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Cultura Pop

Tem gente lançando discos em cilindro, em pleno 2017

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discos em cilindro

Se você achava que lançar discos em K7 era o máximo da hipsterização, bem vindo ao mundo real: sempre vai ter uma pessoa para ser mais hipster que você. Já falamos das pessoas que lançam discos em floppy disk, de um cara que coleciona álbuns em fita de oito pistas... E agora você fica com essa turma que, em pleno 2017, está lançando discos em CILINDRO.

Thomas Edison - discos em cilindro

Não, não é brincadeira. Se você achava que não se fazia isso desde os tempos de Thomas Edison (o rapaz da foto acima), existem pelo menos dois selos que dedicam-se ao formato. A Vulcan Records, uma das empresas, lança cilindros em que cabem músicas entre dois e quatro minutos.

A sede fica em Sheffield, na Inglaterra. De lá, a gravadora lança os disc… digo, os cilindros, que requerem uma técnica especial para serem gravados, já que a música é impressa no cilindro assim que está sendo executada. É possível tirar cerca de cem cópias da gravação. Depois disso, o artista precisa regravar tudo, ou pelo menos uma outra gravação precisa ser colocada no cilindro.

https://www.youtube.com/watch?v=2XfmTS7l2s0

A Vulcan trabalha bastante com gravações antigas recicladas para cilindro. Tem desde a Edison Studio Band tocando o hino dos Estados Unidos, até o Edison Male Quartette fazendo My old Kentucky home. Mas tem também gravações novas, como o banjista Spats Langham tocando um tema chamado Pickets, em 2008 (nesses links aí, você escuta as gravações).

Gravação de orquestra - discos em cilindro

A gravadora tem uns projetos bem interessantes, também. Em 2014 resolveram recriar a sessão de gravação da Quinta Sinfonia de Beethoven, feita em 1913 pela Orquestra Filarmônica de Berlim. “Parte da intenção acadêmica deste projeto foi compreender os problemas e limitações do processo inicial de gravação acústica ao registrar um grande número de instrumentistas”, diz um texto no site do selo.

A história da gravadora começou em 1977 quando o dono da empresa, um cara chamado Duncan Miller, começou a pesquisar técnicas antigas de gravação. Em 1979 ele comprou uma antiga máquina da Columbia e começou a fazer cilindros de cera sem gravações. E seguiu no negócio. Vale dizer que se você quiser mandar uma declaração de amor para seu namorado/sua namorada num cilindro de cera, é só falar com eles, já que a Vulcan trabalha com customização.

Wizard - discos em cilindroE não é só a Vulcan que resolveu explorar esse nicho (bom…) de mercado. Tem um selo chamado Wizard, que existe desde 2002 e vem fazendo experiências com novas gravações e artistas novos.

“Comprei coisas do último negociante oficial de Thomas Edison, Clarence Ferguson, que morava em Wisconsin. Lembro-me de que ele nem me cobrava pela metade dos itens. Fiquei surpreso quando me disse que nunca havia muita demanda para equipamentos de gravação em casa”, conta num texto de apresentação Peter N. Dilg, chefe do selo, que funciona em Nova York.

Peter montou uma máquina específica para capturar sons para gravação em cilindro, e chegou a realizar gravações com o pioneiro da guitarra Les Paul (1915-2009). “Os artistas mais novos, quando gravam com a gente, entram no túnel do tempo acústico. Eles se ouvem como se tivessem feito a gravação há uns cem anos. A maioria dos artistas chega à percepção de que a máquina captura a alma real de sua performance”, escreveu. Quem também passou pelo estúdio da Wizard foi Mary Travers, do trio Peter, Paul & Mary.

Se você ficou interessadíssimo em lançar gravações em cilindro, mas não tem a menor ideia de como começar, a gente resolve seus problemas: um cara fez um vídeo bem prático detalhando todo o processo. Impressione aqueles seus amigos que levam toca-disco para o piquenique e gravam fitas K7 mostrando a eles uma técnica de gravação e reprodução REALMENTE inusitada.

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Relembrando: Public Image Ltd, “The flowers of romance” (1981)

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Relembrando: Public Image Ltd, "The flowers of romance" (1981)

Keith Levene, guitarrista que se dividiu em vários instrumentos nesse The flowers of romance, chegou a afirmar que o terceiro álbum de estúdio do Public Image Ltd é “provavelmente o disco mais anti-comercial já entregue a uma gravadora”. Faz sentido: The flowers mal pode ser chamado de punk ou pós-punk. Está mais para uma aventura experimental e percussiva, com músicas compostas apenas de voz e bateria (a claustrofóbica Four enclosed walls), voz, percussão, sinos e ruídos (Phenagen), voz, bateria e sons orquestrais tirados com virulência punk (a faixa-título), voz, bateria brutal e ruídos (Under the house).

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O som vai do mais assustador e climático ao mais documental, com sons ciganos e flamencos unidos a uma espécie de “música de selva”, dada pelo som da bateria e pelos vocais de John Lydon. Hymie’s him, com sintetizadores, percussões e batidas de latão, soa “industrial” anos antes de tal termo ficar famoso. Banging the door é um quase reggae que destaca o uso de sintetizadores Moog. Francis Massacre é literalmente um massacre sonoro, trazendo vocais lamentosos, batidas tribais e sons de guerra. A associação com a música e o imaginário hispânico surgem já na capa, que traz Jeannette Lee, empresária, gerente e melhor amiga da banda (e hoje sócia da gravadora Rough Trade), com uma flor na boca, e ameaçando o fotógrafo (e o/a ouvinte do disco) com um pilão.

Curiosamente, mesmo sendo um disco tão anti-pop, The flowers of romance (o nome é o mesmo de uma banda cata-corno punk que surgiu antes dos Pistols, e da qual Keith Levene e Sid Vicious fizeram parte) acabou tendo lá suas dimensões pop. O som da bateria já foi elogiado por Phil Collins (que trabalhou depois com o produtor do disco, Nick Launay), e soa quase como se tivesse sido produzido para cinema, e não para um álbum.

Esse som cinematográfico não rolou por acaso. A turma do PiL (na época, os inimigos íntimos Lydon e Levene, mais o baterista Martin Atkins) aproveitou todos os recursos de um novo brinquedo do empresário Richard Branson: o estúdio The Manor, literalmente um estúdio de ponta construído numa mansão histórica. Antes de começar, foram sete dias (de um total de dez dias agendados) “curtindo” um bloqueio de compositor que travou toda a banda. Jah Wobble, baixista do PiL e sujeito cheio de ideias, saiu pouco antes da gravação, o que piorou um pouco as coisas – por acaso, só duas faixas de Flowers (Track 8 e Banging the door têm o instrumento.

The flowers of romance marcou um período de bons investimentos na banda ainda que não vendessem tanto – 1983 foi inclusive o ano do duplo Live in Tokyo, gravado no Japão, e que rendeu até um homevideo, mania da época. Daí para a frente, era o PiL virando algo mais próximo daquele som que pode até tocar no rádio, mas assusta. E muito.

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Relembrando: Vários, “O espigão – trilha sonora nacional” (1974)

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Relembrando: Vários, "O espigão - trilha sonora nacional" (1974)

Até os dez primeiros capítulos (que foi até onde assisti), O Espigão, novela das 22h exibida pela Rede Globo em 1974, e escrita por Dias Gomes, tem ritmo de série bem construída e passagens que lembram Os Simpsons. Por sinal, com a chance de cada personagem ali conseguir ser o Homer por alguns minutos, ou por alguns capítulos. Os três primeiros capítulos são tomados por um cavernoso engarrafamento no Túnel Novo – que divide Botafogo e Copacabana, na Zona Sul carioca – no último dia de 1972. Hoje dá para ver tudo no Globoplay, que resgatou a trama.

No túnel, os personagens vão aparecendo para, mais do que construir a história, dar uma baita sensação de caos. Isso porque parece que quase ninguém ali costuma ser ouvido ou enxergado de verdade. No caso do trio de bandidos interpretado por Betty Faria, Ruy Resende e Milton Gonçalves, nem eles conseguem enxergar sua própria falta de talento para roubar os outros, mas isso é apenas um detalhe.

Para quem passou a vida ouvindo as trilhas sonoras de O Espigão, a nacional e a internacional, lançadas pela Som Livre naquele mesmo ano, o mais legal é ver a utilização nos capítulos das faixas da trilha nacional (um perfeito disco pop-rock-MPB). Pela cidade, tema instrumental e quase progressivo do Azymuth, surge na primeira cena, com o assombrado Léo (Claudio Marzo) chegando de navio de Sergipe, passando pela Baía de Guanabara. Nessa hora, destaque para o estranho cromaqui marítimo e para as imagens das barcas Rio-Niterói em alto-mar.

Retrato 3×4, primeiro quase-hit de Alceu Valença, e segunda ou terceira tentativa de sucesso do cantor, antes da fama, surge nas cenas do assalto frustrado do trio de bandidos. Versos como “rasgue meu retrato 3×4/porque eles vão pintar o sete com você” dão a sensação de que a turma formada por Lazinha (Betty), Nonô (Milton) e Dico (Ruy) é bem mais robin hoodiana do que pode parecer. Na sombra da amendoeira, de Sá & Guarabyra, na voz do grupo niteroiense Os Lobos, dá vontade de visitar o tal casarão antigo que é, de fato, o tema da novela.

Alfazema, tema folk do hoje astrólogo Carlos Walker, surge inicialmente numa cena de total lesação e abandono na cidade grande (por sinal no fim da Rua Voluntários da Pátria, em Botafogo, Zona Sul do Rio, bem antes do excesso de bares e carros). Já o tema de abertura, o hard rock orquestral O espigão, de Zé Rodrix, vem da transição entre os álbuns I acto (1973) e Quem sabe sabe, quem não sabe não precisa saber (1974), os dois primeiros do cantor – que geraram um show apresentado no Rio em março de 1974, ao lado da banda Agência de Mágicos.

O repertório da trilha de O espigão ainda inclui um excelente e hoje cancelável samba-rock (Malandragem dela, de Tom & Dito, que tocou muito no rádio na época), uma música que surge como protesto à gentrificação no Rio, mas que tem mais a ver com a poluição em São Paulo (Botaram tanta fumaça, de Tom Zé), um tema clássico composto por Tuca (Berceuse), um samba antirracista com letra de Nei Lopes (Você vai ter que me aturar, com Sônia Santos) e um sambão triste composto e cantado por Benito di Paula (Último andar).

O espigão fez tanto sucesso que a trilha nacional voltou às lojas várias vezes. Volta e meia dá para achar um vinil a preço barato em loja de usados, mas o álbum foi relançado em CD na série Som Livre Masters, com remasterização comandada por Charles Gavin. Hoje é um caso raro de trilha de novela nacional dos anos 1970 que pode ser vista e ouvida.

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No nosso podcast, os primeiros anos do Soft Cell

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No nosso podcast, os primeiros anos do Soft Cell

O Soft Cell tá vindo aí pela primeira vez. A dupla de Marc Almond e Dave Ball se apresenta no Brasil em maio, e vai trazer – claro – seu principal hit, Tainted love. Uma música que marcou os anos 1980 e vem marcando todas as décadas desde então, e que deu ao Soft Cell um conceito todo próprio – mesmo não sendo (você deve saber) uma canção autoral. Era um dos destaques de seu álbum de estreia, Non stop erotic cabaret (1981), um dos grandes discos da história do synth pop.

No nosso podcast, o Pop Fantasma Documento, voltamos lá no comecinho do Soft Cell, mostramos a relação da dupla com uma das cidades mais fervilhantes da Inglaterra (Leeds) e damos uma olhada no que é que está impresso no DNA musical dos dois – uma receita que une David Bowie, T Rex, filmes de terror, Kenneth Anger, sadomasoquismo e vários outros elementos.

Século 21 no podcast: Red Cell e Noporn.

Estamos no Castbox, no Mixcloud, no Spotify, no Deezer e no Google Podcasts. 

Edição, roteiro, narração, pesquisa: Ricardo Schott. Identidade visual: Aline Haluch. Trilha sonora: Leandro Souto Maior. Vinheta de abertura: Renato Vilarouca. Estamos aqui de quinze em quinze dias, às sextas! Apoie a gente em apoia.se/popfantasma.

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