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Crítica

Ouvimos: Nxdia – “I promise no one’s watching”

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Nxdia mistura pop, rock e eletrônico em I promise no one’s watching, uma mixtape ousada que testa estilos sem medo de errar.

RESENHA: Nxdia mistura pop, rock e eletrônico em I promise no one’s watching, uma mixtape ousada que testa estilos sem medo de errar.

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Considerado um álbum pelas plataformas e um EP por vários sites de resenhas, I promise no one’s watching é visto por Nxdia, cantora egípcia radicada em Manchester, como uma mixtape. Faz sentido por causa do caráter despojado das músicas, e pela mistura promovida por ela nos 25 minutos do disco.

Feel anything, na abertura, pula do bedroom pop para o batidão eletrônico em minutos. A sexualmente ativa Jeniffer’s body é rock agitado na onda pop de Olivia Rodrigo. O tema queer Boy clothes, pesado e dançante, evoca Lady Gaga e Billie Eilish em detalhes, enquanto Puppet, More! e She likes a boy são eletrorock construídos no pula-pula grunge.

  • Ouvimos: Lady Gaga – Mayhem
  • Ouvimos: Olivia Rodrigo – Guts
  • Ouvimos: Billie Eilish – Hit me hard and soft

Por aí você tem uma ideia da variedade do disco, e falando assim, parece que Nxdia está em busca de uma identidade, tateando e vendo o que dá certo. Talvez até seja isso – e I promise no one’s watching, antes de ser o disco de uma cantora, soa como o disco de uma creator musical, que sai testando templates em cada faixa. Quem for ouvir, que abra a mente.

Vale afirmar que as apostas de Nxdia costumam dar certo, especialmente quando ela põe texturas diferentes no rock anos 1980 em Nothing at all, e moderniza o som associado a grupos como Slits em Body on me, quase falada, com baixo grave e forte à frente. Boo, nevermind é eletropunk dos bons. Só no final, Tin man derrapa tentando acertar no shoegaze de FM e cravando a flecha numa espécie de nu-metal baixos teores.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 8,5
Gravadora: Bxdger Records
Lançamento: 13 de junho de 2025

Crítica

Ouvimos: The Stargazer Lilies – “Love pedals”

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Shoegaze lisérgico e groovy: em Love pedals, o The Stargazer Lilies entrega guitarras densas, psicodelia e experimentos brilhantes.

RESENHA: Shoegaze lisérgico e groovy: em Love pedals, o The Stargazer Lilies entrega guitarras densas, psicodelia e experimentos brilhantes.

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Provavelmente nenhum site vai escolher Love pedals, sexto disco da banda novaiorquina The Stargazer Lilies, como disco do ano. Azar de quem não ouvir e de quem não reconhecer neles uma banda mais do que excepcional. Criada pelo casal John Cep e Kim Field, essa banda – que surgiu de um quinteto de dream pop chamado Soundpool – faz um som que parece vir de dentro do/da ouvinte, tamanha a intensidade das guitarras e dos baixos. Tudo gravado como paredões de som e, mais do que isso, como vendavais sonoros que carregam os sentidos de quem ouve o disco para todos os lados.

The Stargazer Lilies costuma ser definido como shoegaze, por aí. Não exatamente: trata-se de uma banda que faz psicodelia e som groovy na base das guitarras altas e distorcidas. Em Love pedals, eles unem peso, lisergia e distorções na guitarra e no baixo em Ambient light, quase um nevoeiro sonoro. A faixa-título é soul + psicodelia + shoegaze, num efeito fantástico. Parece realmente um hit de rádio AM jogado num triturador junto com guitarras, pedais de distorção e pastilhas de LSD.

  • Ouvimos: Pobre Orfeu – Galeria das recordações
  • Ouvimos: Humour – Learning greek

O grupo vai dosando sabedoria musical e experimentações em faixas como Perfect world, um tema de girl group, com violão, eco, distorções e obnubilações. By your side é uma balada com um paredão de ruídos que afina e desafina à medida que a música segue – chega a parecer uma transmissão sonora. Shining yellow é uma balada que até poderia ser uma canção do Swing Out Sister – mas é uma porradaria psicodélica e dissonante, aquele tipo de beleza no qual se vê algo estranho e talvez, tenebroso. Heaven knows poderia ter saído nos anos 1970 caso não fosse uma barulheira groovy.

O Stargazer Lilies deixou os momentos mais declaradamente rocker do disco para o final. Trans med é blues psicodélico, o som mais eminentemente sixties do álbum. Hold tight soa como um shoegaze hendrixiano – tem a dramaticidade de uma canção de Jimi Hendrix, mas tem a cabeça ligada em outras esferas. Um caleidoscópio sonoro de primeira.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 10
Gravadora: Shore Dive Records
Lançamento: 22 de agosto de 2025.

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Crítica

Ouvimos: Goo Goo Dolls – “Summer anthem” (EP)

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EP Summer anthem mostra Goo Goo Dolls entre boas faixas power pop e tropeços bregas, mas sem apagar a nostalgia dos álbuns antigos.

RESENHA: EP Summer anthem mostra Goo Goo Dolls entre boas faixas power pop e tropeços bregas, mas sem apagar a nostalgia dos álbuns antigos.

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Aquele velho papo (chato, admitimos) de “ah, como a banda tal era boa nos anos 1980 e 1990” faz todo sentido quando a banda em questão é o Goo Goo Dolls. Compreensível que um grupo que começou se dizendo “uma banda punk para a geração do skate” e que já foi comparado aos Replacements – no excelente disco A boy named Goo (1995) – tenha resolvido embarcar num caminho mais comercial assim que a porta se abriu. Fazer música não é fácil, ganhar grana com ela é complicado e vai por aí. Mas que depois do álbum Dizzy up the girl (1998) e do hit Iris a paciência de muitos fãs vem sendo testada… Ah, isso vem rolando sim.

O EP Summer anthem, na verdade, é pouco mais do que um souvenir para os fãs – recentemente o Goo Goo Dolls teve seu hit Iris incluído na trilha de Deadpool & Volverine e a música não apenas voltou a ficar falada, como tem sido bastante aplaudida e esperada nos shows. Como estão estreando uma turnê chamada Summer anthem, aproveitaram o nome para o disquinho, que beira uma espécie de emo-soul em Ocean e dá aquele susto nos fãs quando lembra um Maroon 5 indie em Nothing lasts forever.

No geral, o número de momentos bacanas de Summer anthem não apagam a vontade de parar o disco no meio e ouvir os álbuns antigos dos Goo Goo Dolls. A energia power pop do grupo ressurge em Slightly broken, Misery e Such a mystery. Já Run all night dá uma crescida no ouvido mas é um som meio brega – no pior dos sentidos em que a palavra “brega” pode ser usada. Not goodbye (Close my eyes) encerra o disco com uma nota triste – e não que isso tenha a ver com o funéreo “feche meus olhos” do título. É que o Goo Goo Dolls, nesta faixa, surge fazendo aquele mesmo rock arenístico-gratiluz do Coldplay. Caraca…

Texto: Ricardo Schott

Nota: 6
Gravadora: Warner Music
Lançamento: 22 de agosto de 2025.

  • Relembrando: Goo Goo Dolls – A boy named Goo (1995)
  • Ouvimos: Replacements – Tim (Let it bleed edition)

 

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Crítica

Ouvimos: Desu Taem – “Molasses fighter jet”

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Desu Taem volta com Molasses fighter jet, mergulhando no metal caótico, cheio de clichês, zoeira e boas ideias entre punk e metal.

RESENHA: Desu Taem volta com Molasses fighter jet, mergulhando no metal caótico, cheio de clichês, zoeira e boas ideias entre punk e metal.

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Rapaz, mas não é que lá vem o Desu Taem de novo? Essa banda norte-americana lança vários discos por ano – sabe-se lá se recorrem a IA, ou se têm um vasto acervo de composições, mas o resultado sempre tem a tendência de sair interessante e bem louco.

Molasses fighter jet é o (já nem me atrevo a contar)º disco do grupo – e um grande índice de que o universo do metal, ou pelo menos a brincadeira com os clichês dele, tomam conta da musicalidade da banda, agora. Molasses abre com Forgotten chaos, metal cromado e palhetado que envolve mundo acabando, memórias chegando ao fim. E prossegue com as guitarradas oitentistas de Insufficient salt e a vibe Ministry de Why?! Além de um namoro com o som de bandas como Testament e Sepultura na bizarra Alarm clock masturbator – que ainda por cima ganha uns uivos vocais que parecem coisa do Charlie Brown Jr.

  • Ouvimos: Ming City Rockers – Clementine
  • Ouvimos: Babymetal – Metal forth

Boa parte do material de Molasses foi gravado com som de demo, com um cozidão de guitarras, baixo e bateria – que surge em I will not be assimilated (soando como uma demo do Judas Priest gravada em 1991), no blues-funk-metal de I will not break e de Cyanide Soul Sister, e na onda meio punk pop de Victimized, but content e It hurts to be cool. Caindo numa mescla de punk e metal em You’re a dick e Yet toboggan run, o Desu Taem ainda prega a teologia da brutalidade em Mosh pit theology e manda bala na mordacidade em Crucifix vendors fair e You can’t unseen that.

Aparentemente a zona dessa turma não tem fim (se bobear já estão gravando o próximo disco de 2025). Mas quando o Desu Taem faz mais zoeira e menos pastiche musical, se torna bem mais interessante.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 7
Gravadora: Independente
Lançamento: 6 de agosto de 2025.

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