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Cultura Pop

Rock de menor: oito rockstars que já tocavam com menos de 18

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Aparentemente, tudo que o Korn precisava para voltar a chamar a atenção era convidar um baixista de 12 anos para entrar para a banda. O grupo de nu-metal acaba de passar pelo Brasil, com shows em São Paulo, Curitiba e Porto Alegre, tendo na formação Tye Trujillo, filho de 12 anos de Robert Trujillo, baixista do Metallica. Muita gente elogiou o garoto e o efeito “ai que fofo” parece ter dado certo até com gente que nunca prestou atenção ao Korn. Vale lembrar que Tye não é integrante oficial da banda – só está na turnê pela América do Sul porque o titular, Reginald “Fieldy” Arvizu, não pôde vir.

Abaixo, você confere mais oito músicos que, antes dos 18, já eram integrantes oficializados de bandas, ensaiavam, rodavam palcos, gravavam demos e até eram apostas de gravadoras (por acaso metade dessa turma é formada por baixistas).

CHAMPIGNON. Morto em 2013, o baixista do Charlie Brown Jr começou a tocar o mesmo instrumento de Tye numa banda com a mesma idade dele, 12 anos. Foi no What’s Up, grupo do qual Chorão já era vocalista. Champignon costumava falar que o instrumento (quase sempre emprestado, por sinal) era maior que ele – e Chorão costumava falar (segundo o próprio) coisas para o amigo como “se sair da banda, apanha!”.

SID VICIOUS. Deve ser uma espécie de padrão: tá aí outro baixista que tocava numa banda quando não tinha idade nem para comprar uma revista Playboy na banca. Aos 16, o largadão Sid fazia parte do Flowers Of Romance, catacorno de músicos da primeira onda do punk. Keith Levene, ex-The Clash e futuro Public Image Limited, fez parte do grupo, bem como Palmolive e Viv Albertine, que foram da banda feminina Slits. John Lydon (Sex Pistols, PiL) costumava falar que a banda “teve por volta de quarenta integrantes”.

THE REAL KIDS. Pouco conhecida, essa banda americana da primeira onda do punk (seu grande hit é “All kindsa girls”, do primeiro disco, de 1977) era liderada pelo cantor, guitarrista e compositor John Felice, que aos 15 anos, em 1972, já tocava no Modern Lovers, de Jonathan Richman. Era tudo o que ele não queria. “Eu usava drogas, bebia, ele era careta, só comia comida saudável…”. Saiu do grupo e montou o Real Kids no mesmo ano.

THE KIDS. Os Real Kids se chamavam The Kids quando começavam. Coincidência ou não, em 1976 formou-se uma outra banda punk chamada The Kids, na Bélgica. Até as influências eram as mesmas – um misto de crueza sonora e riffs herdados de Chuck Berry. E os problemas com o Juizado de Menores também: com 12 anos, o baixista (outro?) Danny De Haes era impedido de subir em alguns palcos com o grupo – a banda conseguiu até abrir shows para Patti Smith e Iggy Pop.

ERIK BRANN. Guitarrista, ele entrou para o Iron Butterfly aos 17 anos, a tempo de gravar o clássico disco “In-a-gadda-da-vida” (1968). Na época, já tinha um currículo de impressionar – era originalmente violinista e, por um projeto que beneficiava músicos-prodígio, acabou tocando o instrumento na Boston Symphony Orchestra com menos de dez anos. Morreu em 2003.

DÉ PALMEIRA. Outro baixista menor de idade? Sim: Dé Palmeira tinha 17 anos quando gravou os baixos do epônimo primeiro disco do Barão Vermelho (1982).

https://www.youtube.com/watch?v=g60ZQVJ0iP4

CONOR MCGLOIN. Quase famoso. Guitarrista da banda britânica Kinesis, Conor tinha muitas preocupações aos 17. Após dois anos gravando demos, dando shows para plateias minúsculas e provocando certo buzz no meio fonográfico (que culminaram em aberturas de shows para bandas como Biffy Clyro), ele e seus amigos foram convidados para abrir uma turnê de seus ídolos Manic Street Preachers e para assinar contrato com o selo Independiente, do Travis e de Paul Weller. “Minha mãe precisou assinar o contrato para mim”, contou Conor aqui.

https://www.youtube.com/watch?v=NeuxMHdv3N8

ARI UP. Morta em 2010, a vocalista das Slits era cria do punk. Sua mãe casou-se ainda nos anos 1970 com John Lydon (Sex Pistols, Pil) e Ari, enteada do cantor, aprendeu a tocar guitarra com Joe Strummer, do Clash. Montou as Slits aos 14 anos, em 1976. “Cut”, estreia do grupo, saiu em 1979 quando ela tinha 17.

Crítica

Ouvimos: Faust, “Blickwinkel” (curated by Zappi Diermaier)

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Ouvimos: Faust, "Blickwinkel" (curated by Zappi Diermaier)

Se você está procurando uma música indecente para assustar vizinhos e atazanar transeuntes, esqueça qualquer grupo de heavy metal ou de punk, e tente a banda alemã Faust. Artífices do krautrock – o rock experimental alemão, parente tanto do punk quanto do rock progressivo – eles começaram em 1971, e desde o começo, fizeram carreira na experimentação, na dissonância, nas microfonias e nos efeitos de estúdio. Tanto que Werner “Zappi” Diermaier, Hans Joachim Irmler, Arnulf Meifert, Jean-Hervé Péron, Rudolf Sosna e Gunther Wüsthoff (a primeira formação do grupo) fizeram questão de agregar um engenheiro de som exclusivo, Kurt Graupner.

O curioso a respeito do Faust é que as origens da banda são até bem (vá lá) comerciais, já que o grupo tinha um criador, produtor e mentor. Era o jornalista e crítico musical Uwe Nettelbeck, que havia sido procurado pela Polydor alemã com uma proposta tentadora: criar uma banda “underground” que poderia ser a resposta do país aos Beatles e Rolling Stones.

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Uwe, digamos, entendeu mais ou menos bem a proposta: reuniu duas bandas alemãs em uma e montou o Faust, que levou para a gravadora. Convencer a empresa de que aquela banda numerosa e “difícil” seria a sensação do ano deve ter sido até fácil. Difícil foi convencer o público a ouvir um grupo tão maluco e experimental, inspirado por jazz e música concreta. Afinal se tratava de um grupo que no terceiro disco, The Faust tapes (lançado em 1973 pela Virgin, quando a própria Polydor já havia desistido), apresentava só duas longas músicas sem título, divididas em pequenos segmentos com ruídos, microfonias e gravações caseiras.

O Faust existiu até 1975, se reagrupou durante os anos 1980 para poucas apresentações e retornou nos anos 1990 com três integrantes originais. Fizeram até uma primeira tour pelos EUA em 1994. De lá para cá, dá para dizer que a banda nunca mais parou, com direito a uma vinda ao Brasil em 2011. Em 2022, saiu Punkt, disco “perdido” deles gravado em 1974, e que havia sido recusado pela Virgin. Agora é a vez de Blickwinkel, álbum que marca uma fase em que a banda tem curadoria do fundador Zappi Diermaier, com a presença de uma turma animada de músicos (um deles, o também fundador Gunther Wüsthoff).

O grupo que ajudou a fundamentar a estética motorik (batidas intermitentes e quase robóticas), copiada pelo pós-punk todo, volta disposto a criar cenários fantasmagóricos e psicodélicos, em sete longas faixas instrumentais que chegam a parecer surrealistas – uma delas, basicamente uma música de violão, percussão e ruídos, se chama Sunny night (“noite ensolarada”). For schlaghammer, na abertura, parece uma música de perseguição, criada por percussões que lembram passos, sintetizadores e ruídos metálicos.

Künstliche intelligenz lembra um pouco a fase A saucerful of secrets, do Pink Floyd (1968), e tem um ar meio Syd Barrett em alguns momentos. Kriminelle kur é progressivo funkeado e distorcido na onda do King Crimson, e é a faixa do disco que mais se aproxima da noção de “rock instrumental”. No final, o ruído inconformista, perturbador e heavy de Die 5 revolution, e o batidão aterrorizante de Kratie.

É música, literalmente, feita para incomodar.

Nota: 9
Gravadora: Bureau B

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Cultura Pop

No nosso podcast, a época em que o Killing Joke revolucionou o pós-punk

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No nosso podcast, a época em que o Killing Joke revolucionou o pós-punk

Drogas, caos, peso, ocultismo, iluminação espiritual e paixão pela violência e pelo proibido marcaram a carreira do Killing Joke – e marcam até hoje, já que a banda ainda existe. Do começo até meados dos anos 1980, Jaz Coleman, Youth (e depois Paul Raven), Paul Ferguson e o recém-falecido Geordie inseriram mais e mais perigo num estilo musical, o pós-punk, marcado pela insinuação e pela exploração de demônios interiores.

No nosso podcast, o Pop Fantasma Documento, o assunto de hoje é a melhor fase do Killing Joke, uma das bandas mais misteriosas da história do rock, responsável por aproximar estilos como pós-punk, gótico e heavy metal. Terminamos no disco Brighter than a thousand suns (1986), mas a história do grupo ainda inclui muitos outros discos – ouça tudo.

Século 21 no podcast: Girls In Synthesis e Plastique Noir.

Estamos no Castbox, no Mixcloud, no Spotify e no Deezer .

Edição, roteiro, narração, pesquisa: Ricardo Schott. Identidade visual: Aline Haluch (foto: reprodução internet). Trilha sonora: Leandro Souto Maior. Vinheta de abertura: Renato Vilarouca. Estamos aqui de quinze em quinze dias, às sextas! Apoie a gente em apoia.se/popfantasma.

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Crítica

Ouvimos: Ramones, “Halfway to sanity” (relançamento)

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Ouvimos: Ramones, “Halfway to sanity” (relançamento)

Que ironia: um disco nota 6 dos Ramones causa crises de saudades e revisionismo histórico e… pelo menos aqui no Pop Fantasma, aumenta de cotação. Halfway to sanity (1987) volta agora às lojas brasileiras (as online e as que resistem), e no formato CD. Foi o último disco gravado com Richie Ramone na bateria, pouco antes do grupo fazer uma tentativa de colocar o ex-Blondie Clem Burke para substituí-lo.

Dizer que “o disco tal dos Ramones foi marcado por brigas durante a gravação” é chover no molhado, ainda mais em se tratando de uma banda que tinha o intransigente Johnny Ramone como guitarrista. Halfway, décimo álbum da banda, lançado originalmente em 15 de setembro de 1987, por sua vez, é um caso à parte: a porrada comeu antes, durante e depois. Para começar, em janeiro daquele ano, o grupo baixou em São Paulo para três shows – o primeiro deles terminou em briga generalizada provocada por skinheads.

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  • Temos episódios do nosso podcast sobre Ramones e Blondie.

No meio das gravações, Joey e Johnny Ramone, inimigos íntimos, não se entendiam. O produtor Daniel Rey tinha problemas de comunicação com boa parte da banda. Dee Dee Ramone (ainda no baixo do grupo), passava boa parte do tempo doidão, não conseguia se comunicar com ninguém e – dizem – teve suas partes de baixo tocadas por Rey. Pessoas que lidavam com os Ramones de perto dizem que a banda já estava de saco cheio de trabalhar feito louca, gravar um disco por ano e não ser reconhecida, com direito a amigos da onça perguntando a eles “quando a banda iria estourar”.

E aí que Halfway soa insano, embora sob controle. Curtíssimo (12 músicas em 30 minutos e uns quebrados), o álbum traz os Ramones fazendo algumas incursões pelo hard rock e pelo hardcore, com direito a vocais berradíssimos de Joey Ramone em faixas como I know better now, a agitada Weasel face (na qual a voz do cantor chega a lembrar a de Alice Cooper) e o skate punk legítimo I’m not Jesus. O grupo chega perto do pós-punk gótico em Garden of serenity, adere ao som tribal na onda do Public Image Ltd em Worm man, e soa revivalista na balada Bye bye baby (com cara de canção de girl group, e escrita, claro, por Joey) e no rock vintage Go lil Camaro go, marcado por uma apagada participação de Debbie Harry.

1987 foi um ano de três bateristas para os Ramones: com Halfway em curso, Richie saiu brigado da banda, e deu lugar para Clem Burke – jornalistas lançaram a piada de que ele adotaria o nome Clemmy Ramone, mas ficou mesmo como Elvis Ramone. Não deu certo e após dois shows confusos, Marky Ramone, que estava afastado da banda desde 1983, retornou. Hoje, vale a redescoberta.

Nota: 7,5
Gravadora: ForMusic (no Brasil)

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