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Urgente!: Melvin & Inoxidáveis tocam, Rockarioca convida, Patti Smith manda recado aos fãs

Tem seção nova no Pop Fantasma. Urgente! tá mais próxima do conceito de uma newsletter, e é mais ou menos isso. Toda semana, quase sempre na quarta de madrugada, a gente vai dar uma repassada em algumas notícias, fazer alguns comentários, soltar umas dicas e dar uma relembradas em coisas interessantes que aconteceram recentemente no universo da música. O formato é bem livre e os textos são mais ou menos curtos, com direito a atualizações se alguma coisa mudar. E hoje tem até entrevista (além de um recado imperdível no final) …
Para quem respirava música no Rio de Janeiro nos anos 1990 e 2000, o Espaço Cultural Municipal Sergio Porto era um templo. Pequeno, discreto, encravado no Humaitá (Zona Sul carioca), mas com ares de Maracanã quando o assunto era relevância. Bandas subiam ao palco, o público se acotovelava, e a sensação era sempre a mesma: ali acontecia algo especial.
“Sempre foi dos palcos mais nobres do Rio desde que me entendo por gente. A primeira vez que fui, foi com o pessoal do colégio ainda porque o irmão de um amigo tocava no Boato (banda carioca dos anos 1980/1990). Sempre tive um desejo enorme de tocar lá e toquei pouquíssimo. Vi Video Hits (banda gaúcha) num festival Humaitá pra Peixe, vi a melhor dupla da história, Cabeça e Funk Fuckers, vi Barneys e Poindexter. Magia pura”, lembra o cantor e guitarrista carioca Melvin, que nesta quinta-feira (13), às 19h, volta com sua banda Os Inoxidáveis ao Sergio Porto (Rua Visconde de Silva, ao lado do n° 292, Humaitá, Rio – R$ 40, com meia-entrada para estudantes, idosos e PCD) para apresentar o repertório do álbum de estreia da banda, Copacético.
O nome Sergio Porto anda um tanto sumido das conversas sobre a cena musical carioca – mesmo que o espaço continue ativo e abrigue shows bacanas (como o de Katia Jorgensen, que recentemente apresentou ali as canções do álbum Canções para odiar). Mas basta um mergulho nos arquivos dos grandes jornais para encontrar uma constelação de artistas que estrearam no palco do Humaitá. O lendário festival Humaitá Pra Peixe – citado por Melvin aí em cima – foi, para muitos, a porta de entrada na cena musical carioca. Para Melvin, foi mais do que isso: foi no Sergio Porto que ele fez seu milésimo show – sim, milésimo –, uma marca que virou até livro de memórias.
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METAL OXIDÁVEL. Os Inoxidáveis voltam agora ao Sergio Porto, trazendo na bagagem um time de peso. Os integrantes Melvin (voz, guitarra), Fred Castro (bateria, ex-Raimundos), Marcelo de Sá (baixo) e Guga Bruno (guitarra) recebem convidados de luxo: Kassin, Badke, Marcelo Callado e Homobono – que retorna ao palco depois de um tempo imobilizado por conta de uma queda na rua. E tem mais: Os Oxidáveis, o naipe de metais da banda, entra em cena com Gabriel Bubu (trompete, responsável pelos arranjos do disco), Felipe Magni (trompete), Lincoln (sax) e Pedro Paulo (trombone).
“Uma das coisas que sempre quis experimentar e acabei levando pro disco foi o lance de algumas músicas com naipe de metais. Inclusive tem uma instrumental, Tarmac, que é dos meus grandes orgulhos do disco, que só rola quando os metais vão”, conta Melvin.
REPERTÓRIO. A montagem do setlist foi um desafio. Melvin, na empolgação, queria colocar tudo e mais um pouco no show. “Uma vontade de fazer três shows caberem em um só”, confessa. Foi ajudado a tempo pelo experiente Fred Castro.
“Ele foi totalmente sábio e falou ‘cara, é o disco, o disco é ótimo, vamos lá defender isso, mostrar ele pras pessoas, não enche de referências e perde essa chance’”, diz Melvin, que garante: dez das onze faixas do disco estarão no setlist. “Tem umas coisas que podem acontecer na hora, desviar totalmente do roteiro, mas não tô nem pensando nisso. Estamos com o set sólido, ensaiadão, mas pelo que soube todas as participações estão levando uma ideia na manga pra passagem de som”.
MAIS ROCK NO RIO. Quinta-feira agitada na cidade. Além de Melvin, tem mais som no La Esquina, na Lapa. Das 19h30 às 23h, o evento Rockarioca Convida faz sua primeira edição de 2025, trazendo o pop-rock alternativo da Natasha Hoffman e o punk-pop do Melton Sello (sim, o nome da banda é exatamente esse aí). “Às 23h termina o evento e começa a festa de pop/reggaeton/funk do La Esquina – estão todos convidados pra esticar”, avisa a incansável turma do Rockarioca, que não descansou durante os últimos dois anos, nem pretende.
Tem mais: niteroiense radicado em São Paulo, o escritor e jornalista Pedro de Luna dá um pulinho no Rio nesta quinta para uma sessão especial de venda e autógrafos de quatro de seus livros na Audio Rebel, em Botafogo. As obras? São as biografias Eu sou assim – eu sou Speed, Planet Hemp – Mantenha o respeito, Mundo Livre S/A 40 – Do punk ao mangue e Brodagens – Gilber T e as histórias do rap e do rock carioca. “Ficarei na Audio Rebel das 17h às 22h e a entrada é franca”, avisa por zap.
POR AÍ. A banda catarinense Exclusive Os Cabides já começou a pegar a estrada para divulgar o álbum Coisas estranhas. Após um primeiro show em Florianópolis no dia 7, vão dar um tempinho e recomeçam em março, passando por Brusque (SC) no dia 8, e Cricíuma (SC), no dia 14. No primeiro fim de semana de abril, a agenda inclui dois shows no Rio (um deles no Circo Voador, ao lado de Boogarins), com direito a um pulo em Juiz de Fora (MG). Mais detalhes no insta do grupo.
RAINHA PUNK. Você já deve saber que Patti Smith anunciou uma turnê para comemorar os 50 anos de Horses, seu álbum de estreia. A tour começa em 6 de outubro, em Dublin. Mas, antes do anúncio oficial, Patti enviou na segunda-feira um vídeo exclusivo para uma turma especial: os assinantes de sua newsletter (que você conhece aqui).
“Não sei nem como explicar, mas houve um efeito dominó de coisas que minaram minha saúde. Nada de ameaçador, mas precisei descansar e me recuperar. Tudo começou com intoxicação alimentar, enxaquecas, bronquite e algumas tonturas que me fizeram ter uma queda. Mas estou bem”, disse, enfatizando: “Podem acreditar em mim”.
O vídeo foi uma forma de explicar seu sumiço para os fãs, já que Patti costuma ser bem ativa na internet. Mas ela também aproveitou para dar boas notícias: acabou de finalizar um novo livro (“meu editor está feliz, estamos cuidando de coisas como a capa, agora”) e prometeu um ano cheio de novidades para celebrar o cinquentenário de Horses, antes do anúncio da tour.
E deixou um recado essencial.
“Estamos numa época difícil, politicamente”, disse. “Talvez a época mais difícil que já vi na minha vida inteira. Mas não vou falar um monte de coisas sobre isso. Vou só dizer uma coisa, que acho que é a mais importante em tempos como esses: nós, que temos mentes semelhantes, devemos estar unidos. Temos nossa bússola moral, sabemos o que é certo. Podemos nos sentir derrotados em uma série de coisas. Mas enquanto não nos sentirmos internamente derrotados, enquanto estivermos unidos e lembrarmos quem somos e o que defendemos, superaremos isso”.
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Urgente!: fãs do The Jam homenageiam Rick Buckler e viralizam último show da banda

Com a morte recente do baterista Rick Buckler, da lendária banda setentista The Jam, fãs do grupo – e do músico – passaram a compartilhar um vídeo raro e melancólico: a gravação de 33 minutos do último show da banda, realizado no Centro de Conferências de Brighton, em 11 de dezembro de 1982.
O show completo foi bem maior, com 16 músicas e dois bis. O primeiro deles, aliás, foi fechado por In the city, o primeiro sucesso do grupo, e por Town called malice, um dos últimos. A apresentação começou com o hit Start!, mas a gravação disponível inicia apenas a partir da faixa In the crowd, do álbum All mod cons (1978). O vídeo, como era de se esperar, é amador – mas já ouvi bootlegs bem piores.
Dava para imaginar o ranço nos bastidores daquela apresentação: Paul Weller, líder e principal compositor do The Jam, tinha decidido encerrar a banda no auge do sucesso comercial – justo após o estouro do LP The gift (1982) e do hit nº1 Town called malice. O anúncio surpreendeu os colegas, especialmente o baixista Bruce Foxton, que anos depois descreveu a decisão como “devastadora”. A separação foi comunicada no dia 30 de outubro de 1982, após uma série de shows pelo Reino Unido. Weller acreditava que a banda havia chegado ao limite, e não queria se tornar refém do próprio sucesso.
Sem remorso algum, Weller seguiu em frente. Montou o Style Council, embarcou em uma carreira solo bem-sucedida e, sempre que perguntado sobre o fim do The Jam, disse que tudo havia acontecido na hora certa. Em 2007, disse à Billboard que nem se lembrava direito do dia em que tomou a decisão. Um ano depois, ao New Musical Express, reafirmou tudo e chamou a separação de “decisão artística”. Em 2015, num documentário sobre a banda exibido pelo canal Sky, mandou a pá de cal: “O The Jam nunca vai se reunir. Para mim, seria contra tudo o que sempre defendemos” (fonte: Radio X).
“Defendemos?” O saudoso Buckler tinha uma visão diferente. Em entrevista ao jornal Woking News & Mail, lembrou que soube do fim ao ser chamado para uma reunião em 1982 (“estranhei, porque nunca tínhamos reuniões da banda”) . Ao chegar, foi o próprio John Weller, pai de Paul e empresário do grupo (sim, o pai do principal compositor cuidava dos negócios), quem anunciou o fim. “Foi quase como se John não conseguisse pronunciar as palavras. Tenho certeza que ele não queria que a banda terminasse”, disse.
Buckler disse entender mais ou menos a atitude de Paul, que se sentia sobrecarregado por ser o principal compositor. Mas tinha uma outra sugestão: um hiato, em vez de um fim definitivo. “Nós – especialmente Bruce – tentamos dizer: ‘Por que não damos um tempo de seis meses? Assim, cada um pode testar projetos solo e ver como nos sentimos depois’. Foi tudo muito repentino, não parecia fazer sentido acabar assim”, recordou. Paul Weller, segundo ele, praticamente não falou nada – deixou que o pai conduzisse o encerramento.
O relacionamento entre Weller e os outros dois nunca mais foi o mesmo, embora eventualmente voltassem a se falar. Buckler e Foxton permaneceram próximos: chegaram a montar uma banda chamada From The Jam, que tocava repertório do trio. Já Rick cuidou por vários anos de um site de fãs do Jam, ainda no ar.
Aliás, Buckler e Foxton também tentaram um novo trio, o Sharp, que lançou um único single em 1986, com as faixas Entertain me e So say hurray (The Emperor’s New Clothes). Ambas foram compostas pelo terceiro integrante, Jimmy Edwards – um ex-membro da banda punk Sham 69, que já havia tocado com Foxton no Time UK, banda pós-Jam de relativo sucesso em 1983.
Olha Entertain me aí. Para quem havia ficado na saudade quando o Jam chegou a fim, é o que sobrou.
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Bohemian rhapsody, do Queen, continua sendo um verdadeiro arquétipo do rock operístico: ambicioso, teatral e com um storytelling marcante. Pode-se argumentar que há exageros na faixa, mas convencer seus fãs (e os fãs ardorosos do Queen, em especial) de que se trata de uma música ruim, chata ou superestimada… esquece, que não vai rolar.
Recentemente, o jornalista Reuben Cross, da Far Out, resolveu falar da canção, reunindo seus próprios argumentos contra e a favor, na tentativa de responder à pergunta: Bohemian rhapsody é realmente uma boa música? “Só porque uma música faz um sucesso enorme não significa que ela seja realmente boa”, provoca logo no início. Mais adiante, porém, ele reconhece o impacto da faixa: “Há tanta coisa acontecendo na música que é virtualmente impossível ouvir a faixa inteira e não encontrar algo impressionante nela”. O texto tá aí.
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Duas bandas veteranas estão lançando coisas novas – e fazem questão de lembrar a seus fãs que elas não deixaram de produzir. Uma delas é o The Alarm, grupo galês formado em 1981, que sempre se dedicou a uma espécie de pós-punk de arena. No Brasil, muita gente deve se lembrar do álbum Eye of the hurricane, de 1987, lançado aqui, e que teve bastante projeção em “rádios rock” (o single Rain in the summertime tocou muito na Fluminense FM). O grupo retornou em 1999 sob a batuta do vocalista Mike Peters, e retornou aos estúdios em 2002 – essa nova fase, intitulada The Alarm MM++ , já tem 16 discos. Eles preparam álbum novo para este ano e já soltaram o single e clipe Chimera.
A outra banda é o The Primitives, grupo britânico de indie pop que surgiu em 1984 e estourou com o hit Crash (1988). Após encerrar atividades em 1992, eles voltaram no século XXI e agora lançam Let’s go round again – Second wave singles & rarities 2011-2025 (Norman Records), coletânea que documenta sua produção mais recente. Desde o retorno, em 2009, Tracy Tracy, Paul Court e Tig Williams lançaram dois álbuns, um EP, vários singles e marcaram presença em diversas compilações – parte desse material está reunido no novo lançamento.
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Carnaval pop: a Unidos do Viradouro, que lamentavelmente não foi a campeã do Carnaval 2025, lança neste ano a Ala da Inclusão, que abre espaço na Escola Mirim da agremiação para crianças e jovens com deficiência, até 21 anos. O desfile da ala vai rolar na Marques de Sapucaí – só que nesta sexta (7), um dia antes do Desfile das Campeãs, às 22h30. Entre as mentoras do projeto está Carol Reis, mãe de uma criança com paralisia cerebral e filha do cantor Byafra – sim, ele mesmo, o dono de vários hits dos anos 80.
Lançamentos
Radar: Péricles, Seu Jorge e um clássico do samba-rock relembrado

Essa edição do Radar era para ter saído na semana passada, mas… o Pop Fantasma sumiu do ar e ficamos na mão por alguns dias, não deu pra publicar nada. Daí estamos um pouquinho em clima de Carnaval ainda, e tem até um som novo do Péricles. Ouça tudo no volume máximo!
PÉRICLES feat SEU JORGE, “BOCA LOUCA”. Sem samba, não dá – sem samba-rock, então, impossível explicar o desenvolvimento da música brasileira pós-anos 1960, já que o estilo abarca pioneiros como Jorge Ben e Luiz Wagner, e a turma de estilos como soul e pagode. Anunciando o disco Pagode do Pericão (Ao Vivo em São Paulo) – previsto para ser lançado em duas partes, a primeira ainda no primeiro semestre de 2025, Péricles convida Seu Jorge para rever um hit imortalizado pelo sambista paulistano Nelson Fernando de Moraes, ou Branca Di Neve (1951-1989). Branca, se você nunca ouviu falar, lançou Pensamento verde, gravada pelo Molejo (a faixa que cunhou a frase-gozação “sabe quem perguntou por você?/ninguém”) e foi gravado por nomes como Bebeto.
TRILHO ELÉTRICO, “PLOT TWIST”. Uma espécie de supergrupo pop nacional, o Trilho Elétrico reúne Lelo Zanetti (ex-Skank), Rodrigo Borges (sobrinho de Lô e Márcio, além de cantor e compositor solo), Manno Góes (compositor e fundador do Jammil e Uma Noites) e Lutte (ex-vocalista da banda Mosiah), traçando, naturalmente, uma ponte sonora entre Minas e Bahia. Com uma vibe power pop e um órgãozinho que evoca (claro) o Skank, o novo single do grupo – que lançou álbum em 2023 – o grupo põe no radar o lado mais bubblegum do rock nacional dos anos 1980/1990. Pop reconhecível à distância, feito para grudar na cabeça.
DOCE CREOLINA, “PARA ONDE FORAM OS MORCEGOS DA VILA INDIANA?”. Esse duo de Passo Fundo (RS), formado por Julia Manfroi e Mattos Rodrigues, faz som um som romântico, abolerado e neopsicodélico, com referências de post rock, música sessentista e sons cubanos e mexicanos. O novo single, o segundo deles, fala do suplício de uma saudade, em clima simultaneamente lisérgico e gótico. O EP de estreia Debaixo do chapéu de um cogumelo está previsto para abril.
GANG DO ELETRO, “BALADEIRA”. “A inspiração de Baladeira vem dos primeiros experimentos de DJs produzindo remixes em meados dos anos 2000. Loops de batidas feitas no computador misturados com alguns sintetizadores de instrumentos virtuais, faziam os frequentadores de festas de aparelhagem enlouquecerem dançando aos pares, cada um com seus caqueados, como diz o bom paraense”, diz o DJ Waldo Squash, de volta com a Gang do Eletro, ao lado de Keila, Maderito e Will Love. O single novo marca o retorno do grupo, que já havia se reunido para fazer uma turnê de dez anos do primeiro álbum (em 2023) e tem no radar um novo álbum.
TERRAPLANA feat WINTER, “HEAR A WHISPER”. Boa notícia para o Radar e também para as resenhas do site: dia 11 de março sai o próximo álbum do Terraplana, Natural, pela Balaclava Records. A puxar o disco, sai essa faixa sensível, com heranças da psicodelia e do shoegaze, cantada em inglês e português, e dividida pela banda com Samira Winter, artista curitibana radicada em Nova York. Hear a whisper fala sobre como é conviver com alguém que perde as lembranças sobre sua própria vida – um tema devidamente evocado pelo oscarizado filme Ainda estou aqui, de Walter Salles. O clipe, dirigido por Julia Lacerda e Elbi, une várias imagens e lembranças, e compara a memória que se esvanece com uma gravação (em VHS?) que vai se apagando com o tempo.
TERNO REI, “NADA IGUAL”/”VIVER DE AMOR”. Há boatos de que vem por aí um grande disco do Terno Rei. O quinto álbum da banda paulistana sai em abril pela Balaclava Records e é anunciado por este single duplo – que ganhou um cinematográfico clipe também duplo. Vestidos elegantemente (um fã não deixou de notar nos comentários do YouTube: “Olha o Terno Rei de terno!”), os quatro músicos vivem uma situação de desespero e fuga numa pista de aeroporto, começando com imagens sorumbáticas em preto e branco, que remetem a filmes do cinema novo. A capa do single, por sua vez, lembra o grafismo dos singles de rock nacional lançados pela WEA nos anos 1980 (aliás batemos um papo com o Terno Rei há um tempinho – leia aqui).
MORCEGULA, “RATAZANAGEM”. O duo formado pelo casal Rebeca Li e Henrique Badke é especialista em canções grudentas, com vibe punk ramônica e clima de terror. No caso de Ratazanagem, o novo single, o terror é o do dia a dia, e o demônio não é um sujeito com rabo, chifre e tridente, mas sim uma amiga falsiane e metida a cobra cascavel – uma referência que evoca Erva venenosa, versão do hit pop Poison ivy, gravada por Golden Boys, Herva Doce e Rita Lee. Um som curto, doce, grosso e grudento.
ESTÉREO BOUTIQUE, “FOTOS DO JAPÃO”. Preparando um EP para ser lançado em julho, o trio paulistano Estéreo Boutique revela um single envolvente que equilibra delicadeza sessentista e energia pós-punk. Com influências que vão de Wilco e Death Cab for Cutie a Boogarins e Boygenius, a faixa traz linhas de baixo pulsantes – numa espécie de versão punk de John Entwistle (The Who) – e uma sonoridade rica em camadas. Para os shows, prometem “uma experiência crua, experimental e imersiva”.
Foto Péricles e Seu Jorge: Caio Durán/Divulgação
Lançamentos
Radar: o lado dominatrix de Halsey em novo clipe, “Safeword”

Essa edição do Radar era para ter saído na semana passada, mas… o Pop Fantasma sumiu do ar e ficamos na mão por alguns dias, não deu pra publicar nada. Daí tem umas músicas que surgem meio atrasadas por aqui, mas que vale a pena falar e reportar – incluindo músicas novas de gente que acabou de lançar disco, como Halsey, Franz Ferdinand e Fontaines DC. Ouça tudo no volume máximo!
HALSEY, “SAFEWORD”. Depois do ótimo álbum The great impersonator (resenhado pela gente aqui), Halsey volta encarnando mais uma personagem – dessa vez, surge a dominatrix toda trabalhada no couro, ligada a paradas bem mais ferozes do que o clima indie pop pelo qual ela é conhecida. Safeword sai depois do último álbum da cantora e tem um daqueles clipes que, digamos, não são legais para ver no trabalho (mas como é Carnaval, apostamos que você está sossegadona/sossegadão em casa). O som é também um pouco mais ruidoso que o normal em se tratando dela, lembrando algo entre Bikini Kill e Joan Jett.
FONTAINES D.C, “IT’S AMAZING TO BE YOUNG”. O novo single dos Fontaines D.C., um compacto non-album, talvez seja a faixa mais grandiosa da banda até agora. E o clipe não fica atrás: dirigido por Luna Carmoon, ele encerra uma trilogia visual iniciada por ela ao lado do Fontaines DC nos vídeos de Here’s the thing e In the modern world. Os personagens Martin (Ewan Mitchell) e Spider (Grace Collender), apresentados nos clipes anteriores, voltam aqui em uma história de amor disfuncional que evoca Try, try, try, o clipe-curta dos Smashing Pumpkins – só que, desta vez, com um final feliz.
BLONDSHELL, “TWO TIMES”. Uma balada com alma dos anos 1990, pé no indie, um quê de folk e um tema que nunca sai de cena: os tropeços do amor. Sabrina Teitelbaum, a mente por trás do Blondshell, canta sobre a maneira torta como expressamos sentimentos – e como, às vezes, insistimos na ideia de que ciúme, brigas e turbulências são o tempero essencial dos relacionamentos. Sabrina deixa entrever também outro tema importante: e os relacionamentos tóxicos do dia a dia, como ficam nisso tudo aí? If you asked for a picture, disco novo do projeto, sai dia 2 de maio pela Partisan.
SLEIGH BELLS, “BUNCKY POP”. “Há partes de Brat que soam como Sleigh Bells, sabe?”, diz o site Stereogum, lembrando de uma coisa que muita gente fingiu não enxergar quando Charli XCX lançou seu disco mais recente. A dupla formada pela cantora Alexis Krauss e pelo guitarrista e produtor Derek E. Miller – que se conheceu quando Derek trabalhava num restaurante de comida brasileira no Brooklyn – anuncia o álbum Buncky Becky birthday boy para 4 de abril, puxado por um single saltitante e distorcido sobre um “cachorro feliz”. Uma homenagem ao cão de Derek, que já partiu, e aparece no fim do alegre clipe.
LEATHERETTE, “DELUSIONAL”. Curtinha (dois minutos), a nova música desse grupo italiano destaca os vocais blasé no estilo de John Lydon e a sonoridade pós-punk e ruidosa. A banda tem registrado suas músicas da maneira mais crua possível: em casa, sem firulas, cercada de bagunça e instrumentos baratos – incluindo alguns inesperados, como bandolim e bouzouki. Já a letra de Delusional é uma pequena epifania sobre amor e deslocamento, um conto de quem não se reconhece no próprio mundo.
HOST FAMILY, “DROMEDARY”. Aquele tipo de som que você lamenta que tenha chegado até você com alguns meses de atraso: essa banda de Los Angeles lançou este single em novembro de 2024, entregando um noise pop fenomenal, onde vocais etéreos se misturam a camadas de guitarras carregadas de clima shoegaze. Dromedary faz parte de Relief tape, uma fita K7 de tiragem ultra limitada, lançada para arrecadar fundos em resposta aos incêndios que devastaram a região de onde a banda veio. Ouça no último volume.
FRANZ FERDINAND, “BAR LONELY”. Essa música, uma das melhores do disco mais recente deles, The human fear (resenhado pela gente aqui) tem clima de faixa dos Kinks e do Who (e dos Beatles, e do Ira!), e um “papapa” típico do mais grudento pop sessentista. E saiu em single no dia 24 de fevereiro. Mas gostaríamos de chamar sua atenção para este vídeo do grupo tocando a canção numa sessão de sábado do CBS Mornings, soando como um Buzzcocks mod. O Bar Lonely, por sua vez, existe de verdade: fica em Tóquio e o dono é amigo de Alex Kapranos, vocalista e guitarrista.
THE STREETS, “HOW TO WIN AT ROCK PAPER SCISSORS”. “”O vencedor vai se repetir/os perdedores querem mudar”, diz o refrão da nova música do The Streets, um rap-indie-pop com um tom quase educativo, revelando supostas técnicas para vencer no clássico jogo de pedra, papel e tesoura. Além da nova música, a banda divulga um vídeo de doze minutos mostrando – entre teclados e beatmakings – como a musica foi feita e em que cenários a banda ficou burilando a nova canção (um ônibus de excursão, um barco, etc).
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