Lançamentos
The Smile: banda de Thom Yorke e Jonny Greenwood lança single

Spin-off do Radiohead formado por Thom Yorke (vocal, guitarra, baixo, teclas) e Jonny Greenwood (guitarra, baixo, teclas) com o baterista Tom Skinner, The Smile acaba de divulgar seu novo single, o primeiro desde que lançaram o debut A light for attracting attention, no ano passado. Bending hectic foi gravada no estúdio Abbey Road, em Londres. Sam Petts-Davies – que trabalhou com Thom Yorke, Radiohead, Frank Ocean e outros – produziu a faixa, e a participação orquestral é da London Contemporary Orchestra.
A música tem oito minutos, abre com um design sonoro experimental (graças aos sons de guitarras, que soam como se os instrumentos estivessem sendo afinados), e é basicamente uma balada entre o progressivo e o post-rock, cuja letra descreve um passeio de automóvel como sendo uma espécie de história de resistência pessoal (“Estamos chegando a uma curva/deslizando em uma curva fechada/uma queda abrupta/uma montanha italiana”), ganhando guitarras ruidosas na segunda metade. A música já havia sido apresentada ao vivo – inclusive no show do Montreux Jazz Festival em 12 de julho de 2022 – e só agora ganha gravação de estúdio. E justamente por não ter aparecido no disco ao vivo da banda gravado no festival, The Smile (Live at Montreux Jazz Festival, July 2022, estava sendo bastante esperada pelos fãs.
Nesta quarta (2), a banda embarca em uma turnê pela América do Norte. Thom Yorke, Jonny Greenwood e Tom Skinner iniciarão a excursão de 16 datas com sua primeira apresentação na Cidade do México. Depois de duas noites, eles seguirão para os Estados Unidos e Canadá, marcando as apresentações de estreia em todas as cidades que tocarem – com exceção de Nova York, onde retornam como atração principal no Forest Hills Stadium em 7 de julho.
Crítica
Ouvimos: Continue – “Imenso nada”

RESENHA: Em Imenso nada, o Continue mistura pós-grunge, psicodelia e pós-punk com belas melodias e guitarras cheias de atmosfera.
Texto: Ricardo Schott
Nota: 8
Gravadora: Coffin Joe Records
Lançamento: 7 de agosto de 2025.
- Quer receber nossas descobertas musicais direto no e-mail? Assine a newsletter do Pop Fantasma e não perca nada.
Vindo do ABC paulista, o Continue é formado por Natália Zanellato (voz), Bruno Molino (baixo), Diogo Marino (bateria), Alê Kaimer (guitarra) e Rafael Fernandes (guitarra). Imenso nada, primeiro álbum do grupo, foca mais em estilos próximos do pós-grunge, mas faz isso inserindo climas ligados à psicodelia (Içar velas, que tem algo do Radiohead no som), ao pós-punk (Imenso nada, Céu do planetário, a união de punk e riffs herdados de Smiths e Billy Idol em Síndrome de harpia) e até punk-pop trevoso com emanações de Hüsker Dü (Mercúrio retrógrado, Cerrando os dentes).
- Ouvimos: Papôla – Esperando sentado, pagando pra ver
Ao contrário do receituário comum das bandas pós-grunge, o Continue valoriza melodias bonitas e guitarras com clima elaborado. No blues fantasmagórico Lavadeiras, as guitarras imitam som de rio, e no pós-punk + shoegaze Medo, elas criam uma ambientação sonora tristonha – assim como em Céu do planetário, elas impõem beleza mesmo numa sonoridade abrasiva. Chegando perto do fim do álbum, Áfricamérica une afropop + punk + MPB, trazendo um som bem mais limpo que no restante do disco.
Na real, faz até uma certa falta que o fim de Imenso nada tenha mais peso, ou volte no clima misterioso do início. Ainda assim, o Continue mantém a criatividade do disco em alta, lembrando um Wilco abolerado na desolada Falsa visão, e fazendo uma música mais introspectiva e confessional em Lado certo.
- Gostou do texto? Seu apoio mantém o Pop Fantasma funcionando todo dia. Apoie aqui.
- E se ainda não assinou, dá tempo: assine a newsletter e receba nossos posts direto no e-mail.
Lançamentos
Urgente!: Sex Noise relança demo que saiu com “defeito especial”

O selo Caravela Records continua focado em lançar nas plataformas todo o material da histórica banda indie carioca Sex Noise. Já saiu a demo Pultanovinzona (da qual falamos há algumas semanas) e dessa vez sai a última demo oficial do grupo, Psychedelic gongolo, gravada em 1995. A demo foi lançada em formato K7 só um ano depois – isso porque a banda quase decidiu engavetar o trabalho para sempre.
Enquanto a banda (com a mesma formação da demo anterior: Larry Antha nos vocais, Alex Dusky na guitarra, Mario Júnior no baixo e Henrique Santos na bateria) gravava a fita no estúdio Quadrante, em Vaz Lobo, os músicos não tinham percebido que havia um problema técnico na guitarra, que punha um som de apito dissonante ressoando em todas as músicas. Sem grana para regravar, o Sex Noise deixou a demo de lado e passou a fazer inúmeros shows.
“Começamos a desbravar novos lugares, que na época foi batizado pelo Tom Leão no Rio Fanzine (caderno indie do jornal O Globo), como circuito-off. Lugares resenhados em matéria de destaque como o Bar do Fusca em São Gonçalo, e o Farol em Piratininga”, relembra Larry.
O Sex Noise só lançou a demo quando decidiram encarar o tal “defeito” na guitarra como um efeito especial – quase como se fosse um pedal usado por uma banda barulhenta tipo My Bloody Valentine. Aliás, em termos de som, o grupo estava bastante influenciado por bandas como Smashing Pumpkins, em faixas como Quero siri e Caixacão dentro. Pixies, Sonic Youth, Hole, Mudhoney, Nirvana e Dinosaur Jr também estavam na lista de bandas ouvidas pelo Sex Noise na época. “Cequiépeixe eu sou bagre é total Sonic Youth, mesmo com a guitarra do Alex emitindo aqueles ruídos, o que acabou encaixando como uma luva”, conta o vocalista.
Um detalhe que chamou a atenção na demo foi a capa, toda colorida – cor em capa de fita demo era algo que, nos anos 1990, parecia privativo das bandas indie da Zona Sul carioca. A galinha sangrenta da capinha foi (pode acreditar!) inspirada por leituras de Perto do coração selvagem, livro de Clarice Lispector.

“Num momento específico do livro a autora falava da inocência das galinhas que mal sabiam de sua curta vida antes de virar um assado. Tudo isso misturado no nosso liquidificador mental, culminou na descoberta de que a banda paulista Vzyadoq Moe, que idolatrávamos, também era influenciada por Clarice Lispector. Então foi só juntar tudo e pedir a um amigo desenhista da Sociedade HQ, o Alexandre Master, que fizesse um desenho com uma galinha, com sua vida sendo transpassada como estrada”, conta Larry.
Uma outra curiosidade relativa a Psychedelic gongolo, é que aquela fitinha que quase foi engavetada acabou dando espaço ao Sex Noise no mainstream: o então adolescente Rafael Ramos, hoje produtor, comprou uma fitinha e sugeriu ao pai, o então executivo da EMI João Augusto (e hoje chefe da gravadora Deck), a entrada do Sex Noise numa coletânea de bandas novas da gravadora, Paredão, que sairia em 1996. A frase “o resto é história”, enfim, cabe como uma luva nisso aí.
Texto: Ricardo Schott – Foto: André Mansur / Divulgação
Crítica
Ouvimos: Zaynara – “Amor perene”

RESENHA: Nomão do beat melody, a paraense Zaynara mistura brega, calipso, pop e eletrônica em Amor perene, disco vibrante que une sofrência, festa e invenção sonora.
Texto: Ricardo Schott
Nota: 8,5
Gravadora: Sony Music Brasil
Lançamento: 9 de outubro de 2025
- Quer receber nossas descobertas musicais direto no e-mail? Assine a newsletter do Pop Fantasma e não perca nada.
O beat melody, estilo defendido pela paraense Zaynara, é um primo do tecnobrega, só que mais chegado ainda às raízes do brega paraense: ele tem influências mais demarcadas de calipso, ao mesmo tempo que junta tudo com música eletrônica (ela própria explicou a receita num papo com o Gshow ano passado), e não dispensa a sofrência como assunto de letras e músicas.
Isso tudo junto em doses às vezes iguais, às vezes desiguais, faz com que o som de Amor perene, segundo disco de Zaynara – e sua estreia pela Sony Music Brasil – tenha lá um certo lado pop que se assemelha ao sertanejo. Ou pelo menos à apropriação de gêneros feita pelo estilo, que volta e meia se avizinha do som dela em alguns refrãos – como o de Eu me enganei, uma sofrência bacana que surge na metade do álbum.
- Entrevista: Les Rita Pavone fala sobre disco de estreia, cena musical paraense, viver ou não de música
Pra dizer a verdade, tudo isso aí só torna a audição de Amor perene uma experiência mais instigante. Do começo ao fim, ele é um disco de festa e uma investigação particular do encontro entre brega, latinidades, guitarras e até referências do rock e do pop gringo. A faixa-título mistura folk-pop, sons grandiloquentes na onda do Coldplay, e o refrão parece versão de hit estrangeiro. Aceita meu tchau, gravada com Raphaela Santos, tem vocal saturado, ecos na bateria e na guitarra, e clima de quem cresceu ouvindo ABBA.
5 estrelas, música criativa que narra uma conversa romântica entre uma passageira e um motorista de aplicativo, tem participação do baiano Tierry, e é um tema esperando por uma trilha de novela – e quem sabe, por uma personagem. Se vira aí abre com um piano simples e elaborado, e embica numa balada brega. Aceita meu tchau, gravada com Raphaela Santos, tem vocal saturado, ecos na bateria e na guitarra, e clima de quem cresceu ouvindo ABBA. O fim do disco é com a dance music paraense de Perfume da bôta. Essa onda vai pegar.
- Gostou do texto? Seu apoio mantém o Pop Fantasma funcionando todo dia. Apoie aqui.
- E se ainda não assinou, dá tempo: assine a newsletter e receba nossos posts direto no e-mail.
Cultura Pop5 anos agoLendas urbanas históricas 8: Setealém
Cultura Pop5 anos agoLendas urbanas históricas 2: Teletubbies
Notícias8 anos agoSaiba como foi a Feira da Foda, em Portugal
Cinema8 anos agoWill Reeve: o filho de Christopher Reeve é o super-herói de muita gente
Videos8 anos agoUm médico tá ensinando como rejuvenescer dez anos
Cultura Pop7 anos agoAquela vez em que Wagner Montes sofreu um acidente de triciclo e ganhou homenagem
Cultura Pop9 anos agoBarra pesada: treze fatos sobre Sid Vicious
Cultura Pop8 anos agoFórum da Ele Ela: afinal aquilo era verdade ou mentira?





































