Cultura Pop
Negativland: essa banda REALMENTE gosta de encrenca

A banda americana Negativland tem em seu site uma área dedicada apenas à questão da propriedade intelectual. E também sempre lutou para deixar o assunto “Creative Commons” em pauta. Não é à toa: o grupo se notabilizou, desde o começo de sua carreira, em 1980, por trabalhar com paródias e misturas de referências. Além de estranhas colagens sonoras.
O nome do grupo já é uma referência, por sinal. Negativland é o nome de uma música da banda alemã Neu! Acabou que muita gente só escutou falar da banda quando suas maluquices atingiram ou ofenderam certas pessoas. Em 1991, brincaram com fogo. Olha aí, ó.

O single U2 foi mais uma das paródias feitas pela banda. O grupo soltou dois remixes esquisitíssimos do hit I still haven’t found what I’m looking for (um “a capella mix” e um “special edit radio mix”). Encheram o material de instrumentos estranhos (sons eletrônicos, colagens, kazoos, etc) e de samples da faixa original do U2 – obviamente sequer pediram permissão para isso.
Justamente na época em que dava um passo definitivo (o disco Achtung baby) o U2 via chegar às lojas um álbum com seu nome na capa, ao lado do avião Lockheed U-2 (que inspirou o nome do grupo). E o nome “Negativland” escrito embaixo. Lógico que a Island não perdeu tempo e mandou bala num processo contra eles e contra o selo SST. Alegou que o lançamento do disco só tinha o objetivo de confundir os fãs dos irlandeses. Se você nunca ouviu, tá aí. Ouça por sua conta e risco.
A história ainda rendeu uma revista escrita pela banda. Era The letter U and the numeral 2, que vinha com um CD relatando a briga com o U2. Por causa desse material, o grupo conseguiu ganhar um processo (mais um?). Detalhe: quem moveu a ação foi a própria SST. A gravadora os acusava de publicar material confidencial da empresa. Em 1995, o Negativland lançou o livro Fair use: The story of the letter U and the numeral 2, com mais detalhes e um CD com mais faixas.
Aí em cima você tem dez minutos (em inglês, mas com legendas automáticas) de um dos cabeças do Negativland, Mark Hosler, dando uma palestra em Athens, Georgia, onde explica toda a história do projeto U2. Alguns momentos são hilariantes, como quando ele lembra como foi que a banda deixou a Island Records puta da vida por causa da capa do disco.
“A gente sabia que a capa era parecida, só não apostávamos tanto assim na falta de inteligência do norte-americano médio. O problema foi que também não imaginávamos que a Tower Records iria encher as vitrines com a capa do disco, achando que era o novo lançamento do U2”, diz, rindo.
Mais: Hosler diz ter descoberto que o disco que gerou o processo foi comprado lá mesmo em Athens. “Mas quem é que em Athens tem algo a ver com o U2? R.E.M.? Eles são amigos”, diz, acusando o empresário do grupo, Bertis Downs IV, de ter começado todo o melê, já que ele teria informado o empresário do U2 sobre o disco do Negativland. O problema é que Downs estava na plateia, o que rende mais bizarrice ainda. “Bom, foda-se, Bertis, mas devo agradecer porque depois disso, fiz um monte de trabalho”, brinca Hosler.
A inspiração para que o Negativland começasse a fazer U2 surgiu de uma gravação do radialista americano Casey Kasem. Irritado com um trabalho em estúdio que não dava certo, Casey – mais conhecido por ter sido o primeiro dublador do Salsicha, do Scooby-Doo – soltava os cachorros em cima do seu técnico de som e dizia um monte de palavrões. E depois Casey ainda soltava comentários depreciativos sobre… o próprio U2. Começava a enumerar a formação da banda e interrompia, falando sobre The Edge e Adam Clayton: “Esses caras são da Inglaterra (sic), estou cagando pra eles” (a banda é da Irlanda, mas eles são os únicos ingleses do U2).
A gravação inteira de Casey – inclusive a íntegra da parte em que ele fica irritado porque tem que narrar uma notinha sobre a morte de um cachorro e porque alguém de sua equipe não consegue achar um disco para deixar rolando na trilha sonora – tá aí.
Tá pensando que parou aí? Em junho de 1992, a revista Mondo 2000 fez uma entrevista com o U2 sobre a tecnologia envolvida na turnê Zoo TV e resolveu… mandar secretamente Hosler e Don Joyce, do Negativland, entrevistar o guitarrista The Edge junto do editor RU Serious. Essa conversa aconteceu de verdade e, nela, rolou a confissão por parte de The Edge de que até o U2 havia sido processado por infringir direitos alheios – de fato, o U2 tinha incluído um trecho da canção Send in the clouds, do compositor americano Stephen Sondheim, na versão de The electric co. do EP Under a blood red sky (1983), sem pedir permissão ao autor.
Teve mais: Hosler e Joyce, que estavam sem saber como pagar o processo que a Island movera, lustraram as caras de pau e pediram dinheiro (!) ao músico. The Edge pediu que eles enviassem ao escritório da banda um papel com uma proposta. Que foi enviada e… nunca foi respondida.
Não foi a primeira vez que o Negativland causou, por sinal. Em 1988, prestes a fazer uma turnê em que sabiam que amargariam prejuízos, inventaram um release que esclarecia que a turnê havia sido cancelada. O “motivo”: rumores de que uma canção de autoria deles, Christianity is stupid, tinha inspirado um assassino de 16 anos, David Brom, a matar sua família.
O release negava qualquer relação da banda com os assassinatos, que haviam acontecido de verdade – Brom matara pais e irmãos a machadadas em fevereiro de 1988, e está preso até hoje. Tudo uma mentira das brabas para promover a maldita turnê e o disco subsequente, o inacreditável Helter stupid (1988). O disco sampleava Helter skelter (Beatles) e a melosa Lovin’ you (Minnie Ripperton).
E se você acha que a história do disco U2 parou aí, surpresa. Em 1992 a banda decidiu parodiar a si própria com um novo EP, Guns, cuja capa fazia referência à de U2. No conteúdo, colagens de antigos comerciais de armas, samples de filmes de faroeste. E até as transmissões radiofônicas dos assassinatos de Robert e John Kennedy. Na contracapa, mais cutucadas na onça.
“This recording is dedicated to the members of our favorite Irish rock band, their record label, and their attorneys. The music is two U”. Essa gravação é dedicada aos membros da nossa banda de rock favorita da Irlanda, seu selo e seus advogados. A música é ‘2 U’ (da contracapa de Guns, do Negativland).
E a história do Negativland rola até hoje. Em 2014 saiu um disco, It’s all in your head. O conteúdo zoa cruelmente todos os tipos de religiões. Isso é que é gostar de treta.
Mais sobre Negativland aqui.
4 discos
4 discos: Ace Frehley

Dizem por aí que muita gente só vai recordar de Gene Simmons e Paul Stanley, os chefões do Kiss, quando o assunto for negócios e empreendedorismo no rock – ao contrário das recordações musicais trazidas pelo nome de Ace Frehley, primeiro guitarrista do grupo, morto no dia 16 de outubro, aos 74 anos.
Maldade com os criadores de uma das maiores bandas de rock de todos os tempos, claro – mas quando Frehley deixou o grupo em 1982, muita coisa morreu no quarteto mascarado. Paul Daniel Frehley, nome verdadeiro do cara, podia não ser o melhor guitarrista do mundo – mas conseguia ser um dos campeões no mesmo jogo de nomes como Bill Nelson (Be Bop De Luxe), Brian May (Queen) e Mick Ronson (David Bowie). Ou seja: guitarra agressiva e melódica, solos mágicos e sonoridade quase voadora, tão própria do rock pesado quanto da era do glam rock.
Ace não foi apenas o melhor guitarrista da história do Kiss: levando em conta que o grupo de Gene e Paul sempre foi uma empresa muito bem sucedida, o “spaceman” (figura pela qual se tornou conhecido no grupo) sempre foi um funcionário bastante útil, que lutou para se sentir prestigiado em seu trabalho, e que abandonou a banda quando viu suas funções sendo cada vez mais congeladas lá dentro. Deixou pra trás um contrato milionário e levou adiante uma carreira ligada ao hard rock e a uma “onda metaleira” voltada para o começo do heavy metal, com peso obedecendo à melodia, e não o contrário.
Como fazia tempo que não rolava um 4 Discos aqui no Pop Fantasma, agora vai rolar: se for começar por quatro álbuns de Ace, comece por esses quatro.
Texto: Ricardo Schott – Foto: Reprodução
“KISS: ACE FREHLEY” (Casablanca, 1978). Brigas dentro do Kiss fizeram com que Gene, Paul, Ace e o baterista Peter Criss lançassem discos solo padronizados em 1978 – adaptando uma ideia que o trio folk Peter, Paul and Mary havia tido em 1971, quando saíram álbuns solo dos três cujas capas e logotipos faziam referência ao grupo. Ace lembra de ter ouvido uma oferta disfarçada de provocação numa reunião do Kiss, quando ficou definido que cada integrante lançaria um disco solo: “Eles disseram: ‘Ah, Ace, a propósito, se precisar de ajuda com o seu disco, não hesite em nos ligar ‘. No fundo, eu dizia: ‘Não preciso da ajuda deles’”, contou.
Além de dizer um “que se foda” para os patrões, Ace conseguiu fazer o melhor disco da série – um total encontro entre hard rock e glam rock, destacando a mágica de sua guitarra em ótimas faixas autorais como Ozone e What’s on your mind? (essa, uma espécie de versão punk do som do próprio Kiss) além do instrumental Fractured mirror. Foi também o único disco dos quatro a estourar um hit: a regravação de New York Groove, composta por Russ Ballard e gravada originalmente em 1971 pela banda glam britânica Hello. Acompanhando Frehley, entre outros, o futuro batera da banda do programa de David Letterman, Anton Fig, que se tornaria seu parceiro também em…
“FREHLEY’S COMET” (Atlantic/Megaforce, 1987). Seguindo a onda de bandas-com-dono-guitarrista (como Richie Blackmore’s Rainbow e Yngwie Malmsteen’s Rising Force), lá vinha Frehley com seu próprio projeto, co-produzido por ele, pelo lendário técnico de som Eddie Kramer (Jimi Hendrix, Beatles, Led Zeppelin) e Jon Zazula (saudoso fundador da Megaforce). Frehley vinha acompanhado por Fig (bateria), John Regan (baixo, backing vocal) e Tod Howarth (guitarras, backing vocal e voz solo em três faixas).
O resultado se localizou entre o metal, o hard rock e o rock das antigas: Frehley escreveu músicas com o experiente Chip Taylor (Rock soldiers), com o ex-colega de Kiss Eric Carr (Breakout) e com John Regan (o instrumental Fractured too). Howarth contribuiu com Something moved (uma das faixas cantadas pelo guitarrista). Russ Ballard, autor de New York groove, reaparece com Into the night, gravada originalmente pelo autor em 1984 em um disco solo. Típico disco pesado dos anos 1980 feito para escutar no volume máximo.
“TROUBLE WALKING” (Atlantic/Megaforce, 1989). Na prática, Trouble walking foi o segundo disco solo de Ace, já que os dois anteriores saíram com a nomenclatura Frehley’s Comet. A formação era quase a mesma do primeiro álbum da banda de Frehley – a diferença era a presença de Richie Scarlet na guitarra. O som era bem mais repleto de recordações sonoras ligadas ao Kiss do que os álbuns do Comet, em músicas como Shot full of rock, 2 young 2 die e a faixa-título – além da versão de Do ya, do The Move. Peter Criss, baterista da primeira formação do Kiss, participava fazendo backing vocals. Três integrantes do então iniciante Skid Row (Sebastian Bach, Dave Sabo, Rachel Bolan), também.
“10.000 VOLTS” (MNRK, 2024). Acabou sendo o último álbum da vida de Frehley: 10.000 volts trouxe o ex-guitarrista do Kiss atuando até como “diretor criativo” e designer da capa. Ace compôs e produziu tudo ao lado de Steve Brown (Trixter), tocou guitarra em todas as faixas – ao lado de músicos como David Julian e o próprio Brown – e convocou o velho brother Anton Fig para tocar bateria em três faixas. A tradicional faixa instrumental do final era a bela Stratosphere, e o spaceman posou ao lado de extraterrestres no clipe da ótima Walkin’ on the moon. Discão.
Cultura Pop
Urgente!: E não é que o Radiohead voltou mesmo?

Viralizações de Tik Tok são bem misteriosas e duvidosas. Diria, inclusive, que bem mais misteriosas do que as festas regadas a cocaína, prostitutas de Los Angeles e malas de dólares que embalavam os nada dourados tempos da payola (jabá) nos Estados Unidos. Mas o fato é que o Radiohead – que, você deve saber, acaba de anunciar a primeira turnê em sete anos – conseguiu há alguns dias seu primeiro sucesso no Billboard Hot 100 em mais de uma década por causa da plataforma de vídeos. Let down, faixa do mitológico disco Ok computer (1997), viralizou por lá, e chegou ao 91º lugar da parada
A canção, de uma tristeza abissal, já tinha “voltado” em 2022 ao aparecer no episódio final da primeira temporada da série The bear – mas como o Tik Tok é “a” plataforma hoje para um número bem grande de pessoas, esse foi o estouro definitivo. Como turnês de grandes proporções nunca são marcadas de uma hora pra outra, nada deve ter acontecido por acaso. E tá aí o grupo de Thom Yorke anunciando a nova tour, que até o momento só incluirá vinte shows em cinco cidades europeias (Madri, Bolonha, Londres, Copenhague e Berlim) em novembro e dezembro.
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O batera Phillip Selway reforçou que, por enquanto, são esses aí os shows marcados e pronto. “Mas quem sabe aonde tudo isso vai dar?”, diz o músico. Phillip revela também que a vontade de rever os fãs veio dos ensaios que a banda fez no ano passado – e que já haviam sido revelados em uma entrevista pelo baixista Colin Greenwood.
“Depois de uma pausa de sete anos, foi muito bom tocar as músicas novamente e nos reconectar com uma identidade musical que se arraigou profundamente em nós cinco. Também nos deu vontade de fazer alguns shows juntos, então esperamos que vocês possam comparecer a um dos próximos shows”, disse candidamente (esperamos é a palavra certa – a briga de faca pelos ingressos, que serão vendidos a partir do dia 12 para os fãs que se inscreverem no site radiohead.com entre sexta, dia 5, e domingo, dia 7, promete derramar litros de sangue).
Enfim, o que não falta por trás desse retorno aí são meandros, reentrâncias e cavidades. O Radiohead, por sua vez, investiu no lado “quando eu voltar não direi nada, mas haverá sinais”. Em 13 de março, dia do trigésimo aniversário do segundo disco da banda, The bends, o site Pitchfork noticiou que a banda havia montado uma empresa de responsabilidade limitada, chamada RHEUK25 LLP. – sinal de que provavelmente alguma novidade estava a caminho. Poucos dias depois, um leilão beneficente em Los Angeles sorteou quatro tíquetes para “um show do Radiohead a sua escolha”. Muita gente levou na brincadeira, mas algumas fontes confirmaram que o grupo tinha reservado datas em casa de shows da Europa.
Depois disso – você provavelmente viu – surgiram panfletos anunciando supostos shows do grupo em Londres, Copenhague, Berlim e Madri, ainda sem nada oficialmente confirmado, até que tudo virou “oficial”. Pouco antes disso, dia 13 de agosto, saiu um disco ao vivo do Radiohead, Hail to the thief – Live recordings 2003-2009 (resenhado pela gente aqui). Com isso, possivelmente, os fãs até esqueceram a antipatia que Thom Yorke causou em 2024, ao abandonar o palco na Austrália, quando foi perguntado por um fã sobre a guerra entre Israel e Palestina.
O site Stereogum não se fez de rogado e, quando a turnê ainda não estava oficialmente anunciada (mas havia sinais) chegou a perguntar num texto: “E aí, será que eles vão tocar Let down?”. No último show da banda, em 1º de agosto de 2018 (dado no Wells Fargo Center, Filadélfia), ela era a nona música, logo antes da hipnotizante Everything in its right place. Seja como for, já que bandas como Talking Heads e R.E.M. não parecem interessadas em retornos, a volta do Radiohead era o quentinho no coração que o mercado de shows, sempre interessado em turnês nostálgicas, andava precisando. Que vão ser vários showzaços e que muitas caixas de lenços serão usadas, ninguém duvida.
Texto: Ricardo Schott – Foto: Tom Sheehan/Divulgação
Cultura Pop
Urgente!: E agora sem o Ozzy?

Todo mundo que um dia se sentiu meio estranho e ouviu Ozzy Osbourne na hora certa, foi levado para um universo bem melhor, e para sempre. Tudo começou com uma banda, o Black Sabbath, que já era um verdadeiro errado que deu certo – um ET musical que fazia som pesado quando mal havia o termo “heavy metal” e que falava de terror na ressaca do sonho hippie. E prosseguiu com a lenda de um sujeito que gravou álbuns clássicos como Blizzard of Ozz (1980), Diary of a madman (1981) e No more tears (1991) – eram quase como filmes.
Ozzy pode ser definido como um cara de sorte – e também como um cara que abusou MUITO da sorte, mas pula essa parte. A depender daqueles progressivos anos 1970, não havia muito o que explicasse o futuro de Ozzy Osbourne na música. Em várias entrevistas, Ozzy já disse que não sabia tocar nenhum instrumento quando começou – na verdade nunca nem chegou a aprender a tocar nada. Tinha a seu favor uma baita voz (mesmo não ganhando reconhecimento algum da crítica por isso, Ozzy sempre foi um grande cantor), um baita carisma, ouvido musical e a disposição para encarnar o estranho e o inesperado no palco em todos os shows que fazia.
Imortalizada em livros como a autobiografia Eu sou Ozzy, a história de Ozzy Osbourne é um daqueles momentos em que a realidade pode ser mais desafiadora que a ficção. Afinal, quem poderia imaginar que um garoto da classe trabalhadora britânica se tornaria o que se tornou? Talvez tenha sido até por causa das dificuldades, que também moveram vários futuros rockstars ingleses da época – ou pelo fato de que o rock e a música pop do fim dos anos 1960 ainda eram quase mato, universos a serem desbravados, com poucos parâmetros. Seja como for, se hoje há artistas de rock que se dedicam a discos e a projetos que parecem ter saído da cabeça de algum roteirista bastante criativo, Ozzy teve muita culpa nisso.
Fora as vezes que o vi no palco, estive frente a frente com Ozzy apenas uma vez, numa coletiva de imprensa do Black Sabbath – da qual Tony Iommi não participou, por estar se recuperando de uma cirurgia (havia tido um câncer). Seja lá o que Ozzy pensasse da vida ou de si próprio, me chamou a atenção o clima de quase aconchego da sala de entrevistas (acho que era no hotel Fasano): um lugar pequeno, com ele e Geezer Butler (baixista) bem próximos dos repórteres. Que por sinal não eram inúmeros.
Já havia feito entrevistas internacionais antes mas nunca imaginei estar tão perto de uma lenda do rock que eu ouvia desde os doze anos. Fiz uma pergunta, ele respondeu, e eu, que sempre fiquei nervoso em entrevistas (imagina numa coletiva com o Black Sabbath!) voltei pra casa como se tivesse ido cobrir um buraco que apareceu numa rua no Centro. Não que não tenha me dedicado à pauta, mas era o Ozzy e eu estava… numa tranquilidade inimaginável.
Ozzy também já me deu uma entrevista por e-mail, em 2008, em que reafirmou sua adoração por Max Cavalera, disse que não tinha ideia se a série The Osbournes havia levado seu nome a um novo público, e reclamou da MTV, “que virou uma versão adulta da Nickelodeon”. Também disse que nunca diria nunca a seus então ex-companheiros do Black Sabbath (“nos falamos por telefone e quando as agendas permitem, nos encontramos”).
Nesse papo, Ozzy só se irritou quando fiz uma pergunta que envolvia o Iron Maiden, que tinha passado recentemente pelo Brasil, ou estaria vindo – não lembro mais. “Bom, não sei te responder, pergunta pro Iron Maiden!”, disse, em letras garrafais (todas as respostas foram em caixa alta). Lembro que ri sozinho e fui bater a matéria.
Até hoje só acredito que isso tudo aí aconteceu (e não é nada perto do que uns colegas viveram com Ozzy e o Black Sabbath) porque vi as matérias impressas. Mas acho que antes de tudo, consegui humanizar na minha mente um cara que eu ouvia desde criança. Ozzy era de carne e osso, respondia perguntas, tinha lá seus momentos de irritação e, enfim, mesmo tendo o fim que todo mundo vai ter, viveu bem mais do que muita gente. E mudou vidas.
Texto: Ricardo Schott – Foto: Divulgação
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