Cultura Pop
CD Acústico do John Lennon: ué, teve isso?

Sim, teve. Em 2004, quando saiu esse disco, o formato “unplugged” estava começando a decair, mas ainda dava algum caldo. No ano seguinte, Alicia Keys gravaria o primeiro acústico da MTV em três anos – fez sucesso e foi logo pro número 1 das paradas. O Korn gravaria o seu em 2006, com participações de Amy Lee, Robert Smith e Simon Gallup (o primeiro do The Cure, o segundo um hoje ex-The Cure). O que ninguém esperava era que a Capitol reunisse um monte de gravações acústicas de John Lennon, e mandasse fabricar seu próprio “John Lennon acústico”. É o da capa lá de cima. E o dos vídeos aí de baixo.
>>> Veja também no POP FANTASMA: John Lennon, em livro: “Achei fazer ‘Help!’ uma m (*)!”
John Lennon acoustic acabou se tornando um item bem pouco querido na discografia beatle, e na história de John Lennon. Após a morte do beatle, saíram vários discos póstumos, além dos álbuns da própria Yoko, e vários deles foram bem nas paradas. O “acústico” do cantor foi uma iniciativa da EMI americana, vendeu 27.858 cópias nos EUA, não conseguiu nem alcançar as paradas no Reino Unido e foi considerado um baita fracasso.
O repertório tinha vários hits e faixas queridas dos fãs, como Real love, My mummy’s dead, Imagine (em voz e violão, não em voz e piano, como seria mais comum), Cold turkey e Wathcing the wheels. Mas era formado por muita coisa manjada e reembalada. Nove das 16 faixas tinham saído na John Lennon Anthology, de 1988. O restante já era conhecido de vários bootlegs de Lennon.
Yoko informava no encarte que o disco era dedicado aos guitarristas (“John tocava com o coração, espero que você aprenda a fazer o mesmo”), e as músicas traziam letras e acordes para violão e guitarra. Apesar de Lennon usar bastante o piano para escrever música, Yoko só selecionou faixas de violão, porque as músicas gravadas ao piano estavam com som ruim (o cantor colocava o microfone em cima do instrumento e sua voz ficava com volume baixo).
>>> Veja também no POP FANTASMA: Quando John Lennon tentou defender um assassino
Na época, as resenhas do disco foram um tanto ácidas. A Uncut contou que inicialmente Acoustic era para ter saído “apenas no Japão” e reclamou que o álbum não tinha informações sobre as gravações das músicas. Também sentiu “cheiro de exploração” no disco. A Glide Magazine reclamou da qualidade das gravações e disse que o disco “nunca faz jus ao legado de seu grande autor”. Já a Pitchfork aproveitou que Acoustic tinha saído no mesmo dia do relançamento com faixas bônus do disco-encrenca Rock’n roll, de 1975, e juntou os dois numa resenha. Já o Boston Phoenix defendeu o álbum e disse que não se tratava de uma exploração em torno do nome de John Lennon. Para ouvir e tirar suas conclusões, só ouvindo no YouTube ou procurando o disco para comprar – o acústico de Lennon não está nem nas plataformas.
(pauta roubada de post do amigo Marcelo Fróes)
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Cultura Pop
O 1967 dos Beatles no podcast do Pop Fantasma

Da mesma forma que uma década muitas vezes não começa no ano em que ela se inicia (já havia um “anos 1990” encartado no fim da década anterior), as mudanças vividas pelos Beatles em 1967, ano do disco Sgt Pepper’s Lonely Hearts Club Band, começaram pelo menos uns dois anos antes.
Mas para todos os efeitos, foi há 55 anos que John, Paul, George e Ringo lançaram um dos discos mais desafiadores da história da cultura pop, tramaram sua volta ao cinema, fizeram duas aparições significativas na televisão (numa delas, lançaram um telefilme que deixou sensação de entalo nas gargantas de muitos fãs), realizaram montes de experiências de estúdio, perderam tragicamente seu empresário e começaram a dar passos rumo à independência. E, ah, graças a um certo composto químico de três letras, sintonizaram dimensões bem diferentes das que os pobres mortais estavam acostumados naquela época.
O último episódio da segunda temporada do Pop Fantasma Documento levanta os causos de uma das épocas mais movimentadas do dia a dia dos quatro de Liverpool. Aumente o volume, ligue-se e sintonize!
Nomes novos que recomendamos e que complementam o podcast: Turn Me On Dead Man, Trudy and The Romance, Dario Julio & Os Franciscanos.
Estamos no Castbox, no Mixcloud, no Spotify, no Deezer e no Google Podcasts.
Edição, roteiro, narração: Ricardo Schott. Arte: Aline Haluch. Trilha sonora: Leandro Souto Maior. Estamos aqui toda sexta!
Cultura Pop
Devo: no YouTube, tem versão “rascunho” do filme The Men Who Make The Music

Raridade por vários anos para muitos fãs do Devo, o filme The men who make the music (1981), realizado pela banda, foi lançado sob o rótulo maluco de “vídeo-LP”. A produção combina imagens de shows do Devo (focando bastante na turnê de 1978) com textos irônicos sobre a indústria da música, além de aparições do controverso personagem General Boy (interpretado por Robert Mothersbaugh Sr, pai dos irmãos Mark e Bob).
O tal conteúdo “anarquista” do vídeo fez com que ele ficasse arquivado por uns dois anos, já que The men who make the music foi terminado em 1979. O lançamento deveria ter acontecido em paralelo com o disco Duty now for the future, tanto que o LP original anuncia um endereço para os fãs comprarem um produto chamado Devo-vision, que sairia pela Time-Life (empresa responsável por arquivar o filme por dois anos, irritada com as mensagens anti-indústria da música do vídeo).
O material ainda aparece intercalado com imagens bem antigas do Devo. O grupo aparece tocando Jocko homo em 1976, em imagens do primeiro curta do Devo, The truth about de-evolution – que também incluía o clipe do grupo em 1974 tocando Secret agent man, igualmente incluído em The men. Nessa época, o Devo tinha uma formação bastante variável. Com pelo menos cinco ou seis músicos gravitando em volta (incluídos aí três irmãos Mothersbaugh), a banda virou quarteto no clipe de Secret agent man.
The men who make the music, por sinal, teve ainda uma versão demo, feita com produção amadora, em 1977. Tá no YouTube. Foi dirigida por Jerry Casale e produzido por Marina Yakubic, que era namorada de Mark na época.
O vídeo (sim, é vídeo, produzido com câmeras de TV) tem diferenças nos diálogos, nos cenários, na qualidade de som e de imagem (bastante rascunhadas) e no fato de que as músicas não aparecem em clipes. Todas são gravadas em versões extremamente cruas, ao vivo num palco.
Uma surpresa para os fãs é que, originalmente, a versão do grupo para (I can’t get no) Satisfaction, dos Rolling Stones, era quase um blues maníaco e lembrava Captain Beefheart. Muito diferente do que se imagina do Devo.
Aproveita e pega The men who make the music, a versão oficial, que também tá no YouTube.
Cultura Pop
The Lost Sheep: um single (da Virgin, de 1979) com ovelhas soltando a voz

Você provavelmente não conhece Adrian Munsey. Dono de uma carreira de sucesso como produtor de TV, o britânico trabalhou em canais como BBC Worldwide, ITV, Universal, e dirigiu dois longas, além de uns 45 documentários. Também tem uma extensa carreira como produtor musical e dono de gravadora. A vida dele tá aqui.
Agora, um detalhe que garantiu bastante popularidade a ele no fim dos anos 1970 foi ter aderido à mania sempre em alta dos novelty records – discos feitos para vender por uns tempos, com piadas ou assuntos da moda. Em 1979, ele soltou o single The lost sheep, creditado a “Adrian Munsey, ovelha, sopros e orquestra”. Essa pérola aí.
Lançado pela Virgin, o single trazia, segundo o site World’s Worst Records, ” uma fatia medíocre de monotonia sub-clássica que apresenta um cordeiro balindo enquanto uma pequena orquestra – repleta de baixista e baterista – toca a música mais sentimental que você já ouviu”.
Se você já acha pitoresco escutar isso em áudio, olha aí o próprio Munsey tocando a peça ao vivo no Russel Harty Show, na London Weekend Television. Munsey levou para o palco uma ovelha (“é uma fêmea”, esclarece) e a mãe do animal – além da orquestra, para tocar ao vivo. Só que o bichinho ficou meio amedrontado e não “cantou” nada. Sobrou para Munsey fazer o “béééé” ao vivo. A plateia ri, os músicos de orquestra não movem um músculo das faces.
Russel fica indisfarçavelmente de boca aberta ao ouvir Munsey contar como foi que surgiu a ideia de fazer música com ovelhas. Ele fez uma viagem e passou por um anfiteatro que estava cheio delas, balindo. “Acho que as pessoas às vezes se sentem como ovelhas perdidas um dia”, contou, já anunciando que sairia um single em ritmo de discoteca. Saiu sim: C’est sheep, lançado também em 1979, e produzido por Ron e Russell Mael, os dois irmãos da banda Sparks. Essa música, mais tarde, foi incluída na compilação da Virgin Methods of dance.
Ah sim, tinha o lado B de The lost sheep. Era Echoing spaces, essa maravilha pós-prog relaxante aí.
Um detalhe bem louco a respeito de C’est sheep, o tal single disco de Munsey, é que ele foi detonado por um colega de gravadora do cantor. John Lydon, já cantando à frente do Public Image Ltd, foi participar do Juke box jury da BBC, programa no qual uma turma de jurados comentava lançamentos recentes. A canção, cheia de balidos com beats dançantes, foi apresentada e provocou verdadeira aflição nos convidados, que precisaram dar suas opiniões na frente do próprio Munsey (!), mais perdido que cebola em salada de frutas. Lydon diz que a música é “a Virgin Records tentando faturar uns trocados e falhando miseravelmente”.
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