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Respirar o ar da terra do Viagra deixa você com a barraca armada

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Respirar o ar da terra do Viagra deixa você com a barraca armada

O amor está no ar, já dizia aquela velha canção de John Paul Young. Bom, na cidade de Ringaskiddy, Irlanda, não é bem o amor que está no ar. Ou é, sei lá. Isso porque é lá que fica a sede da Pfizer, que fabrica o Viagra. O Irish Mirror informa que respirar o ar de lá provoca…. ereções instantâneas. Até nos cachorros.

“Uma respirada e você está de p… duro”, disse Debbie O’Grady, dono de um ferry boat da cidade, à publicação. A mãe dele, Sadie, diz que a fama da regição, secretamente, já dura anos. “É incrível como chegam pessoas curiosas por aqui e elas nunca vão embora”, conta. “Eles se estabelecem aqui. Como eles dizem, há algo no ar – não que precisemos disso, é claro. Mas para alguns amigos com problemas nesse departamento pode ser uma benção”. Outra moradora, Fiona Toomey, diz que até os cães andam pela cidade em, digamos, tensão sexual.

No Irish Mirror, a empresa nega tudo e diz que não passa de um mito. E aí, vai lá pra Irlanda conferir?

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Urgente!: Melvin & Inoxidáveis tocam, Rockarioca convida, Patti Smith manda recado aos fãs

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Urgente!: Melvin & Inoxidáveis tocam, Rockarioca convida, Patti Smith manda recado

Tem seção nova no Pop Fantasma. Urgente! tá mais próxima do conceito de uma newsletter, e é mais ou menos isso. Toda semana, quase sempre na quarta de madrugada, a gente vai dar uma repassada em algumas notícias, fazer alguns comentários, soltar umas dicas e dar uma relembradas em coisas interessantes que aconteceram recentemente no universo da música. O formato é bem livre e os textos são mais ou menos curtos, com direito a atualizações se alguma coisa mudar. E hoje tem até entrevista (além de um recado imperdível no final) …

Para quem respirava música no Rio de Janeiro nos anos 1990 e 2000, o Espaço Cultural Municipal Sergio Porto era um templo. Pequeno, discreto, encravado no Humaitá (Zona Sul carioca), mas com ares de Maracanã quando o assunto era relevância. Bandas subiam ao palco, o público se acotovelava, e a sensação era sempre a mesma: ali acontecia algo especial.

“Sempre foi dos palcos mais nobres do Rio desde que me entendo por gente. A primeira vez que fui, foi com o pessoal do colégio ainda porque o irmão de um amigo tocava no Boato (banda carioca dos anos 1980/1990). Sempre tive um desejo enorme de tocar lá e toquei pouquíssimo. Vi Video Hits (banda gaúcha) num festival Humaitá pra Peixe, vi a melhor dupla da história, Cabeça e Funk Fuckers, vi Barneys e Poindexter. Magia pura”, lembra o cantor e guitarrista carioca Melvin, que nesta quinta-feira (13), às 19h, volta com sua banda Os Inoxidáveis ao Sergio Porto (Rua Visconde de Silva, ao lado do n° 292, Humaitá, Rio – R$ 40, com meia-entrada para estudantes, idosos e PCD) para apresentar o repertório do álbum de estreia da banda, Copacético.

O nome Sergio Porto anda um tanto sumido das conversas sobre a cena musical carioca – mesmo que o espaço continue ativo e abrigue shows bacanas (como o de Katia Jorgensen, que recentemente apresentou ali as canções do álbum Canções para odiar). Mas basta um mergulho nos arquivos dos grandes jornais para encontrar uma constelação de artistas que estrearam no palco do Humaitá. O lendário festival Humaitá Pra Peixe – citado por Melvin aí em cima – foi, para muitos, a porta de entrada na cena musical carioca. Para Melvin, foi mais do que isso: foi no Sergio Porto que ele fez seu milésimo show – sim, milésimo –, uma marca que virou até livro de memórias.

METAL OXIDÁVEL. Os Inoxidáveis voltam agora ao Sergio Porto, trazendo na bagagem um time de peso. Os integrantes Melvin (voz, guitarra), Fred Castro (bateria, ex-Raimundos), Marcelo de Sá (baixo) e Guga Bruno (guitarra) recebem convidados de luxo: Kassin, Badke, Marcelo Callado e Homobono – que retorna ao palco depois de um tempo imobilizado por conta de uma queda na rua. E tem mais: Os Oxidáveis, o naipe de metais da banda, entra em cena com  Gabriel Bubu (trompete, responsável pelos arranjos do disco), Felipe Magni (trompete), Lincoln (sax) e Pedro Paulo (trombone).

“Uma das coisas que sempre quis experimentar e acabei levando pro disco foi o lance de algumas músicas com naipe de metais. Inclusive tem uma instrumental, Tarmac, que é dos meus grandes orgulhos do disco, que só rola quando os metais vão”, conta Melvin.

REPERTÓRIO. A montagem do setlist foi um desafio. Melvin, na empolgação, queria colocar tudo e mais um pouco no show. “Uma vontade de fazer três shows caberem em um só”, confessa. Foi ajudado a tempo pelo experiente Fred Castro.

“Ele foi totalmente sábio e falou ‘cara, é o disco, o disco é ótimo, vamos lá defender isso, mostrar ele pras pessoas, não enche de referências e perde essa chance’”, diz Melvin, que garante: dez das onze faixas do disco estarão no setlist. “Tem umas coisas que podem acontecer na hora, desviar totalmente do roteiro, mas não tô nem pensando nisso. Estamos com o set sólido, ensaiadão, mas pelo que soube todas as participações estão levando uma ideia na manga pra passagem de som”.

MAIS ROCK NO RIO. Quinta-feira agitada na cidade. Além de Melvin, tem mais som no La Esquina, na Lapa. Das 19h30 às 23h, o evento Rockarioca Convida faz sua primeira edição de 2025, trazendo o pop-rock alternativo da Natasha Hoffman e o punk-pop do Melton Sello (sim, o nome da banda é exatamente esse aí). “Às 23h termina o evento e começa a festa de pop/reggaeton/funk do La Esquina – estão todos convidados pra esticar”, avisa a incansável turma do Rockarioca, que não descansou durante os últimos dois anos, nem pretende.

Tem mais: niteroiense radicado em São Paulo, o escritor e jornalista Pedro de Luna dá um pulinho no Rio nesta quinta para uma sessão especial de venda e autógrafos de quatro de seus livros na Audio Rebel, em Botafogo. As obras? São as biografias Eu sou assim – eu sou Speed, Planet Hemp – Mantenha o respeito, Mundo Livre S/A 40 – Do punk ao mangue e Brodagens – Gilber T e as histórias do rap e do rock carioca. “Ficarei na Audio Rebel das 17h às 22h e a entrada é franca”, avisa por zap.

POR AÍ. A banda catarinense Exclusive Os Cabides já começou a pegar a estrada para divulgar o álbum Coisas estranhas. Após um primeiro show em Florianópolis no dia 7, vão dar um tempinho e recomeçam em março, passando por Brusque (SC) no dia 8, e Cricíuma (SC), no dia 14. No primeiro fim de semana de abril, a agenda inclui dois shows no Rio (um deles no Circo Voador, ao lado de Boogarins), com direito a um pulo em Juiz de Fora (MG). Mais detalhes no insta do grupo.

RAINHA PUNK. Você já deve saber que Patti Smith anunciou uma turnê para comemorar os 50 anos de Horses, seu álbum de estreia. A tour começa em 6 de outubro, em Dublin. Mas, antes do anúncio oficial, Patti enviou na segunda-feira um vídeo exclusivo para uma turma especial: os assinantes de sua newsletter (que você conhece aqui).

“Não sei nem como explicar, mas houve um efeito dominó de coisas que minaram minha saúde. Nada de ameaçador, mas precisei descansar e me recuperar. Tudo começou com intoxicação alimentar, enxaquecas, bronquite e algumas tonturas que me fizeram ter uma queda. Mas estou bem”, disse, enfatizando: “Podem acreditar em mim”.

O vídeo foi uma forma de explicar seu sumiço para os fãs, já que Patti costuma ser bem ativa na internet. Mas ela também aproveitou para dar boas notícias: acabou de finalizar um novo livro (“meu editor está feliz, estamos cuidando de coisas como a capa, agora”) e prometeu um ano cheio de novidades para celebrar o cinquentenário de Horses, antes do anúncio da tour.

E deixou um recado essencial.

“Estamos numa época difícil, politicamente”, disse. “Talvez a época mais difícil que já vi na minha vida inteira. Mas não vou falar um monte de coisas sobre isso. Vou só dizer uma coisa, que acho que é a mais importante em tempos como esses: nós, que temos mentes semelhantes, devemos estar unidos. Temos nossa bússola moral, sabemos o que é certo. Podemos nos sentir derrotados em uma série de coisas. Mas enquanto não nos sentirmos internamente derrotados, enquanto estivermos unidos e lembrarmos quem somos e o que defendemos, superaremos isso”.

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Radar: Lucy Dacus, Horsegirl, Suzanne Vega e mais 5 sons lá de fora

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Radar: Lucy Dacus, Horsegirl, Suzanne Vega e mais 5 sons

Tem duas guinadas sonoras inesperadas no Radar internacional de hoje: uma voz folk que aderiu ao punk, e um metaleiro que se voltou para o rock sulista dos anos 1970. Vale citar, por acaso, que a variedade é uma meta que tem sido defendida por muita gente nos dias de hoje: em vez de se fechar num só nicho, o lance é criar coisas novas, ousar bastante e fazer o que você nunca fez na vida – e sempre quis fazer. E tá aí o nosso passeio semanal pelos sons internacionais que têm rolado por aqui…

(na foto, Lucy Dacus)

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LUCY DACUS, “BEST GUESS”. Indie pop agridoce, uma aura de mistério e um clipe que parece saído direto de um intervalo comercial dos anos 1990—essa é a receita de Best guess, a nova amostra do próximo disco de Lucy Dacus, Forever is a feeling, que chega em 28 de março. No vídeo, que evoca os inesquecíveis anúncios da Calvin Klein daquela década, brotam rostos conhecidos como Naomi McPherson (da banda MUNA), Cara Delevingne e Towa Bird. Mas não só: algumas aparições vieram direto de uma chamada de elenco feita por Lucy no TikTok. É a estética vintage dialogando com a era digital — e funcionando muito bem.

HORSEGIRL, “FRONTRUNNER”. Folk setentista e indie rock dos tempos atuais se encontram no novo single do Horsegirl, Frontrunner. A faixa antecipa Phonetics on and on, novo álbum do trio de Chicago, que chega na sexta (14). Guitarra, violão e uma percussão delicada embalam a melodia romântica, cantada como se fosse uma serenata à beira da fogueira. O clipe, por sua vez, é puro dia-a-dia: compras de supermercado, cafés preguiçosos e passeios de carro transformam-se em cenas de um filme caseiro.

COMMUNIONS, “NOT A PHASE”. O Communions chegou discreto com seu novo single, Not a phase, mas vale prestar atenção: piano, violão e um toque de cordas trazem uma pegada melódica ao pós-punk da banda dinamarquesa. Desde Pure fabrication (disco anterior, 2021), o grupo passou por mudanças—dois integrantes saíram, novos músicos entraram, e o som parece buscar um novo equilíbrio entre intensidade e melancolia. Ainda sem data definida, o terceiro álbum está a caminho.

BOB MOULD, “NEANDERTHAL”. Bob Mould não brinca em serviço. No single Neanderthal, ele entrega uma pancada punk de dois minutos e treze segundos, direta ao ponto e carregada de tensão. “Imaginei uma criança crescendo em um ambiente instável, exposta a um comportamento errático e agressivo, sempre em estado de luta ou fuga”, contou Bob, que já revisitou temas semelhantes em sua autobiografia See a little light: The trail of rage and melody. O disco novo, Here we go crazy, foi produzido pelo próprio Mould no mítico Electrical Audio, do saudoso produtor Steve Albini, e chega em 7 de março.

HIFI SEAN & DAVID MCALMONT, “HIGH WITH YOU”. Essa dupla de música eletrônica é formada por duas figurinhas experientes: Hifi é Sean Dickson, vocalista e guitarrista dos Soup Dragons e David é cantor de soul, ex-integrante da dupla londrina Thieves. Os dois soltam seu terceiro álbum, Twilight, nesta sexta (14). E o que vem aí parece ser um disco bem mais psicodélico que o anterior, Daylight (2024), a julgar pelo clima fluido de Sorry I made you cry, pela vibe interestelar de Star e pelo tecnosoul herdado de Marvin Gaye de High with you, o single mais recente a anunciar o disco.

THE HAUSPLANTS, “NORMALCY”. De onde vem esse som? O trio canadense The Hausplants pega emprestado ecos de Velvet Underground, The Sundays, The Smiths e chamber pop, misturando tudo com ritmos ciganos e hispânicos em Into equilibrium, um EP que parece um pequeno universo próprio. Mas o que realmente impressiona é a voz de Zel, cantora do grupo: o timbre lembra, e muito, Mariska Veres, a enigmática vocalista do Shocking Blue (aquela banda do hit psicodélico Love buzz, regravado até pelo Nirvana).

MARK MORTON feat CODY JINKS, “BROTHER”. Quem acompanha o Lamb Of God, banda de heavy metal na qual Mark é guitarrista solo, e der o play no novo single do rapaz, vai se surpreender (ou estranhar, se for muito radical na devoção ao som pesado). Em Brother, Mark Morton mergulha fundo no blues e no country rock, evocando os ares carregados e intensos do sul dos EUA nos anos 1970. “Essa é uma música extremamente pessoal, que fala diretamente sobre separação e afastamento familiar”, conta Mark, que traz também na faixa a voz do cantor country Cody Jinks. O álbum Without the pain chega em 11 de abril e ainda reserva uma surpresa: uma releitura de The needle and the spoon, do Lynyrd Skynyrd.

SUZANNE VEGA, “RATS”. Se alguém dissesse que essa música é de uma banda indie obcecada por Cramps, B-52’s e Blondie, acredite: ninguém duvidaria. O que poucos imaginariam é que Rats vem justamente dela, Suzanne Vega, a voz por trás de Luka e de algumas das canções mais delicadas e introspectivas dos anos 1980. Lançado em setembro do ano passado, o single anuncia seu primeiro álbum desde 2016. Suzanne diz que o álbum novo é variadíssimo: tem folk, soul inspirado na Motown, ecos da Califórnia setentista e, como se ouve aqui, uma pegada ramônica filtrada pelo pós-punk do Fontaines D.C. Um novo capítulo para uma artista que nunca se repete.

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Radar: Hyldon, Rael, Josyara e mais 5 sons nacionais

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Radar: Hyldon, Rael, Josyara e mais cinco sons nacionais

O Radar nacional de hoje chega com uma ocupação preta de peso: de um lado, um mestre do soul lança single novo; do outro, seu parceiro de longa data é celebrado em uma homenagem musical, feita por três feras ligadas ao estilo. Ainda: climas inspirados no dub surgem em uma faixa recente de rock, enquanto outra faixa mergulha numa fusão envolvente de jazz, blues e rock, e a conexão entre nordestinidade e negritude aparece em uma releitura marcante. Novidades do indie rock e da MPB recifense fecham a seleção. Aperte o play e embarque nessa viagem sonora.

(na foto: Hyldon)

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HYLDON, “FAVELA DO RIO DE JANEIRO”. 2025 vai ser um ano excelente para um dos artífices do soul nacional: são 50 anos do álbum Na rua, na chuva, na fazenda, obra-prima do cantor, e no dia 4 de abril vai rolar o lançamento do álbum comemorativo HyldonJID023, gravado ao lado do produtor Adrian Younge, co-criador da gravadora/projeto musical Jazz Is Dead (daí vem o JID do título do álbum). Como a produção de algumas faixas vem sendo feita há um tempinho, ainda foi possível contar com a participação do baterista do Azymuth, Ivan Conti (mais conhecido como Mamão, morto em 2023), na gravação do clipe de Favela…, que acaba de chegar ao YouTube. “Não há lugar como o Rio, e os bailes da favela são os melhores!”, diz Hyldon, definindo a vibe da faixa.

RAEL, feat MANO BROWN E DOM FILÓ, “A ONDA”. “A dança, o samba improvisado no boteco, a pelada no campinho de terra, os versos de rap cuspidos no improviso ou se arrumar pra ir pro baile black, tudo isso é mais do que lazer. É um ato de resistência, uma arte, um jeito de dizer: ‘Ainda estamos aqui, vivos, rindo, sonhando’”, explicando o som que vai rolar em A onda — uma homenagem a ninguém menos que Cassiano (1943-2021), outro mestre do soul nacional, assim como o já citado Hyldon. A faixa faz referência direta a Onda, clássico que virou ouro nas mãos de DJs, e reforça os alicerces do groove na letra, reafirmando o legado de Cassiano e outros mestres.

JOSYARA feat. PITTY, “ENSACADO”. Quando o LP 20 palavras ao redor do sol chegou às prateleiras em 1979, trouxe com ele o brilho inquieto da paraibana Cátia de França—era um disco que misturava poesia, Brasil profundo e um violão ágil, que mais parecia vento cortando o sertão. Agora, Ensacado, uma das joias desse álbum, ganha nova vida pelas mãos de Josyara e Pitty. A versão, que vem com o violão e o arranjo de Josyara, passeia entre o folk e o rock, e traz a união de duas vozes que, cada uma a seu estilo, carregam força e identidade. Avia, terceiro disco solo de Josyara, chega em abril.

NAIMACULADA, “CHORO DE OUTONO”. MPB, jazz, psicodelia e rock progressivo, entre outros estilos, fazem a cabeça desse grupo paulistano. O Naimaculada lança A cor mais próxima do cinza no dia 28 de março, e o single novo, Choro de outono, é uma amostra de como essa alquimia sonora funciona. A faixa começa com um toque de choro-jazz e depois mergulha num encontro visceral entre rock pesado e blues-MPB na cola de Luiz Melodia. Destaque para o sax jazzístico de Gabriel Gadelha e para os vocais intensos de Ricardo Paes. A banda ainda conta com Luiz Viegas (baixo e voz), Samuel Xavier (guitarra) e Pietro Benedam (bateria) —sim, o filho de João Gordo (Ratos de Porão), trazendo peso e pegada para a mistura.

FLAIRA FERRO feat LENINE, “AFETO RADICAL”. O rock carnavalista e recifense de Afeto radical é “um anseio para transmutar violências e fazer arte”, como afirma Flaira, que prepara novo álbum autoral para o primeiro semestre deste ano. O clipe, filmado no Centro do Recife, captura um Carnaval pessoal e urbano, colorido e vibrante, em meio à selva de lojas abertas, gente passando, muros pixados e prédios antigos. Lenine, uma das maiores inspirações de Flaira, surge na música, dando sua assinatura única à faixa e, com isso, reforçando o peso de uma tradição que se reinventa e se renova. E, ah: prepare-se para decorar o refrão.

MARCELO LOBATO, “O CORTE”. “Fiz essa música durante a pandemia, um momento de introspecção e questionamentos. Acho que é muito oportuno lançá-la agora, em um mundo tão individualista e desumanizado”, diz Marcelo, ex-integrante do O Rappa, que recentemente retornou com sua banda Afrika Gumbe (você leu no Radar nacional da semana passada), e aproveita para retomar sua carreira solo. O corte é um rock com alma dub, cuja letra revela como o silêncio costuma se instalar nos espaços marcados pela dor, pela dúvida e pela solidão. Mais um lançamento do selo de Lobato, Lobo Records.

GABRIEL VENTURA, “FOGOS”. Há clipes que são pura fotografia. Fogos, de Gabriel Ventura, é um deles: cada cena parece uma capa de disco, dessas que a gente vê, guarda e nunca esquece. Dirigido por Isadora Boschiroli e filmado numa casa em Petrópolis, o vídeo captura o que passa despercebido na pressa do dia a dia — roupa no varal, a arquitetura de uma churrasqueira de quintal, uma estante cheia de livros, LPs num canto (com um Gonzaguinha antigo chamando atenção), gotas d’água escorrendo pelas folhas. A música segue esse clima: uma canção emepebística, intensa e indie, que anuncia Pra me lembrar de insistir, novo álbum solo de Ventura, chegando em abril pela Balaclava Records.

ANTIPRISMA, “QUE SEJA”. O terceiro álbum do Antiprisma, Coisas de verdade, já saiu tem um tempinho e ganhou até uma resenha do Pop Fantasma. Que seja, uma das faixas do disco, traz uma curiosa fusão country – pós punk, com guitarras sonhadoras e paredes de som. A letra, bastante contemplativa, soa como escutar um casal narrando questões do dia a dia, mas em forma de música. E quem curtiu a faixa vai adorar o clipe, que traz a banda em clima de live session, mostrando um pouco de seu processo criativo. E vale lembrar que Coisas de verdade vai sair em vinil ainda no primeiro trimestre, em lançamento da Orangeira/Midsummer Madness.

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