Artes
Hal McGee: fitas e gravações em… microcassette

Quero ver alguém superar isso. Lenda viva da cultura indie dos anos 1980, o americano Hal McGee tem se dedicado a lançar material inédito em fitas cassette desde essa época, incluindo o lançamento de vários artistas e bandas de vanguarda. E de uns tempos para cá, ele vem fazendo lançamentos e gravações em… microcasssette. Sim: aquelas fitinhas mínimas, feitas para serem tocadas em toca-fitas que cabem no bolso e ainda sobra espaço.
No vídeo acima, uma visita curtinha à casa de Hal na Flórida. Em clima de “Deus abençoe essa bagunça”, rola uma ida ao estúdio dele, com várias fitinhas, comida, cachorros, pôsteres, aparelhagens espalhadas pelo chão. Na trilha sonora, rola Dis\rhythmia, um sonzinho experimental de Hal gravado em microcassette.
Em janeiro, durante seu aniversário de 60 anos, Hal pegou seus aparelhos de gravação de microcassette e e fez This is what 60 sounds like, que traz sons seus, de sua família, amigos e parceiros de trabalho – incluindo gente falando, mexendo em alguma coisa, trechos de filmes e até de Hal lendo livros em voz alta.
Boa parte do material originalmente gravado e lançado em microcassette já está disponível em streaming e em CD. Isso aí é Zip/Pocket, gravado em fitinha ao lado de um parceiro chamado Chris Pinney. Cada um gravou um lado e cada um usou um aparelho microcassette diferente (aqui você conhece o Museum Of Microcassette Art, de Hal, com tudo dele para streaming).
Quer mais? Então toma Microcassettor, uma compilação de 36 artistas experimentais, com todo o material gravado em fitinhas. Está disponível em formato digital e streaming. Não tem colaboração de Hal, mas está à venda pelo site dele e foi um projeto que inspirou o músico a investir em fitas pequenas.
Você possivelmente deve estar se perguntando: “Por que é que alguém resolve usar logo microcassettes para lançar e gravar discos?”. Bom, Hal postou em seu site um manifesto no qual defende as fitinhas. Olha um trecho aí:
“Por que eu escolhi lançar microcassettes? Muitas razões.
Vamos começar com algo básico.
Eu acho que os microcassettes es soam excelentes. Têm uma resposta limitada de freqüência, geralmente cerca de 400 Hz a 4000 Hz, que corresponde ao alcance da voz humana. O som parece muito humano, em minha opinião. É hipercompacto, e se você não preenche a fita com muitos sons ao mesmo tempo, pode ter uma clareza surpreendente. O som do microcassette é muito focado. É o que é, ali mesmo, está lá.
Além disso, eles são monofônicos – nada a ver com som estéreo! – quem precisa disso?
Outra coisa: o microcassette nunca foi realmente destinado a usos musicais. Além de um breve período no início da década de 1980, quando alguns fabricantes de microcassette tentaram comercializar gravadores estéreo e fita de metal, ele nunca foi muito usado para gravar música.
Tem sido, pela maior parte da sua existência, um objeto utilitário simples, diário, usado por profissionais como médicos, advogados, secretários e estudantes para gravar palestras e notas. E por outras pessoas como um tipo de caderno portátil”.
E esse aí é o primeiro disco que Hal lançou no formato, The man with the tape recorder, de 2007. Descubra! (e confira um papo com Hal aqui).
Artes
Frank Kozik, criador de capas de discos e pôsteres, morre aos 61

Frank Kozik, um dos mais criativos artistas gráficos e criadores de capas de discos dos últimos 30 anos, morreu no sábado, de causas não-reveladas, aos 61 anos, na Califórnia. Nascido na Espanha e radicado nos Estados Unidos, filho de norte-americano e espanhola, Kozik fez artes para bandas como Queens Of The Stone Age (o primeiro disco, de 1998, epônimo), Melvins (Houdini), Offspring (Americana), e ainda criou pôsteres de turnê para Nirvana, Sonic Youth, White Stripes, Butthole Surfers e outros grupos.
“Frank era um homem maior do que ele mesmo, um ícone em cada gênero em que trabalhou”, diz uma declaração compartilhada pela esposa de Kozik, Sharon. “Ele mudou drasticamente a indústria da qual fazia parte. Ele era uma força criativa da natureza. Estamos muito além de sortudos e honrados por fazer parte de sua jornada, e ele fará falta além do que as palavras poderiam expressar”. Ele costumava atribuir muito do seu trabalho artístico ao fato de ter “um senso de humor sombrio” e a ter crescido no meio do punk rock.
Kozik começou a fazer pôsteres enquanto morava em Austin, Texas, no início dos anos 1980 e chegou a trabalhar com publicidade antes das capas de discos, Também foi dono de uma gravadora, a Man’s Ruin Records, e foi diretor criativo da Kidrobot, a empresa de brinquedos artísticos de edição limitada. Dirigiu também um clipe do Soundgarden, Pretty noose.
Artes
E se a capa “da raquete” do disco Houses Of The Holy, do Led Zeppelin, tivesse sido feita?

Se você ouviu o episódio mais recente do nosso podcast, o Pop Fantasma Documento, sobre o Led Zeppelin no ano de 1972 (não ouviu? tá aqui), deve lembrar que em 1972, o grupo estava elaborando o disco Houses of the holy, que acabou sendo lançado só um ano depois. E que antes daquela capa com as crianças ficar pronta, Storm Thorgerson, da empresa Hipgnosis, havia sugerido a eles uma capa “com uma quadra de tênis verde e uma raquete” – que Jimmy Page odiou.
Aparentemente essa capa rejeitada (rejeitadíssima, Page ficou p… da vida com a sugestão e mandou o designer sumir da frente dele) nunca tinha sido desenhada. Pelo menos até agora. A Aline Haluch, que faz as artes do Pop Fantasma Documento e do Acervo Pop Fantasma, fez três versões da ideia original de Storm para Houses of the holy. Mais do que uma brincadeira com a história, fica aqui como homenagem a esse designer morto em 2013, e que revolucionou as capas de discos.
“A ideia foi fazer aquelas brincadeiras das capas do Pink Floyd, como a do cara cheio de lâmpadas no disco ao vivo A momentary lapse of reason (de 1988, feita pelo mesmo Storm Thorgerson). Quis brincar com as sobreposições das redes, mas são redes de aço, aquelas de cadeia. Um pouco como se fosse um condomínio, já que tênis é um jogo da elite, cercada de proteção”, conta. “Na segunda capa, a própria raquete é de grama. E na terceira, tem um céu, meio que para brincar com a paisagem da capa do disco Atom heart mother, também do Pink Floyd (1970, com capa também de Storm)“.
A que a gente mais gostou (a do céu), ganhou a faixinha branca com o nome do disco e da banda, que vinha envolvendo a capa do LP original. 🙂
Artes
Aquela vez em que Elifas Andreato começou a fazer capas de discos

“Em 2009, os jornalistas Marcos Lauro e Peu Araújo entrevistaram o artista plástico Elifas Andreato para uma matéria sobre capas de discos. A ideia era falar com capistas profissionais e amadores sobre as mudanças de formato que a internet impunha – do tamanho do vinil ao thumbnail da rede mundial. Players como Spotify já existiam, mas ainda não eram populares como hoje. A matéria nunca saiu, isso acontece. Mas um trecho do material guardado está aqui em homenagem a Elifas Andreato, que nos deixou no dia 29 de março aos 76 anos. Vida eterna ao artista e sua imensa obra”.
Em 2009, @peuaraujo__ e eu entrevistamos o artista plástico Elifas Andreato para uma matéria sobre capas de discos. A ideia era falar com capistas profissionais e amadores sobre as mudanças de formato que a internet impunha – do tamanho do vinil ao thumbail da rede mundial.
— Marcos Lauro (@marcoslauro) March 30, 2022
Logo depois que Elifas morreu, o radialista, jornalista e podcaster Marcos Lauro subiu no YouTube esse bate-papo dele e de Peu com o capista. A conversa é curtinha mas cheia de detalhes a respeito de como Elifas entrou no mundo das capas de discos – ele trabalhava na editora Abril Cultural em 1970 e acabou fazendo as capas da série História da Música Popular Brasileira, com discos vendidos em bancas de jornal. O trabalho gráfico foi considerado inovador para a época, “e a ideia era interpretar cada personagem de uma maneira”, conta. Foi a partir daí que Elifas conheceu vários artistas e se envolveu com o trabalho nas capas de discos. Partiu direto para a produção de uma capa de Paulinho da Viola – a do disco Foi um rio que passou em minha vida, em 1970, mas ainda apenas usando uma foto do cantor, sem desenhos.
Confira o bate-papo aí.
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