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Cultura Pop

Podcast: Teve Death From Above (foto), entre novidades e raridades, no ACORDE

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Death From Above 1979

Alguém ouviu o ACORDE de sábado? Esperamos sinceramente que não – nosso desejo é que todos os ouvintes do programa tenham ido ao Rock In Rio ver The Who e Guns N Roses, especialmente a primeira banda. Se você não conseguiu escutar, tá aí, e foi bem legal. Apresentamos raridades, sucessos e sons novos de Death From Above, Prophets Of Rage, Clemente (em seu primeiro disco sem os Inocentes), Rival Cycle, Foo Fighters… Curte aí. Sábado que vem 19h tem mais, na 94 FM. (Ricardo Schott).

01 The Presidents Of The United States Of America – “Boll Weevil”
02 Foo Fighters – “Happy ever after (Zero hour)”
03 The Who – “Whiskey Man”
04 Walk The Moon – “Sidekick”
05 Alice Cooper – “Clones (We’re all)”
06 Clemente e A Fantástica Banda Sem Nome – “Imprescindível”
07 Cólera – “Hei”
08 Hüsker Dü – “She floated away”
09 10cc – “Clockwork creep”
10 Death From Above – “Freeze me”
11 The Modern Lovers – “Astral plane”
12 Prophets of Rage – “Who owns who”
13 Tony Joe White – “Voodoo village”
14 The Rival Cycle – “Happiness”
15 The Style Council – “Luck”
16 Unwound – “Look a ghost”
17 The Menzingers – “Thick as thieves”
18 Anti-Nowhere League – “For you”

BG:
Foo Fighters – “Run”
The Clash – “This is Radio Clash”

Crítica

Ouvimos: The Cure, “Songs of a lost world”

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Ouvimos: The Cure, “Songs of a lost world”
  • Songs of a lost world é o décimo-quarto álbum de estúdio do The Cure, e o primeiro disco de inéditas da banda desde 2008. O álbum foi adiado por bastante tempo – inicialmente, seria lançado em 2018, quando a banda completou 40 anos. Cinco canções do álbum foram tocadas ao vivo em 2022 e 2023 durante a turnê mundial Shows of a lost world.
  • Sobre o adiamento do disco, Smith chegou a afirmar numa entrevista em vídeo que isso “era um grande plano, mas grandes planos geralmente não funcionam muito bem, na minha experiência. O disco não estava realmente sendo feito pelas razões certas”.
  • “A demo da música mais antiga deste álbum foi feita em 2010. Elas se estendem ao longo de todo esse tempo. A maioria delas, provavelmente cinco, foi escrita desde 2017. Três delas: uma foi em 2010, outra em 2011 e outra entre 2013 ou 2014. Havia muitas músicas para escolher. Gravamos cerca de 25 ou 26 músicas em 2019. Gravamos três álbuns em 2019, esse sempre foi o problema”, disse também Smith, garantindo que há pelo menos mais dois discos vindo por aí.

Não deveria causar surpresa o fato de um disco do The Cure ser bastante desafiador, depressivo, quase anti-pop em vários momentos – como rola com este Songs of a lost world. Robert Smith e seus colegas de banda nunca foram de fazer sempre a mesma coisa, passaram por vários estilos musicais e por vários estados de espírito, às vezes num mesmo disco.

E, desde a época do álbum Three imaginary boys (1979), o Cure está em busca de uma solução para um dilema que sempre vai fazer sentido: como colocar as tristezas da vida numa canção pop feita para tocar no rádio, rolar na pista de dança e ser cantada pelas pessoas a plenos pulmões? Outra dúvida: como uma banda que originalmente foi feita para falar de vulnerabilidades, estranhezas, corações partidos e climas pesados pode ousar fazer parte da decoração da cultura pop?

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  • Temos episódio do nosso podcast, o Pop Fantasma Documento, sobre The Cure.

Esse segundo dilema sempre foi respondido pelo Cure sem muitas dificuldades. Até porque vamos combinar que música pop é exatamente sobre tudo isso aí – Roberto Carlos que o diga, aliás. A sonoridade da banda conseguiu não envelhecer, influenciou até quem não se imagina influenciado por eles, e as músicas do Cure praticamente estabeleceram uma estética de sofrimento, iluminação, conforto e virtude – um ecumenismo que você acha, não necessariamente nessa ordem, em canções do grupo como Close to me, Boys don’t cry, Charlotte sometimes e até na felicidade momentânea de Friday I’m in love.

Já a primeira questão (a da tristeza virando pop de rádio e de pista) já foi algo para o qual o Cure deu de ombros em alguns momentos. Mas também já foi uma meta a ser alcançada a partir da metade dos anos 1980. Especialmente em discos como The head on the door (1985), Kiss me, kiss me, kiss me (1987), Disintegration (1989) e Wish (1992). Ou até mesmo no The Cure de 2004, o disco de “rock alternativo” (no sentido da formatação norte-americana) do grupo.

Songs of a lost world, por sua vez, está mais para esse “dar de ombros” sem culpa. Mas é justamente o lado pop do The Cure que alivia qualquer tipo de estranhamento, num disco povoado por canções enormes, climas tempestuosos e letras que soam como cartas de despedida, ou confissões de desespero total.

Alone, a faixa de abertura, que curiosamente lembra o Machina: The machines of god, dos Smashing Pumpkins (disco de 2000, que já lembrava o Cure), é auto-explicativa, e já abre com o verso “este é o fim de cada canção que cantamos”. Nothing is forever, capaz de dar um nó na garganta até do/da fã menos sensível, é uma súplica (“prometa que você estará comigo até o fim/diga que estaremos juntos e que você não vai esquecer”) cercada por discretas guitarras e por teclados que, rearranjados, poderiam estar num disco do Péricles ou do Belo.

O Cure ganha um certo aspecto de banda de terror na ligeiramente dançante A fragile thing, e na marcial, ruidosa e quase metálica Warsong. E faz dançar de verdade em Drone: nodrone, que lembra eles mesmos no começo dos anos 1980. Se há quem já esteja achando até traços de rock progressivo (ah cara, não fode!) em Songs, vale dizer que I can never say goodbye, outro hit de despedida, lembra o panorama eterno do Pink Floyd no chatinho Endless river (2014) – mas só lembra, de longe. All I ever am, uma das melhores do disco, une teclados emocionados e batidas gélidas.

Finalizando, a muito apropriada Endsong é um art rock que dura 10:23, e lembra o clima das produções de Brian Eno. Nesta música, Robert Smith só solta a voz aos quase sete minutos, em versos de teor quase destrutivo sobre um final em que nada resta (“tudo se foi, tudo se foi/eu vou me perder no tempo/não vai demorar”).

Ainda que Songs of a lost world seja um disco extremamente triste, e praticamente seja um álbum conceitual sobre finitude, soa como aqueles momentos em que alguém vai embora, olha para trás e dá um tchauzinho. No novo lançamento, o Cure já realizou uma apresentação especial de três horas exibida no YouTube, fez as paradas de sucesso tremerem com Songs, anunciaram que já tem até dois discos novos vindo por aí, e mesmo mirando o próprio fim, Robert Smith confessou que a banda não sumirá dos palcos, pelo menos, até 2028 (por sinal, um ano antes de Smith completar 70 anos). Despedidas extensas vêm fazendo sucesso no mundo do rock – o Sepultura que o diga – e The Cure talvez não faça muito diferente disso.

Nota: 8,5
Gravadora: Fiction/Universal

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Crítica

Ouvimos: Charli XCX, “Brat and it’s completely different but also still brat”

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Ouvimos: Charli XCX, “Brat and it’s completely different but also still brat”

Vai chegar o momento em que as pessoas vão fazer como acontece depois de qualquer tipo de onda, e vão recordar a era de Brat, disco de 2024 de Charli XCX, com carinho, com afeição ou até como um barômetro de seu tempo. Assim como (e isso aconteceu até com os imitadores de Sgt Pepper’s em 1967/1968) muita gente vai se perguntar: “Como é que a gente foi achar legal esse negócio de um disco ter uma capa que até meu sobrinho de 7 anos poderia fazer no canva? Ou essas reedições com títulos engraçadinhos? E como tanta gente gostou disso?”

Enquanto isso não acontece – e vale citar que o dicionário Collins já escolheu “brat” como palavra do ano de 2024 – Charli XCX já aproveita para recauchutar seu sexto disco, lançado originalmente em 7 de junho, pela terceira vez. Já havia saído uma edição com três faixas a mais. E dessa vez, Brat and it’s completely different but also still brat transforma as dezoito faixas associadas ao disco numa verdadeira maratona. E numa festa.

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  • Resenhamos Brat aqui.

O álbum duplo traz o material regravado, mudado e remixado por vários convidados, entre nomes novos e veteranos. Robyn e Yung Lean acrescentam seus versos e nomes a 360. Ariana Grande elenca as cascas de banana da fama em Sympathy is a knife, ao lado de Charli – com direito a frases ótimas como “é uma facada quando seu amigo começa de repente a pisar em você”, ou “é uma facada quando alguém diz que gosta mais da minha velha versão do que da nova/e eu penso: quem é ela, porra?”. Billie Eilish responde a Charli em Guess e marca presença no pop sáfico. Essas duas últimas são as únicas versões que valem como “grande e indispensável complemento ao original”.

Algumas coisas foram feitas propositalmente para desconstruir as noções de hit do original: I might say something stupid virou ambient nas mãos de Jon Hopkins e The 1975, e Bon Iver deu uma cara melancólica a I think about it all the time. O rapper sueco Bladee aumenta a lista de estresses da fama em Rewind, e Charli XCX confessa nos novos versos que acrescentou, que o dinheiro e a vida em Los Angeles (ela vive lá e em Londres) fizeram com que ela se tornasse “mais competitiva”.

Muita coisa no Brat reimaginado não influi nem contribui, mas não chega a ser ruim. Só que tem o lado chato, aliás chatíssimo: Julian Casablancas pegou Mean girls, uma das melhores músicas do disco, e transformou num indie-pop cagado com vocal de autotune, e a rapper espanhola BB Trickz diminuiu a velocidade de Club classics e só dá mais vontade de ouvir o original, mesmo. Por sinal, Brat and it’s completely different but also still brat vem com o Brat deluxe no disco 2, e reouvindo, dá para perceber o quanto o álbum de Charli é um hype dos mais justificados. Tem festa, sexo, doideira, vícios, saudade dos amigos, redes sociais, as nostalgias dos millennials, e um pop que vai do sombrio ao festeiro em pouco tempo – e de fato, é um barômetro comportamental de 2024, ou deveria ser.

Nota: 7
Gravadora: Atlantic.

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Cultura Pop

No podcast, Sparks da pré-história à era de “Kimono my house”

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No nosso podcast, Sparks, da pré-história à era de "Kimono my house"

Sparks, a melhor banda que você nunca ouviu, mas da qual já ouviu falar. Uma banda que na verdade é uma dupla – e uma dupla de irmãos. Russell Mael (o vocalista extrovertido) e Ron Mael (o tecladista introvertido de bigode) já atravessaram mais de cinco décadas fiéis às suas concepções de música e de espetáculo. Em discos como o clássico Kimono my house (1974), os Sparks fizeram pós-punk, new wave e synth pop antes do punk surgir – e adiantaram até mesmo o som do indie rock dos anos 2000.

E hoje no Pop Fantasma Documento, nosso podcast, você vai conhecer tudo que você sabe, não sabe e deveria saber sobre uma das bandas mais instigantes do mundo do rock, da pré-história até o auge. Ouça no volume máximo.

Século 21 no podcast: Immoral Kids e Dani Bessa.

Estamos no Castbox, no Mixcloud, no Spotify e no Deezer .

Edição, roteiro, narração, pesquisa: Ricardo Schott. Identidade visual: Aline Haluch (foto: reprodução internet). Trilha sonora: Leandro Souto Maior. Vinheta de abertura: Renato Vilarouca. Estamos aqui de quinze em quinze dias, às sextas! Apoie a gente em apoia.se/popfantasma.

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