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Cassette Store Day: como você vai comemorar?

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Muita gente mal sabe disso, mas sábado, dia 13 de outubro, é o Cassette Store Day. Da mesma forma que existe uma data para comemorar as lojas de LPs – especialmente a figura do pequeno lojista – existe também um dia no qual os estabelecimentos celebram as fitinhas, os fãs das fitinhas e as gravadoras que ainda mantém o hábito de fazer seus lançamentos em K7. Desde 2013, essa data faz parte do calendário das lojas de discos. Começou no Reino Unido e virou evento global com a entrada dos Estados Unidos, Japão, Alemanha e França.

Olha aí a comemoração do selo Dirty Tapes em Nova York, no ano passado.

No site oficial da comemoração, você descobre um monte de selos que já aderiram e lançamentos que estão saindo. Tem Jesus of cool, de Nick Lowe, em edição comemorativa de 40 anos, chegando às lojas. O disco novo do Sleep, The sciences, também sai no formatinho, pelo selo Third Man Records. Pra quem se acostumou a gravar mixtapes, a documentar coisas importantes e a valorizar o formato, é pra glorificar de pé.

https://www.instagram.com/p/BoxexfQFzXs/

Fomos perguntar a alguns amigos do POP FANTASMA e a alguns músicos se eles curtem as fitinhas e como eles vão comemorar, ou como comemorariam, a data. Olha aí.

ALAN JAMES (músico, cantor e compositor). Ele acaba de lançar o disco Despertar, seu primeiro solo, por enquanto apenas em CD e formato digital. E é grato ao K7 porque foi nas fitas que ele descobriu a música. “Era o formato que eu mais ouvia até passar a ouvir CDs a partir de 1995. Vou comemorar ouvindo a versão em K7 do meu disco favorito, o Pacific Ocean blue, de Dennis Wilson, e também o single Still not sad, do Michael Rault, um dos artistas novos de quem mais gosto, que faz um som inspirado nos anos 60 e 70″.

https://www.youtube.com/watch?v=eXR0B-ReLYw

AYRTON MUGNAINI JR. (jornalista e compositor): A melhor comemoração para quem ama fita K7 é ler o artigo histórico que Ayrton publicou em 2005 na revista Outracoisa sobre os 40 anos das fitinhas. “Tenho gravações minhas como artista de 1971 a 2016, feitas de gravadorzinho mono a portastudio. Tenho também dezenas de fitas de entrevistas com artistas diversos, incluindo Ira!, Eric Burdon, Dorival Caymmi e Raul Seixas”, conta Ayrton, que volta e meia faz lançamentos como músico em fita K7.

BACALHAU (baterista e produtor). Atualmente na banda Monstros do Ula Ula, o músico (que tocou em bandas como Autoramas e Planet Hemp) não pensa em lançar um K7 de seu grupo (que lançou CD em 2017). Ele ainda guarda fitas antigas em casa, mas não escuta muito. “Algumas eu até digitalizei há uns anos, deu o maior trabalho”, conta. “Tenho aqui uma fita de Renato & Seus Blue Caps, uma fita pirata do segundo disco do Planet Hemp”. E para comemorar? “Um chá de fita, talvez?”, diz, brincando. “Seria legal juntar os amigos, eu até tenho ainda muita fita antiga que amigos me deram. Aquelas mixtapes, ou aquelas fitas de 90 minutos que a gente gravava um disco inteiro de um lado só”.

BRUNO EDUARDO (editor do site Rockonboard). Fitas fizeram parte da educação musical do jornalista, até porque eram bem mais baratas que discos. E em alguns casos vinham com brindes a mais. “Quando comprei o The real thing (1989), do Faith No More, em fita, ele vinha com duas músicas extras: a versão de War pigs, do Black Sabbath, e Edge of the world. O primeiro disco de rock que comprei na vida foi em fita, Manic Nirvana, disco solo do Robert Plant (1990)”, recorda. “Acho que vou comemorar procurando minhas fitinhas antigas. Tenho aparelho em casa e o que dá saudade são as fitas demo, né?”.

CESAR MONTEIRO (jornalista). Colaborador do site Ambrosia, ele mantém a coleção de fitinhas gravadas da Fluminense FM e da Universidade FM no início dos anos 1990 por questões afetivas. “Mas não compraria novos lançamentos no formato”, diz. “A comemoração ideal seria um evento com várias bandas independentes, pois foi o circuito underground que reforçou a relevância do formato. As fitas demo e compilações vendidas em shows foram fundamentais para que bandas de garagem tivessem seu lugar ao sol”.

CHRIS FUSCALDO (jornalista, escritora e cantautora). Chris acaba de lançar via crowdfunding o livro Discobiografia Mutante, sobre os discos dos Mutantes (ed. Garota FM Books). Boa parte das entrevistas que fizera para o livro estavam guardadas há anos em (adivinhe?) fitas. “Eu tenho um carinho muito especial pelas fitas cassete. Primeiro, pela possibilidade que elas me deram durante tantos anos de eu fazer minhas próprias coletâneas de músicas. Depois, porque elas foram minhas melhores parceiras nas primeiras, segundas e terceiras entrevistas que fiz como jornalista. Eu já estou comemorando o dia internacional das lojas que vendem fitas voltando a consumir depois que adquiri um novo player que, além de tocar, converte o áudio para MP3”, conta ela, que recentemente lançou um CD autoral, Mundo ficção.

GABRIEL THOMAZ (cantor e guitarrista). O frontman dos Autoramas está tendo o disco novo de sua banda lançado em fita pela gravadora Hearts Bleed Blue (veja abaixo). E historiou as demos dos anos 1990 no livro Magnéticos 90, escrito com Daniel Juca. E se fosse comemorar a data? “Gravaria uma fita só com as preferidas de minha mulher amada pra ela ouvir no walkmen amarelo dela!”, avisa o músico.

HEARTS BLEED BLUE. A gravadora paulistana comemorou a data no ano passado e retorna esse ano oferecendo novos produtos: Libido, o oitavo álbum do Autoramas, ganha versão em K7 vermelha. Tente enxergar, dos gaúchos da Ultramen, ganha lançamento em fita branca. Já Bloom, de Tauting Glacers, chega às lojas em K7 verde-limão. “São apenas 50 cópias de cada fita, e uma vez esgotadas essas cores não serão refeitas. Compre as suas fitas em cassettestoreday.hbbstore.com“, avisam, por intermédio da assessoria de imprensa.

https://www.instagram.com/p/BorRYAtlvO3

KAMILLE VIOLA (jornalista). Colaboradora da Marie Claire e do UOL (mantém lá o blog Rio Adentro), ela ainda não aderiu ao revival das fitinhas. “Quem sabe a data não me inspira a dar uma chance?”, diz, rindo. “Na época do auge das fitinhas, eu usava bastante. Gravava minhas músicas preferidas, muitas vezes do rádio, fazia mixtapes pra mim ou pra dar de presente. Também ganhei fitinha. E cheguei a fazer uma precursora do repeat (que viria com o CD player): gravei a mesma música várias vezes em um lado de uma fita. Hahaha! Era Listen to your heart, do Roxette. Mesmo depois do auge, cheguei a gravar cassetes a partir de MP3″.

LARISSA CONFORTO (baterista). O Ventre, a banda de Larissa, teve seu disco de estreia editado em fita K7 por um selo americano, Tightwolf Records. A fitinha chegou a ser distribuída no Brasil, mas foram poucas cópias e já esgotou. “Num momento de crise dos suportes físicos, esse dia reforça o quão alternativa e fora da curva é cultura da fita cassete, e também o crescimento significativo dela nos últimos anos. Eu que sou colecionadora, amo. Acaba que as bandas que eu gosto de animam de relançar seus álbuns em pequenas tiragens versão cassete”, conta Larissa, que adoraria que o Cassete Store Day fosse um dia mais forte. “Para comemorar, eu faria discotecagem em cassete, e uma feirinha de selos, artistas e colecionadores que estimule a troca e a venda. Quem sabe um encontrinho lá em casa pros amigos levarem suas cassetes?”

LAURA PETIT (cantora): A cantora curitibana lançou o disco Monstera deliciosa, no ano passado, com formato físico em K7. “Eu adoro o conceito das fitinhas. Hoje em dia toda mídia física se tornou obsoleta: CD, vinil, K7. Acho legal explorar isso na hora de escolher qual delas representa melhor seu trabalho. Além disso, apesar de adorar o charme do vinil, as fitinhas acabam sendo uma alternativa mais acessível pra quem gosta de ter uma lembrança bacana do show”, diz. E a comemoração? “Acho que eu celebro a mídia física toda vez que eu consumo fitas, vinis ou CDs dos artistas que eu gosto. A mídia física, a capa do disco, tudo isso me aproxima da obra”, conta.

LEANDRO SOUTO MAIOR (jornalista, empresário e músico). O guitarrista das bandas Fuzzcas e Os Trutas, e criador da Casa Beatles Visconde de Mauá não vai comemorar o Cassette Store Day. “Mas acho que trata-se de uma data memorável pra K7!”, brinca. Ele tem um deck duplo Technics e várias fitas, mas não se anima com o formato. Nem com CDs. “Fita K7 é puro fetiche nostálgico. Ao contrário dos LPs, as fitas K7 e VHS foram ultrapassadas. A capa é micro, você mal vê a foto, encarte, as letrinhas. Além da dificuldade de se achar uma faixa específica com rapidez”.

LEONARDO RIVERA (criador do selo Astronauta Discos): O produtor tem fitas K7 de bandas como Piu Piu e Sua Banda e Cabeça. “Umas coisas dos 90’s”, explica ele, que não chegou ainda no ponto de lançar fitas pela sua gravadora. A melhor comemoração da data, diz ele, seria com uma “festa do cassete” no Convés, conhecido pico roqueiro em Niterói.

LUCIANO CIRNE (jornalista e colaborador do POP FANTASMA): “Eu lembro quando eu tinha uns 12 ou 13 anos e alguém conseguiu uma cópia de Suffer, do Bad Religion! Era a cópia da cópia da cópia da cópia da cópia, uma fita com um som abafado onde mal dava pra ouvi direito, mas a sensação de ter conseguido aquilo era indescritível! A molecada atual nunca vai saber como era!”, conta Luciano, que se fosse fazer uma comemoração, ia fazer a festa K7 é do cacete. “A discotecagem seria só com som de fita, como aquele documentário Botinada bem retratou! Seria bacana um retorno a essa simplicidade”.

LOCOMOTIVA DISCOS: A loja paulistana não vai fazer nenhuma comemoração do dia. “Mas temos várias fitas novas a venda na loja, inclusive teremos as que a HBB vai lançar na data”, conta Gilberto Custódio Junior, dono da Locomotiva. E olha aqui o catálogo de fitas novas deles.

LUCK VELOSO (criador da Rádio Cult FM). “Comemoraria reunindo amigos e ouvindo umas fitas inteiras, tanto o Lado A, como o Lado B, algo muito raro hoje em dia, já que os formatos se tornaram únicos e os ´singles´ de hoje são simplesmente arquivos de MP3”, conta.

MICHAEL MENEZES (criador do selo Parayba Records). A gravadora de Michael lança apenas CDs até o momento. Ele costuma montar um estande de seu selo em lugares como a Feira de Vinil do Rio e anuncia que em breve os K7s da Polysom estarão lá à venda. Mas motivo para comemorar não falta. “Vai ser um dia do K7, que pode ser embalado em 60m, 46, 90 ou quem sabe 120 minutos em Metal-Chomo”, brinca ele, que tem raridades em casa. Entre elas, uma fita da banda de heavy metal Taurus, lançada por gravadora, e fitinhas com gravações de rádios comunitárias do subúrbio carioca.

MONSTRO DISCOS. A gravadora não tem K7s em seu catálogo e não fará comemoração, mas a fitinha está nos planos deles: Inflama, disco da banda Diablo Motor, deve sair no formato. “Devemos voltar a lançar sim, mas ainda não tem nada realmente voltado pra isso. Estamos mais concentrados nos vinis”, conta o sócio Leonardo Razuk.

POLYSOM. A empresa, ligada à gravadora Deck, reativou o formato K7, é uma de suas maiores incentivadoras e já tem exemplares de Elza Soares, Pitty, Nando Reis, Fernanda Takai, BaianaSystem, Planet Hemp e vários outros, todos à venda. Não fará uma ação específica para a data.

QTV. O selo surgido do estúdio/casa de shows carioca Audio Rebel e do evento Quintavant faz alguns lançamentos gravados em cassete, mas lançados em outros formatos – conheça e contate a gravadora aqui. Não vai rolar uma comemoração, mas Bernardo Oliveira, da gravadora, faz questão de chamar atenção para o fato de que fita cassete e música experimental têm tudo a ver. “Como boa parte da nossa produção está concentrada na música de ruídos e noise, a fita cassete é um suporte que tem muito a ver com esse universo por conta da sonoridade mais abafada, o frizz da fita, o barulhinho… Tem toda uma relação direta com o tipo de sonoridade da noise music”, diz, citando artistas como Lucas Pires, conhecido pelo codinome Dedo, que fez discos lançados em CD e gravados em K7, como Panasonic. “Tem muita gente que trabalha com fita como manipulação de memória técnica. A fita é uma experiência muito específica, você tem que ter uma relação quase manual com ela. Você pode, por exemplo, abrir ou fazer o rewind com uma caneta Bic. É uma relação mais física do que por exemplo um CD ou um arquivo digital”.

RICARDO DRAGO (sócio da Mutante Radio). Ele tem fitas dos anos 1990 guardadas até hoje na casa da mãe, mas nunca comemorou a data. “Mas é porque todo dia para mim é dia de demo tape. Meus K7s são minhas demo tapes de bandas independentes da década de 90. Tenho do Planet Hemp, dos Raimundos, de todo mundo do interior de SP da época…”, avisa.

RICARDO SCHOTT (eu me entrevistei, foda-se). “Já separei fitas de entrevistas antigas e algumas raridades gravadas do rádio, e vou digitalizar tudo pra colocar no site. Mas a comemoração não vai ser na data, não. Vou estar de plantão no dia”.

TRANSFUSÃO NOISE RECORDS. O selo (que tem um espaço de shows e gravações chamado Escritório) tem um projeto chamado Cassete Club, de gravações feitas em fita cassete em uma mesa analógica, mas lançadas em outros formatos. “Uns 90% do que lançamos é gravado no formato. Ocasionalmente até lançamos algumas coisas em cassete”, conta Lê Almeida, um dos criadores do selo e do projeto. Recentemente saiu Marginal alado, projeto do selo em homenagem a Chorão, vocalista do Charlie Brown Jr, com as bandas marianaa e Oruã relendo, respectivamente, Só por uma noite e Tudo pro alto. O compactinho foi lançado com um show no Aparelho, na Praça Tiradentes.

VAL BECKER (criadora da Rádio Graviola). Val é fã das fitinhas desde a infância e, aos 6/7 anos, já as usava para brincar de rádio com uma amiga, num gravadorzinho da National. “Infelizmente o registro se perdeu, mas por anoooos nos divertimos com isso. E essa é a grande sacada das fitas K7: ser uma mídia regravável e acessível”, brinca. “Depois, a adolescência foi chegando e vieram as mixtapes. A gente gravava set lists selecionados dos LPs pra levar para as festinhas ou viagens, acampamentos. As fitas TDK de 90 minutos batiam um bolão, apesar de dizerem que fazia mal para o motor do toca-fitas, por ser muito pesada”, diz, rindo. A comemoração vai rolar na própria Graviola. “Vou montar um set todo criado com sons extraídos de fitas demo de bandas como Acabou La Tequila, Cabeça, Garage Fuzz, entre outras bandas e seus registros das décadas de 1980/90”, avisa.

VITAL CAVALCANTE (músico). Por causa da iniciativa de Vital, que foi de bandas como Jimi James e Poindexter e hoje está no Cidade Chumbo, um material da banda curitibana Pinheads que só existia em demo está prestes a sair em compacto. O músico, como você já leu até mesmo no POP FANTASMA, ainda guarda demos em casa. “Acho que uma boa comemoração é tirar a poeira das fitas cassetes, recordando os velhos tempos e pensando nas possibilidades que se pode ter com esse material aí”, conta;

Cultura Pop

Quando Suicide gravou… “Born in the USA”, do Bruce Springsteen

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Quando Suicide gravou... "Born in the USA", do Bruce Springsteen

A way of life, disco de 1988 da dupla de música eletrônica Suicide, é tido como um disco, er, acessível. Acessível à moda de Martin Rev e Alan Vega, claro. O disco pelo menos podia ser colocado tranquilamente na prateleira dos artífices da darkwave e era bem mais audível do que o comum de um grupo que havia lançado a assustadora Frankie teardrop. O disco era produzido por Ric Ocasek, líder dos Cars (que já havia produzido o segundo disco deles, de 1981, Alan Vega/Martin Rev), e tinha até uma eletro-valsinha, Surrender, além de um estiloso misto de rockabilly e synthpop, Jukebox baby 96.

O que ninguém esperava era que a dupla tivesse feito nessa mesma época uma estranhíssima versão de… Born in the USA, de Bruce Springsteen. A faixa surge numa versão ao vivo, gravada num show de Vega e Rev em 1988, em Paris. A dupla nem sequer disfarçou que a ideia era fazer uma versão bem lascada – saca só o sintetizadorzinho da música, e a referência a músicas como Lucille, de Little Richard, e o tema When the saints go marching in, logo na abertura. A “versão” da faixa resume-se a quase nada além do título da canção. Parece um karaokê do demo (e é).

A versão poderia ser uma bela pirataria, mas vira oficial nesse mês: vai aparecer em uma reedição de A way of life, prevista para o dia 26. A edição de luxo estará disponível em vinil azul transparente com Born in the USA e em CD com quatro faixas bônus, além do formato digital. O material extra inclui versões ao vivo de Devastation e Cheree, bem como uma versão inicial de estúdio de Dominic Christ. O pesquisador Jared Artaud encontrou as faixas enquanto trabalhava no arquivo de Vega, após a morte do cantor em 2016.

Quando Suicide gravou... "Born in the USA", do Bruce Springsteen

E se você não sabia, vai aí a surpresa: Springsteen tá bem longe de ser um sujeito que diria “what?” ao ser informado da existência do Suicide. Pelo contrário: era fã da dupla e costumava dizer que a estreia do Suicide, o disco epônimo de 1977, era “um dos discos mais sensacionais que já ouvi”. Em 1980, o cantor esteve com a dupla e Vega descobriu que Springsteen era seu fã – e se surpreendeu.

“Ele estava gravando o disco The river (1980) e nós estávamos gravando nosso segundo álbum em Nova York. Então tivemos uma reunião de audição do nosso álbum. Havia três ou quatro figurões da nossa gravadora, e Bruce também estava lá. Depois que tocamos o álbum, houve um silêncio mortal… exceto por Bruce, que disse, ‘Isso foi ótimo pra caralho.’ Ele fazia questão de nos dizer o quanto nos amava”, contou em 2014 ao New York Post.

Mais: um texto do site Treblezine, a partir de audições da obra de Bruce e de entrevistas do Suicide, descobre: a dupla influenciou muito o sombrio disco Nebraska, tido como o “primeiro disco solo” (sem a E Street Band) de  Springsteen (1982), basicamente um disco sobre crise, desemprego e gente à beira do desespero pela falta de oportunidades. Houve uma versão elétrica e pesada de Nebraska, mas Bruce quis lançar o disco acústico, de voz, violão e registros crus, e que de fato lembram o clima esparso do Suicide do primeiro disco.

Na dúvida, ouça State trooper, cujos uivos lembram bastante os gritos (sem aviso prévio) de Frankie teardrop. “Lembro-me de entrar na minha gravadora logo após o lançamento do meu disco”, disse Vega depois de ouvir State trooper pela primeira vez. “Eu pensei que era um dos meus álbuns que eu tinha esquecido. Mas era Bruce!”

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Cultura Pop

No podcast do Pop Fantasma, a fase de transição do Metallica

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No podcast do Pop Fantasma, a fase de transição do Metallica

A morte do baixista Cliff Burton, em 27 de setembro de 1986, desorientou muito o Metallica. Além do que aconteceu, teve a maneira como aconteceu: a banda dormia no ônibus de turnê, sofreu um acidente que assustou todo mundo, e quando o trio restante saiu do veículo, só restou encarar a realidade. A partir daquele momento, estavam não apenas sem o baixista, como também estavam sem o amigo Cliff, sem o cara que mais havia influenciado James Hetfield, Lars Ulrich e Kirk Hammett musicalmente, e sem a configuração que havia feito de Master of puppets (1986) o disco mais bem sucedido do grupo até então.

Hoje no Pop Fantasma Documento, a gente dá uma olhada em como ficou a vida do Metallica (banda que, você deve saber, está lançando disco novo, 72 seasons) num período em que o grupo foi do céu ao inferno em pouco tempo. O Metallica já era considerado uma banda de tamanho BEM grande (embora ainda não fosse o grupo multiplatinado e poderoso dos anos 1990) e, justamente por causa disso, teve que passar por cima dos problemas o mais rápido possível. E sobreviver, ainda que à custa justamente da estabilidade emocional de Jason Newsted, o substituto do insubstituível Cliff Burton…

Nomes novos que recomendamos e que complementam o podcast: Skull Koraptor e Manger Cadavre?

Estamos no Castbox, no Mixcloud, no Spotify, no Deezer e no Google Podcasts.

Edição, roteiro, narração, pesquisa: Ricardo Schott. Identidade visual: Aline Haluch. Trilha sonora: Leandro Souto Maior. Estamos aqui toda sexta-feira!

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Destaque

Dan Spitz: metaleiro relojoeiro

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Se você acompanha apenas superficialmente a carreira da banda de thrash metal Anthrax e sentia falta do guitarrista Dan Spitz, um dos fundadores, ele vai bem. O músico largou a banda em 1995, pouco antes do sétimo disco da banda, Stomp 442, lançado naquele ano. Voltaria depois, entre 2005 e 2007, mas entre as idas e as vindas, o guitarrista arrumou uma tarefa bem distante da música para fazer: ele se tornou relojoeiro (!).

A vida de Dan mudou bastante depois que o músico teve filhos em 1995, e começou a se questionar se queria mesmo aquela vida na estrada. “Fazíamos um álbum e fazíamos turnês por anos seguidos, e então começávamos o ciclo de novo – o tempo em casa não existia. É uma história que você vê em toda parte: tudo virou algo mundano e mais parecido com um trabalho. Eu precisava de uma pausa”, contou Spitz ao site Hodinkee.

>>> Veja também no POP FANTASMA: Rockpop: rock (do metal ao punk) na TV alemã

Na época, lembrou-se da infância, quando ficava sentado com seu avô, relojoeiro, desmontando relógios Patek Philippe, daqueles cheios de pecinhas, molas e motores. “Minha habilidade mecânica vem de minha formação não tradicional. Meu quarto parecia uma pequena estação da NASA crescendo – toneladas de coisas. Eu estava sempre construindo e desmontando coisas durante toda a minha vida. Eu sou um solucionador de problemas no que diz respeito a coisas mecânicas e eletrônicas”, recordou no tal papo.

Spitz acabou no Programa de Treinamento e Educação de Relojoeiros da Suíça, o WOSTEP, onde basicamente passou a não fazer mais nada a não ser mexer em relógios horrivelmente difíceis o dia inteiro, aprender novas técnicas e tentar alcançar os alunos mais rápidos e mais ágeis da instituição.

>>> Veja também no POP FANTASMA: Discos de 1991 #9: “Metallica”, Metallica

A música ainda estava no horizonte. Tanto que, trabalhando como relojoeiro em Genebra, pensou em largar tudo ao receber um telefonema do amigo Dave Mustaine (Megadeth) dizendo para ele esquecer aquela história e voltar para a música. Olhou para o lado e viu seu colega de bancada trabalhando num relógio super complexo e ouvindo Slayer.

O músico acha que existe uma correlação entre música e relojoaria. “Aprender a tocar uma guitarra de heavy metal é uma habilidade sem fim. É doloroso aprender. É isso que é legal. O mesmo para a relojoaria – é uma habilidade interminável de aprender”, conta ele. “Você tem que ser um artista para ser o melhor – seja na relojoaria ou na música. Você precisa fazer isso por amor”.

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