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Cultura Pop

Músicas em homenagem a Brian Jones

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Músicas em homenagem a Brian Jones

Guitarrista original dos Rolling Stones, Brian Jones teria completado 79 anos neste domingo (28) se não tivesse sido um dos primeiros artistas a ingressar no famigerado “clube dos 27”. Perto da meia-noite de 3 de julho de 1969, Jones foi encontrado paralisado no fundo de sua piscina na Fazenda Cotchford. Foi retirado de lá, com sua namorada jurando que ele ainda estava vivo e tinha pulso. Seus apelos não adiantaram muita coisa: Jones foi declarado morto ao chegar no hospital, e no óbito foi escrito “morte acidental”. O histórico de abuso do músico já dizia muita coisa.

Pelo menos publicamente, Mick Jagger e Charlie Watts (Keith Richards oscila nos julgamentos) acreditam que a morte do músico foi realmente acidental. As teorias a respeito da saída de cena de Brian só fazem aumentar de lá para cá, bem como as investigações sobre o que realmente aconteceu naquela noite em 1969.

O filme Stoned, de 2005, dirigido por Stephen Wooley, dá luz aos depoimentos de Frank Thorogood, um sujeito que trabalhava na reforma da casa do músico e que, supostamente, o teria assassinado. Pior: teria confessado isso, mas nunca foi preso. De qualquer jeito, a polícia de Sussex reabriu o caso em 2009 e depois fechou de novo, alegando não haver provas de que a certidão de óbito estava errada. Recentemente saiu um documentário, Rolling Stone: Life and death of Brian Jones, de Danny García (que foi entrevistado pelo POP FANTASMA quando fez um doc sobre o punk Stiv Bators) pondo mais lenha na fogueira da história da morte de Brian.

De lá para cá, além das suspeitas malucas sobre o óbito, pairam no ar depoimentos controversos sobre os reais talentos do músico como compositor. Mick Jagger afirmou em 1995 que nunca havia conhecido “alguém com tão pouco talento para composição” do que Brian Jones. Biógrafo do grupo, Christopher Sandford (que entrevistou Thorogood algumas vezes e acredita, mesmo assim, em morte acidental) afirmou que “dizem que Mick e Keith o proibiram de compor, mas ele nunca o fez de maneira significativa”. Há sempre gente disposta a defender Brian e a dizer que não era bem assim – Marianne Faithfull chegou a dizer que ele já tinha um esboço da melodia de Ruby Tuesday, que foi acabado por Richards e transformado na canção dos Stones, após ganhar letra de Jagger.

E tem uma turma que ainda por cima decidiu homenagear Brian compondo músicas em homenagem a ele. Algumas dessas canções louvavam seu trabalho com os Stones, mas algumas davam aquela detonada básica na dupla Jagger & Richards. Olha só algumas delas aí.

“GODSTAR” – PSYCHIC TV (1985). A letra do hit marginal do grupo liderado por Genesis P. Orridge cita nominalmente Brian Jones e diz: “Onde você estava quando as estrelas se apagaram?/Onde você estava quando eles começaram a gritar?/Eu vi você sozinho na piscina/E todos os seus amigos o chamaram de idiota”. No vídeo abaixo, Genesis apresenta a música no programa The Tube e, entrevistado pela equipe da atração, lembra que, quando era um garoto, encontrou com Brian e os outros Stones. “Uma coisa que está muito vívida na minha memória é que ele parecia separado do resto da banda, na sala”, diz.

“TRASH” – ROBYN HITCHCOCK (1986). “Então você foi fotografado com Charlie Watts/Isso não significa que você não é apenas um perdedor/E você gostaria de ser Brian Jones/Mas agora ele é apenas um monte de ossos/E ele é melhor do que você, você é um perdedor”, diz a letra, que já foi tida até como uma zoação com Mick Jagger.

“BRIAN JONES” – SALMONBLASTER (1996). Nada menos apropriado do que uma banda de quase-hardcore homenageando um stone morto, mas foi o que rolou no caso da banda canadense Salmonblaster.

“DEATH BY MISADVENTURE” – TED NUGENT (1977). Música do clássico disco Cat scratch fever, essa faixa põe o atestado de óbito de Jones no título (“morte por acidente”). A letra parece culpar Jones por seus problemas com drogas e por sua morte: “Veja-o na TV/ouça-o cantando blues/bem-vindo ao seu pesadelo/ele foi capaz de matar”.

“ADEUS AMIGO VAGABUNDO” – TONY & FRANKIE (1970). A dupla formada por Tony Bizarro e Frankie Arduini gravou essa balada produzida por Raul Seixas, com o subtítulo Tributo a Brian Jones. Quase ao mesmo tempo, ela foi gravada pelos Incríveis, numa versão que incluía um trecho chupadíssimo de Foxy Lady, de Jimi Hendrix (e o subtítulo, evidentemente, era “tributo a Jimi Hendrix”). Os nomes dos dois artistas não aparecem na letra, mas na versão dos Incríveis, o cantor grita “Jimi!” lá pelas tantas. Em 1977, na estreia solo Nesse inverno, Tony Bizarro releu a música, mas a transformou numa balada soul tranquila (e voltou com a referência ao stone morto no subtítulo).

“MICK AND KEITH KILLED BRIAN” – JEFF DAHL (1991). Músico punk alemão radicado nos EUA, e que fez parte de bandas como Angry Samoans e Vox Pop, Dahl não quis nem saber e meteu o dedo na cara dos dois mandatários dos Stones nessa música de seu terceiro disco solo, Ultra under. “Me diga como se sente fodendo seu melhor amigo/vejo que você ainda está sorrindo”, diz a letra.

“SONG FOR BRIAN JONES” – ULTIMATE PAINTING (2016). Neopsicodelia em homenagem ao ex-stone no terceiro disco dessa banda britânica de vida cuirta (durou de 2014 a 2018).

“UM ABRAÇO EM BRIAN JONES”- BIXO DA SEDA (1976). Quando o punk virava a esquina, essa banda gaúcha radicada no Rio lançava o primeiro disco epônimo (mais conhecido como Estação elétrica) e homenageava o stone morto com um blues rock que mais parecia coisa do Mountain ou do Humble Pie do que dos Rolling Stones.

“RÉQUIEM A BRIAN JONES” – MERLIN’S MESSAGE (1969). Som herdado dos Byrds, mas com guitarras fuzz pipocando, feito por uma desconhecida banda de Pirajuí (SP). É uma música bem pioneira, já que saiu no ano em que o músico morreu. Foi resgatada recentemente pela coletânea Brazilian nuggets – Back from the jungle.

(contribuições de Ayrton Mugnaini Jr)

Cultura Pop

No nosso podcast, os últimos dois anos do Nirvana (e de Kurt Cobain)

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Não é uma história fácil de ouvir – já avisamos. O final é triste, as atitudes foram impensadas, o entorno era completamente tóxico. Em seus últimos dois anos, o Nirvana teve mais “acontecimentos” em sua carreira e nas vidas pessoais de seus integrantes do que em dez anos de várias bandas. Foi uma banda que vendeu quase tanto jornal quanto disco e ingresso para show -não houve ser humano vivo que não acompanhasse de perto a vida do vocalista Kurt Cobain. No meio do caminho, um disco que se tornou um sonho e um pesadelo para todos os envolvidos, In utero (1993), o último do grupo.

No episódio de hoje do Pop Fantasma Documento, nosso podcast. a gente dá uma olhada em como andavam as coisas com Kurt Cobain, Krist Novoselic e Dave Grohl entre 1992 e 1994. E aproveita para dar uma olhada no mundo no rock alternativo, no fim da “onda grunge” e em como bandas como Nirvana e Sonic Youth foram criando uma nova onda de interesse pelo rock, a partir dos sons do submundo.

Século 21 no podcast: Mannequin Pussy e Morcegula.

Estamos no Castbox, no Mixcloud, no Spotify, no Deezer e no Google Podcasts. 

Edição, roteiro, narração, pesquisa: Ricardo Schott. Identidade visual: Aline Haluch. Trilha sonora: Leandro Souto Maior. Vinheta de abertura: Renato Vilarouca. Estamos aqui de quinze em quinze dias, às sextas! Apoie a gente em apoia.se/popfantasma.

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Cultura Pop

No nosso podcast, o R.E.M. de “Automatic for the people” e “Monster”

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No nosso podcast, o R.E.M. de "Automatic for the people" e "Monster"

Já pensou que legal vender milhões e milhões de cópias de um disco? Tem gente que depois de alcançar números muito altos,  entra numa onda de “preciso vender mais que isso”. E tem gente que simplesmente finge que não liga – afinal, depois de conseguir tanta fama e grana, pra que se preocupar? E tem gente que pira. O R.E.M., por sua vez, depois de vender 9 milhões de cópias – que depois evoluíram para 18 milhões – de Out of time (1991), simplesmente já se enfiou num estúdio para preparar outro disco. E permaneceu sumido do universo das turnês, focando apenas em aparições na TV e shows ocasionais.

No episódio de hoje do Pop Fantasma Documento, nosso podcast, a gente dá uma olhada nos bastidores dos discos Automatic for the people (1992) e Monster (1994) e observa tudo o que estava acontecendo com uma das maiores bandas de rock do mundo, numa época em que parecia que Peter Buck, Michael Stipe, Bill Berry e Mike Mills eram ouvidos até por gente que nem tinha o hábito de ouvir música.

Século 21 no podcast: Dolly e The Parking Lots.

Estamos no Castbox, no Mixcloud, no Spotify, no Deezer e no Google Podcasts. 

Edição, roteiro, narração, pesquisa: Ricardo Schott. Identidade visual: Aline Haluch. Trilha sonora: Leandro Souto Maior. Vinheta de abertura: Renato Vilarouca. Estamos aqui de quinze em quinze dias, às sextas!

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Crítica

Ouvimos: Pavement, “Cautionary tales: Jukebox classiques”

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Ouvimos: Pavement, "Cautionary tales: Jukebox classiques"
  • Cautionary tales: Jukebox classiques é o novo box retrospectivo do Pavement, com músicas dos lançamentos da banda em 7 polegadas, além de algumas outras coisas, como as versões alternativas das faixas Black out e Extradition, lançadas em 2006 para quem fez a pré-encomenda da nova versão do disco Wowee zowee (1995).
  • A caixa já está disponível nas plataformas – mas em formato físico, Cautionary tales sai apenas no dia 12 de julho. O pacote inclui reproduções dos singles originais de 7″ e um livreto de 24 páginas.

Blur, Cate Le Bon, Parquet Courts, Nirvana, Weezer, Super Furry Animals, The Coral e até o R.E.M. Todas essas bandas/artistas, em algum momento da carreira, foram comparadíssimas a um verdadeiro gigante do indie rock, o Pavement. Ou se deixaram deliberadamente influenciar pela banda criada pelos guitarristas e vocalistas Stephen Malkmus e Scott Kannberg. Um grupo que, vindo da Califórnia, estava mais para projetinho lo-fi e barulhento vindo de Nova York ou de algum canto ensimesmado de Seattle, embora fizesse sentido no cenário de um estado norte-americano bastante diversificado.

No caso do Nirvana, passou para a história o quanto a música do Pavement inspirou a composição de In utero (1993), último álbum do trio liderado por Kurt Cobain. Dando uma ouvida nas primeiras faixas desse Cautionary tales: Jukebox classiques, caixa (por enquanto apenas virtual) reunindo todo o material de 7 polegadas lançado pelo grupo, fica evidente que sem o ruído berrado dos dois primeiros EPs do Pavement, Slay tracks: 1933 – 1969 (1989) e Demolition plot J-7 (1990), porradas do álbum do Nirvana como Scentless apprentice não teriam sido feitas.

As onze faixas desses dois EPs (incluindo pérolas como Box elder e You’re killing me!) perfazem a primeiríssima fase da carreira do Pavement, uma banda que, por ter vindo de uma cidade pequena na Califórnia (Stockton), parecia se sentir mais à vontade para zoar tudo o que via de longe, e ainda falar do dia a dia de seus conterrâneos nas letras. O próprio grupo não parecia perceber o quanto seu som, apesar de focar no ruído, era sociável – caíram até nas graças do DJ inglês John Peel, que descobriu a banda e passou a divulgá-la.

Slanted and enchanted, álbum de estreia (1992), provocou inveja em boa parte dos grandes nomes do rock da época, Kurt Cobain incluso: era porrada musical elaborada, com uma ou outra canção com tendência a grudar no ouvido – Summer babe, incluída no box, era desse disco, e Cautionary tales resgata também lados B como Baptist blackstick e raridades como Sue me Jack, rock suingado e elegante para os padrões do grupo na época.

De Crooked rain, crooked rain (1994, o segundo disco) em diante, o Pavement ficaria mais elegante, inclusive. Traria barulhos incluídos de modo dosado, em meio a canções mais formais, influenciadas por country, power pop, Beach Boys, Neil Young. A banda juvenil dos primeiros EPs estava se tornando um The Cure bem mais indie, um Television dos anos 1990 ou quem sabe um Grateful Dead da mesma década – misterioso, cultuado e com um séquito de fãs.

Essa história é contada por intermédio de músicas que fizeram o grupo ganhar um número bem grande de fãs no Brasil, como Cut your hair e a bela e quase radiofônica Gold soundz. Ou Range life, canção que, em sua letra, espalhava brasa para Smashing Pumpkins (“eles não têm nenhuma função, e eu não entendo uma palavra do que eles dizem”) e Stone Temple Pilots (“eles não merecem nada mais do que eu”). Billy Corgan, dos Pumpkins, agarrou ódio do Pavement por causa disso – já se recusou a dividir palco com eles em festivais.

Lados B dessa época, como a vinheta instrumental Kneeling bus, com bateria desencontrada e tom dado por riffs de guitarra e solos de piano elétrico, são as boas descobertas da caixa. Daí para diante, o Pavement já fazia parte do cenário indie oscilando entre canções contemplativas e melodias que sequestravam a atenção – além de letras que os fãs, antes de tudo, gostavam de discutir. I love Perth, referência à maior cidade da Austrália Ocidental, faz os fãs australianos da banda debaterem em fóruns na internet até hoje.

A referência irônica à psicodelia californiana de Gangsters and pranksters também despertou a atenção de muita gente. Unseen power of the picket fence, feita pela banda para aparecer na coletânea No alternative (1993), é cara de pau: a música pinta um retrato bem estranho do R.E.M., a ponto de muita gente se perguntar até hoje se ninguém da banda ficou ofendido ou grilado com versos como “o cantor tinha cabelo comprido/o baterista sabia como se restringir/o cara do baixo tinha os movimentos certos/o guitarrista não era nenhum santo”, em meio a referências a discos e músicas do quarteto (“Time after time era a música que eu tinha como menos favorita”, cantam).

O slacker rock (sinônimo de rock blasé e garageiro) do Pavement foi se tornando cada vez mais palatável e de longo alcance à medida que novos álbuns surgiam: Wowee zowee (1995), o ultra-trabalhado Brighten the corners (1997) e finalmente o controverso Terror twilight (1999) – este, produzido por Nigel Godrich (Radiohead), que tentou colocar o espírito livre do Pavement numa redoma, embora a banda tenha soado fora de tempo e espaço como sempre, em Spit on a stranger e Carrot rope, além do B side Harness your hopes, tudo isso presente em Cautionary tales. Uma história bem legal de ouvir, e de contar.

Nota: 10
Gravadora: Matador.

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