY” (Casablanca, 1978). Brigas dentro do Kiss fizeram com que Gene, Paul, Ace e o baterista Peter Criss lançassem discos solo padronizados em 1978 – adaptando uma ideia que o trio folk Peter, Paul and Mary havia tido em 1971, quando saíram álbuns solo dos três cujas capas e logotipos faziam referência ao grupo. Ace lembra de ter ouvido uma oferta disfarçada de provocação numa reunião do Kiss, quando ficou definido que cada integrante lançaria um disco solo: “Eles disseram: ‘Ah, Ace, a propósito, se precisar de ajuda com o seu disco, não hesite em nos ligar ‘. No fundo, eu dizia: ‘Não preciso da ajuda deles’”, contou.

Além de dizer um “que se foda” para os patrões, Ace conseguiu fazer o melhor disco da série – um total encontro entre hard rock e glam rock, destacando a mágica de sua guitarra em ótimas faixas autorais como Ozone e What’s on your mind? (essa, uma espécie de versão punk do som do próprio Kiss) além do instrumental Fractured mirror. Foi também o único disco dos quatro a estourar um hit: a regravação de New York Groove, composta por Russ Ballard e gravada originalmente em 1971 pela banda glam britânica Hello. Acompanhando Frehley, entre outros, o futuro batera da banda do programa de David Letterman, Anton Fig, que se tornaria seu parceiro também em…

“FREHLEY’S COMET” (Atlantic/Megaforce, 1987). Seguindo a onda de bandas-com-dono-guitarrista (como Richie Blackmore’s Rainbow e Yngwie Malmsteen’s Rising Force), lá vinha Frehley com seu próprio projeto, co-produzido por ele, pelo lendário técnico de som Eddie Kramer (Jimi Hendrix, Beatles, Led Zeppelin) e Jon Zazula (saudoso fundador da Megaforce). Frehley vinha acompanhado por Fig (bateria), John Regan (baixo, backing vocal) e Tod Howarth (guitarras, backing vocal e voz solo em três faixas).

O resultado se localizou entre o metal, o hard rock e o rock das antigas: Frehley escreveu músicas com o experiente Chip Taylor (Rock soldiers), com o ex-colega de Kiss Eric Carr (Breakout) e com John Regan (o instrumental Fractured too). Howarth contribuiu com Something moved (uma das faixas cantadas pelo guitarrista). Russ Ballard, autor de New York groove, reaparece com Into the night, gravada originalmente pelo autor em 1984 em um disco solo. Típico disco pesado dos anos 1980 feito para escutar no volume máximo.

“TROUBLE WALKING” (Atlantic/Megaforce, 1989). Na prática, Trouble walking foi o segundo disco solo de Ace, já que os dois anteriores saíram com a nomenclatura Frehley’s Comet. A formação era quase a mesma do primeiro álbum da banda de Frehley – a diferença era a presença de Richie Scarlet na guitarra. O som era bem mais repleto de recordações sonoras ligadas ao Kiss do que os álbuns do Comet, em músicas como Shot full of rock, 2 young 2 die e a faixa-título – além da versão de Do ya, do The Move. Peter Criss, baterista da primeira formação do Kiss, participava fazendo backing vocals. Três integrantes do então iniciante Skid Row (Sebastian Bach, Dave Sabo, Rachel Bolan), também.

“10.000 VOLTS” (MNRK, 2024). Acabou sendo o último álbum da vida de Frehley: 10.000 volts trouxe o ex-guitarrista do Kiss atuando até como “diretor criativo” e designer da capa. Ace compôs e produziu tudo ao lado de Steve Brown (Trixter), tocou guitarra em todas as faixas – ao lado de músicos como David Julian e o próprio Brown – e convocou o velho brother Anton Fig para tocar bateria em três faixas. A tradicional faixa instrumental do final era a bela Stratosphere, e o spaceman posou ao lado de extraterrestres no clipe da ótima Walkin’ on the moon. Discão.

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