Connect with us

Crítica

Ouvimos: Snow Patrol, “The forest is the path”

Published

on

Ouvimos: Snow Patrol, “The forest is the path”
  • The forest is the path é o oitavo disco da banda irlandesa-escocesa Snow Patrol. É o primeiro álbum após as saídas do baixista Paul Wilson e do baterista Jonny Quinn, e o primeiro em seis anos após o sétimo álbum, Wildness (2018) – e enfim, é o primeiro depois da pandemia.
  • Desde a saída dos dois, o Snow Patrol é um trio: Gary Lightbody (voz, guitarras, programação de baixo, synths), Nathan Connolly (guitarra, vocais de apoio) e Johnny McDaid (guitarras, baixo, teclados, piano, sintetizadores, programação, backing vocals), que também são os autores de todas as faixas. A produção foi feita por Gary e Johnny ao lado de Fraser T. Smith (James Morrison, Taio Cruz e Sam Smith).
  • Num papo recente com o The Guardian, Gary contou que o nome Snow Patrol veio de um mal-entendido e de uma ameaça de processo. “Eu estava na Universidade de Dundee e vi um amigo meu na rua, que disse: ‘Como vai sua banda? Como vai o Snow Patrol?’ Eu fiquei tipo: ‘Cara, nosso nome é Polar Bear. Não sei de onde você tirou isso’. Uma semana depois, tivemos que mudar o nome da banda porque um dos caras do Jane’s Addiction tinha acabado de começar uma banda chamada Polar Bear e seus advogados disseram que tínhamos que escolher um novo nome”, relembrou.

O Snow Patrol enfrenta um grave problema desde que se tornou uma banda mainstream, há bastante tempo. Toda vez que sai um álbum novo deles, a impressão que dá é que eles sempre estão tentando fazer a trilha sonora de alguma palestra motivacional, algum comercial de automóvel ou algo do tipo. E é curioso que eles supostamente tenham acordado para esse nicho de mercado antes do Coldplay, já que Open your eyes, uma canção de 2006, que fez sucesso significativo no Brasil (e está num álbum bem interessante, o quarto da banda, Eyes open), já tinha essa cara.

É bastante difícil não pensar no Coldplay quando se trata de um disco do Snow Patrol. São bandas contemporâneas, que vêm de uma mesma cena (o indie rock britânico dos anos 2000, carregado de referências de folk, e com um estilo bem mais comportado que o som da Inglaterra ou da Escócia nos anos 1990), e que provavelmente interessam ao mesmo tipo de público – uma galera que, no fundo, não é exatamente consumidora de rock, e talvez nem sejam consumidores usuais de música. Nada contra isso, mas algo se perdeu no meio do caminho.

  • Apoie a gente e mantenha nosso trabalho (site, podcast e futuros projetos) funcionando diariamente.

The path of the forest sofre de males parecidos, inclusive, com os dos discos mais recentes do Coldplay: envolve abstrações musicais que não engrenam, têm letras mais rasas que piscina infantil (no caso do SP, o repertório é basicamente centrado em canções românticas no estilo não-sou-nada-sem-você) e desperdiça boas ideias em músicas que cansam, e que soam bem mais do mesmo. O excesso de baladas sem muito encanto torna o disco quase sem explosão, com exceção de Everything’s here and nothing’s lost e do pós-punk Years that fall, exceções à regra num disco indicado apenas para fãs, e que sofre muito de falta de assunto.

Nota: 5 (eu sou um crítico gente boa, a menor nota daqui é 5)
Gravadora: Polydor

Crítica

Ouvimos: Optic Sink – “Lucky number”

Published

on

Pós-punk afiado: no novo álbum, o Optic Sink mistura baixo frontal, bateria robótica e synths em faixas tensas, frias e cheias de energia.

RESENHA: Pós-punk afiado: no novo álbum, o Optic Sink mistura baixo frontal, bateria robótica e synths em faixas tensas, frias e cheias de energia.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 9
Gravadora: Feel It Records
Lançamento: 31 de outubro de 2025

  • Quer receber nossas descobertas musicais direto no e-mail? Assine a newsletter do Pop Fantasma e não perca nada.

Tem pós-punk estranho lá em Memphis. O Optic Sink parece com aquelas bandas que você descobre em coletâneas antigas da Factory – grupos para os quais o Joy Division chegou a abrir shows mas que ficaram no passado, ou que chegaram a ser considerados mais promissores que o New Order por alguns minutos. Claro que nada disso significa que o Optic Sink vai ficar para trás: no terceiro disco, Lucky number, eles vêm com músicas pontiagudas e altas habilidades no uso dos melhores truques dos estilos da “família” pós-punk.

  • Ouvimos: Anika, Jim Jarmusch – Father, mother, sister, brother (trilha sonora do filme)

Natalie Hoffmann, Ben Bauermeister e Keith Cooper usam e abusam de baixo na frente, batera robótica, riff de guitarra combinados com riffs de synth, heranças do krautrock, vibes repetitivas e bacanas, vocais que dão certos sustos no/na ouvinte – tudo isso surge em faixas como Laughing backwards, Lucky number, Don’t look down. Já Construction abre com algo que (opa) pode se parecer com a fase tecnopop do Queen, mas também pode não parecer – e que logo se torna algo mais próximo de bandas como Magazine e Stranglers.

O lado mais frio e ritmado do grupo continua dando as cartas em músicas como How can I help you? e Kinetic world, duas canções que constroem atmosferas urbanas e musicais na frente de quem ouve o disco. Já Golden hour, um duelo entre baixo e guitarras funciona como se pusesse Joy Division e New Order lado a lado. Luxury of honesty, encerrando o álbum, tem curiosamente algo de raggamuffin na batida, e chega a lembrar a mania do Public Image Ltd pela exploração de ritmos em meio ao instrumental frio.

  • Gostou do texto? Seu apoio mantém o Pop Fantasma funcionando todo dia. Apoie aqui.
  • E se ainda não assinou, dá tempo: assine a newsletter e receba nossos posts direto no e-mail.

Continue Reading

Crítica

Ouvimos: Alan James – “Solar/Sonhar”

Published

on

Solar/Sonhar, novo álbum de Alan James, junta Beatles, sunshine pop e Clube da Esquina em faixas psicodélicas e sessentistas, com toques de Skank, Guilherme Arantes e Elton John.

RESENHA: Solar/Sonhar, novo álbum de Alan James, junta Beatles, sunshine pop e Clube da Esquina em faixas psicodélicas e sessentistas, com toques de Skank, Guilherme Arantes e Elton John.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 9
Gravadora: Independente
Lançamento: 7 de novembro de 2025

  • Quer receber nossas descobertas musicais direto no e-mail? Assine a newsletter do Pop Fantasma e não perca nada.

Fã de Beatles, de Roberto Carlos, do já saudoso Lô Borges, de Todd Rundgren e de nomes do chamado sunshine pop (estilo musical mais ou menos popular na Califórnia no fim dos anos 1960, gerado por fãs de Beach Boys e The Mamas and The Papas como a banda The Millennium), o carioca radicado em SP Alan James faz a junção de tudo isso em seu segundo álbum solo, Solar/Sonhar.

  • Ouvimos: Julian Lennon – Because… (EP)

Solar/Sonhar começa juntando Todd Rundgren e The Who na psicodélica Não precisa mais – que ganha duas partes no disco, a segunda encerrando o álbum numa onda meio britpop, meio Guilherme Arantes. Luz da manhã, na sequência, tem toques herdado tanto do Clube da Esquina quanto de sensações pop sessentistas como The Cowsills. A onda sunshine pop toma conta de faixas puramente sessentistas como Não se prenda ao medo, Pra ver o sol e Olha, enquanto a vinheta Por que isso aconteceu comigo? (cuja letra é apenas o seu título) tem muito de bandas como High Llamas.

Perto do final, Solar/Sonhar ganha uma cara parecida com a fase Maquinarama / Cosmotron do Skank, em Sobrevivo e Graciosa ilusão, e junta Guilherme Arantes, Elton John e Carpenters na bela Aquela que brilha.

  • Gostou do texto? Seu apoio mantém o Pop Fantasma funcionando todo dia. Apoie aqui.
  • E se ainda não assinou, dá tempo: assine a newsletter e receba nossos posts direto no e-mail.

Continue Reading

Crítica

Ouvimos: Scarlet Rae – “No heavy goodbyes” (EP)

Published

on

Scarlet Rae estreia com No heavy goodbyes, EP indie/alt-rock noventista, intimista e ruidoso, que mistura Smashing Pumpkins, shoegaze e folk para tratar de luto e confissão.

RESENHA: Scarlet Rae estreia com No heavy goodbyes, EP indie/alt-rock noventista, intimista e ruidoso, que mistura Smashing Pumpkins, shoegaze e folk para tratar de luto e confissão.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 8,5
Gravadora: Bayonet Records
Lançamento: 19 de setembro de 2025

  • Quer receber nossas descobertas musicais direto no e-mail? Assine a newsletter do Pop Fantasma e não perca nada.

Scarlet Rae é uma cantora de Los Angeles que hoje vive em Nova York, e que após trabalhar em vários projetos na adolescência, começou a lançar faixas solo em 2020. Seu meio de origem é o indie folk – ela chegou a cantar numa banda do estilo, a Rose Dorn, que gravou pelo selo Bar None Records.

No heavy goodbyes é o EP solo de estreia, e é mais uma prova audível de que os Smashing Pumpkins (que há poucos meses atrás não pareciam ser uma banda tão “seguida” por artistas novos) virou referência maníaca. Músicas como The reason I could sleep forever são tão reverentes ao grupo de Billy Corgan quanto o disco de estreia do Rocket, R is for rocket. Não apenas isso: A world where she left me out vai na onda shoegaze, e tem mais do que apenas uma ou outra referência dos SP e também do Joy Division. É um rock barulhento com o pé no radiofônico – coisa que tem se tornado comum nos dias de hoje, aliás. Não por acaso, volta e meia você vai lembrar dos Cardigans e do Placebo ouvindo o EP, o que já insere Scarlet num corredor noventista.

Apesar das influências de Smashing Pumpkins e da vocação para fazer barulho, o som de Scarlet – vale dizer – é bem baixos teores nesse sentido. O foco de No heavy goodbyes é na demonstração dos talentos de uma ótima cantora e compositora ligada a climas mais introspectivos e a letras confessionais – o idioma do soft rock traduzido para sons “alternativos”. Bleu, primeiro single de Scarlet, vem na sequência com ruídos eletrônicos, vocais gravados “lá atrás” e clima hipnótico. No fim do disco, Light dose e Call of the day são as canções mais aprochegadas do “indie folk” – trazendo violões com senso rítmico e melódico, e um certo ardidinho grunge.

As letras de Scarlet, por sua vez, trazem bem mais do que tristeza e pé na bunda. O material de No heavy goodbyes foi fortemente influenciado pela morte de irmã da cantora – e além do luto, a própria pulsão de morte do ser humano entra em discussão nas letras (daí o EP ter uma faixa chamada The reason I could sleep forever). Um disco que pede imersão, ainda que por um curto tempo.

  • Gostou do texto? Seu apoio mantém o Pop Fantasma funcionando todo dia. Apoie aqui.
  • E se ainda não assinou, dá tempo: assine a newsletter e receba nossos posts direto no e-mail.

Continue Reading
Advertisement

Trending