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Terno Rei: um papo sobre disco novo, turnês, roubadas e Lollapalooza

O Terno Rei vai tocar no Lollapalooza neste sábado (na abertura do Palco 1, às 13h). Aproveitamos para falar disso logo no começo da entrevista que fizemos com eles (aliás, para ver a banda, chegue cedo!), mas o nosso foco era pegar uma das bandas mais interessantes da recente safra do rock brasileiro em um momento bem legal de sua carreira.
O grupo paulistano evoluiu bastante após a turnê do terceiro disco, Violeta (2019), participou de um encontro musical com ninguém menos que Samuel Rosa, do Skank (em live do programa Conexão Balaclava, produzido pela gravadora da banda, Balaclava Records), ganhou bastante experiência no palco e na estrada após as turnês mais recentes. E colhe os frutos no lançamento de seu quarto disco, o recém-lançado Gêmeos, que exigiu bastante dedicação de Ale Sater (voz e baixo), Bruno Paschoal (guitarra), Greg Maya (guitarra) e Luis Cardoso (bateria).
O Pop Fantasma bateu um papo com o quarteto por zoom e conversou bastante com eles sobre o atual momento da banda. Pega aí!
Quais são as expectativas de vocês pro Lollapalooza?
Bruno Paschoal: Bom, estamos ensaiando bastante e a expectativa é fazer um show massa para a galera. Vai ser o show de despedida do Violeta (disco anterior da banda). E é um festival grande, acho que vai ser o primeiro festival em que vamos tocar depois da pandemia… Bom, nem depois da pandemia, depois de toda essa loucura.
Greg Maya: Na verdade tocamos em Floripa também (em janeiro, no festival Saravá, com Céu, Juçara Marçal e outros nomes).
Bruno Paschoal: Isso, verdade!
Luis Cardoso: Estamos empolgados e ansiosos, ensaiando para fazer o último show do Violeta. Mas vamos tocar as músicas novas também, os singles que a gente já soltou. Mas vai ser um show mais do disco anterior. Vamos ter um tempo bom de line check, passagem de som.
Como é estar fazendo uma agenda que é do disco anterior, já que o novo álbum já está rolando? Vão ter músicas novas, imagino que seja um set bem misturado…
Luis Cardoso: O show vai ser uma despedida do disco anterior, com oito músicas dele e mais quatro novas. Depois a coisa se inverte e aí é que vamos trampar mais o disco novo. Mas dos outros discos vão rolar músicas. Os dois discos juntos dá uma hora e pouco. Dá pra tocar os dois na íntegra e fazer um cover se quiser.
Escutando o disco novo e comparando com os anteriores, dá para perceber que ele tem algo de muito especial na discografia de vocês. Como analisam hoje a entrega que tiveram nesse disco?
Ale Sater: Colocamos muito mais energia nesse disco. Até porque depois do sucesso que o Violeta fez – ele foi um disco que mudou muito nossa história como banda – a gente não podia fazer um negócio sem vontade e sem apreço. No final, esse disco é muito mais cheio. Mesmo o Violeta, que a gente ama, você o ouve e depois ouve o Gêmeos… Ele é todo mais produzido. Quase todas as músicas têm alguma coisa interessante rolando, alguma instrumentação, algum arranjo e tal. E acho que isso é fruto do trampo, esse disco foi o mais trabalhoso de todos. Se juntar os três, dá o mesmo trabalho que deu só esse, sozinho. A gente penou pra fazer (risos).
A trabalheira foi em tudo, então? Composição, arranjo, produção… Em algum desses processos vocês perceberam que estavam suando mais, trabalhando mais?
Ale Sater: Sim, sim, foi em composição, produção, pós-produção, mixagem, masterização e até em como definir coisas de divulgação, como soltar o clipe… Tudo foi mais sério, envolveu mais gente, mais cabeças.
Greg Maya: A gente tinha mais tempo também. E por ter mais tempo pra fazer tudo, a gente acabou tendo mais preciosismo. Em algum momento a gente acabou se enrolando mais também, mas faz parte do processo.
A primeira coisa que me veio à cabeça é que é um disco bom pra tocar no rádio. Tudo bem que rádio hoje em dia não é mais a mesma coisa, mas foi algo que vocês pensaram? Houve uma rádio imaginária nesse processo?
Ale Sater: Ah, não tinha, mas as coisas que a gente estava ouvindo na época eram bem nesse estilo. O exemplo perfeito é o Semisonic (do antigo hit Closing time), não sei se você se lembra…
Sim, lembro.
Ale Sater: Era super boa, super indie, mas bem pop, bem radiofônica, e estávamos ouvindo bastante.
Luis Cardoso: A gente não fez com isso em mente, tipo “vamos fazer essa música pra acontecer isso”. Agora, com o disco novo, eu já vejo uma música ou outra sendo tema de personagem de novela. Ou vejo que uma música ou outra tocaria na rádio facilmente por tudo que está tocando… Depois de ver o disco pronto, vejo que tem um lance meio radiofônico e que poderia encaixar até em novelas. Acho que tem uma abertura grande pra isso, o disco ficou aberto para os mais variados tipos de coisas rolarem, mas a gente não fez nada pensando em tocar no rádio.
O que a turnê do Violeta e tudo o que aconteceu com o disco ensinou a vocês?
Ale Sater: Ensinou muita coisa e muita coisa técnica, até. A gente antes do Violeta não tinha técnico de som. E hoje não dá para fazer show sem nosso técnico, é muito arriscado, de sair uma bosta mesmo. Até essas coisas técnicas de ensaio… Era tudo muito no pelo, o que era legal também. Mas agora a gente subiu um degrau de profissionalismo, mesmo. A gente não dorme mais na casa do batera da banda de abertura (risos)… Isso aconteceu muito. A gente tenta não entrar tanto em fria também.
Luis Cardoso: A gente se preocupa hoje em contar uma história com todas as músicas do show, com as músicas interligadas. Ter um passeio de mood no show. Ou esses lances profissionais, de fazer contrato, de garantir que a gente tenha um lugar confortável para descansar. Às vezes é um trampo de dois dias pra um show de uma hora e meia. Muitas coisas influenciam nisso, do camarim não ter lugar pra sentar. Ou de você dormir na casa do batera e dormir só sete da manhã porque o cara quer ficar na farra. E são coisas que acabam deixando o show pior. Nem tamos falando de dinheiro, mas de pequenas coisas que acabam prejudicando. Você com o tempo vai aprendendo essas coisas, em qual show vale a pena ir, em qual não vale. Também não vale a gente ir aceitando tudo que tem pra fazer e os quatro estarem infelizes.
O que seria uma roubada?
Ale Sater: Um show com cinco bandas, que pode até ter muita gente, mas é tudo misturado, numa cidade muito longe e que a gente vai tocar às 2h3o da manhã. Tem tudo pra dar errado. E esse evento, vou falar pra você, aconteceu!
Luis Cardoso: E deu errado (risos).
Ale Sater: Não vou falar onde foi, mas rolou. Deu errado. Foi ruim pro cara que estava ouvindo e para mim, para nós. Além desses macetes de estrada, tem a parte musical. Desde o Violeta a gente tem uma convivência bem legal com o (Gustavo) Schirmer, o Amadeus (de Marchi) e o Janluska (os três, produtores), o que é bem legal. A gente aprendeu muito de produção com eles. E a gente acaba errando menos nas músicas, que é algo que vem com a idade.
Como foi trabalhar com o Samuel Rosa e o que aprenderam com ele?
Bruno Paschoal: Foi muito doido trabalhar com ele. Era uma coisa meio surreal, porque até um dia antes de chegar no estúdio, a gente tava de boa produzindo as músicas, fazendo o arranjo das músicas que a gente ia fazer. Mas chegar no estúdio, ouvir a voz dele cantando a música no seu fone. Parecia que você estava no Faustão (risos).
Luis Cardoso: É muito surreal e é mais legal ainda ver um cara que fez show para tanto estádio lotado, foi em todos os programas de TV e fez um puta sucesso… E ele estava se divertindo tanto quanto a gente. Ele estava com uma banda “desconhecida” mas estava se divertindo tanto quanto a gente ali. Só por estar fazendo um som e renovando as energias, estar fazendo alguma coisa diferente, ele estava amarradão. Para mim foi algo como: “Dá para chegar nos 50, 60 anos com o mesmo tesão e sem encher o saco de fazer música”. Acordar e falar: “Hoje eu tenho uma gravação com uma galera”, e se divertir.
Vocês têm outros projetos no momento? O Ale tem um disco solo.
Greg Maya: Estou começando um projeto solo meu, e a ideia é que seja algo que não encaixe para o Terno Rei. Mas estou fazendo bem devagar. Eu acho que esse ano, solto um single.
Bruno Paschoal: Eu também tinha um projeto solo, mas com essa loucura do disco novo tá impossível. Esse ano ainda deve sair.
Luis Cardoso: Estou produzindo uns lances em casa, mas é só de brincadeira mesmo, pra ir pegando a manha e brincando. Quem sabe eu solte alguma coisa aí. Mas é sem pressa, só pra se divertir mesmo.
Ale: E além disso, eu e o Greg trabalhamos em outra empresa. Mas aí tem a ver com moda, não é música.
Um coisa que sempre perguntavam para uma banda que se destacava mais há uns 10, 15, 20 anos, era se elas queriam dar um salto maior e assinar com uma multinacional. O que isso representa pra vocês?
Bruno Paschoal: Cara, eu confesso que eu tenho tipo zero vontade. Óbvio que se chega uma proposta, uma coisa super irrecusável, você vai escutar. Mas hoje em dia eu acho que a flexibilidade que a gente tem na Balaclava Records… A gente é super amigo deles, tem uma relação super transparente com eles, super livre, em termos de composição, de carreira. Vejo isso como algo mais interessante do que estar engessadão num label gigante.
Luis Cardoso: É f… Um label gigante faria o mesmo que os empresários do sertanejo fazem. Eles injetam dinheiro e depois esperam voltar. Com uma gravadora grande você não tá fazendo uma bolada, tá fazendo um empréstimo e depois vai ter que devolver essa grana de alguma maneira. Ou fazendo show barato pra c… e eles ganhando tudo, ou vendendo muita coisa, ou fazendo sete discos. De alguma maneira você vai ter que devolver esse dinheiro, e isso é uma coisa muito complicada. A gente tá num momento em que a gente pode escolher de tudo, se a música vai ter sax, violino, se vai ter só violão… Se vai ter só voz, foda-se. A gente tá fazendo pela música. E estamos num lugar muito confo0rtável. Não penso nesse lance de fechar com uma gravadora. Até porque a gente tem um time muito bom que trabalha com a gente. É o time que uma gravadora teria, só que várias pessoas diferentes trabalhando juntos, sem aquela pressão de devolver os três milhões que a gente pegou emprestado.
Greg Maya: A gente é muito alinhado com o pessoal da Balaclava. Além de ser parceiro de trabalho a gente é amigo fora do trabalho. A gente sai junto, bebe junto, escuta música junto. Isso da gravadora grande tá cada vez mais distante. O que acontece muito é das grandes gravadoras terem pequenos selos dentro delas. É uma realidade que a gente conhece mais. Mas mesmo assim estamos satisfeitos.
Luis Cardoso: A gente tem a mesma idade, os mesmos ideais, a galera toda luta pelo mesmo objetivo.
A foto da capa do disco novo tá muito bonita. O que é aquela imagem e como foi feita?
Bruno Paschoal: É uma foto analógica da gente na Praça do Pôr do Sol, aqui em Pinheiros (bairro de São Paulo). Mas o fotógrafo fez um movimento na câmera para deixar com um blur, um borradinho ali. E aí na pós a gente de uma estourada nos tons pastéis pra deixar um pouco mais vivo.
Greg Maya: Somos nós quatro ali e tem um tratamento de cor depois.
Por que o nome do disco é Gêmeos?
Ale Sater: O disco fala muito sobre nostalgia e amizade. Mas claro, tem variados temas nas letras. E aí a gente pensou muito nesse negócio da amizade. O primeiro clipe, do Dias da juventude, conta um pouco isso. É um garoto mudando de cidade e se despedindo dos amigos. E traz um pouco esse espírito, e tem o lance da gente como banda. A gente já está há doze anos juntos. Tem esse sentimento entre a gente, a palavra surgiu e já bateu em todo o mundo.
No comecinho, quando se falava do Terno Rei, muita gente confundia com O Terno. Rola essa confusão ainda?
Bruno Paschoal: Ainda rola! A gente vê muito a galera descobrindo: “Pô, agora que fiquei sabendo que O Terno e o Terno Rei não são a mesma banda”. Você só sabe quando a pessoa descobre.
Luis Cardoso: A pessoa vai no nosso show pensando que é O Terno… Bom, ela que vacilou, né? (risos). Tem que ler a descrição do show, que ajuda.
Ale Sater: E já aconteceu! Possivelmente a gente até já foi contratado por uma pessoa que se enganou, achando que nós éramos O Terno.
Bruno Paschoal: Com eles também rolou, já. O Tim Bernardes (cantor e guitarrista do Terno) veio me falar que foram dar parabéns para ele pela banda ter tocado no Primavera Sounds, onde a gente tocou em 2015. E ele: “Valeu, mas não foi a minha banda!”
Lançamentos
Radar: Manny Moura, Dani Vallejo, Monchmonch, Emerald Hill, Palhaços da Cidade, Crise, Bebê Feio

Chegou o fim de semana e nosso Radar nacional de hoje tem uma novidade do dia: o single novo de Manny Moura, que acabou de sair. Nomes como Dani Vallejo, Monchmonch e Crise completam a lista com faixas que andamos ouvindo muito nos últimos dias – algumas delas já devidamente divulgadas com clipes. Ouça, veja e leia.
Texto: Ricardo Schott – Foto (Manny Moura): Gabriela Grafolin/Divulgação
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MANNY MOURA, “LEMONS AND LIMERENCE”. A palavra inglesa limerence – costumeiramente traduzida em língua portuguesa como limerência, mesmo – é o ato de se deixar levar por uma paixão ou por um amor. Influenciadíssima por nomes como Taylor Swift, Phoebe Bridgers e Gracie Abrams, Manny, artista carioca radicada em Los Angeles, descobriu a palavra por acaso e decidiu que a usaria numa música. O folk-pop Lemons and limerence brinca com aquele famoso ditado que recomenda: “se a vida te der limões, faça uma limonada”. O clipe é um desdobramento do estilo confessional da faixa.
DANI VALLEJO, “DRAMA PREFERIDO”. “Fui o seu drama preferido / agora o meu caso é comigo”, diz Dani em seu novo single, Drama preferido, que fecha um ciclo em sua carreira solo – afinal, trata-se do último lançamento de uma série de seis singles que falam sobre temas como dor, desejo, entrega e, finalmente, libertação. Ela afirma que daqui para a frente, seus novos lançamentos serão marcados por temas como autoconhecimento e realinhamento com o que é verdadeiro – e que um segundo EP está vindo aí. Por enquanto, o indie-rock-batidão Drama é o momento da redescoberta: Dani fala de reconstrução e do fim de um relacionamento abusivo e cagado. E já tem clipe.
MONCHMONCH, “COISA LINDA”. Dirigido, filmado e editado por Marina Mole, o clipe de Coisa linda foi feito sem roteiro numa praça da Lapa, em São Paulo, como uma espécie de pintura psicodélica para a faixa – uma das melhores do experimentalíssimo álbum Martemorte (resenhado pela gente aqui).
“No clipe vou pulando do barranco e constantemente me ferindo”, conta Lucas Monch, criador do projeto. Apesar do clima sombrio, Coisa linda foi feita em homenagem a um gato que acompanhou Lucas por 15 anos. “Eu sonho pelo melhor da humanidade, e sob infinitas guerras que tomam todas as formas, eu tenho o mesmo olhar que vi no meu amigo felino, de ver luz no nosso fim”, diz ele.
EMERALD HILL, “DIA DE CÃO”. Pós-punk visceral, sombrio e ruidoso de João Pessoa (PB). O Emerald Hill fala em seu novo single sobre o caos da vida na cidade grande, com uma gama de inspirações que vai de Idles e Bauhaus até o poema Tabacaria, de Fernando Pessoa. “É uma faixa realista, um retrato cru das vivências urbanas, do trabalho, da frustração. Não somos mais jovens rebeldes: somos adultos lidando com a dureza cotidiana”, diz a banda. A letra conta sobre amigos que resolveram se mudar para São Paulo e largaram antigos hábitos – mas o narrador-personagem da faixa resiste.
PALHAÇOS DA CIDADE, “PALHAÇO”. Rock, folk, ska, MPB, reggae e vários outros estilos misturam-se na sonoridade desta banda de Campinas (SP), que costuma se apresentar maquiada. Cada integrante tem um alterego e uma identidade visual específica: por Gabriel Orsi é o Orsi, Miguel Prado é o Copas, Athena Véspero é Athena, e Ricardo Lopes é Valetes. “São palhaços daquilo que acreditam, daquilo que querem acreditar, do mundo ao redor cercado de caos. Das pessoas, da cidade, do estado, de si mesmas”, definem-se. Palhaço, o primeiro single, fala sobre manter seus objetivos apesar da crueldade do mundo, em meio a peso, guitarras e vibe pop.
CRISE, “ROBOFOOT”. Bandas de Sorocaba (SP) têm sido comuns aqui no Pop Fantasma. O Crise nasceu de um casal (Cristine Siqueira e Gabriel Pasin), virou quinteto e hoje mistura folk, britpop e climas angustiados à moda do Radiohead. Por favor, me perdoe. As más notícias finalmente chegaram, o primeiro álbum do grupo, sai em breve pelo selo Lastro Musical e é puxado por Robofoot, um indie rock tristonho, cheio de guitarras etéreas e com uma letra que fala sobre um relacionamento que começa a trazer só problemas e desgastes. Mas o grupo avisa que “aqui tudo pode ser interpretado com certa dualidade, é como rir diante de um abismo, saber ver graça e senso de humor em meio a tragédia”, dizem.
BEBÊ FEIO, “BESTIÁRIO”. Tá a fim de calma e quietude? Então nem chegue perto do som da banda paulista Bebê Feio, que faz uma junção de punk, horrorcore, death metal e outros estilos pesados. Bestiário, o EP novo, abre com a pesada faixa-título, que “retrata a violência como espetáculo e usa o bestiário, livro medieval que cataloga criaturas, como metáfora para mostrar que o narrador não é parte do mal já conhecido – mas sua própria fonte, criadora de novas bestas”, avisa o grupo. Temas como hipocrisia religiosa e até física quântica também aparecem no disco, lançado nas plataformas neste mês.
Lançamentos
Radar: David Byrne com Hayley Williams, Struts com Brian May, Saint Etienne com Confidence Man – e mais

A gente tá tendo que fazer quase um jogo de quebra-cabeças com as músicas que vão saindo, para pelo menos não ficar muito distante das datas de lançamentos. Uma visitinha no YouTube já revela vários singles e clipes fortes que saíram só ontem – um deles abre o Radar internacional de hoje, e é o que reúne David Byrne e Hayley Williams. Ouça tudo em altíssimo volume.
Texto: Ricardo Schott – Foto (David Byrne): Shervin Lainez/Divulgação
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DAVID BYRNE feat HAYLEY WILLIAMS, “WHAT IS THE REASON FOR IT?”. Se você estava esperando ansiosamente o novo disco de David Byrne, Who is the sky?, está com mais sorte do que os fãs de longa data que aguardavam uma volta dos Talking Heads – o disco novo sai nesta sexta (5), mas o músico disse num papo com a Rolling Stone não ter interesse algum num retorno do grupo, basicamente porque não acha possível fazer acontecer a mesma coisa de novo.
De qualquer jeito, para adiantar o novo álbum, saiu mais um single nesta semana – é o batidão latino What is the reason for it?, cuja letra tenta analisar o amor fora de parâmetros lógicos. Hayley Williams (Paramore) divide os vocais com David. E a faixa já ganhou um clipe excelente em que o artista Dustin Yellin usa IA para animar mais de 20 desenhos feitos pelo próprio Byrne.
SPOON, “CHATEAU BLUES” / “GUESS I’M FALLIN IN LOVE”. O próximo disco do Spoon ainda não tem data para sair, mas já está sendo preparado. Justamente pela indefinição de lançamento, o grupo decidiu que essas duas músicas precisavam sair logo agora. As canções foram produzidas pela própria banda ao lado de Justin Meldal-Johnsen (Beck, Nine Inch Nails, St. Vincent), e valem o tal lançamento rápido: Chateau é um punk garageiro de primeiríssima, daquelas músicas que você escuta e grudam rapidamente; e Guess deixa um clima próximo do krautrock e do pós-punk vaporizar na área. As duas faixas já ganharam lyric videos (confira abaixo).
Vale citar que Britt Daniel, cantor do grupo, está numa felicidade daquelas, já que o Spoon circula por aí abrindo para os Pixies. “Sejamos sinceros, uma das três maiores bandas de todos os tempos. Uma banda que alguns talvez conheçam, é muito próxima e querida para mim há muito tempo. É um verdadeiro prazer e estamos muito felizes por voltar ao mundo dos shows por um segundo. Vejo vocês lá na frente”, avisa aos fãs.
THE STRUTS feat. BRIAN MAY. “COULD HAVE BEEN ME”. Lembra quando essa banda britânica de glam rock despontou com o hit Could have been me, em 2013? Atualmente em turnê, e sem álbuns novos planejados para 2015, os Struts revisitaram seu hit com uma colaboração especial: ninguém menos que Brian May, do Queen, na guitarra. “Esta música é sobre conquistar seus sonhos e viver a vida ao máximo, independentemente dos obstáculos. É um hino poderoso que nos lembra de perseguir o que incendeia nossas almas”, diz o cantor Luke Spiller, chamando Brian de “herói”.
May, por sua vez, disse à Classic Rock Magazine que Spiller o fazia lembrar de Freddie Mercury, e ainda afirmou que adoraria ter escutado Could have been me quando era criança. “É uma das melhores músicas de rock de todos os tempos. Na verdade, foi mais ouvida nos Estados Unidos do que na Grã-Bretanha: passou despercebida pelas pessoas aqui, e não deveria ter passado. Espero que esta seja uma oportunidade para a música realmente conectar o mundo todo”.
SAINT ETIENNE E CONFIDENCE MAN, “BRAND NEW ME”. International, o suposto último disco do Saint Etienne sai nesta sexta (5). Só pelos singles que já saíram, dá para supor que vem um discaço por aí – mas a banda ainda resolveu lançar mais um compactinho, Brand new me, feito lado a lado com a australiana de electro pop Confidence Man.
Na faixa, Sarah Cracknell, do Saint Etienne, divide vocais com Janet Planet, do Confidence. Mas o que vai deixar todo mundo babando é o clipe da faixa, feito em clima de Hanna-Barbera, e de desenhos animados como a abertura da série A Feiticeira. O vídeo foi dirigido e animado por Kyle Platts e Matt Lloyd, e traz as duas bandas competindo num programas de auditório muito doido.
THURSTON MOORE, “TEMPTATION INSIDE YOUR HEART”. Os fãs mais roxos do Velvet Underground devem se lembrar de Temptation inside your heart – uma música do grupo, feita por Lou Reed, gravada originalmente em 1968 mas só lançada no disco póstumo V.U. (1985). O ex-Sonic Youth Thurston vem fazendo alguns singles após lançar seu álbum mas recente, Flow critical lucidity (resenhado por nós aqui): nesse ano saíram The serpentine e um releitura de Now I wanna sniff some glue (Ramones) feita ao lado do Napalm Death. E dessa vez, ele decidiu dar sua cara própria à canção do Velvet. Fez o possível até para soar um pouco parecido com Lou cantando, embora sua releitura seja bem mais pós-punk e fria que o original balançante do Velvet. Confira cover e original aí embaixo.
TAMAR BERK, “STAY CLOSE BY”. Nesta sexta, sai o álbum novo da californiana Tamar, OCD – e ela é uma daquelas artistas independentes que usam a música quase como crônicas do seu dia a dia. O site The Big Takeover, por exemplo, já ouviu OCD e definiu-o como o álbum mais “pessoal” já lançado por ela. Stay close by, single do disco, traduz os pensamentos de Tamar numa onda entre o indie rock e a psicodelia, com vocais doces e vibe quase (quaaaase…) shoegaze. Vale ouvir e esperar pelo disco inteiro.
OMNI, “HIGH CEILINGS”. Bandaça da Georgia que faz pós-punk como se não houvesse nem amanhã nem ontem – e cujo som lembra uma mescla bizarra de Television e Black Sabbath – o Omni soltou recentemente pela Sub Pop seu novo single, High ceilings, doido de tão experimental e cáustico. Antes, em junho, o grupo já havia lançado um outro single, Forever beginner. Será que há um álbum novo surgindo por aí em 2025? Pode ser, mas as duas faixas são fruto das sessões do excelente quarto álbum do grupo Souvenir, lançado no ano passado (e resenhado pela gente aqui).
Cultura Pop
Urgente!: E não é que o Radiohead voltou mesmo?

Viralizações de Tik Tok são bem misteriosas e duvidosas. Diria, inclusive, que bem mais misteriosas do que as festas regadas a cocaína, prostitutas de Los Angeles e malas de dólares que embalavam os nada dourados tempos da payola (jabá) nos Estados Unidos. Mas o fato é que o Radiohead – que, você deve saber, acaba de anunciar a primeira turnê em sete anos – conseguiu há alguns dias seu primeiro sucesso no Billboard Hot 100 em mais de uma década por causa da plataforma de vídeos. Let down, faixa do mitológico disco Ok computer (1997), viralizou por lá, e chegou ao 91º lugar da parada
A canção, de uma tristeza abissal, já tinha “voltado” em 2022 ao aparecer no episódio final da primeira temporada da série The bear – mas como o Tik Tok é “a” plataforma hoje para um número bem grande de pessoas, esse foi o estouro definitivo. Como turnês de grandes proporções nunca são marcadas de uma hora pra outra, nada deve ter acontecido por acaso. E tá aí o grupo de Thom Yorke anunciando a nova tour, que até o momento só incluirá vinte shows em cinco cidades europeias (Madri, Bolonha, Londres, Copenhague e Berlim) em novembro e dezembro.
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O batera Phillip Selway reforçou que, por enquanto, são esses aí os shows marcados e pronto. “Mas quem sabe aonde tudo isso vai dar?”, diz o músico. Phillip revela também que a vontade de rever os fãs veio dos ensaios que a banda fez no ano passado – e que já haviam sido revelados em uma entrevista pelo baixista Colin Greenwood.
“Depois de uma pausa de sete anos, foi muito bom tocar as músicas novamente e nos reconectar com uma identidade musical que se arraigou profundamente em nós cinco. Também nos deu vontade de fazer alguns shows juntos, então esperamos que vocês possam comparecer a um dos próximos shows”, disse candidamente (esperamos é a palavra certa – a briga de faca pelos ingressos, que serão vendidos a partir do dia 12 para os fãs que se inscreverem no site radiohead.com entre sexta, dia 5, e domingo, dia 7, promete derramar litros de sangue).
Enfim, o que não falta por trás desse retorno aí são meandros, reentrâncias e cavidades. O Radiohead, por sua vez, investiu no lado “quando eu voltar não direi nada, mas haverá sinais”. Em 13 de março, dia do trigésimo aniversário do segundo disco da banda, The bends, o site Pitchfork noticiou que a banda havia montado uma empresa de responsabilidade limitada, chamada RHEUK25 LLP. – sinal de que provavelmente alguma novidade estava a caminho. Poucos dias depois, um leilão beneficente em Los Angeles sorteou quatro tíquetes para “um show do Radiohead a sua escolha”. Muita gente levou na brincadeira, mas algumas fontes confirmaram que o grupo tinha reservado datas em casa de shows da Europa.
Depois disso – você provavelmente viu – surgiram panfletos anunciando supostos shows do grupo em Londres, Copenhague, Berlim e Madri, ainda sem nada oficialmente confirmado, até que tudo virou “oficial”. Pouco antes disso, dia 13 de agosto, saiu um disco ao vivo do Radiohead, Hail to the thief – Live recordings 2003-2009 (resenhado pela gente aqui). Com isso, possivelmente, os fãs até esqueceram a antipatia que Thom Yorke causou em 2024, ao abandonar o palco na Austrália, quando foi perguntado por um fã sobre a guerra entre Israel e Palestina.
O site Stereogum não se fez de rogado e, quando a turnê ainda não estava oficialmente anunciada (mas havia sinais) chegou a perguntar num texto: “E aí, será que eles vão tocar Let down?”. No último show da banda, em 1º de agosto de 2018 (dado no Wells Fargo Center, Filadélfia), ela era a nona música, logo antes da hipnotizante Everything in its right place. Seja como for, já que bandas como Talking Heads e R.E.M. não parecem interessadas em retornos, a volta do Radiohead era o quentinho no coração que o mercado de shows, sempre interessado em turnês nostálgicas, andava precisando. Que vão ser vários showzaços e que muitas caixas de lenços serão usadas, ninguém duvida.
Texto: Ricardo Schott – Foto: Tom Sheehan/Divulgação
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