Connect with us

Cultura Pop

Porra, Justin, toma vergonha nessa cara!!

Published

on

Justin Pearson, do Locust

O talk show estilo tabloide do americano Jerry Springer já deu lugar a um debate animado com um roqueiro, Peter Steele, do Type O’Negative, em 1994. Em 1999, quem apareceu por lá foi ninguém menos que Justin Pearson, baixista do grupo de grindcore doidão The Locust.

Só que ele não foi divulgar um CD do grupo não – e olha que o Locust havia lançado seu primeiro disco, epônimo, um ano antes, com clássicos como How to build a pessimistic lie detector e Fixed companionship, ghost town irrationality, pelo selo Gold Standard Laboratories. O cara foi lá para confessar em alto e bom som que estava traindo sua namorada, com quem morava junto. E o pivô da traição era uma menina que morava com o casal. O resultado foi clima de Programa do Ratinho no palco da atração, com o músico fazendo cara de contrariado, a namorada dando uns tapas nele e tentando bater na ex-amiga – e sendo contida por seguranças do programa. Clássico. Olha aí a primeira parte.

E na segunda parte, a coisa piora um pouco: sobe ao palco um amigo do grupo que transou com a namorada de Justin e ainda sapeca um beijo na boca do baixista. O público, claro, delira.

A ida ao Springer deu certa fama ao Locust e ao músico, a ponto de virar assunto comentado entre fãs – muito embora o Locust costume se apresentar mascarado e Justin nem fosse um rosto conhecido. Só que o que parece uma briga daquelas, na real, foi uma armação da turma toda. O tal amigo que entra no palco para dizer que pegou a namorada de Justin é o ator, músico, produtor, cineasta e trollador profissional Scott Beibin.

Scott estava hospedado na casa de Justin com sua namorada, em San Diego, quando recebeu um aviso de que sua casa na Filadélfia tinha sido assaltada, com direito a roubarem todo o seu equipamento. “Para me alegrar um pouco, resolvi passar um monte de trotes. Isso incluiu um telefonema para o show de Jerry Springer. Deixei uma mensagem de voz dizendo que eu estava transando com Justin, Alysia (sua namorada) e com Christine (sua roommate), e eu queria explanar tudo”, contou Beibin nesse texto (que está fora da internet, mas pode ser acesado pelo Archive.org).

Beibin recebeu uma mensagem do produtor do programa pedindo que ligasse a qualquer momento. Foi o tempo de ir à Filadélfia ver como estava sua casa após o ataque, telefonar ao produtor, confirmar a veracidade (sei) da história, dar o número de Justin e pedir ao amigo que atendesse ao telefonema (e isso tudo de madrugada!) da produção. Em tempo recorde, todos foram a Chicago para a gravação, morrendo de frio e sem agasalhos adequados para o clima local, gelado (de fato, Justin espirra várias vezes e enche a mão de catarro durante o programa, o que causa risos na plateia). Mais: não havia nem muito tempo para combinarem o que aconteceria no palco. Há mais infos engraçadas no texto de Beibin, que descreve a situação toda com uma riqueza de detalhes impossível de reproduzir (se você não sabe nada de inglês, vá na tradução do Google mas não perca).

Justin, que completa 42 anos em agosto, está com novos trabalhos: lançou recentemente dois singles como baixista do supergrupo Dead Cross, que tem também o ex-Slayer Dave Lombardo na bateria e o vocalista do Faith No More, Mike Patton (ouça as duas músicas aí embaixo). Em 2014, fez uma ponta como ator no filme Incompresa, de Asia Argento, que o Noisey, da Vice, definiu como “a primeira atuação de Pearson sem ser no Jerry Springer”. O assunto Springer, por sinal, deixa Justin um tanto de saco cheio, como ele faz questão de ressaltar no papo com a Noisey. “Não somente eu fico de saco cheio disso, como meus colegas de outras bandas sempre falam: ‘Cara, somos uma banda fodida, não dá pra rolar esse lance tipo você e o Jerry Springer. Será que podemos não ver esse lance sendo trazido à tona toda hora?'”, contou.

Cinema

Ouvimos: Lady Gaga, “Harlequin”

Published

on

Ouvimos: Lady Gaga, “Harlequin”
  • Harlequin é um disco de “pop vintage”, voltado para peças musicais antigas ligadas ao jazz, lançado por Lady Gaga. É um disco que serve como complemento ao filme Coringa: Loucura a dois, no qual ela interpreta a personagem Harley Quinn.
  • Para a cantora, fazer o disco foi um sinal de que ela não havia terminado seu relacionamento com a personagem. “Quando terminamos o filme, eu não tinha terminado com ela. Porque eu não terminei com ela, eu fiz Harlequin”, disse. Por acaso, é o primeiro disco ligado ao jazz feito por ela sem a presença do cantor Tony Bennett (1926-2023), mas ela afirmou que o sentiu próximo durante toda a gravação.

Lady Gaga é o nome recente da música pop que conseguiu mais pontos na prova para “artista completo” (aquela coisa do dança, canta, compõe, sapateia, atua etc). E ainda fez isso mostrando para todo mundo que realmente sabe cantar, já que sua concepção de jazz, voltada para a magia das big bands, rendeu discos com Tony Bennett, vários shows, uma temporada em Las Vegas. Nos últimos tempos, ainda que Chromatica, seu último disco pop (2020) tenha rendido hits, quem não é 100% seguidor de Gaga tem tido até mais encontros com esse lado “adulto” da cantora.

A Gaga de Harlequin é a Stefani Joanne Germanotta (nome verdadeiro dela, você deve saber) que estudou piano e atuação na adolescência. E a cantora preparada para agradar ouvintes de jazz interessados em grandes canções, e que dispensam misturas com outros estilos. Uma turminha bem específica e, vá lá, potencialmente mais velha que a turma que é fã de hits como Poker face, ou das saladas rítmicas e sonoras que o jazz tem se tornado nos últimos anos.

O disco funciona como um complemento a ao filme Coringa: Loucura a dois da mesma forma que I’m breathless, álbum de Madonna de 1990, complementava o filme Dick Tracy. Mas é incrível que com sua aventura jazzística, Gaga soe com mais cara de “tá vendo? Mais um território conquistado!” do que acontecia no caso de Madonna.

  • Apoie a gente e mantenha nosso trabalho (site, podcast e futuros projetos) funcionando diariamente.

O repertório de Harlequin, mesmo extremamente bem cantado, soa mais como um souvenir do filme do que como um álbum original de Gaga, já que boa parte do repertório é de covers, e não necessariamente de músicas pouco conhecidas: Smile, Happy, World on a string, (They long to be) Close to you e If my friends could see me now já foram mais do que regravadas ao longo de vários anos e estão lá.

De inéditas, tem Folie à deux e Happy mistake, que inacreditavelmente soam como covers diante do restante. Vale dizer que Gaga e seu arranjador Michael Polansky deram uma de Carlos Imperial e ganharam créditos de co-autores pelo retrabalho em quatro das treze faixas – até mesmo no tradicional When the saints go marching in.

Michael Cragg, no periódico The Guardian, foi bem mais maldoso com o álbum do que ele merece, dizendo que “há um cheiro forte de banda de big band do The X Factor que é difícil mudar”. Mas é por aí. Tá longe de ser um disco ruim, mas ao mesmo tempo é mais uma brincadeirinha feita por uma cantora profissional do que um caminho a ser seguido.

Nota: 7
Gravadora: Interscope.

Continue Reading

Crítica

Ouvimos: Coldplay, “Moon music”

Published

on

Ouvimos: Coldplay, "Moon music"

Aparentemente, o Coldplay está vivendo um dilema que muitos artistas de porte enorme (não existe nada deles que não seja mega, está no DNA da banda) passam a viver assim que olham para o lado e enxergam a cordilheira de fãs que já conseguiram conquistar: como permanecer fazendo coisas diferentes, e ao mesmo tempo, fazendo música para todo mundo ouvir? Ainda mais levando-se em conta que o Coldplay sempre teve um público extremamente ecumênico?

Bom, por ecumênico, entenda-se: existem fãs de sertanejo, de gospel, de MPB e gente que nem tem o hábito de ouvir música (!) que ama Coldplay, e já esteve na plateia de pelo menos um show deles no Brasil. O mesmo, vale dizer, acontecia com o R.E.M – números dos anos 1990 mostraram para a Warner, gravadora deles, que o álbum Out of time, megasucesso de 1991, foi comprado por gente que nem sequer costumava comprar discos. Muita gente deve ter comprado um toca-discos pela primeira vez para ouvir o álbum de Shiny happy people, e muita gente deve ter ido a um show “de rock” pela primeira vez porque precisava assistir ao Coldplay e se envolver com a música e com o espetáculo visual do grupo.

Explicar o papel e definir a postura de cada um desses nomes (R.E.M. e Coldplay) diante desse frege todo do mercado, parece fácil. Difícil é entender, hoje em dia, para que lado vai, musicalmente falando, a banda de discos excelentes como a estreia Parachutes (2000). Autodefinido como uma banda que fala de “maravilhamento” (o cantor Chris Martin já mandou essa numa entrevista), o Coldplay parece entregue em Moon music, o novo álbum, à vontade de investir de vez no segmento de trilhas para time-lapse de construção de shopping center, e vídeo motivacional pra empresas.

Isso faz de Moon music um disco ruim? Não, pode crer que tem coisas legais ali, além de algumas ideias boas que se perdem em finalizações meia-boca. Destaco o clima ABBA + ELO de iAAM, quase uma sobra do primeiro disco da banda; o house bacaninha de Aeterna (que mesmo assim encerra num clima de música de louvor) e a baladinha de piano All my love. Além da abertura “espacial” com Moon music, que tem participação do produtor de música eletrônica Jon Hopkins. Vale citar as mensagens de autoaceitação e autoestima da banda – sim, isso faz diferença, ainda que em termos de política, as letras do Coldplay sejam mais rasas do que piscina infantil.

  • Temos episódio do nosso podcast sobre o começo do Coldplay
  • Apoie a gente e mantenha nosso trabalho (site, podcast e futuros projetos) funcionando diariamente.

Por outro lado, Jupiter é um folk pop bacaninha, mas do tipo que você vê artistas em todo canto fazendo igual. A faixa 6, cujo título é identificado com um arco-íris, é parece feita de encomenda para os tais vídeos motivacionais. We pray é cheia de truques batidos da união de pop, gospel e hip hop. Em vários momentos, o Coldplay parece estar mirando, mercadologicamente, no que parece mais rentável para a banda: na trilha sonora dos seus shows, e não especialmente em discos que mudem a história do grupo. Não dá para culpá-los, mas ao fim do disco novo, a sensação é a de ter escutado um EP esticado ao máximo.

Moon music soa como música ambient produzida não por Brian Eno, mas por um produtor ou diretor de TV, ou um desses diretores criativos que surgiram na onda dos influenciadores digitais. O Coldplay de Music of the spheres (2022) parecia bem menos estandardizado e bem mais ousado. Mas foi rebate falso.

Nota: 5,5
Gravadora: Universal Music

 

Continue Reading

Crítica

Ouvimos: Faust, “Blickwinkel” (curated by Zappi Diermaier)

Published

on

Ouvimos: Faust, "Blickwinkel" (curated by Zappi Diermaier)

Se você está procurando uma música indecente para assustar vizinhos e atazanar transeuntes, esqueça qualquer grupo de heavy metal ou de punk, e tente a banda alemã Faust. Artífices do krautrock – o rock experimental alemão, parente tanto do punk quanto do rock progressivo – eles começaram em 1971, e desde o começo, fizeram carreira na experimentação, na dissonância, nas microfonias e nos efeitos de estúdio. Tanto que Werner “Zappi” Diermaier, Hans Joachim Irmler, Arnulf Meifert, Jean-Hervé Péron, Rudolf Sosna e Gunther Wüsthoff (a primeira formação do grupo) fizeram questão de agregar um engenheiro de som exclusivo, Kurt Graupner.

O curioso a respeito do Faust é que as origens da banda são até bem (vá lá) comerciais, já que o grupo tinha um criador, produtor e mentor. Era o jornalista e crítico musical Uwe Nettelbeck, que havia sido procurado pela Polydor alemã com uma proposta tentadora: criar uma banda “underground” que poderia ser a resposta do país aos Beatles e Rolling Stones.

  • Apoie a gente e mantenha nosso trabalho (site, podcast e futuros projetos) funcionando diariamente

Uwe, digamos, entendeu mais ou menos bem a proposta: reuniu duas bandas alemãs em uma e montou o Faust, que levou para a gravadora. Convencer a empresa de que aquela banda numerosa e “difícil” seria a sensação do ano deve ter sido até fácil. Difícil foi convencer o público a ouvir um grupo tão maluco e experimental, inspirado por jazz e música concreta. Afinal se tratava de um grupo que no terceiro disco, The Faust tapes (lançado em 1973 pela Virgin, quando a própria Polydor já havia desistido), apresentava só duas longas músicas sem título, divididas em pequenos segmentos com ruídos, microfonias e gravações caseiras.

O Faust existiu até 1975, se reagrupou durante os anos 1980 para poucas apresentações e retornou nos anos 1990 com três integrantes originais. Fizeram até uma primeira tour pelos EUA em 1994. De lá para cá, dá para dizer que a banda nunca mais parou, com direito a uma vinda ao Brasil em 2011. Em 2022, saiu Punkt, disco “perdido” deles gravado em 1974, e que havia sido recusado pela Virgin. Agora é a vez de Blickwinkel, álbum que marca uma fase em que a banda tem curadoria do fundador Zappi Diermaier, com a presença de uma turma animada de músicos (um deles, o também fundador Gunther Wüsthoff).

O grupo que ajudou a fundamentar a estética motorik (batidas intermitentes e quase robóticas), copiada pelo pós-punk todo, volta disposto a criar cenários fantasmagóricos e psicodélicos, em sete longas faixas instrumentais que chegam a parecer surrealistas – uma delas, basicamente uma música de violão, percussão e ruídos, se chama Sunny night (“noite ensolarada”). For schlaghammer, na abertura, parece uma música de perseguição, criada por percussões que lembram passos, sintetizadores e ruídos metálicos.

Künstliche intelligenz lembra um pouco a fase A saucerful of secrets, do Pink Floyd (1968), e tem um ar meio Syd Barrett em alguns momentos. Kriminelle kur é progressivo funkeado e distorcido na onda do King Crimson, e é a faixa do disco que mais se aproxima da noção de “rock instrumental”. No final, o ruído inconformista, perturbador e heavy de Die 5 revolution, e o batidão aterrorizante de Kratie.

É música, literalmente, feita para incomodar.

Nota: 9
Gravadora: Bureau B

Continue Reading
Advertisement

Trending