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Elza Soares: saiu clipe em animação de “No tempo da intolerância”

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Elza Soares: saiu clipe em animação de "No tempo da intolerância"

O clipe de No tempo da intolerância, faixa-título do disco póstumo de Elza Soares (do qual falamos aqui) tem imperfeições como qualquer trabalho feito no momento com Inteligência Artificial – há momentos em que tudo parece, evidentemente, artificial demais. Mas de todo modo é uma tecnologia que ainda precisa ser desenvolvida (o que vem com o tempo), e são imagens retrabalhadas minuciosamente, unindo a Elza dos anos 1970 à “mulher do fim do mundo” dos últimos tempos. Merece atenção, pelo cuidado. E também pela música, uma das melhores do disco de Elza.

“Esse trabalho é o meu mais profundo mergulho artístico. Sou muito fã da Elza e quando comecei a estudar animação, ano passado, fiz uma homenagem a ela misturando 2D e 3D e isso chegou no empresário Pedro Loureiro, que entrou em contato comigo”, conta em comunicado da gravadora Deck o diretor áudio-visual Daniel Tupinambá, que criou a ideia do clipe a partir da letra e em seguida, usando algumas  ferramentas de inteligência artificial, fez uma pesquisa minuciosa para chegar nas imagens e no resultado que queria.

Lançamentos

Radar: Sleaford Mods, Nick & June, Twen, Kittenhead, Springworks

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Na foto, os Sleaford Mods

Quase não deu tempo de fazer mais um Radar nessa semana. Arrumamos tempo e tá aqui uma seleção de cinco sons internacionais que entraram para a nossa playlist particular – na real, são músicas que já deixaram a gente animado para que Sleaford Mods, Twen e Nick & June soltem logo seus novos álbuns, já devidamente anunciados para bem breve. Kittenhead e Springworks surgem aqui com singles e promessas de outros lançamentos.

Texto: Ricardo Schott – Foto (Sleaford Mods): Nick Waplington/Divulgação

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SLEAFORD MODS feat GWENDOLINE CHRISTIE & BIG SPECIAL, “THE GOOD LIFE”. Tem disco da dupla formada por Andrew Fearn e Jason Williamson vindo aí: The demise of planet X chega às lojas (e às plataformas) em 16 de janeiro de 2026 via Rough Trade Records. Um disco mais do que distópico, feito sob o signo da pandemia, as guerras, genocídios, sequelas psicológicas da covid e outros assuntos, “enquanto as redes sociais se transformaram em uma forma grotesca e distorcida de engenharia digital”, diz o vocalista Jason. “Parece que estamos vivendo entre ruínas – uma abominação em múltiplas camadas gravada em nosso inconsciente coletivo”.

A tensa The good life fala sobre essa dualidade entre caos e vida tranquila, sendo que a banda Big Special e a atriz de Game of Thrones Gwendoline, convidados da faixa, atuam como uma espécie de coro grego da mente de Jason. “A música fala sobre criticar bandas e a alegria e miséria que isso me causa. Me pergunto por que continuo fazendo isso. Por que isso é algo recorrente em mim?”, pergunta o vocalista.

NICK & JUNE, “ANTHEM”. Essa dupla de Berlim, especializada em melodias e arranjos bem grandiloquentes, lança mais um single que adianta o álbum New year’s face, previsto para 5 de dezembro. Anthem é (já diz o próprio nome) um hino sobre como deixamos momentos importantes escaparem das mãos – uma música que lembra a melhor fase do Arcade Fire, ao mesmo tempo em que se alia ao pós-punk e ao cuidado melódico do rock britânico, com metais, efeitos, vocais trabalhados e clima levanta-plateias.

New year’s face, o disco que tá vindo aí, mostra um momento especial e delicado na vida de Nick & June: os dois são um ex-casal, mas continuam trabalhando juntos e realizaram o álbum pouco depois da separação. Uma lição de resiliência e de amor à música, digamos. A produção do disco é de Peter Katis (The National, Interpol, Sharon Van Etten, Stars).

TWEN, “TUMBLEWEEDS”. IA, por que choras? Esse grupo de Nashville, que prepara o disco Fate euphoric para o dia 5 de novembro, acaba de jogar no YouTube o clipe de seu novo single, o alegre e solar pós-punk Tumbleweeds. Nada de imagens artificiais ou coisas do tipo: a vocalista do grupo, Jane Fitzsimmons, dirigiu pessoalmente o vídeo e encarregou-se de que ele tivesse tanta energia rocker, que é quase impossível não criar várias expectativas em relação ao próximo disco.

No clipe, a banda toca num salão amplo, iluminado e espelhado, e de repente se vê cercada de fãs fazendo a coreografia da música junto com a carismática Jane. No final, os dançarinos têm seus nomes inseridos na ficha técnica do vídeo. Só diversão, nada de historinha ou conceitos complicados.

KITTENHEAD, “PURR (KISS KISS BANG BANG)”. Punk é punk mesmo: essa banda da Califórnia, formada por uma turma bem experiente está preparando um álbum e vem adiantando o disco com alguns singles. Purr, um dos mais recentes, é punk pop de festa, com diversão e sexo sem limites, tendo à frente a vocalista Kivi. O grupo já existe há uma década e a amizade entre os integrantes é mais antiga ainda: boa parte dos músicos do Kittenhead estudou junto no colégio e alguns deles já tocaram lado a lado em outras bandas. Som para ouvir e sair cantando.

SPRINGWORKS, “ULTRAVIOLET LULLABIES”. David Beaman e Ryan Rollinson são os únicos integrantes dessa dupla australiana, que tem um site muito bem detalhado (dá pra baixar tudo deles por lá e até comprar casacos e canecas do grupo – não testamos, é só um aviso). As informações sobre eles é que são bem raras: sabe-se que são dois músicos que se conheceram “dos lados opostos de um piano” e que a partir disso, decidiram formar uma dupla de composição – que vem durando até hoje. Ultraviolet lullabies está num single lançado em 16 de agosto, e o som é uma ótima mescla de chamber pop, glam rock e vibes pós-punk (nos comentários do YouTube, um fã achou referências de Joy Division no som).

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Ouvimos: Clara Lima – “As ruas sabem”

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Clara Lima entrega frases afiadas e boombap clássico em As ruas sabem, disco sobre corre, fé e vivência das ruas.

RESENHA: Clara Lima entrega frases afiadas e boombap clássico em As ruas sabem, disco sobre corre, fé e vivência das ruas.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 8,5
Gravadora: Independente
Lançamento: 4 de julho de 2025

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Rapper vinda de Belo Horizonte, Clara Lima é ótima de frases: “queria que toda essa neurose fosse grana na minha conta”, “meu bairro me ensinou que você não pode abraçar o errado”, “onde tava escrito que você podia sonhar?” “se alguma mãe vai chorar, não vai ser a minha nem fodendo”. O repertório de As ruas sabem, seu sétimo álbum, é pura luta do dia a dia e vivência das ruas. O batidão do disco, por sua vez, surge ligado à onda clássica do boombap, mesmo quando flerta com estilos como r&b e com vibes latinas, ou com batidas mais lentas.

Trilhado no corredor da batalha, As ruas sabem já abre com Bom dia, que traz a gravação de um telefonema de banco (“sou Daniela do banco x / queremos oferecer um acordo de parcelamento da sua dívida”) – seguindo com a batida lenta de Tabuleiro e com o vocal rápido e grave de PHD, faixa sobre procedimentos e cobranças da vida, e sobre maturidade (“nada passa batido, a cobrança vai chegar / adestrei os demônios e aguardo a poeira baixar”). Nível profissional traz lembranças de injustiças e desigualdades da vida, falando da sorte de quem já sai de casa no privilégio.

As ruas sabem vai crescendo no ouvido de modo bem diferente dos vários discos de rap atuais – por acaso, uma característica que Clara divide com outro rapper mineiro, FBC, em seu recente Assaltos & batidas. Letras como a do rap gospel Praticando a fé e ganham um ar de manual do corre, mais até do que de relatório sobre inimigos e vacilões do meio artístico. O mesmo rola nos planos infalíveis de Corda bamba, na visão atualizada da fama em Um brinde aos reais e nos perrengues da pixação de Tinta na mão: “Fuga na viatura / sem medo de altura (…) / letreiro do submundo / doença sem cura / dos gueto oriundo”, emendando com: “foda-se seu discurso barato / foda-se seu bolsonazi”.

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Crítica

Ouvimos: Deekapz – “Deekapz FM”

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Em Deekapz FM, a dupla Deekapz transforma o rádio em pista de dança e memória afetiva, misturando funk, pop, drum’n’bass e emoção.

RESENHA: Em Deekapz FM, a dupla Deekapz transforma o rádio em pista de dança e memória afetiva, misturando funk, pop, drum’n’bass e emoção.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 8,5
Gravadora: Independente
Lançamento: 6 de agosto de 2025.

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Projeto criado pela dupla Paulo Vitor e Matheus Henrique, produtores de música eletrônica, o Deekapz decidiu se transformar numa rádio em seu disco de estreia. Deekapz FM surgiu em nossos ouvidos bem na hora em que se noticia o fim da rede Transamérica. E o rádio, como memória afetiva do lançamento de músicas, e da descoberta de sons novos, recebe um baita golpe.

Paulo e Matheus não estão apenas lançando um disco, na real: estão prestando uma homenagem ao rádio e a toda a sua importância histórica – sem falar nas suas possibilidades, que nem de longe são cobertas pelas playlists e pelas plataformas de música. A faixa inicial, Dance, é uma dance music com narração e vinhetas, participação da Fat Family e anúncio da lista variada de convidados do álbum.

  • Ouvimos: Cyberkills – Dedo no cue

Fica claro que Deekapz FM não tem apenas música. Tem companhia e curadoria, seguindo inicialmente com o funk sacana de Maui em Vem comigo, com a drum n bossa de Criolo, DJ Marky e Makoto em Onde anda o meu amor – com referência à música homônima de Orlandivo – e com o som dançante e autotunado de Luccas Carlos em Eu te entendo. Deekapz FM é também uma soma de tendências musicais, que seguem atrás da outra, como num daqueles programas de “festa pronta” que tocam no rádio no fim de semana à noite.

Num conceito de “comandar o melhor do que faz o seu corpo balançar” (como diz uma das vinhetas do álbum), Deekapz FM segue com o pop romântico de Kaike em Detalha, o samba drum n bass solar e desconcertante de Riscos (apresentando a boa voz de Bibi Caetano), o clima indie pop de Gab Ferreira (em Manias disfuncionais), a musicalidade do Tuyo (na celestial Repara), as ótimas participações de Urias e da rapper mineira Clara Lima – a primeira, ao lado de Maffalda no club-pop Bafora, a segunda na ousada e sombria Nóis é o trem, seguida pelo batidão de Nego Bala em Ego.

Ouvindo Deekapz FM você pode até trocar as bolas e achar realmente que está ouvindo rádio – inclusive porque tem uma “hora dos comerciais” no disco. Faz parte da viagem.

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