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Vertigem Tropical: tom reflexivo e diversidade musical em novo EP

A lista de influências do grupo paulistano Vertigem Tropical é bem extensa e variada: Alceu Valença, Boogarins, Queens Of The Stone Age, Mutantes, stoner rock, MPB dos anos 1970, etc. Todas as reticências, EP novo de Caique Lorente (baixo), Lucas De León (guitarra), Lucas Troiano (bateria) e Vini Cabra (voz e guitarra), une tudo isso em cinco faixas, O prisioneiro das palavras, Despertar, Arapuca, Frio nos pés e Morena.
Essa última música, por sinal, já ganhou clipe (veja abaixo) e é ligeiramente inspirada em Morena de Tom Zé. Assim como o fantasma da trilha da série Stranger things, segundo Vini, paira sobre Frio nos pés. “Por fim, acabou sendo a música que mais lembra o álbum AM dos Arctic Monkeys. Apesar do tom misterioso, acho alguns trechos da letra engraçados, como ‘seu ventilador nunca me responde bem e fica tão distante'”, conta ele.
A diversidade sonora vem de infância, segundo Vini, que montou o projeto com Lucas. “Eu e ele fomos criados por pais que escutam de tudo da música popular brasileira e acho que foi daí que surgiu a vontade de compor nossas próprias músicas: a influência da família”, conta. Lucas e Caique vieram depois e foi nessa época em que, pela identificação que todos tinham uns com os outros, todo mundo pensou em trabalhar a sério no grupo. “Apesar de termos lançado o projeto em 2020, acho que essa formação foi em 2013 e desde lá estamos trilhando um caminho para lançar um material profissional”, conta.
O lance de misturar, por exemplo, baião e sons ligados a bandas como Arctic Monkeys, como acontece na faixa O prisioneiro das palavras, pode acontecer tanto na composição quanto nos arranjos, posteriormente. “Ela foi uma das últimas canções compostas do EP e nessa altura já era de nosso interesse fixar ritmos brasileiros nas músicas. Tem faixas que foram compostas há quatro anos”, conta Vini. “No caso dela, tivemos essa intenção desde a composição, mas ela foi uma exceção. A ideia de pluralidade nas outras faixas foi arquitetada depois – nos arranjos. Eu acredito que as próximas músicas já serão compostas partindo deste princípio de mistura”.
As letras são cheias de temas introspectivos. De qualquer jeito, o material do disco surgiu antes da pandemia, já que o EP está gravado desde o meio de 2019. A demora, contam, veio por causa de um longo período de reflexão sobre as músicas e sobre os objetivos de cada um. Também foi a primeira vez em que o grupo se envolveu em todo o processo de produção de um disco.
“Lembro que nas férias do início de 2019 ficamos duas semanas juntos decidindo as características de arranjo pra cada faixa”, diz Vini. “Mas acho que o fato delas terem uma reflexão mais introspectiva abriu portas para essa identificação com o momento que estamos vivendo de isolamento. Eu escrevi as letras com intenção de desenvolver as sensações íntimas sobre os temas”, completa o músico, que na faixa O prisioneiro das palavras falou sobre sua luta pessoal contra o transtorno obsessivo-compulsivo.
Escrever sobre isso, diz ele, serviu de terapia. “Na verdade, eu escrevi a letra como um desafio ao meu tratamento com o transtorno. Tanto que, assim que a terminei, mostrei ao meu terapeuta Foi a única vez que isso rolou. Pra mim, era sempre difícil falar/escrever sobre isso abertamente. Foi só quando comecei o tratamento que consegui colocar isso ‘pra fora'”, afirma.
Qual a turma do Vertigem Tropical e com quem eles se identificam na música? “A gente gosta de muita coisa nova, como O Terno, Carne Doce, Rosa Neon, Terno Rei e tal. Mas acho que nosso som tá bem próximo das bandas Jambu e Maglore, não sei”, diz Vini. “A banda se formou ouvindo muito indie rock, né? E acaba sendo até uma justificativa na formação dos nossos instrumentos musicais. Amamos o rock brasileiro feito nos anos 1960/1970: Mutantes, Secos & Molhados, Novos Baianos, Belchior, Luis Melodia, e o rap estadunidense e brasileiro”. Tem samba indie-rock por aí: a banda gravou um cover de Martinho da Vila (veja no vídeo abaixo). “E nosso baixista, Caique Lorente, produziu uma batida eletrônica que nos deu muita vontade de compor algo por aí também”, diz.
Sem poder lançar o EP com shows, a banda vem se cuidando e esperando. “Está sendo muito difícil porque além do trabalho na banda, somos muito amigos. Então, sentimos falta em dobro. A gente estava fazendo muitos shows em outro projeto que temos, focado em covers. E, cara, foi um baque perder essa rotina. Além dos shows ajudarem financeiramente, cuidava muito da nossa saúde mental. Estar no palco é a melhor coisa”, conta. O grupo aprendeu a gravar à distância e resolveu muita coisa por chamada de vídeo. “Sinceramente, mesmo que não seja a mesma coisa, dá pra produzir muito conteúdo sem se deslocar para reuniões ou ensaios presenciais. Fazer música a distância e em grupo exige muita disciplina porque você tem que ser muito claro na ideia que vai defender ou sugerir para os seus amigos”.
Foto: Stefanie Sousa/Divulgação
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Lançamentos
Radar: Softcult, Sleepazoid, The Coral, European Rich Kids, Cut Flowers, Sombra

Numa semana cheia de absurdos políticos e discursos equivocados (sobre política, sobre feminismo, etc), nada mais apropriado do que abrir o penúltimo Radar da sequência com um manifesto – o duo canadense Softcult explica com todas as letras como vê o machismo e a pressão que as mulheres recebem da sociedade. Além deles, sons novos de bandas como Sleepazoid, Cut Flowers e The Coral surgem na seleção internacional de hoje.
Texto: Ricardo Schott – Foto (Softcult): Kaylene Widdoes / Divulgação
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SOFTCULT, “QUEEN OF NOTHING”. “Essa música fala sobre os padrões duplos, os julgamentos severos e as expectativas irreais que a sociedade patriarcal impõe às mulheres. Esperam que sejamos sensuais, mas apenas de acordo com a fantasia masculina. De alguma forma, uma virgem e uma vadia. Esperam que cuidemos constantemente dos homens em nossas vidas e somos envergonhadas se nossas aspirações forem além de nos tornarmos esposas e mães. O mundo exige maturidade de nós, mas nos descarta quando envelhecemos e nos tornamos ‘indesejáveis’, nosso valor reduzido à nossa capacidade de atrair homens”, diz o duo canadense Softcult sobre seu novo single, Queen of nothing. A dupla, que faz um shoegaze mais doce e sonhador, está revelando aos poucos as faixas do próximo disco, When a flower doesn’t grow, previsto para sair dia 30 de janeiro pela Easy Life Records.
“Não importa a quantidade de ódio ou ignorância que suportemos, ainda esperam que sorriamos. Esta música fala sobre a constatação de que esses ciclos de abuso são maiores do que nossas experiências pessoais. É o reconhecimento da natureza sistêmica do tratamento abusivo e da discriminação”, continua o duo. Tem muita gente por aí precisando ouvir essa música…
SLEEPAZOID, “NEW AGE”. Nette France (vocal e guitarra), Josef Pabis (baixo), George Inglis (guitarra), Jim Duong (guitarra e backing vocal) e Luca Soprano (bateria) vêm de Melbourne, Austrália, e fazem algo entre stoner e shoegaze, com peso, intensidade e distorção, além de uma rapidez típica do punk – que governa boa parte do seu novo single, New age.
Trata-se de uma música sobre escolher o próprio caminho, sem arrependimentos e sem culpa. “As pequenas coisas juntas que fazem você se sentir diferente / não tenho medo de saber o que gosto, me vestir como gosto, chorar quando choro / não tenho medo de ser quem sou / um presente para mim mesma agora que posso (…) / algum outro dia eu mostrarei a mim mesmo que escolhi o caminho certo / eu realmente te amei, eu sei que você sabe disso / mas o que cortamos, não podemos reconstruir”, canta Nette.
THE CORAL, “SHE DIED ON CHRISTMAS DAY”. Essa banda britânica caminha entre a psicodelia e a noção de música como espetáculo – os shows são belos, os discos têm uma soma enorme de influências, e o número de fãs só aumenta. Dessa vez, o The Coral retorna com um single duplo de Natal, aberto pela spoken word Christmas on Coral Island, narrada por Ian Murray – o avô dos integrantes James e Ian Skelly, morto no início de 2025, o que torna a faixa a última aparição dele na obra do grupo. Ian narrou os álbuns Coral island, de 2022, e Holy Joe’s Coral Island Medicine Show, de 2023, e este single serve como continuação da história.
She died, nem precisa dizer, une os sinos de Natal a histórias macabras – e a canção é uma espécie de música sombria de festa. “Adoramos o rock and roll dos anos 1950 e início dos 1960, especialmente o britânico. Para nós, é o som do lugar onde crescemos: New Brighton e a feira, os cais abandonados, a emoção e o perigo das cidades em ruínas. Se houver uma oportunidade para explorarmos esse nosso lado, estamos sempre dispostos a isso”, explica o multinstrumentista Nick Power, integrante da banda.
EUROPEAN RICH KIDS, “DAME LUZ”. “Entre Buenos Aires e Berlim, o European Rich Kids transforma o cansaço em um cântico”, conta essa banda dividida entre dois lugares diferentes e distantes, e formada por Lex Landergott, Andreas Spechtl e Michelle Bernstein. Dame luz, som eletrônico, distorcido, hipnótico e intermitente – entre saturações, teclados e beats – inclui versos em espanhol e inglês e é definido pelo grupo como “uma canção sobre a necessidade de algo mais — de cor, de clareza, de significado — em um mundo cinzento. Um hino suave para sobreviver à fadiga contemporânea, um apelo por luz em meio ao ruído”. O clipe da faixa é bastante despojado, seguindo a linha atual de conteúdo lo-fi, que pode ser assistido em stories.
CUT FLOWERS, “UNTIL IT’S TIME”. “É uma música sobre se arrepender de não estar presente para as pessoas que você ama quando elas precisam de você. E também sobre tentar se redimir antes de morrer — dizendo que desta vez estarei lá por você e ficarei até a minha hora de partir”, conta o vocalista da banda canadense Cut Flowers, Kevan Byrne, sobre o novo single do grupo, Until it’s time. Uma canção plena de melancolia, herdada tanto do power pop quanto do folk britânico, mas com evocações do soul, já que foi composta usando um truque utilizado bastante pelo guitarrista de soul e funk Curtis Mayfield.
“Li sobre algo chamado afinação ‘black key’, que Curtis Mayfield usava em muitas de suas músicas. Afinei meu violão dessa forma e imediatamente percebi que não fazia ideia de como Curtis conseguia criar acordes e harmonias para músicas como Move on up. Mas era ótima para sons cristalinos e graves na tonalidade de sol”, conta ele. O resultado é beleza pura.
SOMBRA, “NINGEN”. Esse projeto musical também se divide entre dois países – Canadá e Japão – e faz música eletrônica distorcida e metálica, emanando sons de Nine Inch Nails e Depeche Mode, com elementos de trip hop, house e techno. “Fazemos um som que se move entre o pesado e o atmosférico”, diz Sombra, o criador do projeto, que também valoriza shows e som intenso e dançante ao vivo (com direito a projeções e vibes psicodélicas no cenário), afastando qualquer pecha de projeto de estúdio. Ningen é um dos singles que estão sendo planejados por Sombra para o fim de 2025. Um EP novo vai sair, mas ainda está distante – deve chegar às plataformas só no fim de 2026.
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Lançamentos
Radar: Josyara e Martins, Synx, Clariá, Serafim, Elisa Maia, Rhamayana

Dessa vez o Radar nacional está voltado para sons bem brasileiros – a MPB pop e violeira de Josyara e Martins (que lembra Geraldo Azevedo), a ciranda de Clariá, a música alagoana de Serafim… Mas tem espaço para o rock ruidoso (feito em Goiás) do Synx, e para a união de rock, pop e MPB da amazonense Elisa Maia. Ouça em alto volume e passe adiante!
Texto: Ricardo Schott – Foto (Josyara e Martins): José de Holanda / Divulgação
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JOSYARA E MARTINS, “FLANANDO”. Primeiro lançamento de Josyara após o álbum Avia (resenhado pela gente aqui), o EP Deu match foi gravado ao lado do cantor e compositor Martins. Os dois se conheceram nos bastidores do festival RecBeat em 2023 e, por causa disso, surgiu um convite do próprio festival para estarem juntos na edição de Salvador. A amizade rendeu um show em dupla, intitulado também Deu match, que gerou uma turnê – e agora gerou um EP.
“A ideia era uma apresentação acústica, com nós dois no palco, cantando músicas autorais e algumas de nossas referências”, comentou Martins. Flanando, parceria de Martins e Josias, é a mais ouvida do trio de faixas do EP, que tem ainda Deu match, de Martins, e uma releitura de Sabor colorido, de Geraldo Azevedo. Mas Flanando é um bom exemplo de pop suingado e violeiro, feito do ponto de vista de alguém que ocupa o lugar de passatempo numa relação – e soa quase como um Geraldo Azevedo (olha ele aí de novo!), só que numa onda r&b e acústica.
SYNX, “CALMARIA”. Desaguar, novo EP dessa banda goiana, sai em breve. Calmaria, canção de vocais perdidos e guitarras com eco, soando entre o grunge e o shoegaze, sai agora como single e adianta o EP que vem por aí. Uma música que passou por várias transformações desde sua concepção inicial, já que havia vozes com efeitos, acordes abertos no violão, e tudo foi ganhando mais peso – a versão definitiva tem ate um baixo distorcido que marca a canção do começo ao fim. Renata Servato (voz, sintetizador e guitarra), Pedro Mendes (guitarra), Matheus Campos (baixo e voz) e Lucas Radí (bateria) costumam ser elogiados pelo som etéreo e quase hipnótico – e dessa vez não foi diferente. Lançamento da Monstro Discos.
CLARIÁ, “MARESIA”. No sábado (13), sai a primeira parte do álbum da cantora carioca – o mini-álbum Uma parte de mim, com três faixas. Astral e 21 já apareceram no Radar, e é a vez de Maresia, quase uma ciranda romântica, levada adiante por metais, violão e guitarra, com referências de Marisa Monte, Gal Costa, Clara Nunes e Djavan. Cada faixa do EP ganhou uma carta, como as de tarô, feitas pela pela artista plástica Lalin Witch. Lançamento da Caravela Records.
SERAFIM, “BEIJOS DE CAPOTE”. Cantor e compositor alagoano, Serafim prepara para 2026 o álbum Aqui pra nós. O folk nordestino Beijos de capote foi feito ao lado de Paulo Caldas, poeta e pintor também de Alagoas, e a ideia foi fazer um som bem minimalista, apenas com voz, violão e sanfona (esta, tocada pelo músico Alisson do Acordeom). Ao fazer a melodia, Serafim respeitou as métricas originais criadas por Paulo – um trabalho bem cuidadoso, já que se trata de uma poesia que lança mão de palavras pouco usuais (cachaço, salobríneo, emboscado) e tem rimas bastante ricas. “Nossa parceria representa a junção dos nossos mundos, a música, a poesia e esse amor pelas coisas da nossa terra”, conta Serafim.
ELISA MAIA, “RUÍDOS DA CASA”. A cantora, compositora e produtora cultural amazonense Elisa Maia já tinha aparecido aqui no Radar com o single Quando sai. Com um álbum completo previsto para os próximos meses, ela lança agora Ruídos da casa, união de rock, pop e MPB em que ela recorda a época em que dividia uma casa em Manaus com artistas do Coletivo Difusão – grupo do qual faz parte desde 2011. Daí, sons como os da máquina de lavar, do ventilador e do interruptor da làmpada acabam se transformando em parte integrante da música – e os objetos da casa acabaram inspirando também o clipe, um vídeo vertical dirigido por Victor Kaleb e Ramon Ítalo.
“Vinda da Amazônia, onde tudo pulsa e ao mesmo tempo pede fôlego, aprendi que a música também é um jeito de sobreviver. Ruídos da casa é a minha forma de transformar o que era peso em movimento – de lembrar que até os barulhos que nos atravessam podem virar caminho”, conta Elisa. O clipe foi patrocinado pelo projeto Natura Musical.
RHAMAYANA, “TOTALMENTE TUA”. “Eu acho que essa música fica na cabeça das pessoas, pois os versos ‘quando estou com você, tou nua e, mesmo sem você, sou tua’ ecoam de forma íntima e melódica entre o cantar e o sussurro com uma batida muito gostosa”, conta Rhamayana, cantora e compositora da Bahia – nasceu em Feira de Santana e é radicada em Salvador – sobre Totalmente tua, faixa que abre seu novo EP (que tem nome parecido com o do single: se chama Totalmente nua). Uma canção pop de beat latino, que ganhou também um remix no EP.
O EP representa uma mudança na história de Rhamayana. “Comecei minha carreira falando de maternidade e de assuntos mais filosóficos relacionados à vida, ao tempo e a como sinto o mundo. E agora e o assunto mais presente nesse EP é o amor e o desejo. Essa canção é muito sensual e eu confesso que quando a compus, fiz desejando que uma outra cantora gravasse, uma cantora que eu amo a voz e que eu acho super sensual”, conta ela, que acabou resolvendo gravar sua própria música.
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Lançamentos
Radar: Speed Of Light, The Juliennes, Tacoblaster, Traz Os Monstros, Ark Identity, Guns N’ Roses

Rapaz, tem até o bom e velho Guns N’ Roses nesse Radar internacional – mas eles estão lááá no fim e preferimos destacar novidades como Speed Of Light, The Juliennes e outros grupos, cujas propostas sonoras vão do punk ao rock espacial, passando pelo yacht rock. Ouça tudo no volume máximo – e passe adiante!
Texto: Ricardo Schott – Foto (Speed Of Light): Chiara Garland / Divulgação
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SPEED OF LIGHT, “PAIN ON A CHAIN”. Esse single já saiu tem um tempinho (foi em julho), mas vale demais a menção. O Speed Of Light é um trio caliorniano, formado pelos irmãos Christensen: Cameron (guitarra), Tyler (bateria) e a caçula Riley (baixo e vocal). A banda, no começo de seu novo single, ameaça um pós-punk estiloso e vaporoso, com ligeira tendência glam – até que a música vira uma catarse típica do rock dos anos 1990, lembrando Nirvana, Garbage, Babes In Toyland e Smashing Pumpkins juntos num refrão só. Detalhe: em músicas anteriores, como Séance e Teeth, o som dos três era mais próximo do metal e da pauleira herdada de Alice In Chains. Estamos realmente diante de uma turma maluca pela era grunge e suas redondezas.
THE JULIENNES, “RUNNING ON EMPTY”. Esse trio de Los Angeles já apareceu aqui no Radar com seu primeiro single, Rat race, cujo som é uma união azeitada de bandas como Bad Religion e Hüsker Dü. Já o segundo single, Running on empty, põe um clima agridoce na primeiríssima fase do grupo – um som entre o grunge e o punk, com versos como “o presente é o passado do futuro / como chuva sobre a grama” e “pague suas dívidas / quanto mais velho você fica, mais você perde / vai / você venderá sua alma / para um corte de roupa mais refinado”. O clipe da faixa segue a mesma linha, mostrando a banda e um grupo de amigas tomando um biricutico e jogando sinuca… só que apostando dinheiro nas tacadas. E aí? Será que essa brincadeira vai acabar bem?
TACOBLASTER, “TOXIC SURFER”. Garage rock do espaço? É o que essa banda francesa faz em seu novo single, Toxic surfer. Tocando num espaço do tamanho de um elevador, o trio (Tom Caussade na guitarra, voz e teclados, Sabrina Ben Marzouk no baixo e vocais de apoio, Rémi Tourneur na bateria e vocais de apoio) faz uma união bem louca de teclados sujos herdados do egg punk, com guitarra e baixo distorcidos – além de um beat próximo da surf music e do punk a la Ramones. Um som cru, bem realizado e interestelar.
TRAZ OS MONSTROS, “PILATES”. Só de ler o nome dessa banda portuguesa já dá vontade de rir – e de ouvir. Na faixa Pilates, o Traz Os Monstros une skate-punk, pós-punk e até vibes math rock, numa música que fala do dia a dia das periferias de Portugal – e de lugares onde, se você quiser se cuidar e dar aquela corridinha básica (ou ir a uma academia) vai ter que enfrentar vários outros problemas sociais antes. A banda diz que sua música nova é um “suplemento sonoro de proteína concentrada”, ideal para “estourar alto-falantes na pista ou estourar séries na academia”.
ARK IDENTITY, “FALLIN’ APART”. “A letra da música foi inspirada por términos modernos que, em sua maioria, acontecem por meio de telas e mensagens de texto. De certa forma, é um reflexo de como as pessoas podem se distanciar na era digital”, conta Noah Mroueh, músico canadense responsável pelo projeto Ark Identity. Pouco depois de lançar o EP Deluxe nightmare (resenhado pela gente aqui), ele volta com sua viagem indie-yacht rock no novo single, o desolado Fallin’ apart, que fala dos azares do amor digital. E ganhou até clipe!
GUNS N’ROSES, “ATLAS” / “NOTHIN’”. Vou falar em primeira pessoa neste Radar e dizer que defendo até onde posso defender Chinese democracy, o mal-amado disco do Guns que demorou anos para sair (e chegou às lojas finalmente em 2008, debaixo de rajadas de críticas escarnecedoras). Nos recônditos do Pop Fantasma há até um texto sobre isso. O baú desse disco tem rendido os singles mais recentes da banda, como estes Atlas e Nothin’, lançados com diferença de um dia. Ambas as faixas foram iniciadas no fim dos anos 1990, tinham outros títulos de trabalho, têm Caram Costanzo como co-produtor ao lado de Axl Rose e foram “retrabalhadas” com a volta de Slash e Duff McKagan à banda.
O lance é que as duas “novas” música do grupo podem surpreender quem não espera nada delas. Em Atlas, o Guns entrega o bom e velho hard rock do grupo, só que mandando bala num cuidado extra com a melodia, com evocações de country e glam rock na faixa. Já em Nothin’, a banda ressurge irreconhecível – o som evoca David Bowie e Todd Rundgren, até que a canção ganha peso e fica claro que se trata de Axl cantando (por acaso, chegou a haver uma versão em que Brian May, do Queen, tocava guitarra).
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