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Cultura Pop

Que saudade do “Tudo é possível”

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O formato do Big Brother é um dos mais copiados, certo? Sim, mas o do reality show Faking it, criado em 2000 pelo Channel 4 britânico não fica muito atrás. Ele gerou vários remakes em outros países, sempre investindo numa fórmula mais ou menos fácil de entender: uma pessoa que tem uma determinada profissão ou pertence a um determinado grupo precisa mudar de profissão por alguns dias (“fingindo”, daí o nome, que tem os talentos necessários para aquilo) ou tem que fazer modificações rápidas em seu perfil pessoal. No Brasil, o programa foi exibido como Tudo é possível, em 2004, no comecinho da mudança do canal pago GNT (quando a emissora deixou de transmitir notícias para atender mais ao público feminino).

Hoje existem poucas recordações do Tudo é possível no YouTube, e procurar material da atração com seu nome original em inglês causa confusões no Google. Tudo porque a MTV exibiu uma série de comédia romântica chamada Faking it, em 2014 (também passou no Brasil) e que teve relativa repercussão. A premissa da série do Channel 4 não era, vale dizer, das mais originais. O formato “pessoa notória vira repórter por um dia”, “vira cantor por um dia”, etc, já era comum até mesmo no Brasil desde os anos 1980. A novidade do Tudo é possível é que a situação era vivida quase sempre por gente comum, cuja atuação era julgada por uma banca de especialistas. No programa abaixo, uma menina que toca violoncelo é preparada – inclusive com aulas de dança – para virar DJ por um dia.

O conceito do programa tinha sido adaptado da peça Pigmalião, de George Bernard Shaw – a velha história da florista que é transformada numa aristocrata, que só no Brasil já rendeu umas 300 novelas. No caso do programa, o clima de “cada coisa em seu lugar” de alguns episódios estaria bastante obsoleto (e daria bastante merda) se a atração fosse feita hoje em dia. Logo num dos primeiros episódios, rolava a transformação de um homem gay em segurança de clube. Em outro, de fato eles pegavam uma garota da classe trabalhadora britânica e a transformavam numa dama da alta sociedade.

PROBLEMAS

A fórmula do programa deu certo a ponto do Tudo é possível render nove temporadas, todas com poucos episódios (aparentemente nem os patrocinadores estavam tão ligados assim no potencial do programa, nem o canal estava tão louco para vender a ideia no mercado). Uma matéria da Folha explica que chegou a rolar um Tudo é possível teen, exibido pela GNT, mostrando as desventuras de um operário de Leeds que vira estilista. O episódio faz parta da sexta temporada e foi ao ar lá fora em 19 de setembro de 2004.

Como não poderia deixar de acontecer, o Tudo é possível passou por algumas controvérsias, como no caso do episódio Choir girl to rock chick (foi ao ar em 10 de fevereiro de 2004), que mostrava uma garota que cantava em coral e virava a vocalista de uma banda punk, Dirty Harry. Laura-Jane Foley, hoje jornalista e roteirista, era a tal garota. Após participar do programa, publicou um artigo num jornal reclamando que suas falas haviam sido editadas para que ela parecesse uma garota ingênua e casta. Num dos episódios, aparece recusando-se veementemente a cortar o cabelo para ganhar um visual mais rebelde. “A narração diz que foi a primeira vez que esse assunto foi abordado comigo, mas é mentira. No começo do mês já tinha deixado claro que não iria cortar o cabelo”, escreveu.

Esse programa tá inteiro em várias partes no YouTube.

Um episódio que foi bastante elogiado (e chegou a ganhar prêmios) foi o que transforma o cantor punk Chris Sweeney em maestro por um dia. A experiência foi tão marcante para Chris, hoje um designer (e residente na Flórida) que ele a colocou até em seu Linkedin (procura no Google).

Tem conteúdo extra desta e de outras matérias do POP FANTASMA em nosso Instagram.

 

Cultura Pop

No nosso podcast, Alanis Morissette da pré-história a “Jagged little pill”

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No nosso podcast, Alanis Morissette da pré-história a "Jagged little pill"

Você pensava que o Pop Fantasma Documento, nosso podcast, não ia mais voltar? Olha ele aqui de novo, por três edições especiais no fim de 2025 – e ano que vem estamos de volta de vez. No segundo e penúltimo episódio desse ano, o papo é um dos maiores sucessos dos anos 1990. Sucesso, aliás, é pouco: há uns 30 anos, pra onde quer que você fosse, jamais escaparia de Alanis Morissette e do seu extremamente popular terceiro disco, Jagged little pill (1995).

Peraí, “terceiro” disco? Sim, porque Jagged era só o segundo ato da carreira de Alanis Morissette. E ainda havia uma pré-história dela, em seu país de origem, o Canadá – em que ela fazia um som beeeem diferente do que a consagrou. Bora conferir essa história?

Edição, roteiro, narração, pesquisa: Ricardo Schott. Identidade visual: Aline Haluch (foto: Capa de Jagged little pill). Trilha sonora: Leandro Souto Maior. Vinheta de abertura: Renato Vilarouca. Estamos aqui de quinze em quinze dias, às sextas! Apoie a gente em apoia.se/popfantasma.

Ouça a gente preferencialmente no Castbox. Mas estamos também no Mixcloud, no Deezer e no Spotify.

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Cultura Pop

No nosso podcast, Radiohead do começo até “OK computer”

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Radiohead no nosso podcast, o Pop Fantasma Documento

Você pensava que o Pop Fantasma Documento, nosso podcast, não ia mais voltar? Olha ele aqui de novo, por três edições especiais no fim de 2025 – e ano que vem estamos de volta de vez. Para abrir essa pequena série, escolhemos falar de uma banda que definiu muita coisa nos anos 1990 – aliás, pra uma turma enorme, uma banda que definiu tudo na década. Enfim, de técnicas de gravação a relacionamento com o mercado, nada foi o mesmo depois que o Radiohead apareceu.

E hoje a gente recorda tudo que andava rolando pelo caminho de Thom Yorke, Jonny Greenwood, Colin Greenwood, Ed O’Brien e Phil Selway, do comecinho do Radiohead até a era do definidor terceiro disco do quinteto, OK computer (1997).

Edição, roteiro, narração, pesquisa: Ricardo Schott. Identidade visual: Aline Haluch (foto: reprodução internet). Trilha sonora: Leandro Souto Maior. Vinheta de abertura: Renato Vilarouca. Estamos aqui de quinze em quinze dias, às sextas! Apoie a gente em apoia.se/popfantasma.

Ouça a gente preferencialmente no Castbox. Mas estamos também no Mixcloud, no Deezer e no Spotify.

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4 discos

4 discos: Ace Frehley

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Dizem por aí que muita gente só vai recordar de Gene Simmons e Paul Stanley, os chefões do Kiss, quando o assunto for negócios e empreendedorismo no rock – ao contrário das recordações musicais trazidas pelo nome de Ace Frehley, primeiro guitarrista do grupo, morto no dia 16 de outubro, aos 74 anos.

Maldade com os criadores de uma das maiores bandas de rock de todos os tempos, claro – mas quando Frehley deixou o grupo em 1982, muita coisa morreu no quarteto mascarado. Paul Daniel Frehley, nome verdadeiro do cara, podia não ser o melhor guitarrista do mundo – mas conseguia ser um dos campeões no mesmo jogo de nomes como Bill Nelson (Be Bop De Luxe), Brian May (Queen) e Mick Ronson (David Bowie). Ou seja: guitarra agressiva e melódica, solos mágicos e sonoridade quase voadora, tão própria do rock pesado quanto da era do glam rock.

Ace não foi apenas o melhor guitarrista da história do Kiss: levando em conta que o grupo de Gene e Paul sempre foi uma empresa muito bem sucedida, o “spaceman” (figura pela qual se tornou conhecido no grupo) sempre foi um funcionário bastante útil, que lutou para se sentir prestigiado em seu trabalho, e que abandonou a banda quando viu suas funções sendo cada vez mais congeladas lá dentro. Deixou pra trás um contrato milionário e levou adiante uma carreira ligada ao hard rock e a uma “onda metaleira” voltada para o começo do heavy metal, com peso obedecendo à melodia, e não o contrário.

Como fazia tempo que não rolava um 4 Discos aqui no Pop Fantasma, agora vai rolar: se for começar por quatro álbuns de Ace, comece por esses quatro.

Texto: Ricardo Schott – Foto: Reprodução

“KISS: ACE FREHLEY” (Casablanca, 1978). Brigas dentro do Kiss fizeram com que Gene, Paul, Ace e o baterista Peter Criss lançassem discos solo padronizados em 1978 – adaptando uma ideia que o trio folk Peter, Paul and Mary havia tido em 1971, quando saíram álbuns solo dos três cujas capas e logotipos faziam referência ao grupo. Ace lembra de ter ouvido uma oferta disfarçada de provocação numa reunião do Kiss, quando ficou definido que cada integrante lançaria um disco solo: “Eles disseram: ‘Ah, Ace, a propósito, se precisar de ajuda com o seu disco, não hesite em nos ligar ‘. No fundo, eu dizia: ‘Não preciso da ajuda deles’”, contou.

Além de dizer um “que se foda” para os patrões, Ace conseguiu fazer o melhor disco da série – um total encontro entre hard rock e glam rock, destacando a mágica de sua guitarra em ótimas faixas autorais como Ozone e What’s on your mind? (essa, uma espécie de versão punk do som do próprio Kiss) além do instrumental Fractured mirror. Foi também o único disco dos quatro a estourar um hit: a regravação de New York Groove, composta por Russ Ballard e gravada originalmente em 1971 pela banda glam britânica Hello. Acompanhando Frehley, entre outros, o futuro batera da banda do programa de David Letterman, Anton Fig, que se tornaria seu parceiro também em…

“FREHLEY’S COMET” (Atlantic/Megaforce, 1987). Seguindo a onda de bandas-com-dono-guitarrista (como Richie Blackmore’s Rainbow e Yngwie Malmsteen’s Rising Force), lá vinha Frehley com seu próprio projeto, co-produzido por ele, pelo lendário técnico de som Eddie Kramer (Jimi Hendrix, Beatles, Led Zeppelin) e Jon Zazula (saudoso fundador da Megaforce). Frehley vinha acompanhado por Fig (bateria), John Regan (baixo, backing vocal) e Tod Howarth (guitarras, backing vocal e voz solo em três faixas).

O resultado se localizou entre o metal, o hard rock e o rock das antigas: Frehley escreveu músicas com o experiente Chip Taylor (Rock soldiers), com o ex-colega de Kiss Eric Carr (Breakout) e com John Regan (o instrumental Fractured too). Howarth contribuiu com Something moved (uma das faixas cantadas pelo guitarrista). Russ Ballard, autor de New York groove, reaparece com Into the night, gravada originalmente pelo autor em 1984 em um disco solo. Típico disco pesado dos anos 1980 feito para escutar no volume máximo.

“TROUBLE WALKING” (Atlantic/Megaforce, 1989). Na prática, Trouble walking foi o segundo disco solo de Ace, já que os dois anteriores saíram com a nomenclatura Frehley’s Comet. A formação era quase a mesma do primeiro álbum da banda de Frehley – a diferença era a presença de Richie Scarlet na guitarra. O som era bem mais repleto de recordações sonoras ligadas ao Kiss do que os álbuns do Comet, em músicas como Shot full of rock, 2 young 2 die e a faixa-título – além da versão de Do ya, do The Move. Peter Criss, baterista da primeira formação do Kiss, participava fazendo backing vocals. Três integrantes do então iniciante Skid Row (Sebastian Bach, Dave Sabo, Rachel Bolan), também.

“10.000 VOLTS” (MNRK, 2024). Acabou sendo o último álbum da vida de Frehley: 10.000 volts trouxe o ex-guitarrista do Kiss atuando até como “diretor criativo” e designer da capa. Ace compôs e produziu tudo ao lado de Steve Brown (Trixter), tocou guitarra em todas as faixas – ao lado de músicos como David Julian e o próprio Brown – e convocou o velho brother Anton Fig para tocar bateria em três faixas. A tradicional faixa instrumental do final era a bela Stratosphere, e o spaceman posou ao lado de extraterrestres no clipe da ótima Walkin’ on the moon. Discão.

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