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Cultura Pop

Você já virou fã de Júnior Groovador?

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Você já virou fã de Júnior Groovador?

Nós, aqui do POP FANTASMA, ficamos malucos quando vimos esse vídeo.

O baixista que toca “um Nirvanaço na pegada brazuca” e sai dançando enquanto transforma Smells like teen spirit, do Nirvana, num forró, é o músico José Edilson Firmino Silva Júnior, 35 anos. Ou Júnior Bass Groovador. A fama do cara foi passando de show em show, passou para as redes sociais e já chegou à televisão. Ele já foi convidado do programa Eliana, do Legendários, do Encontro com Fátima Bernardes e do Programa do Ratinho. Antes disso, as reboladas de Junior, e sua técnica que lembra uma espécie de Flea (do Red Hot Chili Peppers) do forró, já tinham alcançado mais de seis milhões de visualizações. Nos vídeos, o baixista faz questão de chamar seu público de “galera alto astral” e de usar o grito de guerra “vamos vencer na vida, galera!” (que ele diz ter surgido num momento de dificuldade).

Olha ele mostrando que Linkin Park e forró nasceram um para o outro, com uma versão de Numb.

Ele metendo a mão num arrocha chamado Propaganda enganosa.

E não é que o POP FANTASMA foi lá bater um papo com Júnior Groovador? Júnior, que diz ter aprendido a tocar sozinho (“acredito num Cristo vivo, e Deus me deu esse dom na música”, conta), afirma que o vencer na vida é um propósito diário. “A gente tem que estar todo dia, até o fim da vida, com o propósito de vencer na vida. Nesse Brasil nada é fácil, nada fica fácil, nada vai estar fácil. Tem que botar na cabeça que com determinação, foco e fé a gente consegue vencer. Determinação de enfrentar as dificuldades, o foco de você conseguir manter os objetivos e a fé de manter sua identidade”, conta.

POP FANTASMA: Você tem feito bastante sucesso com os vídeos nos quais toca e canta, e recentemente viralizou uma versão arrocha que você fez de Smells like teen spirit, do Nirvana. Como tem sido a repercussão entre os fãs? Você tem arrumado fãs novos?
JÚNIOR GROOVADOR: Fala grande Ricardo Pop fantasma! É uma honra imensa ser entrevistado por você meu amigo alto astral! ( 🙂 ) Rapaz, tô feliz demais. A cada dia que passa recebo mais seguidores, tem mais fãs gostando das minhas versões que eu faço nos videos. Tenho uma parceria com a Smusic Studio aqui em Natal e lá, já fiz várias versões de banda de rock em forró e sertanejo, valorizando minhas raízes e identidade musical. Já toquei músicas de bandas como Europe, Bee Gees, Linkin Park, AC/DC. Lógico que teve uma galera que criticou, mas faz parte. Eu apenas respondo dizendo que “é só alegria, vamos vencer na vida” (risos).

Como você teve a ideia de colocar vídeos seus nas redes sociais? Ricardo, foi naturalmente. Eu tava no meu quarto em um dia comum de estudos musicais. Aí me deu a ideia de gravar no meu quarto. Eu coloco a música pra tocar e faço o som por cima, dançando e tocando. Eu amo dançar desde de pequeno, a dança me envolve bastante em tudo!

Você já fazia sucesso nos shows e resolveu ampliar o número de fãs, então? Comecei a fazer sucesso mesmo através de um vídeo, em que eu aparecia tocando numa banda de forró aqui de Natal que se chamava Forró Bota Boneco. O show era numa tarde de sol aqui no Rio Grande do Norte, lá no Balneário de Pedro velho, no interior. Alguém me filmou tocando, da em uma semana eu já estava com um milhão de visualizações! Depois desse vídeo ai, os programas de TV começaram a me chamar (risos).

Como você se envolveu com música e por que optou pelo baixo? Olha, Ricardo, eu comecei tocando violão. Depois fui para a guitarra. Mas quando conheci as cordas graves, foi amor à primeira vista! Comecei tocando violão sozinho, tenho um irmão que era músico. Meus pais pagavam aula de violão para meu irmão, e para eles, meu irmão era que tinha um futuro brilhante como músico. Eu aprendi a tocar indo para casa de amigos, para aprender uns grooves, mas eu também comprava revistinhas de cifras. Comecei também tocando na igreja, mas acabei expulso da igreja católica por desobedecer regras arcaicas, já que eu ia tocar com camisas de banda de rock, usava brincos, tinha cabelos grandes. Eu era um Flea nordestino na igreja! (risos)

Muita gente diz que baixo é um instrumento que não aparece muito numa banda. Daí tem gente que prefere tocar guitarra, bateria… Como você vê essa imagem que as pessoas têm do instrumento e como faz para afastar esse preconceito? O contrabaixo para mim é um instrumento super importante. É como se fosse o trovão das tempestades. É um instrumento que dá vida. Quando eu comecei a tocar, minhas pernas começaram a se balançar. Eu me sinto leve quando eu estou com esse instrumento, ele me dá uma vida nova, um coração novo. E minhas referências todas me deram motivação para ser o Júnior Groovador! Farei de tudo para destacar meu instrumento e valorizá-lo!

Já teve gente que resolveu tocar baixo por sua causa? Sim! (risos) Já teve! Por incrível que pareça tem pessoas que chegam nas minhas redes sociais dizendo que saíram da depressão por minha causa. Fico meio sem jeito. Eu apenas sou um músico alegre, quero passar alegria para as pessoas. Mas saber que posso fazer pessoas saírem da depressão é incrível, e com certeza é o Dom De Deus! Já fui e até hoje sou muito criticado por ser um baixista dançarino. Mas acredito que faço as pessoas serem mais felizes do que tristes!

Teve guitarrista e cantor que ficou com ciúme de você pelo fato de você aparecer muito? Se eu contar aqui dar pra fazer um bloco de carnaval! Já sim, e infelizmente perdi amigos de longa data por causa disso. Antes de fazer sucesso, eu tinha muitos amigos. Depois do sucesso, por incrível que pareça eu conto nos dedos! Mas essa questão existe muito aqui em Natal, uma cidade do tamanho de Santo Amaro, em São Paulo. Existe esse preconceito com relação à minha pessoa. Eu tenho projetos culturais de levar a música motivacional para as pessoas. Mas a política musical e cultural da minha terra não dá espaço para mim! Hoje, por incrível que pareça, sou mais respeitado fora do meu estado do que aqui dentro!

Quais foram suas influências como baixista e quais são seus baixistas preferidos? Cara, eu vim do rock e assisti a muitos artistas foderosamente e groovadamante. Tantos músicos do rock da música brasileira deram alegria aos meus ouvidos. Mas minhas referências maiores são daqui de Natal. Minha maior referência graveana se chama George Mendonça, ex-baixista da banda montagem! De internacional tem o Flea, Steve Harris, Nathan East, Abraham Laboriel, Billy Sheehan (Mr. Big) e outros.

Atualmente você tá tocando com quem? Atualmente eu faço free lance. Minha última banda profissional foi com Ramon Costa. Hoje faço shows com vários cantores daqui de Natal. A música, infelizmente, anda de uma forma drástica profissionalmente. Viver de música nesse Brasil é uma loteria. E na minha opinião a prostituição musical tomou conta do nosso Brasil!

Então, você diria que ser músico no Brasil é uma dureza? Quem toca tem mesmo que pensar em algo para incrementar seus números e conquistar fãs? Sim, amigo! Hoje eu não vivo de música, sou vigilante e, pode acreditar, eu ganho mais trabalhando como vigilante do que como músico! Diante de preconceitos, por causa da minha performance as portas mais se fecharam do que se abriram (gente!). Existe esse preconceito mas eu continuo fazendo meus vídeos e fazendo meus shows. Sinto que Deus quer isso. E uma galera alto astral acredita que tenho que continuar a fazer meus grooves. Eu amo o que eu faço e me sinto feliz quando eu conquisto um fã!

Já pensou em ter um canal de vídeos? Já sim, pretendo ter um canal próprio quando eu tiver meu próprio estúdio (risos).

https://www.instagram.com/p/B0pF4X5gIOe/

De repente você pode dar dicas de baixo pela internet. Muita gente quer que eu dê aulas, mas tô pensando em melhorar meus equipamentos! Graças a Deus tenho patrocinadores que me fortalecem como a Music Experience, Novitamusic, Gerailton luthieria, Marcio Paes Luthieria, De Oliveira. Com os circuitos, eles me orientam da forma correta para o Groovador vencer na vida (risos).

https://www.instagram.com/p/BzZWwrbgkgk/

E o que representou pra você ter aparecido na Fátima Bernardes? Enalteci meu estado minha cidade natal e falei desse estilo musical que eu criei! Me senti realizado e reconhecido de saber que meu trabalho alcançou o Brasil todo! Glória a Deus por isso!

Com quem você sonha tocar? Ricardo, meu maior sonho musicalmente é tocar no rock in Rio (risos). Mas musicalmente já realizei tantas coisas boas. Toquei praticamente ao lado da casa do meu ídolo, minha referência musical, que é George Mendonça. Esse ano toquei em uma festa junina na rua que ele mora. Já toquei no colégio em que estudei minha vida toda, que se chama colégio Encanto. Já toquei com Ricardo Chaves no maior carnaval fora de época aqui em Natal, que se chama Carnatal. Mas falta o velho Rock in Rio.

Você já virou fã de Júnior Groovador?

Junior e seu ídolo George Mendonca

E você considera que já venceu na vida? Não! Eu ainda não realizei meus sonhos, mas tô lutando para vencer na vida, ter minha casa própria, conquistar o respeito e a admiração do meus pais e dar o melhor para minha família, minha esposa e minha filha. Viver bem é isso: ter uma casinha, um estúdio em casa e ser feliz.

Você é casado? Tem filhos? Sim, sou casado e sou pai de Sofia Livia, uma princesa abençoada. Ela sonha em ser juíza!

https://www.instagram.com/p/ByV74wagJBP/

Cultura Pop

Urgente!: O silêncio que Bruce Springsteen não quebrou

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Urgente!: O silêncio que Bruce Springsteen não quebrou

Tá aí o que muita gente queria: Bruce Springsteen vai lançar uma caixa com sete álbuns “perdidos”, nunca lançados oficialmente. O box vai se chamar Tracks II: The lost albums (é a continuidade de Tracks, caixa de 4 CDs lançada em 1998) e nasceu de uma limpeza que Bruce fez nos seus arquivos durante a pandemia. Pelo que se sabe até agora, o material inclui sobras das sessões de Born in the USA (1984) e gravações da fase eletrônica dele, no comecinho dos anos 1990 – inclusive um disco inteiro desse período, que nunca viu a luz do dia.

Essa notícia caiu nos sites na semana passada e trouxe de volta um detalhe que os fãs de Bruce já conhecem bem: ele tem muito material inédito guardado – e material bom. Em uma entrevista à Variety em 2017, ele mesmo comentou que sabia ter feito mais discos do que os que lançou, mas que havia motivos sérios para manter alguns deles nas gavetas.

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“Por que não lançamos esses discos? Não achei que fossem essenciais. Posso ter achado que eram bons, posso ter me divertido fazendo, e lançamos muitas dessas músicas em coleções de arquivo ao longo dos anos. Mas, durante toda a minha vida profissional, senti que liberava o que era essencial naquele momento. E, em troca, recebi uma definição muito precisa de quem eu era, o que eu queria fazer, sobre o que estava cantando”, disse na época (o link do papo tá aqui – é uma entrevista longa e bem legal).

Com o tempo, vários desses registros acabaram saindo em boxes e coletâneas. Um deles foi The ties that bind, um disco de pegada punk-power pop que seria lançado no Natal de 1979 – e que acabou virando uma espécie de esboço inicial do disco duplo The river, de 1980. Pelo menos saiu uma caixa em 2015 chamada The ties that bind: The River collection, com todo o material dessa época, inclusive o tal disco descartado (além de um material que formava quase um suposto disco de punk + power pop que teria sido abandonado).

Um texto publicado na newsletter do músico Giancarlo Rufatto recorda que Bruce infelizmente deixou de fora do novo box alguns álbuns que realmente mereciam ver a luz do dia. Um deles é um álbum solo (sem a E Street Band, enfim), com uma sonoridade country ’n soul, que foi gravado em 1981. Esse disco teria sido abandonado durante um período de depressão, que resultou em isolamento e na elaboração do disco cru Nebraska (1982), feito em casa com um gravador de quatro canais, só voz e violão.

Bruce até parece fazer referência a esse álbum perdido na entrevista da Variety. “Esse disco é influenciado pela música pop da Califórnia dos anos 70”, contou. “Glen Campbell, Jimmy Webb, Burt Bacharach, esse tipo de som. Não sei se as pessoas vão ouvir essas influências, mas era isso que eu tinha em mente. Isso me deu uma base pra criar, uma inspiração pra escrever. E também é um disco de cantor e compositor. Ele se conecta aos meus discos solo em termos de composição, mais Tunnel of love e Devils and dust, mas não é como eles. São apenas personagens diferentes vivendo suas vidas.”

Outro material bastante esperado pelos fãs – e que também não está na caixa – é o Electric Nebraska, a tentativa de Bruce de gravar com a E Street Band as músicas que acabaram no Nebraska. Nem ele, nem o empresário Jon Landau, nem os co-produtores Steven Van Zandt e Chuck Plotkin gostaram do resultado, e as gravações foram trancadas a sete chaves. Nem em bootlegs esse material apareceu até hoje. Pra você ter ideia, Glory days, que só sairia no Born in the USA (1984), chegou a ser ensaiada e gravada junto.

Quase todo mundo próximo a Bruce acredita que ele nunca vai lançar oficialmente essas gravações elétricas do Nebraska. Max Weinberg, baterista da E Street Band desde 1974 (com algumas pausas), confirmou a existência desse material em 2010, numa entrevista à Rolling Stone, e disse que adoraria ver tudo lançado.

“A E Street Band realmente gravou todo o Nebraska, e foi matador. Era tudo muito pesado. Por melhor que fosse, não era o que Bruce queria lançar. Existe um álbum completo do Nebraska, todas essas músicas estão prontas em algum lugar”, revelou. Bruce pode até guardar discos inteiros na gaveta, mas esse é um daqueles casos em que o silêncio guarda várias histórias – que podem render surpresas bem legais.

E ese aí é o lyric video de Rain in the river, uma das faixas programadas para Tracks II (a faixa sai num disco montado durante a elaboração do box, Perfect world).

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Cultura Pop

Urgente!: Supergrass, Spielberg e um atalho recusado

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Coisas que você descobre por acaso: numa conversa de WhatsApp com o amigo DJ Renato Lima, fiquei sabendo que, nos anos 1990, Steven Spielberg teve uma ideia bem louca. Ele queria reviver o espírito dos Monkees – não com uma nova versão da banda, como uma turma havia tentado sem sucesso nos anos 1980, mas com uma nova série de TV inspirada neles. E os escolhidos para isso? O Supergrass.

O trio britânico, que fez sucesso a reboque do britpop, estava em alta em 1995, quando lançou seu primeiro álbum, I should coco. Hits como Alright grudavam na mente, os vídeos eram cheios de energia, e Gaz Coombes, o vocalista, tinha cara de quem poderia muito bem ser um monkee da sua geração. Spielberg ouviu a banda por intermédio dos filhos, gostou e fez o convite.

Os ingleses foram até a Universal Studios para uma reunião com o diretor – com direito a recepção no rancho dele e papo sobre fase bem antigas da série televisiva Além da imaginação. O papo sobre a série, diz Coombes, foi proposital, porque a banda sacou logo onde aquilo poderia dar. “Talvez eu estivesse tentando antecipar a abordagem cafona que seria sugerida, tipo a banda morando junta como os Monkees”, contou Coombes à Louder, que publicou um texto sobre o assunto.

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A proposta era tentadora. Mas eles disseram não. “Foi lisonjeiro e muito legal, mas ficou óbvio para nós que não queríamos pegar esse atalho”, explicou o vocalista, afirmando ter pensado que aquilo poderia significar o fim do grupo. “Você pode acabar morrendo em um quarto de hotel ou algo assim, ou então a produção quer apenas um de nós para a próxima temporada. Foi muito engraçado, respeitosamente muito engraçado”.

O tempo passou. E agora, em 2025, I should coco completa 30 anos (mas já?). O Supergrass, que se separou no fim dos anos 2000, voltou para tocar o disco na íntegra e alguns hits em festivais como Glastonbury e Ilha de Wight.

Aqui, o trio no Glastonbury de 2022.

Foro: Keira Vallejo/Wikipedia

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Crítica

Ouvimos: Lady Gaga, “Mayhem”

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Ouvimos: Lady Gaga, “Mayhem”

Tudo que é mais difícil de explicar, é mais complicado de entender – mesmo que as intenções sejam as melhores possíveis e haja um verniz cultural-intelectual robusto por trás. Isso vale até para desfiles de escolas de samba, quando a agremiação mais armada de referências bacanas e pesquisas exaustivas não vence, e ninguém entende o que aconteceu.

Carnaval, injustiças e polêmicas à parte, o novo Mayhem foi prometido desde o início como um retorno à fase “grêmio recreativo” de Lady Gaga. E sim, ele entrega o que promete: Gaga revisita sua era inicial, piscando para os fãs das antigas, trazendo clima de sortilégio no refrão do single Abracadabra (que remete ao começo do icônico hit Bad romance), e mergulhando de cabeça em synthpop, house music, boogie, ítalo-disco, pós-disco, rock, punk (por que não?) e outros estilos. Todas essas coisas juntas formam a Lady Gaga de 2025.

Algo vinha se perdendo ou sendo deixado de lado na carreira de Lady Gaga há algum tempo, e algo que sempre foi essencial nela: a capacidade de usar sua música e sua persona para comentar o próprio pop. David Bowie fazia isso o tempo todo – e ele, que praticamente paira como um santo padroeiro sobre Mayhem, é uma influência evidente em Vanish into you, uma das faixas que melhor representam o disco. Aqui, Gaga entrega dance music com alma roqueira, um baixo irresistível e um batidão que evoca tanto a fase noventista de Bowie quanto o synthpop dos anos 1980.

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Mais coisas foram sendo deixadas de lado na carreira dela que… Bom, sao coisas quase tão difíceis de explicar quanto as razões que levaram Gaga a criar um álbum considerado “difícil” como Artpop (2013), enquanto simultaneamente mergulhava no jazz com Tony Bennett e preparava-se para abraçar o soft rock no formidável Joanne (2016), um disco autorreferente que talvez tenha deixado os fãs da primeira fase perdidos. Em outro tempo, Madonna parecia autorizada a mudar como quisesse, mas quando Gaga fazia o mesmo, deixava no ar notas de desencontro e confusionismo. O pop mudou, as décadas passaram, o público mudou – e todas as certezas evaporaram.

É nesse cenário que Mayhem equilibra as coisas, entregando um pop dançante, consciente e orgulhoso de sua essência, mas ao mesmo tempo sombrio e marginal. Há momentos de caos organizado, como em Disease e Perfect celebrity – esta última começa soando como Nine Inch Nails, mas, se você mexer daqui e dali, pode até enxergar um nu-metal na estrutura. Killah traz uma eletrônica suja, um refrão meio soul, meio rock que caberia num disco do Aerosmith, enquanto Zombieboy aposta no pós-disco punk, evocando terror e êxtase na pista (por acaso, Gaga chegou a dizer que o disco tem influências de Radiohead, e confirmou o NiN como referência).

Na reta final, o álbum se aventura por outros terrenos: How bad do U want me e Don’t call tonight flertam com o pop dinamarquês dos anos 90 (e são, por sinal, as únicas faixas pouco inspiradas do disco); The beast tem cara de trilha sonora de comercial de cerveja; e Lovedrug mergulha na indefectível tendência soft rock que surge hoje em dia em dez entre dez discos pop. Essa faixa soa como um híbrido entre Fleetwood Mac e Roxette – como se Gaga  estivesse pensando também na programação das rádios adultas de 2035.

O desfecho de Mayhem chega como um presente para o ouvinte: Blade of grass é uma balada melancólica de violão e piano, que ecoa tanto a tristeza folk dos anos 70 quanto a melancolia do ABBA, crescendo em inquietação à medida que avança. E então, como quem perde um pouco o tom, o álbum termina com… Die with a smile, a já conhecida balada country-soul gravada em parceria com Bruno Mars, lançada há tempos como single. Dentro do contexto do disco, ela soa mais como um apêndice do que como um encerramento – uma nota de rodapé onde se esperava um ponto final. Nada que chegue a atrapalhar a certeza de que Lady Gaga conseguiu, mais do que retornar ao passado, unir quase todos os seus fãs em Mayhem.

Nota: 8,5
Gravadora: Interscope
Lançamento: 7 de março de 2025.

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