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Cultura Pop

Smells Like Teen Spirit, do Nirvana, pela primeira vez no palco

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Limpando privadas por causa do Nirvana

A gravação do clipe de Smells like teen spirit, do Nirvana, fez trinta anos nesta quarta (17). Se hoje não dá para imaginar a história do rock nas últimas três décadas sem essa música, vai aí a informação: havia bem pouca expectativa em relação ao clipe quando ele foi feito. A Geffen, gravadora do grupo, nem sequer se importou de delegar a direção do vídeo a um estreante, Samuel Bayer, que se inspirou em filmes como Rock’n roll high school, de Allan Arkush, para criar uma espécie de show escolar bastante avacalhado.

Durante a gravação, aconteceu aquilo tudo que você já sabe: os figurantes, chamados por um convite, ficaram revoltados para ficarem a tarde inteira sentados. Cobain convenceu o diretor a deixar todo mundo fazer mosh – o que aumentou o caos durante a gravação e fez toda a diferença, no sentido de botar o público para, do outro lado da telinha, se ver no clipe.

Se Smells like teen spirit ainda era uma ilustre desconhecida na época da gravação de Nevermind, imagina o que sobrou para a canção pouco tempo antes, quando ela foi lançada num show do Nirvana. Mais ainda: um show beneficente, dado num hotel em Seattle.  O grupo se apresentou em 17 de abril de 1991 no OK Hotel, no endereço 212 Alaskan Way.  O local, apesar do nome, não era um hotel: era um bar, que apresentava várias bandas locais, e que pela importância na cena local, ainda apareceu com destaque no filme Vida de solteiro, de Cameron Crowe.

Smells Like Teen Spirit, do Nirvana, pela primeira vez no palco

>>> Veja também no POP FANTASMA: Steve Albini tentando garfar o Nirvana na sinuca

O show tinha entrada MUITO barata (8 paus), e quem fosse assistir, veria as bandas Bikini Kill e Fitz Of Depression.  O BK era próximo do Nirvana a ponto da vocalista Kathleen Hanna ter inspirado Smells… e da baterista Tobi Vail ter namorado Kurt. Aliás, foi um relacionamento tão frustrado para o cantor, que acabou inspirando boa parte do material mais romântico de Nevermind, o disco que estava por vir. Na época, o BK tinha apenas uma demo lançada, Revolution girl style now.

Já o FOD era de Olympia, ali mesmo em Washington, e era a razão de existir do show, já que a apresentação foi marcada para arrecadar dinheiro para as multas de trânsito do vocalista Mikey Dees, com a ideia de livrá-lo da prisão. A banda durou até 1997 e depois voltou – mas Dees morreu em 2019 por causa de um aparente ataque cardíaco. Pouco antes da primeira separação, chegaram a assinar com a Warner, mas justamente por causa do término não chegaram a lançar nada pelo selo.

Um texto publicado na Rolling Stone India, assinado por Nabil Ayers, diz que o Nirvana tocou seu futuro hit passados 45 minutos do começo do show. “A música me lembrava uma das minhas bandas favoritas, Pixies – uma banda que Kurt mais tarde citaria como referência – mas com uma melodia que desafiava a simplicidade dos quatro acordes da música”, escreveu.

>>> Veja também no POP FANTASMA: Black Francis (Pixies): “Virei o Nirvana Jr, agora?”

“Os quatro acordes que compunham a canção não eram inovadores. Foram usados ??em incontáveis ??canções de rock. A música nem tinha ponte. Mas a combinação das partes simples e cativantes desempenhadas por esta potência de três peças pela primeira vez naquela noite era maior do que a soma de suas partes”, completou. Linhas vocais e letras seriam bastante modificadas para entrar em Nevermind.

E tá aí o momento em que a plateia ouviu Smells like teen spirit pela primeira vez.

O show inteiro do OK Hotel está no YouTube.

>>> POP FANTASMA PRA OUVIR: Mixtape Pop Fantasma e Pop Fantasma Documento
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Cultura Pop

No nosso podcast, o recomeço de John Lennon entre 1969 e 1970

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No nosso podcast, o recomeço de John Lennon entre 1969 e 1970

No começo de sua carreira solo, John Lennon era um artista brigão, politizado, dado a excessos, que estava de cara virada para seus ex-colegas de Beatles, e que havia encontrado um pouco de paz em seu relacionamento com a artista asiática Yoko Ono. Em meio a isso, alternava protestos, álbuns experimentais (ambos feitos com a nova esposa) e seus primeiros singles, com músicas guerrilheiras como Cold turkey e Instant karma!

Entre 1969 e 1970, parecia que acontecia de tudo na vida dos Beatles. E por tabela, na vida de John, que vivia um dia a dia de brigas, entrevistas malcriadas, gravações novas, ameaça de falência, problemas no novo casamento e um processo de autodescoberta que aconteceu depois que um certo livro apareceu na sua caixa de correio… A gente termina a temporada de 2024 do nosso podcast, o Pop Fantasma Documento, recordando tudo que andava rolando pelo caminho de Lennon nessa época. Termine de ouvir e ataque a super edição turbinada de John Lennon/Plastic Ono Band (1970) que chegou às plataformas em 2020. E, ei, não esqueça de escutar Yoko Ono/Plastic Ono Band, que saiu junto do disco de John.

Século 21 no podcast: Juanita Stein e Caxtrinho.

Estamos no Castbox, no Mixcloud, no Spotify e no Deezer .

Edição, roteiro, narração, pesquisa: Ricardo Schott. Identidade visual: Aline Haluch (foto: reprodução internet). Trilha sonora: Leandro Souto Maior. Vinheta de abertura: Renato Vilarouca. Estamos aqui de quinze em quinze dias, às sextas! Apoie a gente em apoia.se/popfantasma.

(temos dois episódios do Pop Fantasma Documento sobre Beatles aqui e aqui).

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Crítica

Ouvimos: The Cure, “Songs of a lost world + Songs of a live world: Live Troxy London MMXIV” (ao vivo)

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Ouvimos: The Cure, “Songs of a lost world + Songs of a live world: Live Troxy London MMXIV” (ao vivo)

Sério que Songs of a lost world, álbum novo do The Cure, já ganhou rapidamente uma edição deluxe com um registro ao vivo de todas as faixas do álbum? Sim, ganhou essa edição acrescida do rabicho Songs of a live world: Live Troxy London MMXIV. Até porque se o disco já fez bastante sucesso, a noite de lançamento do álbum foi inesquecível – com um show da banda em 1º de novembro no Troxy London, tocando todo o repertório do começo ao fim, além de vários hits. E é justamente o repertório do disco executado nessa noite, ao vivo, que surge como “disco 2” do álbum.

O Cure, redescoberto por novas gerações e por uma turma que não necessariamente é fã deles, mas curte os hits e gosta de curtir uma fossa, meio que vai tentando dar uma de U2: além de oferecer mais um mimo para os fãs, a banda vai doar todos os royalties deste lançamento para a instituição de caridade War Child. Na loja online do grupo existe um hotsite (ainda se usa esse termo?) só para as diferentes versões de Songs of a live world e para duas edições diferentes em vinil vermelho de Songs of a lost world: uma deles apenas com o disco original, e outra em formato duplo, trazendo as músicas em versões instrumentais no disco 2 (reparem bem: Songs tem músicas em que o vocal começa quase no fim da faixa, e que já são quase instrumentais, mas aí vai quem quer).

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  • Resenhamos Songs of a lost world aqui.

O show inteiro daquela noite possivelmente você já viu no YouTube (se não viu, veja lá embaixo deste texto). E possivelmente você ficou impressionado/a como o The Cure voltou disposto a se transformar num espetáculo. Só que sem as presepadas do Coldplay e sem os truques de mágica do U2: é só a banda, num cenário escuro e esfumaçado, com muito peso e imponência visual e auditiva. As músicas do álbum transportadas para o “ao vivo” soam um pouco mais humanizadas, especialmente no caso de canções que, no disco, eram torrentes de ruído, como Warsong e Alone.

And nothing is forever destaca a magia dos teclados que, rearranjados, poderiam estar até num disco do Péricles – esse lado popularzão sem deixar de ser “dark” sempre foi uma das grandes forças do Cure. A ambiência do Troxy deixou músicas como I can never say goodbye (feita por Robert com o pensamento na morte de seu irmão mais velho Richard) e Endsong bem menos robóticas e desprovidas de qualquer traço de frieza. Se o disco novo do Cure é triste, a contrapartida ao vivo é a prova de que o show é feito para fãs que curtem chorar baldes ouvindo música. E tá tudo bem.

Nota: 9
Gravadora: Fiction/Polydor

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Crítica

Ouvimos: Dead Boys, “Live in San Francisco”

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Ouvimos: Dead Boys, “Live in San Francisco”

A Cleopatra Records, uma gravadora de Los Angeles que se dedica a lançar em edições oficiais-ou-quase antigos discos piratas (boa parte deles de punk rock, psicodelia e pedradas obscuras dos anos 1960) revisita agora o catálogo de bootlegs dos Dead Boys, com esse Live in San Francisco.

O show foi gravado em 2 de novembro de 1977, na época de lançamento da estreia do grupo, Young, loud and snotty (1977) e já esteve nas lojas com vários nomes: Live 1977, Live in Old Waldorf (local em San Francisco onde rolou o tal show), Down in flames, etc. Não muda o fato de que é um piratão legítimo, com qualidade de gravação de demo antiga (foi tirado na verdade de uma transmissão da emissora KSAN-FM) e sem muitos tratamentos. Mostra pelo menos o peso do grupo na época, além de uma seleção de faixas de Young, além de algumas que sairiam só no segundo álbum, We have come for your children (1978).

O material dos Dead Boys seria bastante influente em gerações posteriores do punk, do power pop e até do rock pauleira (Guns N’Roses, por exemplo). A abertura com Sonic reducer e All this and more mostra um estilo de punk rock herdadíssimo de artistas como Alice Cooper, Ramones, David Bowie, Rolling Stones, New York Dolls. Um som que, mesmo antes do vocalista Stiv Bators abrir a boca, já se impunha pela atitude, pelas microfonias e pelo clima descompromissado musicalmente – no nível da desafinação em alguns momentos, como em All this and more, a desbocada Caught with the meat in your mouth e outras, todas aplaudidas por uma plateia audivelmente pequena, mas animada.

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  • Stiv Bators: o “outro nome” do punk em documentário
  • Entrevista: Frank Secich fala sobre a pouco lembrada (e ótima) carreira solo de Stiv Bators

Flame thrower love, que sairia só no segundo disco, está no álbum ao vivo e já trazia uma diferença em relação ao material anterior: era uma canção punk basicamente construída em cima de um riff pesado, algo bem mais próprio do hard rock. A destrutiva Son of Sam, entre gritos de Stiv e viradas erradíssimas do baterista Johnny Blitz, era formada por uma estranha mescla de pós-punk deprê e acordes poderosos na linha do The Who. No final, a cacofonia de Down in flames, cantada por Bators quase sem voz, e a homenagem aos Stooges com a releitura de Search and destroy, com microfonias no fim.

Os Dead Boys não sobreviveriam, pelo menos inicialmente, ao excesso de drogas, às incompreensões do mercado e a seu próprio comportamento destrutivo. O grupo voltou em 2017 e recentemente anunciou um disco gravado por uma turma all-stars, liderada pelo guitarrista original Cheetah Chrome – disco esse que já causou polêmica porque o vocalista Jake Hout acusa a banda de querer usar a voz do falecido vocalista Stiv Bators em IA. Só vendo, mas o passado, com todos os seus defeitos e qualidades, tá aí.

Nota: 7,5
Gravadora: Cleopatra Records

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