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Cinema

E Amor Estranho Amor chega à TV

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Desde terça (9), o Canal Brasil está exibindo os filmes de Walter Hugo Khouri (1929-2003), cineasta paulistano conhecido pelos filmes cheios de erotismo, quase todos com uma narrativa que lembrava um sonho bem estranho. Definido como um cineasta que mostrava “o mal estar da burguesia paulistana”, Walter criou quase uma usina de produção, com um filme praticamente feito atrás do outro – nada mal para quem, no fim dos anos 1960, chegou a ter o controle acionário da companhia cinematográfica Vera Cruz. E após exibir filmes como As deusas (1972) e O convite ao prazer (1980), o canal exibe nada menos que Amor estranho amor (1982), filme que deu o que falar por causa da famosa cena que envolve Xuxa Meneghel (Tamara) e um garoto de 12 anos, Marcelo Ribeiro (Hugo). Vai ao ar nesta madrugada, à 0h30.

Amor estranho amor nunca tinha sido exibido na TV. A implicância de Xuxa com o filme só chegou a público quando ela já era “rainha dos baixinhos” e tinha um programa na Globo. Nessa época, ela também chegou a declarar que não queria mais ver fotos da época de revistas como Playboy e Ele Ela publicadas – a declaração apareceu numa Veja de 1986. O filme chegou a ser lançado em VHS mas logo sumiu das videolocadoras e nunca saiu em mais nenhum formato. Em 1991, a comercialização do filme foi proibida. Por causa desse filme, volta e meia alguém aparece associando Xuxa à pedofilia ou algo do tipo. Recentemente a própria Xuxa voltou a falar do filme, recomendando que as pessoas confiram a produção para ver que não se trata de pedofilia.

O site Notícias da TV fez um levantamento do quanto Xuxa gastou nos últimos anos para manter o filme longe das prateleiras e das plataformas digitais. Só em direitos, ela teve que desembolsar cerca de US$ 60 mil por ano para a produtora do filme. Fez isso até 2018. E no ano passado, deu uma entrevista ao Fantástico dizendo que o filme não passava de ficção. “As pessoas levantam essa bandeira: ‘Ah você transou com um garoto de 12 anos num filme’. Eu não transei, aquilo é ficção. Se não o Arnold Schwarzenegger deveria estar preso porque matou um monte de gente nos filmes dele”, contou.

Amor estranho amor foi relembrado há pouco pela Folha (por causa da exibição do Canal Brasil) como um filme arrastado, no qual a ação só começa de verdade lá pelo meio da película. Também lembrou que a cena de Xuxa com Marcelo está dentro de um contexto, e que há até implicações políticas no roteiro, já que boa parte do filme tem como subtexto o golpe que definia o Estado Novo. O filme fala da vida de Hugo (Walter Forster), que relembra a infância, em 1937, quando saiu de Santa Catarina com a avó e acabou indo morar num palacete em São Paulo. O tal casarão era um bordel de luxo, onde a mãe dele (Anna, interpretada por Vera Fischer) trabalhava. O encontro de Hugo com Tamara acontece justamente porque ele passa a conviver com as garotas do local.

Apesar da presença de Walter Forster, Tarcísio Meira e Vera Fischer no elenco, ele – como diz o próprio texto da Folha – corre o risco de ser lembrado para sempre como “o filme da Xuxa”. Mesmo Walter, apesar de ter dirigido vários filmes e de ter sido o responsável por uma produção da qual os Mutantes participavam (As amorosas, de 1968) costuma ser bastante lembrado pelo único filme no qual dirigiu a futura rainha dos baixinhos.

Na época em que Amor estranho amor saiu, havia vários filmes nacionais com temática “erótica” (com atores que todo mundo via nas novelas) e o próprio Khouri já havia dirigido um Eros, o deus do amor em 1981, do qual até mesmo o garoto Marcelo Ribeiro já havia participado. Ribeiro, por sinal, reapareceu esta semana numa entrevista ao canal da apresentadora Antonia Fontenelle. Disse que foi tratado com profissionalismo por todos durante a produção do filme (inclusive por Xuxa), falou muito bem de Khouri (“era uma pessoa extremamente culta, viajada e inteligente”) e disse que fez “o filme errado com a pessoa errada”.

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Urgente!: Filme “Máquina do tempo” leva a música de Bowie e Dylan para a Segunda Guerra

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Urgente!: Filme "Máquina do tempo" leva a música de Bowie e Dylan para a Segunda Guerra

Descobertas de antigos rolos de filme, assim como cartas nunca enviadas e jamais lidas, costumam render bons filmes e livros — ou, pelo menos, são um ótimo ponto de partida. É essa premissa que guia Máquina do tempo (Lola, no título original), estreia do irlandês Andrew Legge na direção. A ficção científica, ambientada em 1941, acompanha as irmãs órfãs Martha (Stefanie Martini) e Thomasina (Emma Appleton), e chega aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (13), dois anos após sua realização.

As duas criam uma máquina do tempo — a Lola do título original, batizada em homenagem à mãe — capaz de interceptar imagens do futuro. O material que elas conseguem captar é todo registrado em 16mm por uma câmera Bolex, dando origem aos tais rolos de filme.

E, bom, rolo mesmo (no sentido mais problemático da palavra) começa quando o exército britânico, em plena Segunda Guerra Mundial, descobre a invenção e passa a usá-la contra as tropas alemãs. A princípio, a estratégia funciona, mas logo começa a sair do controle. As manipulações temporais geram consequências inesperadas, enquanto as personalidades das irmãs vão se revelando e causando conflitos.

Com apenas 80 minutos de duração e filmado em 16 mm (com lentes originais dos anos 1930!), Máquina do tempo pode soar confuso em algumas passagens. Não apenas pelas idas e vindas temporais, mas também pelo visual em preto e branco, valorizando sombras e vozes que quase se tornam personagens da história. Em alguns momentos, é um filme que exige atenção.

O longa também tem apelo para quem gosta de cruzar cultura pop com história. Martha e Thomasina ficam fascinadas ao ver David Bowie cantando Space oddity (o clipe brota na máquina delas), tornam-se fãs de Bob Dylan, adiantam a subcultura mod em alguns anos (visualmente, inclusive) e coadjuvam um arranjo de big band para o futuro hit You really got me, dos Kinks, que elas também conseguem “ouvir” na máquina. Um detalhe curioso: a própria Emma Appleton operou a câmera em cenas em que sua personagem Thomasina se filma (“para deixar as linhas dos olhos perfeitas”, segundo revelou o diretor ao site Hotpress).

Ainda que a cultura pop esteja presente, Máquina do tempo é, acima de tudo, um exercício de futurologia convincente, explorando uma futura escalada do fascismo na Inglaterra — que, no filme, chega até mesmo à música, com a criação de um popstar fascista.

A ideia faz sentido e nem é muito distante do que aconteceu de verdade: punks e pré-punks usavam suásticas para chocar os outros, Adolf Hitler quase figurou na capa de Sgt. Pepper’s, dos Beatles, Mick Jagger não se importou de ser fotografado pela “cineasta de Hitler” Leni Riefenstahl, artistas como Lou Reed e Iggy Pop registraram observações racistas em suas letras, e o próprio Bowie teve um flerte pra lá de mal explicado com a estética nazista. Mas o que rola em Máquina do tempo é bem na linha do “se vocês soubessem o que vai acontecer, ficariam enojados”. Pode se preparar.

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Cinema

Ouvimos: Lady Gaga, “Harlequin”

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Ouvimos: Lady Gaga, “Harlequin”
  • Harlequin é um disco de “pop vintage”, voltado para peças musicais antigas ligadas ao jazz, lançado por Lady Gaga. É um disco que serve como complemento ao filme Coringa: Loucura a dois, no qual ela interpreta a personagem Harley Quinn.
  • Para a cantora, fazer o disco foi um sinal de que ela não havia terminado seu relacionamento com a personagem. “Quando terminamos o filme, eu não tinha terminado com ela. Porque eu não terminei com ela, eu fiz Harlequin”, disse. Por acaso, é o primeiro disco ligado ao jazz feito por ela sem a presença do cantor Tony Bennett (1926-2023), mas ela afirmou que o sentiu próximo durante toda a gravação.

Lady Gaga é o nome recente da música pop que conseguiu mais pontos na prova para “artista completo” (aquela coisa do dança, canta, compõe, sapateia, atua etc). E ainda fez isso mostrando para todo mundo que realmente sabe cantar, já que sua concepção de jazz, voltada para a magia das big bands, rendeu discos com Tony Bennett, vários shows, uma temporada em Las Vegas. Nos últimos tempos, ainda que Chromatica, seu último disco pop (2020) tenha rendido hits, quem não é 100% seguidor de Gaga tem tido até mais encontros com esse lado “adulto” da cantora.

A Gaga de Harlequin é a Stefani Joanne Germanotta (nome verdadeiro dela, você deve saber) que estudou piano e atuação na adolescência. E a cantora preparada para agradar ouvintes de jazz interessados em grandes canções, e que dispensam misturas com outros estilos. Uma turminha bem específica e, vá lá, potencialmente mais velha que a turma que é fã de hits como Poker face, ou das saladas rítmicas e sonoras que o jazz tem se tornado nos últimos anos.

O disco funciona como um complemento a ao filme Coringa: Loucura a dois da mesma forma que I’m breathless, álbum de Madonna de 1990, complementava o filme Dick Tracy. Mas é incrível que com sua aventura jazzística, Gaga soe com mais cara de “tá vendo? Mais um território conquistado!” do que acontecia no caso de Madonna.

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O repertório de Harlequin, mesmo extremamente bem cantado, soa mais como um souvenir do filme do que como um álbum original de Gaga, já que boa parte do repertório é de covers, e não necessariamente de músicas pouco conhecidas: Smile, Happy, World on a string, (They long to be) Close to you e If my friends could see me now já foram mais do que regravadas ao longo de vários anos e estão lá.

De inéditas, tem Folie à deux e Happy mistake, que inacreditavelmente soam como covers diante do restante. Vale dizer que Gaga e seu arranjador Michael Polansky deram uma de Carlos Imperial e ganharam créditos de co-autores pelo retrabalho em quatro das treze faixas – até mesmo no tradicional When the saints go marching in.

Michael Cragg, no periódico The Guardian, foi bem mais maldoso com o álbum do que ele merece, dizendo que “há um cheiro forte de banda de big band do The X Factor que é difícil mudar”. Mas é por aí. Tá longe de ser um disco ruim, mas ao mesmo tempo é mais uma brincadeirinha feita por uma cantora profissional do que um caminho a ser seguido.

Nota: 7
Gravadora: Interscope.

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Rock Horror Film Festival: cinema de terror em setembro no Rio

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Rock Horror Film Festival: cinema de terror em setembro no Rio

O Rock Horror Film Festival, festival carioca de filmes de terror, está de volta na praça – e vai rolar de 19 de setembro a 02 de outubro no Cinesystem de Botafogo (Zona Sul do Rio). Dessa vez, o evento vai trazer uma seleção de mais de 50 filmes de 17 países em seis categorias: Longas Sinistros, Médias Bizarros, Docs Estranhos, Curtas Macabros, Brasil Assombrado e Pílulas de Medo.

O objetivo do festival é unir terror, cultura pop e rock, e juntar os públicos das três coisas. Entre os filmes selecionados, há produções como The history of the metal and the horror, documentário de Mike Schiff repleto de nomões do som pesado (EUA), Tales of babylon, de Pelayo de Lario (Reino Unido), The Quantum Devil, de Larry Wade Carrell (EUA). Há também Death link, dirigido por David Lipper (EUA), com um time de astros e estrelas que inclui Jessica Belkin (Pretty little liars), Riker Lynch (Glee), David Lipper (Full House) e outros.

O evento também vai ter mesas redondas com  diretores, atores e outros profissionais da indústria para o público do festival, comandadas pela criadora do Rock Horror Film Festival, Chrys Rochat (Sin Fronteras Filmes), e que vão rolar no hall do Cinesystem. Entre os convidados já estão confirmados diretores da Polônia, EUA, Canadá e Brasil. Happy hours cinéfilas, shows de rock e oficinas estão no programa também, além da exibição de um filme inédito no Brasil na abertura.

Lista completa dos filmes que participarão da edição no site do festival: www.rockhorrorfilmfestival.com

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