Connect with us

Destaque

POP FANTASMA apresenta Eu, Chris e Taís, “Pincel”

Published

on

POP FANTASMA apresenta Eu, Chris e Taís, "Pincel"

A jornalista e escritora Chris Fuscaldo e a compositora e cantora Taís Salles, que formam o grupo Eu, Chris e Taís, se conheceram em Niterói (RJ) em 1999 – mesmo ano em que Pincel, canção gravada pelas duas e que acaba de ganhar um clipe, foi composta por Taís. Chris foi logo despertada para o estilo meio folk, meio MPB da amiga, que já compunha desde os 13 anos de idade.

“Ela antecedia uma galera que veio bem depois. Hoje você tem Roberta Campos, Anavitória, mas ela já fazia esse estilo acústico desde aquela época”, conta Chris, autora de livros como Discobiografia legionária e Discobiografia Mutante (sobre os LPs de Legião Urbana e Mutantes, respectivamente) e ela mesma cantora solo (com o disco Mundo ficção lançado e alguns clipes).

Taís começou a dar força para a amiga tocar violão nas rodinhas e, na época, já tinha várias músicas compostas, que até hoje precisa catalogar. “Eu sou muito indisciplinada, acho que nunca nem cheguei a contar quantas músicas eu tenho, mas compor é uma necessidade vital. Eu até falo que a música me escolheu, eu não escolhi a música”, conta Taís, que teve uma parceria com a extinta banda carioca Clarim Diário, Manhattan, entre as mais pedidas de uma rádio carioca, no começo da década passada.

Pincel foi feita numa época em que Taís estava apaixonada e se descobrindo. “Foi um momento de paixão, de enxergar no outro o que eu queria, mas não era o que ele queria”, conta. Chris sempre chora quando ouve a música, mas não chorou quando gravou o clipe, que por sinal foi feito em clima de descontração, durante a festa de aniversário dela no ano passado. A amiga diretora de cinema Ceci Alves tinha vindo da Bahia para gravar um clipe de uma parceria entre Chris, seu irmão Felipe Melo e a própria Taís, Enteléquia, e acabou gravando vídeos de um show dela na festa.

“Eu embarguei um pouco a voz na hora”, brinca Chris. “A letra tem um pouco desse sentimento, de ‘vou mudar um pouco por amor, ver o que a outra pessoa precisa paras ser feliz’. Não é uma coisa de se anular, mas de ‘o que eu posso fazer para ser melhor para você?'”.

Por sinal, quando Pincel surgiu, ainda não existia Eu, Chris e Taís. A dupla se afastou profissionalmente por um tempo e cada uma foi tratar da sua vida, no começo da década passada: Chris virou jornalista com passagens por O Globo, Extra e Rolling Stone Brasil, Tais foi montar outros projetos. Em 2008, montaram o grupo tendo o irmão de Chris, Felipe, no papel do “eu”. Felipe, mais roqueiro do que emepebista, acabou preferindo se dedicar a seu estúdio em Niterói e às várias bandas que tinha na época.

“Mas a gente achou que o ECT, do Eu, Chris e Taís ficava legal, porque a gente tinha ido a vários shows da Cássia Eller no começo da carreira e éramos fanáticas pela música ECT, do Nando Reis, que ela cantava”, recorda. O lugar “eu”, do grupo já foi ocupado por diversos convidados, inclusive o multi-instrumentista baiano Rodrigo Sestrem. O ECT chegou a participar de festivais (num deles, Kid Vinil estava na bancada de jurados) e a tocar em São Paulo. Mas durou pouco, por causa do dia a dia das duas cantoras. No ano passado, Taís ligou para Chris e retomaram o trabalho. Agora é pra valer.

Além de Pincel, outros clipes da mesma noite vão sair aos poucos no YouTube e em dezembro sai o single de Ninguém igual, pelo selo Astronauta Discos. Chris está com dois projetos solo para sair: o clipe de Enteléquia, que mistura imagens gravadas durante uma viagem a Cuba e um single novo, Empoderar, surgido após Chris defender uma tese de doutorado sobre mulheres que compõem.

“Ter várias carreiras dá trabalho”, brinca Chris, que ainda prepara livros. “E o meio jornalístico não aceita muito a coisa de você ser jornalista e trabalhar com música. Não sei se seria diferente caso eu fosse homem”. Mas Taís garante que mesmo com a trabalheira e a distância (Chris em Niterói, ela em Itaperuna, onde mora), a dupla continua. “Eu, Chris e Taís é mais que uma banda ou uma dupla, é uma irmandade”, completa.

E essa é Pincel.

Foto: Blínia Messias/Divulgação

Ricardo Schott é jornalista, radialista, editor e principal colaborador do POP FANTASMA.

Cultura Pop

Quando Suicide gravou… “Born in the USA”, do Bruce Springsteen

Published

on

Quando Suicide gravou... "Born in the USA", do Bruce Springsteen

A way of life, disco de 1988 da dupla de música eletrônica Suicide, é tido como um disco, er, acessível. Acessível à moda de Martin Rev e Alan Vega, claro. O disco pelo menos podia ser colocado tranquilamente na prateleira dos artífices da darkwave e era bem mais audível do que o comum de um grupo que havia lançado a assustadora Frankie teardrop. O disco era produzido por Ric Ocasek, líder dos Cars (que já havia produzido o segundo disco deles, de 1981, Alan Vega/Martin Rev), e tinha até uma eletro-valsinha, Surrender, além de um estiloso misto de rockabilly e synthpop, Jukebox baby 96.

O que ninguém esperava era que a dupla tivesse feito nessa mesma época uma estranhíssima versão de… Born in the USA, de Bruce Springsteen. A faixa surge numa versão ao vivo, gravada num show de Vega e Rev em 1988, em Paris. A dupla nem sequer disfarçou que a ideia era fazer uma versão bem lascada – saca só o sintetizadorzinho da música, e a referência a músicas como Lucille, de Little Richard, e o tema When the saints go marching in, logo na abertura. A “versão” da faixa resume-se a quase nada além do título da canção. Parece um karaokê do demo (e é).

A versão poderia ser uma bela pirataria, mas vira oficial nesse mês: vai aparecer em uma reedição de A way of life, prevista para o dia 26. A edição de luxo estará disponível em vinil azul transparente com Born in the USA e em CD com quatro faixas bônus, além do formato digital. O material extra inclui versões ao vivo de Devastation e Cheree, bem como uma versão inicial de estúdio de Dominic Christ. O pesquisador Jared Artaud encontrou as faixas enquanto trabalhava no arquivo de Vega, após a morte do cantor em 2016.

Quando Suicide gravou... "Born in the USA", do Bruce Springsteen

E se você não sabia, vai aí a surpresa: Springsteen tá bem longe de ser um sujeito que diria “what?” ao ser informado da existência do Suicide. Pelo contrário: era fã da dupla e costumava dizer que a estreia do Suicide, o disco epônimo de 1977, era “um dos discos mais sensacionais que já ouvi”. Em 1980, o cantor esteve com a dupla e Vega descobriu que Springsteen era seu fã – e se surpreendeu.

“Ele estava gravando o disco The river (1980) e nós estávamos gravando nosso segundo álbum em Nova York. Então tivemos uma reunião de audição do nosso álbum. Havia três ou quatro figurões da nossa gravadora, e Bruce também estava lá. Depois que tocamos o álbum, houve um silêncio mortal… exceto por Bruce, que disse, ‘Isso foi ótimo pra caralho.’ Ele fazia questão de nos dizer o quanto nos amava”, contou em 2014 ao New York Post.

Mais: um texto do site Treblezine, a partir de audições da obra de Bruce e de entrevistas do Suicide, descobre: a dupla influenciou muito o sombrio disco Nebraska, tido como o “primeiro disco solo” (sem a E Street Band) de  Springsteen (1982), basicamente um disco sobre crise, desemprego e gente à beira do desespero pela falta de oportunidades. Houve uma versão elétrica e pesada de Nebraska, mas Bruce quis lançar o disco acústico, de voz, violão e registros crus, e que de fato lembram o clima esparso do Suicide do primeiro disco.

Na dúvida, ouça State trooper, cujos uivos lembram bastante os gritos (sem aviso prévio) de Frankie teardrop. “Lembro-me de entrar na minha gravadora logo após o lançamento do meu disco”, disse Vega depois de ouvir State trooper pela primeira vez. “Eu pensei que era um dos meus álbuns que eu tinha esquecido. Mas era Bruce!”

Continue Reading

Cultura Pop

No podcast do Pop Fantasma, a fase de transição do Metallica

Published

on

No podcast do Pop Fantasma, a fase de transição do Metallica

A morte do baixista Cliff Burton, em 27 de setembro de 1986, desorientou muito o Metallica. Além do que aconteceu, teve a maneira como aconteceu: a banda dormia no ônibus de turnê, sofreu um acidente que assustou todo mundo, e quando o trio restante saiu do veículo, só restou encarar a realidade. A partir daquele momento, estavam não apenas sem o baixista, como também estavam sem o amigo Cliff, sem o cara que mais havia influenciado James Hetfield, Lars Ulrich e Kirk Hammett musicalmente, e sem a configuração que havia feito de Master of puppets (1986) o disco mais bem sucedido do grupo até então.

Hoje no Pop Fantasma Documento, a gente dá uma olhada em como ficou a vida do Metallica (banda que, você deve saber, está lançando disco novo, 72 seasons) num período em que o grupo foi do céu ao inferno em pouco tempo. O Metallica já era considerado uma banda de tamanho BEM grande (embora ainda não fosse o grupo multiplatinado e poderoso dos anos 1990) e, justamente por causa disso, teve que passar por cima dos problemas o mais rápido possível. E sobreviver, ainda que à custa justamente da estabilidade emocional de Jason Newsted, o substituto do insubstituível Cliff Burton…

Nomes novos que recomendamos e que complementam o podcast: Skull Koraptor e Manger Cadavre?

Estamos no Castbox, no Mixcloud, no Spotify, no Deezer e no Google Podcasts.

Edição, roteiro, narração, pesquisa: Ricardo Schott. Identidade visual: Aline Haluch. Trilha sonora: Leandro Souto Maior. Estamos aqui toda sexta-feira!

Continue Reading

Destaque

Dan Spitz: metaleiro relojoeiro

Published

on

Se você acompanha apenas superficialmente a carreira da banda de thrash metal Anthrax e sentia falta do guitarrista Dan Spitz, um dos fundadores, ele vai bem. O músico largou a banda em 1995, pouco antes do sétimo disco da banda, Stomp 442, lançado naquele ano. Voltaria depois, entre 2005 e 2007, mas entre as idas e as vindas, o guitarrista arrumou uma tarefa bem distante da música para fazer: ele se tornou relojoeiro (!).

A vida de Dan mudou bastante depois que o músico teve filhos em 1995, e começou a se questionar se queria mesmo aquela vida na estrada. “Fazíamos um álbum e fazíamos turnês por anos seguidos, e então começávamos o ciclo de novo – o tempo em casa não existia. É uma história que você vê em toda parte: tudo virou algo mundano e mais parecido com um trabalho. Eu precisava de uma pausa”, contou Spitz ao site Hodinkee.

>>> Veja também no POP FANTASMA: Rockpop: rock (do metal ao punk) na TV alemã

Na época, lembrou-se da infância, quando ficava sentado com seu avô, relojoeiro, desmontando relógios Patek Philippe, daqueles cheios de pecinhas, molas e motores. “Minha habilidade mecânica vem de minha formação não tradicional. Meu quarto parecia uma pequena estação da NASA crescendo – toneladas de coisas. Eu estava sempre construindo e desmontando coisas durante toda a minha vida. Eu sou um solucionador de problemas no que diz respeito a coisas mecânicas e eletrônicas”, recordou no tal papo.

Spitz acabou no Programa de Treinamento e Educação de Relojoeiros da Suíça, o WOSTEP, onde basicamente passou a não fazer mais nada a não ser mexer em relógios horrivelmente difíceis o dia inteiro, aprender novas técnicas e tentar alcançar os alunos mais rápidos e mais ágeis da instituição.

>>> Veja também no POP FANTASMA: Discos de 1991 #9: “Metallica”, Metallica

A música ainda estava no horizonte. Tanto que, trabalhando como relojoeiro em Genebra, pensou em largar tudo ao receber um telefonema do amigo Dave Mustaine (Megadeth) dizendo para ele esquecer aquela história e voltar para a música. Olhou para o lado e viu seu colega de bancada trabalhando num relógio super complexo e ouvindo Slayer.

O músico acha que existe uma correlação entre música e relojoaria. “Aprender a tocar uma guitarra de heavy metal é uma habilidade sem fim. É doloroso aprender. É isso que é legal. O mesmo para a relojoaria – é uma habilidade interminável de aprender”, conta ele. “Você tem que ser um artista para ser o melhor – seja na relojoaria ou na música. Você precisa fazer isso por amor”.

>>> POP FANTASMA PRA OUVIR: Mixtape Pop Fantasma e Pop Fantasma Documento
>>> Saiba como apoiar o POP FANTASMA aqui. O site é independente e financiado pelos leitores, e dá acesso gratuito a todos os textos e podcasts. Você define a quantia, mas sugerimos R$ 10 por mês.
Continue Reading
Advertisement

Trending