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Walfredo Em Busca da Simbiose: um papo sobre pandemia, novas músicas, disco novo e… Rick & Renner

Tem disco novo do Walfredo Em Busca Da Simbiose vindo aí. O projeto musical paulistano criado pelo cantor e compositor Lou Alves estreou em 2019 com o álbum Maiúsculas cósmicas. Dessa vez, retorna com uma série de questionamentos causados pela pandemia, pelo isolamento, por amadurecimentos pessoais e até por sonhos. Como no caso de Netuno, o single mais recente, inspirado simultaneamente por um sonho do amigo e produtor Fernando Rischbieter, e pelos climas de Dark side of the moon, clássico do Pink Floyd. “Brincamos dizendo que essa track deveria se chamar The dark side of the netuno“, conta Lou.
Em uma conversa com o Pop Fantasma, Lou adianta um pouco do disco novo, que virá em climas mais noturnos e menos solares, mas sempre inspirados por nomes como David Bowie e o próprio Pink Floyd. Também recordou a época em que, começando como técnico de som, gravou artistas como Belo, Banda Calypso e Rick & Renner num dos estúdios mais populares de São Paulo. Tá aí o papo.
Como é que foi esse período de isolamento pra você, ainda mais levando em conta que seu projeto musical fala em simbiose (em biologia é a relação ecológica que ocorre entre indivíduos de espécies diferentes)?
Eu aproveitei muito o período para me descobrir como compositor, completo. É tudo muito novo pra mim, comecei esse trabalho como músico, compositor e produtor em 2017. Aí na pandemia acendeu algo diferente. Eu já tinha o Maiúsculas cósmicas (primeiro disco, de 2019), era um compilado daquelas músicas que a gente faz quando é mais jovem. Para o segundo disco, eu tinha que me provar, aquela coisa de “será que você consegue fazer mais um compilado de músicas? Compor mais músicas do zero?” Antes eu tinha todo o período da minha vida, agora eu tenho esse momento para compor. Pensei em fazer uma música por semana, em compor.
A quarentena então foi literalmente esse período de sentar e ficar compondo. Ler muitos livros e também compor bastante. Acho que o segundo ano de quarentena foi o mais difícil, porque a gente não estava mais aguentando. O primeiro ano foi para escrever as músicas e fazer as prés tanto dos singles quanto do disco que tá vindo.
No que você acredita que amadureceu como compositor e como letrista, em especial?
É quase como se eu tivesse uma responsabilidade nova. E como é arte, muita gente fica falando “ah, tô esperando meu período de inspiração e tal”. É ótimo estar inspirado porque você senta e compõe rapidinho, mas tem momentos em que você não está assim. E eu tinha que fazer uma música por semana (risos). Tinha dia em que você não estava tão inspirado mas buscava essa inspiração. A primeira coisa que eu aprendi foi buscar essa inspiração, e ir atrás dela, seja ouvindo música, lendo um livro, vendo um filme. A leitura me ajudou muito. Às vezes você não está num bom dia mas busca alguma coisa que te inspira, e a inspiração vem.
Evoluí muito na parte técnica como compositor, comecei a ficar mais pragmático, a prestar atenção em estruturas de rimas, tipo “ah, não vamos fazer uma rima tão óbvia”. E a parte mais metafísica, espiritual, mais profunda da coisa, é literalmente aprender a se libertar. Eu escrevo sobre coisas verdadeiras, sentimentos verdadeiros, é quase um ato de autoconhecimento quando você fala de você mesmo, sobre coisas da sua vida. Eu falo muito sobre sonhos, então eu anoto meus sonhos. As pessoas que eu ouço têm isso também, então é um espelho.
E como é o caminho de reflexão para você chegar no tipo de letra que você faz? Suas letras têm comentários bem legal sobre a condição humana, a coisa do “o louco sempre tem razão”, “traumas de estimação procuro não arrastar comigo a vida inteira”. É um caminho de autoconhecimento muito forte…
É um nível de ensimesmamento, não vou dizer nem que é algo egocêntrico nem egoísta… A primeira coisa que influenciou muito foi ler muita coisa sobre filosofia. O que abriu minha cabeça foi o Assim falou Zaratustra, do Nietzsche. Li muita coisa sobre cabala, sobre autoconhecimento mesmo. Gosto muito de Jung também, psicologia analítica, muita coisa que eu até preciso me aprofundar mais. Essa coisa da música O louco sempre tem razão é algo que até faz parte da minha vida. Tem o arquétipo do louco, que tem em músicas dos Mutantes, Raul Seixas. Os loucos não se importam com o que estão falando dele, ele não se importa com o julgamento. O arquétipo do louco no tarô para mim é muito importante, ele é o arquétipo mais puro da liberdade. Só que ele precisa ser guiado, tem que ter alguém guiando ele até o fim da jornada.
E o que você pode adiantar do disco que tá vindo aí? O single Netuno, você comentou que tem uma influência grande do Pink Floyd, do Dark side of the moon… O disco novo vem nessa linha também?
Netuno e Traumas de estimação são minhas faixas favoritas no disco, porque elas não são tão solares, são mais noturnas. O disco tem esse ar um pouco mais noturno, não é tão solar. Por causa da quarentena, né? O disco foi todo feito na quarentena, uma época em que todo o inconsciente coletivo estava muito pra baixo. Hoje tá tudo mais solar, até coletivamente. O disco é bastante ambientado, tem uns barulhos do nada nas músicas (risos), e ouvindo de fones, isso dá um gostinho a mais. Você fica querendo escutar aquele ruído de novo, é quase como num filme.
Com certeza vai ter algo da estética de Netuno, que foi uma música que foi até um presente dado a um amigo. No meio da quarentena, a gente estava vivendo uma crise, porque a gente sofreu muito nessa época. Ele um dia começou a desabafar e contou um sonho que ele teve. Eu nem falei que iria fazer a música, só fiz, mandei para ele e quando ouviu, ele não percebeu nada (risos). Só falou: “Nossa! Não acredito que você fez uma música sobre o meu sonho”. Queria fazer uma surpresa, ver se ele percebia, e ele percebeu.
Você trabalhou como técnico de som durante um tempo, com artistas que fazem um som bem diferente do seu, mais popular. No caso, Belo, Alexandre Pires… Como foi essa experiência? E foi no Gravodisc, que é um estúdio bem tradicional…
Bom, quando eu saí da escola, fiz um curso de áudio. Juntei uma graninha, porque eu trabalhava numa locadora de vídeo, e fiz o curso. Abri o jornal, peguei os classificados e mandei currículo pro primeiro emprego que apareceu – e era esse, de técnico de gravação. E fui parar lá. Dei muita sorte, até porque eu morava do lado, era bem ali no Largo do Arouche. Era um estúdio realmente muito antigo e foi uma experiência bem louca, porque eu era bem novo, tinha 18 pra 19 anos.
Eu tava ali como técnico de gravação trainee, andava no corredor e cumprimentava Chitãozinho e Xororó. Muito legal, vi Belo gravando, Daniel, banda Calypso… Rick & Renner foi meu primeiro play-rec, pra você ver. Foi a primeira vez em que eu sentei na mesa de som. Os caras ainda por cima me chamavam de Fiuk, pra piorar. Era: “vem pra mesa de som, Fiuk” (risos). Eu apertei o play-rec tremendo, imagina? E querendo ou não, são músicas que ficam na cabeça das pessoas. Você vai num bar tomar uma cerveja e tá tocando. Eu amava as músicas do Rick & Renner (canta Ela é demais), foi uma grande experiência gravar esses caras. E me ajudou, me deu bagagem no meu trabalho.
Imagino. Na verdade ia até perguntar em que nível o que você aprendeu com essa galera mais popular ficou no teu trabalho…
Ficou muito essa coisa de trazer coisas mais complexas pro meu trabalho – eu adoro assuntos como filosofia, psicologia, metafísica – mas de forma simples. Parece um paradoxo, mas fui sacando que essas canções são bem diretas e retas no que elas estão dizendo. Então, é nesse lance mesmo, da construção de uma canção. Eu gosto de estruturas psicodélicas na produção, mas o cerne é a canção, aquela coisa do estrofe, ponte e refrão, que é a coisa bem radiofônica. No Gravodisc lembro que havia a preocupação de não passar dos 3m30. Lembro de ter visto os caras levantarem a base de uma música do zero e ter a música pronta em seis horas. E com cordas, com tudo, metais.
Eu trabalhei com a Gal Costa em produção, também, mas foi num estúdio mais de ensaio. Foi na época do Estratosférica. Vi todo mundo levantando o show do zero, direção de show do Pupillo… Foi uma aula. Eu estava ali na graxa, mas aprendendo tudo. E ainda teve outros artistas, gravei o Detonator, também (risos). Aliás, ele e a Gal estavam no estúdio no mesmo horário.
Rolou de se conhecerem?
Não, infelizmente. Bom, se cruzavam no corredor do estúdio, mas não sei se teve alguma prosa. Não deve ter rolado.
E por que o nome Walfredo Em Busca Da Simbiose?
Walfredo era o nome de um cliente do último estúdio que eu trabalhei. Tinha uns clientes que batiam na porta do estúdio sem ter nenhuma assessoria. O cara batia na porta e falava: “Oi, tenho uma musiquinha, queria gravar em voz e violão, mas não é pra fazer sucesso. É só pra gravar e deixar em casa tocando pros meus filhos”. Um desses caras era o Walfredo. Eu pensava: “esse é o cara!”, só dele estar ali entregue no estúdio. Aquilo para ele era um Playcenter, e ele estava lá gravando voz e violão, uma coisa bem simples mas bem singela, pura.
E por outro lado, tinha uma turma bem jovem, de banda, que chegava lá e falava: “Então, como é que é? A gente grava a música aqui e já põe a música dentro do rádio? Como é que faz? Manda pra quem?” (risos). Eu e meu parceiro de estúdio pensávamos: “Mas o cara nem gravou e já quer pular as etapas!”. E tinha esse cliente que era oposto disso, o nome dele era até Walfredo dos Anjos. O “simbiose” veio da semiótica, que eu adoro. É o processo de comunicação dos símbolos, como ele se apresenta na sua consciência, como ele trabalha. Ficava pensando que o Walfredo tinha encontrado a simbiose, só dele estar ali, íntegro, gravando, em voz e violão (risos). E era algo bem singelo, a gente gravava em CD-ROM – na época se gravava em CD-ROM – e o cara levava para casa para ouvir com a família.
Lançamentos
Radar: Real Estate, The Dirty Nil, Snõõper, Ministry, Paul Weller, 61 OHMS, tudo junto

Felicidade é quando todas as bandas e artistas que a gente escolhe pro Radar têm nomes pequenos – e cabe todo mundo no título. Hoje tem Radar internacional, unindo novos e veteranos em torno da música nova – e, no caso do Ministry e do Paul Weller, do novo olhar sobre velhas canções. Divirta-se. Em tempo: esse texto era para trazer o clipe novo do Ministry, mas aparentemente ele foi censurado pelo YouTube (Foto Real Estate: Bandcamp).
Texto: Ricardo Schott
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REAL ESTATE, “EXACTLY NOTHING”. O Real Estate foi atrás das sobras e achou coisa boa: a coletânea The Wee Small hours: B-sides and other detritus 2011–2025 reúne lados B, faixas perdidas e outtakes desde o início da banda até o disco Daniel (2024). O nome do disco vem de uma música inédita feita nas sessões do terceiro álbum, Atlas (2013), e também acena pra um álbum clássico de Frank Sinatra. Uma raridade pra quem acompanha a banda de Nova Jersey desde o comecinho — ou pra quem quer descobrir as entrelinhas do som deles. Destaque para Exactly nothing, um B-side de 2012 que consegue ser ensolarada e misteriosa simultaneamente.
THE DIRTY NIL, “SPIDER DREAM”. The lash, quinto disco dessa banda punk canadense, tá marcado para sair no dia 25 de julho. Enquanto o álbum não chega às lojas, dois singles, Gallop of the hounds e este Spider dream, servem de vislumbre. A canção é uma balada soft, tranquila, mas trevosa.
Aliás, o cantor e guitarrista Luke Bentham disse que a inspiração da música foi um pesadelo – o tal “sonho de aranha”, do qual ele fala na letra, que tem versos como “ontem à noite eu sonhei que meu corpo estava coberto de picadas de aranha” e “o passado me parece um cemitério que visito todos os dias, faça chuva ou faça sol”. Outra inspiração foi o documentário Get back, sobre as internas do disco-filme Let it be, dos Beatles. “Me inspirei a usar acordes mais vibrantes do que costumo usar”, diz.
SNÕÕPER, “INCOGNITO”. Em 2010 surgiu uma ramificação do punk que logo ganhou a alcunha de eggpunk – na verdade era uma espécie de synthpunk, com herança direta de bandas como Devo e Sigue Sigue Sputnik e uso de teclados baratos. Essa banda de Nashville se considera parte dessa onda, recriando o punk e o hardcore a partir de baterias eletrônicas, teclados e um aparato de gravação que parece sempre disposto a distorcer o som.
Depois de um excelente disco de estreia, Super Snõõper, de 2023 (resenhado pela gente aqui), o grupo retorna com um EP exclusivo para o Bandcamp, Unknown caller – disco gravado em casa, com quatro faixas curtas. A zumbizante Crash out, single do EP, é bem legal – por sinal até o momento é a única que você vai encontrar nas plataformas mais conhecidas. Mas destacamos o clima caótico e intermitente da acelerada Incognito.
MINISTRY, “I’LL DO ANYTHING FOR YOU (SQUIRRELY VERSION)”. O novo clipe do Ministry, uma provocação explícita que chegou a circular pelo YouTube, foi retirado do ar sem qualquer explicação oficial. Quem teve a chance de ver, encontrou o sempre sombrio Al Jourgensen em um modo inusitado — e quase fofo. De terno rosa, marias-chiquinhas no cabelo, óculos em forma de coração e uma camiseta com os dizeres “Eu não sou adorável?”, ele revisita I’ll do anything for you, música da fase tecnopop da banda, regravada no bizarríssimo The squirrely years revisited – álbum dedicado a desenterrar o repertório inicial do Ministry, que ele sempre disse odiar (e que foi resenhado pela gente aqui). No vídeo, que agora só circula em alguns trechos (tem shorts no YouTube e este pedaço no Instagram da banda), há até uma montagem de Vladimir Putin e Donald Trump dividindo um espaguete, ao estilo de A Dama e o Vagabundo. Segue pelo menos o áudio.
PAUL WELLER, “LAWDY ROLLA”/”PINBALL”. Você já deve ter visto, mas não custa falar que vem aí mais um capítulo da trajetória de Paul Weller: o músico britânico anunciou o álbum Find El Dorado, só com releituras de canções que marcaram sua vida, com convidados como Robert Plant, Noel Gallagher, Hannah Peel. Tá previsto para 25 de julho e Weller fez versões de artistas como Richie Havens, Bee Gees e Kinks.
De nomes pouco conhecidos, tem a releitura de Lawdy rolla, música do The Guerrillas – um grupo de músicos de estúdio formado por feras como Manu Dibango (sax) e Slim Pezin (guitarra), que gravou essa “canção de trabalho” em clima jazzy num single de 1969. Essa e Pinball (single de estreia do cantor, apresentador e ator britânico Brian Protheroe) ganharam versões e já saíram como singles.
61 OHMS, “SIGN OF THE TIMES”. Essa banda californiana considera seu single mais recente algo entre “Radiohead, Coldplay antigo ou Muse com um toque moderno” – e faz sentido, mas tudo filtrado por um toque musical que vem lá dos anos 1990 e da paixão pela música-de-guitarra-e-ruído que as bandas da década tinham (entre elas o próprio Radiohead do disco Pablo honey, de 1993). Sign of the times ganhou também um clipe tão imersivo quanto a própria faixa.
Lançamentos
Radar: Armada, Alma Djem, Exclusive Os Cabides, Pablo Lanzoni e outras novas

Sai da frente que hoje o Radar, na nossa edição nacional, abre dando espaço a dois estilos historicamente guerreiros: o punk e o reggae, representados pelo Armada e pela turma do Alma Djem, ambos com coisas novas nas plataformas. MPB, música instrumental e sons indie também surgem por aqui, nessa playlist que não é playlist – isso porque a gente quer que você faça a sua própria playlist na plataforma que você quiser. Ouça, escolha e passe adiante.
Foto Armada (Matheus Machado/Divulgação).
Texto: Ricardo Schott
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ARMADA, “LAST OF MY KIND”. Toda a beleza de um hino punk: a banda paulistana revisita Last of my kind, faixa do disco Tales of treason, lançado no ano passado em vinil pela gravadora americana Pirates Press Records, em parceria com a Comandante Records. O Armada aproveitou um show recente em São Paulo para levar a energia do palco (e da platéia!) para um novo videoclipe.
A música é uma homenagem a quem insiste em seguir em frente quando tudo ao redor sugere o contrário — com destaque para o refrão e sua frase emblemática: “eu nunca sei quando desistir”. “Acho que a maioria das pessoas que tem uma banda, ou qualquer tipo de projeto artístico, que consome todo seu tempo, dinheiro, vida pessoal e profissional a troco de praticamente nada, consegue se identificar com essa frase”, afirma o baixista Mauro Tracco, que divide a direção do vídeo com Rapha Erichsen e Rodrigo Braga.
ALMA DJEM feat TATO, “SOBRADINHO”. O grupo de reggae Alma Djem lança Harmonia, terceiro EP do projeto Acústico em São Paulo, iniciado com os EPs Luz e Liberdade. Gravado em julho de 2024, o novo volume traz cinco faixas que falam de amizade, fé, amor e diversidade.
A abertura do EP novo é uma atualizada versão de Sobradinho, clássico de Sá & Guarabyra cuja letra – feita ainda nos tempos da ditadura – é bastante assertiva a respeito dos impactos da ação humana na natureza. A regravação junta Marcelo Mira (Alma Djem) e Tato (Falamansa), retomando uma parceria que já completou duas décadas. O EP tem também participação da banda capixaba Macucos.
EXCLUSIVE OS CABIDES, “PILHA ELETRÔNICA”. Em turnê, e de volta ao repertório de seu álbum mais recente, Coisas estranhas (resenhado por nós aqui), a banda catarinense Exclusive os Cabides decidiu revisitar Pilha eletrônica, uma das melhores e mais instigantes faixas do disco, e transformá-la em clipe. Um clipe, por sinal, tão indie quanto o disco: foi criado a partir de vídeos dos bastidores da turnê, editado pelos integrantes Eduardo Possa (guitarra) e Carolina Werutski (bateria), e é repleto de distorções visuais, para imitar a estética daqueles karaokês de boteco que eram uma febre nos anos 1990 – lembra? E sábado (31) tem show deles no Popload Festival.
PABLO LANZONI, “AVISO DE NÃO LUGAR”. Os sonhos do dia a dia, as utopias que a gente vai construindo na mente, e os desejos de alçar voo e ir além da realidade – misture tudo isso e você vai descobrir o combustível do novo single do gaúcho Pablo Lanzoni. Aviso de não lugar foi feito em parceria músico e poeta Richard Serraria, e mergulha no universo do indie folk idealista, sonhador e contemplativo. O single anuncia o próximo álbum de Pablo, que também vai se chamar Aviso de não lugar, e sai ainda neste semestre, com produção dele e de Leo Bracht.
RENZO PERALES E RP PROJECT, “SONHO RUIM”. Uma música instrumental que “fala” por si própria. Peruano radicado em São Paulo, o guitarrista Renzo Perales mistura camadas de jazz, r&b e até pagodão baiano em Sonho ruim, sua nova faixa com o grupo RP Project, que conta com participações especiais do beatmaker Toperasound e de Bicho Solto (Afrocidade), ambos nas percussões.
Mesmo sem letra, Sonho ruim foi escolhida por Renzo para expressar, por meio da música, os sonhos e dilemas de um imigrante em busca de uma vida nova e próspera em outro país. “Você vive um sonho de oportunidades e abundância que em determinado momento joga contra, parecendo inalcançável”, afirma ele. Quando a música fala, todo mundo entende.
OS PECADOS TROPICAIS, “EU TE VI”. Depois do criativo e ousado single de estreia, Absinto, Luisa Dale (voz), Daniel Ferreira (baixo), Tomás Novaes (bateria) e Nina Goulios (guitarra) retornam com Eu te vi, nova faixa embalada por um indie pop cheio de balanço. Produzida por Paulo Novaes e com lançamento do mitológico selo Kuarup, a canção mistura o swing nacional dos anos 1980 com o lado mais dançante da MPB, em clima solar realçado pelos metais. O primeiro álbum da banda, epônimo, sai em breve. São nove faixas gravadas pelo trio original Luisa, Daniel e Tomás — Nina se juntou ao grupo após as gravações.
Lançamentos
Urgente!: Unknown Mortal Orchestra lança clipe e cria polêmica – e mais

RESUMO: Fãs ficam indignados com música e clipe da Unknown Mortal Orchestra. Pic-Nic lança primeiro disco de inéditas em 14 anos. Produtor do primeiro álbum da Legião Urbana, o jornalista José Emilio Rondeau lança livro sobre os bastidores das gravações.
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O Unknown Mortal Orchestra não consegue ficar parado por muito tempo. O grupo experimental liderado por Ruban Nielson lançou há poucos meses o álbum IC-02 Bogotá (que resenhamos aqui) e acaba de anunciar o EP Curse, inspirado nos giallos, filmes de terror italianos dos anos 1970 e 1980. O disco sai dia 18 de julho e tem seis faixas: Aura, Boys with the characteristics of wolves, One hundred bats, Sorcerers of silence e Curse.
Boys…, a segunda faixa, já saiu na frente como single, e é uma canção que pode ser tranquilamente colocada na gavetinha do stoner rock. O clipe da canção, feito pelo próprio Ruban – que é a ”orquestra” da música e toca todos os instrumentos – aumenta a duração em 1m20 com uma espécie de trailer assustador, cuja sonorização (seria a versão inteira dela ou um trecho de outra faixa?) deixa a impressão de que a faixa é bem mais sombria e experimental.
E enfim, muita polêmica envolvida, justamente por causa da música e do clipe: Nielson junta no vídeo vários trechos de antigos filmes, mas bota os personagens para mover os lábios e cantar a letra da faixa. No YouTube, tem uma porrada de gente indignada achando que a música foi feita inteirinha com inteligência artificial – e num canal do Reddit chamado /indieheads, tem uma turma putaça com o evidente uso de IA no clipe.
“Mesmo que a IA fosse usada apenas para economizar dinheiro… Mano, qual é? O vídeo faz referência ao cinema de terror italiano dos anos 70 e 80, essa porcaria foi literalmente feita com dinheiro, rs. Ruban poderia ter feito algo com um charme vintage de verdade, mas acabou apenas afirmando o quão longe ele está do seu auge criativo”, escreveu uma pessoa. Um outro reclamou que o recurso deixa qualquer clipe “cafona”.
Um outro fã da Unknown Mortal Orchestra desencavou uma entrevista de Ruban lembrando que quando estudava Belas Artes, sua faculdade gastou “perversamente” uma bolada de grana para comprar uma engenhoca chamada The Painting Machine (“a máquina de pintar”).
“O assunto passou a ser: essa máquina vai nos substituir? Um monte do meu trabalho passou a ser a resposta à ansiedade de estudar pintura num mundo em que uma máquina pode pintar qualquer coisa”, contou o músico, dizendo que passou a pintar as mesmas coisas repetidamente, até que tudo parecesse “a fria repetição de um autômato”.
Até o momento, Nielson parece disposto a confundir. Sobre o EP da UMO que vem aí, disse no release coisas como: “No coração dos homens, às vezes, há bondades escondidas, mas substanciais, que seriam a diferença, em tempos de infortúnio, entre se encontrar à mercê de um monstro ou de uma criatura mais heroica”, contou.
“Por uma questão de sanidade, podemos nos enganar acreditando que essas lascas prateadas de moralidade são visíveis de fora, mesmo quando sabemos que não são. E, de qualquer forma, muito do que acreditamos ver de fora é uma miragem, especialmente hoje em dia”, completou. Ah, bom.
***
Vai estar em breve nas nossas resenhas, mas vale citar que saiu hoje nas plataformas Volta, disco novíssimo da banda carioca Pic-Nic (Novevoltz/Bonde Music), o primeiro desde o retorno do grupo em 2021. O álbum tem sete faixas novas, participação do rapper Ramonzin, sonoridade com cara punk-disco-grunge no single Aniquilação – que já ganhou clipe – e muita vivência acumulada. O som é novo, mas com ecos dos anos 2000.
***
Por último mas não menos importante (e falaremos melhor disso depois), vale anunciar que na próxima quarta (4 de junho) o jornalista José Emilio Rondeau autografa na Livraria da Travessa de Ipanema o livro Será! – Crises, genialidade e um som poderoso: os bastidores da gravação do primeiro disco da Legião Urbana contados por seu produtor (Editora Máquina de Livros). Pois é: além de ser um dos maiores mestres do jornalismo de rock no Brasil (você o encontra semanalmente na newsletter Farol), Rondeau produziu a estreia da Legião, e reúne neste livro os causos – há anos dispersos em entrevistas e artigos. É às 19h, Rua Visconde de Pirajá, 572, Ipanema. Com bis na Bienal do Livro do Rio de Janeiro, dia 13 de junho, às 15h.
Texto: Ricardo Schott
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