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Camelia: união de folk e pop em “I know that’s a lie”

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Camelia: união de folk e pop em "I know that's a lie"

Com um sonoridade que às vezes lembra o pop feito por mulheres nos anos 1990, às vezes se aproxima das novidades do dream pop, a marroquina Camelia tem 23 anos e compôs suas primeiras músicas à distância, com seus parceiros, usando o zoom. A primeira demo surgiu depois que ela quebrou o cofrinho, juntou as economias do seu estágio (ela está estudando vendas e marketing em seu país), e foi gravar tudo num estúdio pela primeira vez.

Basicamente o som de singles como I know that’s a lie e High rise heart pegam uma cantora ainda no comecinho, mas já desenvolvendo uma cara própria. A primeira, ela conta, vem de uma história pessoal de empoderamento. “I know that’s a lie começou como um sentimento que eu tinha na época. Retrata um sentimento de confusão, traição e esforço assimétrico em amizades. Envolve reconhecer seus próprios limites se a outra parte não valoriza verdadeiramente esse vínculo, e reconhecer que você tem direito a um padrão mais alto”, conta ela. Já o som vai do folk pop ao dream pop, com teclados e voz de anjo.

“Compor sempre foi uma saída criativa preciosa para mim. uma maneira de capturar momentos e emoções — seja do passado ou do presente — e transformá-los em algo duradouro. Espero que os ouvintes possam se identificar com minhas histórias e encontrar um pedaço de si mesmos na minha música”, conta ela.

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Christine Valença: “John Riley”, clássico do folk, em versão nordestina

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Christine Valença: "John Riley", clássico do folk, em versão nordestina

John Riley é uma canção bastante antiga, tradicional, que ganhou status de mania nos anos 1960: artistas como Joan Baez e The Byrds fizeram suas versões dela. A letra conta a história de uma moça que é pedida em casamento por um rapaz, e responde que não pode casar-se com ele, porque já tem um amor que se perdeu no mar. A cantora carioca Christine Valença decidiu reviver a canção, que ganhou até um clipe – mas a história da personagem surge em tom de música nordestina, com sonoridade mais meditativa nos vocais e na introdução. Em alguns momentos, a versão de Christina soa como um desvio abrasileirado do folk britânico do começo dos anos 1970.

Numa conversa com o site Hits Perdidos, ela contou que teve sua atenção chamada para a canção ao ouvir a releitura dos Byrds, que está no disco Fifth dimension (1966). “É como se o clímax dela estivesse mais dentro do poema, do plot twist, já que não há refrão”, contou. “Sou fã de todos os intérpretes que conheço da música: Joan Baez, Odetta, Judy Collins, Pete Seeger. São artistas que nutriram minha trajetória e cantá-la é reverenciar esse percurso”.

No clipe da faixa, dirigido e editado pela própria Christine, e filmado no Parque Lage e no Jardim do Museu da Chácara do Céu, no Rio de Janeiro, a história é contada do ponto de vista da própria personagem da faixa. Christine já tem um álbum solo lançado, Lentes de âmbar (2023), e planeja mais um disco para 2023 (Foto: Lucas Campbell/Divulgação).

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Lançamentos

Isolation: punk assustador e quase psicodélico da França

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Isolation: punk assustador e quase psicodélico da França

O som do Isolation, uma banda nova da França, assusta. E muito. Raphaël Balzary, criador do grupo, ex-vocalista do furioso We Hate You Please Die (cujo disco mais recente foi resenhado pelo Pop Fantasma aqui) decidiu montar a banda ao lado dos integrantes do grpo Cheap Teen (Julien, Lounès, Enzo e Cyprien). O grupo lançou um EP no começo do ano, Creature lies, e traz um som autodefinido como “do pós-punk ao pop, passando pelo garage e muitas outras coisas”.

Apesar do nome, não se trata de uma referência ao Joy Division – que, você deve saber, tem uma música chamada Isolation (bom, John Lennon também tem…). “Na hora de escolher o nome, um dos caras sugeriu Isolamento . Teve um eco e um significado sérios”, contou Balzary ao site francês Rock&Folk. Na verdade, as influências do novo grupo estão mais para Fontaines DC, Nine Inch Nails e Eels, como fazem questão de afirmar.

A ideia original de Balzary era “uma espécie de suíte espiritual, tocar composições antigas e acrescentar coisas novas, sempre na mesma linha, catártica, urgente e terna ao mesmo tempo”, contou. No release, ele acrescenta que agora “cada momento de doçura é pago, as emoções agora são livres, a raiva é a figura de proa”. Boa parte do material do grupo, nas letras, une introspecção e intensidade, e faz uma “análise crítica da percepção de doença mental em nossa sociedade, psicofobia e solidão”.

Creature lies tem uma canção de tom quase gótico, como Sanism, marcada por vocais que soam desesperados, todos em inglês (com algum sotaque francês), e por riffs de guitarra associados ao novo punk britânico (Shame, Fontaines DC). Creature lies, a faixa-título, explora um lado que pode ser associado ao próprio Joy Division, até que começa uma gritaria e a música explode num design sonoro punk. Wait + erased abre com riff de surf music, e se torna quase uma mescla de Pink Floyd (fase Syd Barrett) e Bauhaus. Ouça em alto volume aí embaixo.

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Crítica

Ouvimos: George Harrison, “Living in the material world – 50th anniversary edition”

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Ouvimos: George Harrison, “Living in the material world – 50th anniversary edition”

Ouvido hoje em dia, Living in the material world, quarto álbum de George Harrison (1973), eternamente considerado “álbum mais espiritualizado” do cantor, soa mais do que pé-no-chão. Se não fossem os problemas jurídicos e a onda de processos que rolaram entre os quatro Beatles, além da desestabilização pessoal e amorosa vivida por Harrison, talvez o autor de Something estaria envolvido em outros tipos de busca, talvez tivesse feito outro álbum, quem sabe sua inspiração apontasse para outros lados.

Principalmente, talvez ele não tivesse feito um disco (hoje remasterizado em edição comemorativa, supervisionada pelo filho e pela viúva do artista) que responde a todos os problemas que ele vivia na época. E que, de quebra, serve como resposta aos ex colegas de banda. A bela Give me love (Give me peace on Earth) soa como espelho dos protestos “pacifistas” de John Lennon e Yoko Ono. Mas a letra, com versos como “me mantenha livre deste fardo/me dê esperança/me ajude a lidar com essa carga pesada”, entrega que algo não ia bem com o cara que, em meio às batalhas judiciais dos Beatles – um contra o outro e todos conta o ex-empresário Allen Klein – cunhou a frase “se algum dia conseguirmos sair daqui”, que Paul McCartney ouviu e chupou para o hit Band on the run.

No dia a dia, George lidava com um casamento que ia terminando, com as tentações do capeta (cocaína, álcool e escapadinhas matrimoniais) e com as contradições entre a vida espiritualizada e o dia a dia de um rockstar poderosão. Também lidava do seu jeito com um fato básico: os anos 1960 já tinham acabado, ele já andava pelos trinta anos (parece pouco hoje, era a proximidade da velhice para roqueiros em 1973), e não adiantava fazer um disco que não vendesse e não tocasse no rádio. Depois da explosão roqueira e do vômito criativo de All things must pass (1970), George entregou-se à união de country, rock e blues, e a uma visão particular e messiânica do que seria o rock adulto-contemporâneo nos anos 1970.

Em Living, músicas como Give me love e Don’t let me wait too long estabeleceram um paradigma de rock violeiro, pop, belo e melancólico que ressoa até hoje. Sue me, sue you blues, zoação-de-sorriso-amarelo com a onda de processos envolvendo John, Paul, George e Ringo, não é exatamente um blues – lembra a onda folk que rolou na Inglaterra lá pelo começo dos anos 1970. The light that has lighted the world tem lá seus laços com a fase 1971/1972 dos Rolling Stones (a face mais acústica, de Wild horses) e com a mesma época na carreira de Neil Young – destaque para o piano de Nicky Hopkins e para a slide guitar do próprio Harrison, que aliás brilha em todo o álbum.

Uma curiosidade em Living é Who can see it, que não faria feio na voz de Paul McCartney – abre como uma balada de piano e ganha cordas que têm lá seus cruzamentos com The long and winding road. A faixa-título, por sua vez, é um rock com cara country e certo ar feroz, apesar da parte contemplativa lá da metade. A letra cita nominalmente dois de seus ex-colegas de banda (“John e Paul aqui no mundo real/embora nós tenhamos começado muito pobres/ficamos ricos numa turnê/e fomos pegos pelo mundo real”) e aparentemente só deixa Ringo de fora porque ele estava na banda de apoio do disco, tocando bateria ao lado de Jim Keltner.

O clima deprê-religioso de Living é reforçado pela melancolia de Be here now, pela esperançosa The day the world gets round (na qual a voz de Harrison parece que vai se despedaçar) e pela confusa Try some, buy some – é a mesma base da versão feita por Ronnie Spector em 1970, com a voz dela tendo sido apagada e substituída pela de George. Um quase momento de respiro é The lord loves the one (That loves the lord), um louvor dos mais esquisitos (“o senhor ajuda aqueles que ajudam a si próprios/e a lei diz que o que quer que você faça/retornará a você”), com uma melodia country-soul-rock marcada por piano Rhodes, metais, violão e bateria marcial.

O CD extra com takes de arquivo varia entre surpresas e coisas não lá tão legais, mas vale muito ouvir Sunshine life for me (Sail away Raymond), com George Harrison acompanhado por Ringo Starr e pela The Band que acompanhava Bob Dylan. O take 18 de Give me love traz só George acompanhando-se ao violão, e revela o quanto essa música reverberou nas tentativas de fazer pop-rock acústico, aqui no Brasil (de Raul Seixas e Rita Lee a Nando Reis, passando por Lulu Santos e Dalto, todo mundo se inspirou lá).

Nota: 9
Gravadora: Dark Horse Records/BMG

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