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Terno Rei: um papo sobre disco novo, turnês, roubadas e Lollapalooza

O Terno Rei vai tocar no Lollapalooza neste sábado (na abertura do Palco 1, às 13h). Aproveitamos para falar disso logo no começo da entrevista que fizemos com eles (aliás, para ver a banda, chegue cedo!), mas o nosso foco era pegar uma das bandas mais interessantes da recente safra do rock brasileiro em um momento bem legal de sua carreira.
O grupo paulistano evoluiu bastante após a turnê do terceiro disco, Violeta (2019), participou de um encontro musical com ninguém menos que Samuel Rosa, do Skank (em live do programa Conexão Balaclava, produzido pela gravadora da banda, Balaclava Records), ganhou bastante experiência no palco e na estrada após as turnês mais recentes. E colhe os frutos no lançamento de seu quarto disco, o recém-lançado Gêmeos, que exigiu bastante dedicação de Ale Sater (voz e baixo), Bruno Paschoal (guitarra), Greg Maya (guitarra) e Luis Cardoso (bateria).
O Pop Fantasma bateu um papo com o quarteto por zoom e conversou bastante com eles sobre o atual momento da banda. Pega aí!
Quais são as expectativas de vocês pro Lollapalooza?
Bruno Paschoal: Bom, estamos ensaiando bastante e a expectativa é fazer um show massa para a galera. Vai ser o show de despedida do Violeta (disco anterior da banda). E é um festival grande, acho que vai ser o primeiro festival em que vamos tocar depois da pandemia… Bom, nem depois da pandemia, depois de toda essa loucura.
Greg Maya: Na verdade tocamos em Floripa também (em janeiro, no festival Saravá, com Céu, Juçara Marçal e outros nomes).
Bruno Paschoal: Isso, verdade!
Luis Cardoso: Estamos empolgados e ansiosos, ensaiando para fazer o último show do Violeta. Mas vamos tocar as músicas novas também, os singles que a gente já soltou. Mas vai ser um show mais do disco anterior. Vamos ter um tempo bom de line check, passagem de som.
Como é estar fazendo uma agenda que é do disco anterior, já que o novo álbum já está rolando? Vão ter músicas novas, imagino que seja um set bem misturado…
Luis Cardoso: O show vai ser uma despedida do disco anterior, com oito músicas dele e mais quatro novas. Depois a coisa se inverte e aí é que vamos trampar mais o disco novo. Mas dos outros discos vão rolar músicas. Os dois discos juntos dá uma hora e pouco. Dá pra tocar os dois na íntegra e fazer um cover se quiser.
Escutando o disco novo e comparando com os anteriores, dá para perceber que ele tem algo de muito especial na discografia de vocês. Como analisam hoje a entrega que tiveram nesse disco?
Ale Sater: Colocamos muito mais energia nesse disco. Até porque depois do sucesso que o Violeta fez – ele foi um disco que mudou muito nossa história como banda – a gente não podia fazer um negócio sem vontade e sem apreço. No final, esse disco é muito mais cheio. Mesmo o Violeta, que a gente ama, você o ouve e depois ouve o Gêmeos… Ele é todo mais produzido. Quase todas as músicas têm alguma coisa interessante rolando, alguma instrumentação, algum arranjo e tal. E acho que isso é fruto do trampo, esse disco foi o mais trabalhoso de todos. Se juntar os três, dá o mesmo trabalho que deu só esse, sozinho. A gente penou pra fazer (risos).
A trabalheira foi em tudo, então? Composição, arranjo, produção… Em algum desses processos vocês perceberam que estavam suando mais, trabalhando mais?
Ale Sater: Sim, sim, foi em composição, produção, pós-produção, mixagem, masterização e até em como definir coisas de divulgação, como soltar o clipe… Tudo foi mais sério, envolveu mais gente, mais cabeças.
Greg Maya: A gente tinha mais tempo também. E por ter mais tempo pra fazer tudo, a gente acabou tendo mais preciosismo. Em algum momento a gente acabou se enrolando mais também, mas faz parte do processo.
A primeira coisa que me veio à cabeça é que é um disco bom pra tocar no rádio. Tudo bem que rádio hoje em dia não é mais a mesma coisa, mas foi algo que vocês pensaram? Houve uma rádio imaginária nesse processo?
Ale Sater: Ah, não tinha, mas as coisas que a gente estava ouvindo na época eram bem nesse estilo. O exemplo perfeito é o Semisonic (do antigo hit Closing time), não sei se você se lembra…
Sim, lembro.
Ale Sater: Era super boa, super indie, mas bem pop, bem radiofônica, e estávamos ouvindo bastante.
Luis Cardoso: A gente não fez com isso em mente, tipo “vamos fazer essa música pra acontecer isso”. Agora, com o disco novo, eu já vejo uma música ou outra sendo tema de personagem de novela. Ou vejo que uma música ou outra tocaria na rádio facilmente por tudo que está tocando… Depois de ver o disco pronto, vejo que tem um lance meio radiofônico e que poderia encaixar até em novelas. Acho que tem uma abertura grande pra isso, o disco ficou aberto para os mais variados tipos de coisas rolarem, mas a gente não fez nada pensando em tocar no rádio.
O que a turnê do Violeta e tudo o que aconteceu com o disco ensinou a vocês?
Ale Sater: Ensinou muita coisa e muita coisa técnica, até. A gente antes do Violeta não tinha técnico de som. E hoje não dá para fazer show sem nosso técnico, é muito arriscado, de sair uma bosta mesmo. Até essas coisas técnicas de ensaio… Era tudo muito no pelo, o que era legal também. Mas agora a gente subiu um degrau de profissionalismo, mesmo. A gente não dorme mais na casa do batera da banda de abertura (risos)… Isso aconteceu muito. A gente tenta não entrar tanto em fria também.
Luis Cardoso: A gente se preocupa hoje em contar uma história com todas as músicas do show, com as músicas interligadas. Ter um passeio de mood no show. Ou esses lances profissionais, de fazer contrato, de garantir que a gente tenha um lugar confortável para descansar. Às vezes é um trampo de dois dias pra um show de uma hora e meia. Muitas coisas influenciam nisso, do camarim não ter lugar pra sentar. Ou de você dormir na casa do batera e dormir só sete da manhã porque o cara quer ficar na farra. E são coisas que acabam deixando o show pior. Nem tamos falando de dinheiro, mas de pequenas coisas que acabam prejudicando. Você com o tempo vai aprendendo essas coisas, em qual show vale a pena ir, em qual não vale. Também não vale a gente ir aceitando tudo que tem pra fazer e os quatro estarem infelizes.
O que seria uma roubada?
Ale Sater: Um show com cinco bandas, que pode até ter muita gente, mas é tudo misturado, numa cidade muito longe e que a gente vai tocar às 2h3o da manhã. Tem tudo pra dar errado. E esse evento, vou falar pra você, aconteceu!
Luis Cardoso: E deu errado (risos).
Ale Sater: Não vou falar onde foi, mas rolou. Deu errado. Foi ruim pro cara que estava ouvindo e para mim, para nós. Além desses macetes de estrada, tem a parte musical. Desde o Violeta a gente tem uma convivência bem legal com o (Gustavo) Schirmer, o Amadeus (de Marchi) e o Janluska (os três, produtores), o que é bem legal. A gente aprendeu muito de produção com eles. E a gente acaba errando menos nas músicas, que é algo que vem com a idade.
Como foi trabalhar com o Samuel Rosa e o que aprenderam com ele?
Bruno Paschoal: Foi muito doido trabalhar com ele. Era uma coisa meio surreal, porque até um dia antes de chegar no estúdio, a gente tava de boa produzindo as músicas, fazendo o arranjo das músicas que a gente ia fazer. Mas chegar no estúdio, ouvir a voz dele cantando a música no seu fone. Parecia que você estava no Faustão (risos).
Luis Cardoso: É muito surreal e é mais legal ainda ver um cara que fez show para tanto estádio lotado, foi em todos os programas de TV e fez um puta sucesso… E ele estava se divertindo tanto quanto a gente. Ele estava com uma banda “desconhecida” mas estava se divertindo tanto quanto a gente ali. Só por estar fazendo um som e renovando as energias, estar fazendo alguma coisa diferente, ele estava amarradão. Para mim foi algo como: “Dá para chegar nos 50, 60 anos com o mesmo tesão e sem encher o saco de fazer música”. Acordar e falar: “Hoje eu tenho uma gravação com uma galera”, e se divertir.
Vocês têm outros projetos no momento? O Ale tem um disco solo.
Greg Maya: Estou começando um projeto solo meu, e a ideia é que seja algo que não encaixe para o Terno Rei. Mas estou fazendo bem devagar. Eu acho que esse ano, solto um single.
Bruno Paschoal: Eu também tinha um projeto solo, mas com essa loucura do disco novo tá impossível. Esse ano ainda deve sair.
Luis Cardoso: Estou produzindo uns lances em casa, mas é só de brincadeira mesmo, pra ir pegando a manha e brincando. Quem sabe eu solte alguma coisa aí. Mas é sem pressa, só pra se divertir mesmo.
Ale: E além disso, eu e o Greg trabalhamos em outra empresa. Mas aí tem a ver com moda, não é música.
Um coisa que sempre perguntavam para uma banda que se destacava mais há uns 10, 15, 20 anos, era se elas queriam dar um salto maior e assinar com uma multinacional. O que isso representa pra vocês?
Bruno Paschoal: Cara, eu confesso que eu tenho tipo zero vontade. Óbvio que se chega uma proposta, uma coisa super irrecusável, você vai escutar. Mas hoje em dia eu acho que a flexibilidade que a gente tem na Balaclava Records… A gente é super amigo deles, tem uma relação super transparente com eles, super livre, em termos de composição, de carreira. Vejo isso como algo mais interessante do que estar engessadão num label gigante.
Luis Cardoso: É f… Um label gigante faria o mesmo que os empresários do sertanejo fazem. Eles injetam dinheiro e depois esperam voltar. Com uma gravadora grande você não tá fazendo uma bolada, tá fazendo um empréstimo e depois vai ter que devolver essa grana de alguma maneira. Ou fazendo show barato pra c… e eles ganhando tudo, ou vendendo muita coisa, ou fazendo sete discos. De alguma maneira você vai ter que devolver esse dinheiro, e isso é uma coisa muito complicada. A gente tá num momento em que a gente pode escolher de tudo, se a música vai ter sax, violino, se vai ter só violão… Se vai ter só voz, foda-se. A gente tá fazendo pela música. E estamos num lugar muito confo0rtável. Não penso nesse lance de fechar com uma gravadora. Até porque a gente tem um time muito bom que trabalha com a gente. É o time que uma gravadora teria, só que várias pessoas diferentes trabalhando juntos, sem aquela pressão de devolver os três milhões que a gente pegou emprestado.
Greg Maya: A gente é muito alinhado com o pessoal da Balaclava. Além de ser parceiro de trabalho a gente é amigo fora do trabalho. A gente sai junto, bebe junto, escuta música junto. Isso da gravadora grande tá cada vez mais distante. O que acontece muito é das grandes gravadoras terem pequenos selos dentro delas. É uma realidade que a gente conhece mais. Mas mesmo assim estamos satisfeitos.
Luis Cardoso: A gente tem a mesma idade, os mesmos ideais, a galera toda luta pelo mesmo objetivo.
A foto da capa do disco novo tá muito bonita. O que é aquela imagem e como foi feita?
Bruno Paschoal: É uma foto analógica da gente na Praça do Pôr do Sol, aqui em Pinheiros (bairro de São Paulo). Mas o fotógrafo fez um movimento na câmera para deixar com um blur, um borradinho ali. E aí na pós a gente de uma estourada nos tons pastéis pra deixar um pouco mais vivo.
Greg Maya: Somos nós quatro ali e tem um tratamento de cor depois.
Por que o nome do disco é Gêmeos?
Ale Sater: O disco fala muito sobre nostalgia e amizade. Mas claro, tem variados temas nas letras. E aí a gente pensou muito nesse negócio da amizade. O primeiro clipe, do Dias da juventude, conta um pouco isso. É um garoto mudando de cidade e se despedindo dos amigos. E traz um pouco esse espírito, e tem o lance da gente como banda. A gente já está há doze anos juntos. Tem esse sentimento entre a gente, a palavra surgiu e já bateu em todo o mundo.
No comecinho, quando se falava do Terno Rei, muita gente confundia com O Terno. Rola essa confusão ainda?
Bruno Paschoal: Ainda rola! A gente vê muito a galera descobrindo: “Pô, agora que fiquei sabendo que O Terno e o Terno Rei não são a mesma banda”. Você só sabe quando a pessoa descobre.
Luis Cardoso: A pessoa vai no nosso show pensando que é O Terno… Bom, ela que vacilou, né? (risos). Tem que ler a descrição do show, que ajuda.
Ale Sater: E já aconteceu! Possivelmente a gente até já foi contratado por uma pessoa que se enganou, achando que nós éramos O Terno.
Bruno Paschoal: Com eles também rolou, já. O Tim Bernardes (cantor e guitarrista do Terno) veio me falar que foram dar parabéns para ele pela banda ter tocado no Primavera Sounds, onde a gente tocou em 2015. E ele: “Valeu, mas não foi a minha banda!”
Lançamentos
Urgente!: Mercyland, antiga banda do baixista do Sugar, David Barbe, ganha compilação

O Sugar, banda que Bob Mould (ex-Hüsker Dü) teve nos anos 1990, voltou com single novo e shows novos – você leu sobre isso no Pop Fantasma na semana passada. Mas não é só isso: David Barbe, baixista do grupo, decidiu voltar ainda mais no passado e anuncia para 5 de dezembro uma compilação do Mercyland, trio punk/pós-punk que manteve em Athens, Georgia, mais ou menos no mesmo período em que o Hüsker Dü se tornava uma locomotiva do punk norte-americano.
Mercyland, o disco, traz onze faixas gravadas num periodo de dois anos – outubro de 1985 e outubro de 1987. A sonoridade do grupo (cujo nome, literalmente “misericórdia” em português, veio de “uma conversa inútil e etílica numa madrugada”, segundo Barbe) tinha lá seus cruzamentos com a do Hüsker, e também com a da cena roqueira de Athens – lugar que, você deve saber, deu ao mundo o R.E.M. O som era “punk”, mas era um punk apaixonado pelos anos 1960, tanto que músicas do Who e dos Beatles rolaram no primeiro ensaio de Barbe (voz, baixo), Mark Kreig (guitarra) e Harry Joiner (bateria).
Enquanto ia fazendo shows, o Mercyland ia usando a grana dos cachês gravar demos – todas registradas no estúdio da lenda local John Keane, que existe até hoje. O som da banda passava pelo punk ágil (Amerigod), pelo pós-punk guerreiro (Black on black on black), por hinos guitarrísticos com emanações do Hüsker Dü (Ciderhead), hardcores (Can’t slow down to think) e estilos afins.
Lançamentos em tempo real do grupo foram poucos: dois singles (um deles com Black on black on black) e o álbum No feet on the cowling (1989). Bem antes do término, o Mercyland teve um hiato forçado quando, no fim de 1986, Mark foi estudar na Alemanha e Harry foi trabalhar em Porto Rico. Nessa época, Barbe decidiu montar um selo, cujo primeiro lançamento foi uma compilação em K7 de bandas de Athens – uma fita tão obscura que “hoje em dia nem está no Discogs!”, diz o músico. Mas pouco depois, ele retomou o grupo com Harry e o guitarrista Andrew Donaldson. Essa formação durou até Harry decidir que ia sair de vez do grupo, em 1991.
Com o fim do Mercyland, Barbe tocou em bandas como Sugar e Drive-By Truckers, montou um estúdio e tornou-se diretor do programa de music business da Universidade da Georgia – está no cargo até hoje. “Esta reedição não apenas resgata o trabalho pouco conhecido do Mercyland, mas o recoloca em destaque; ouvir essas músicas hoje revela o quanto Barbe e sua banda anteciparam o rock alternativo e o pós-punk que viriam depois”, diz o release.
Texto: Ricardo Schott – Foto: Divulgação
Lançamentos
Radar: The Denim Emperor, Jonas Wilson, Saticöy, Bets – e mais sons do Groover

O Pop Fantasma tá na Groover! Por lá, artistas independentes mandam seus sons pra uma rede de curadores – e a gente faz parte desse time. Fizemos hoje uma relação do que tem chegado de legal até a gente por lá – começando com a sujeira sonora do The Denim Emperor.
O que tem chegado até nós? De tudo um pouco, mas, curiosamente (ou nem tanto), uma leva forte de bandas e projetos mergulhados no pós-punk, darkwave, eletrônico, punk, experimental, no wave e afins.
Texto: Ricardo Schott – Foto (The Denim Emperor): Smoulder/Divulgação
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THE DENIM EMPEROR, “ANVIL”. Kentucky Clawson, o criador do The Denim Emperor – projeto musical vindo da Califórnia – está prestes a lançar o álbum Hog, basicamente uma coleção de canções voltadas para o punk e para o stoner de altas energias (o “para quem gosta de” do som dele inclui Ty Segall, Viagra Boys e outros nomes ruidosos). Anvil é um hino indie pesado e distorcido sobre sair por aí e fazer um monte de merda com os amigos. O tipo da música que gruda BEM na mente, por causa do peso e dos riffs.
JONAS WILSON feat HANNIBAL LOKUMBE, “DREAM OF LIFE”. Esse cantor e compositor do Texas que não usa Spotify – prefere se divulgar pelo Bandcamp – faz um som que gira em torno do pós-punk e de uniões sonoras com jazz, trip hop e outros estilos. Dream of life está em seu novo álbum, Smash the control machine, e traz participação do trompetista Hannibal Lokumbe. O clipe da faixa, que foi filmado durante uma viagem a Buenos Aires, retrata as turbulências políticas da capital argentina.
SATICÖY, “WANT IT ALL”. O negócio dessa banda de Los Angeles é power pop, mas com uma ênfase pouca coisa maior no lado power da coisa. Want it all, novo single, é uma história de angústia adolescência, “um discurso motivacional para um garoto tímido e apaixonado”, como diz a banda. É pop como o tema de abertura da série Friends, mas tem peso.
BETS, “JENNY” / “AUTUMN AGAIN”. Vindo dos Estados Unidos, o Bets fez lançamentos entre 2015 e 2022 e vem buscando reposicionar alguns de seus singles e clipes mais recentes no mercado. O som une soft rock e climas ligados ao folk, com letras esperançosas e tristes – caso da delicada Autumn again, que fala da superação de um relacionamento que chegou ao fim, e do clima indie e sixties da romântica Jenny, cujo clipe que fala do dia a dia amoroso de um casal sáfico.
CHAD CARVEY, “GRAVEDIGGER”. Influenciado por nomes como Radiohead (em especial) e Elliott Smith, esse músico norte-americano prepara mais um EP e já fez três lançamentos de singles em 2025. Gravedigger, um dos singles mais recentes, é uma canção etérea e triste sobre “a dor e a libertação de dizer adeus a um ente querido que partiu”, com sons esparsos, vocal e guitarras melancólicos e programações eletrônicas.
CRIS 88 KEYS, “THE MAD SIDE OF THE PLANET”. Cris, uma cantora e compositora da Itália, decidiu fazer uma canção pop sobre como ela vê o mundo de hoje em dia, com guerras, gente com a cara afundada em redes sociais, Inteligência Artificial e outras coisas que deixam qualquer pessoa maluca. Mesmo com tanto estresse envolvido na letra, saiu um pop tranquilo e relaxante, com heranças musicais do soft rock e do folk.
AMAZONICA, “MIRROR BABY”. DJ criada entre Londres e Nova York, Amazonica acaba de lançar seu primeiro álbum, Victory, prometendo “música pop para o apocalipse”. Ela chegou a ser mais conhecida pelo codinome Dirty Harry, pelo qual lançou seu trabalho inicial – hoje reeditado com seu novo nome artístico. Sua nova fase musical gira em torno de temas como espiritualide e sobriedade, sempre com foco nas pistas, como no single Mirror baby.
NIGHT TEACHER, “NEVER BETTER”. Criado pela cantora e compositora norte-americana Lilly Bechtel, o Night Teacher lança no fim do mês o álbum Year of the snake. Trabalhando lado a lado com o produtor Matt Wyatt, Lilly trabalhou vários anos como instrutora de ioga e encara a música como um trabalho de cura. Músicas como Never better, com clima pop, mágico e sonhador, têm levado Lilly a ser bastante comparada com nome como Cate Le Bon – e olha que faz sentido.
DAX, “LONELY DIRT ROAD”. Rapper e cantor canadense, atualmente em turnê, Dax une rap, r&b, spirituals e sombras existenciais em Lonely dirt road, uma música em que ele recorda as vezes em que põe as malas no carro e vai para bem longe, para descansar a cabeça e deixar as coisas seguirem seu rumo. “Não quero que minha família me veja chorar / eles nem sabem que estou carregando todo esse peso”, canta ele (ei, não tá na hora de tentar dialogar e buscar ajuda, não?).
STEVE LIEBERMAN, “WE APPROACH 1974 – ENTR’ACTE 178”. Esse músico judeu norte-americano que já gravou mais de 90 álbuns (!) e toca um sem-número de instrumentos, ressurge de maneira ensurdecedora e econômica nesse tema de apenas seis minutos – Steve, você já leu no Pop Fantasma, é autor de The Noise Militia (#38/76), música que dura 35 horas, 41 minutos e nove segundos.
Notícias
Urgente!: O que teve de bom no final de “Vale Tudo”?

E aí, o que teve de bom no final de Vale Tudo?
Bom, o capítulo foi um belo discurso. Seo Bartolomeu defendeu as últimas melhorias do país (naquele papo com o Ivan). Fátima e Cesar mostraram que quem não presta pra nada vai continuar não prestando pra nada – esqueça essa patacoada de “discurso de redenção”, que é usada bastante em reality shows.
Mais: Odete Roitman sempre volta porque isso é o que acontece de tempos em tempos no Brasil e no mundo. Sempre tem um maldito que ganha o protagonismo. Odete volta porque Trump voltou, e porque o sonho de um certo ex-presidente inominável é voltar.
(Sobre os lados bons do último capítulo, aliás, vale ler também o que escreveu a Patricia D’Abreu, que me deu aula no curso de jornalismo)
O que teve de pior é que, já que a linguagem da novela foi definitivamente invadida pela publicidade, nada como usar a linguagem publicitária no roteiro da trama. Em vários momentos – e isso rolou no final – Vale Tudo foi usada mais para passar ideias e “entregar” coisas do que para contar uma história propriamente dita. Tudo isso aí de cima foi “publicado” como numa colagem mal feita.
Eu tento enxergar isso como uma tendência dos dias de hoje, mas: 1) a descoberta de que foi Marco Aurélio o assassino rolou sem emoção nenhuma (eu sou velho o suficiente pra lembrar do “eu matei Salomão Hayala!” da novela O astro, de 1977, e toda a perplexidade que veio depois); 2) Alexandre Nero parece ter sido sorteado como assassino num globo daqueles de bolinhas pra bingo – não houve emoção, pareceu marmelada e a expectativa de que “o assassino é alguém que ninguém imagina” foi pro cacete; 3) o final pareceu mais uma “entrega” do que um último capítulo – aliás tudo estava nesse mesmo clima desde a morte da Odete.
No mais, eu saí de Vale Tudo fã da turma que faz o comercial da Globo: aquela inserção da turma de Três graças assistindo o último capítulo foi ótima, os atores da novela fazendo propaganda de um aplicativo de entrega de bebidas que não patrocina o Pop Fantasma, idem. O problema é que novela não é só isso.
Texto: Ricardo Schott – Foto: Divulgação
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