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Cultura Pop

Sete momentos em que não foi mole ser Chester Bennington

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Só os vocais isolados de Chester Bennington, em sete hits do Linkin Park

Você pode até não gostar do Linkin Park – muitos fãs de heavy metal torcem o nariz para o nu-metal do grupo – mas a banda é bastante inovadora. Seja pela aproximação do heavy metal com a música eletrônica, seja por ter levado a união de metal, hip hop e sons eletrônicos a outros níveis (diferentes do som industrial de Ministry e Nine Inch Nails e do metal-funk do Faith No More), o grupo teve grande importância como rito de passagem do rock da década de 1990 para o do novo milênio. Lançou discos clássicos como a estreia Hybrid theory (2000) e ultimamente vinha enfrentando uma batalha com críticos e alguns fãs por causa do álbum mais recente, One more light, lançado em 19 de maio e considerado mais pop e eletrônico que os antecessores. O vocalista Chester Bennington suicidou-se por enforcamento nesta quinta (20), mesmo dia do lançamento de mais um single retirado do disco, Talking to myself.

Chester não teve uma vida fácil: viveu a separação dos pais, situações de abuso de drogas, entrou em depressão. Em 2006 teve que optar entre continuar bebendo e viver, como afirmou em entrevistas. De uns tempos para cá, vinha enfrentando o desgaste físico das apresentações nos palcos: em 2007, abriu o pulso ao subir por uma plataforma num show, machucou-se seriamente, mas continuou no palco. Teve também problemas no tornozelo durante um jogo de basquete em 2015 e precisou cancelar uma turnê para operar e se recuperar. Abaixo, listamos sete situações em que, admitamos, não foi fácil ser Chester Benington. O que não justifica a ninguém tirar a própria vida, diga-se de passagem.

CHRIS CORNELL. A morte do vocalista do Soundgarden, em maio, deve ter mexido muito com a cabeça de Chester. Os dois eram muito amigos e o cantor do Linkin Park era padrinho de um de seus filhos. No enterro de Chris, como foi bastante divulgado nesta quinta (20), coube a Chester homenageá-lo cantando Hallelujah, de Leonard Cohen. O suicídio de Chester ocorreu justamente no dia em que Chris completaria 53 anos – e o cantor do Linkin Park matou-se da mesma maneira que o amigo, provocando seu próprio enforcamento. Em maio, Chester publicou em seu instagram uma carta de despedida para Chris, emocionadíssima, em que dizia ter sonhado com os Beatles, acordado com o hit Rocky Racoon tocando em sua mente e ter sido avisado por sua mulher da morte do amigo. “Sua voz era prazer e dor, raiva e perdão, amor e dores do coração, tudo numa coisa só. Suponho que seja o que todos nós somos. Você me ajudou a entender isso”.

BOM DIA, TRISTEZA. O portal Team Rock foi bater na porta de Chester para ver como estava a vida, em dezembro, quando a banda estava perto de lançar o novo disco. O repórter ouviu dele que sucesso e felicidade não são sinônimos. “A ideia de que o sucesso é igual à felicidade me irrita. É uma curtição pensar que, só porque você é bem-sucedido, agora você é imune a toda a gama da experiência humana. Mas vemos também que não somos mais garotos, que não somos mais adolescentes com essa coisa da angústia, esse sentimento de ‘por que é que o mundo me angustia?'”, contou, “Quando falamos de letras, não podemos simplesmente voltar a sermos como aquele garoto irritado. Precisamos conversar sobre algo que faça sentido para nós, nos dias de hoje. Um dos temas que funcioam, que se estendem em diferentes áreas é ‘quais são as coisas pelas quais vale a pena lutar?’. Você pode encontrar muitas respostas diferentes: direitos humanos, liberdade, sua criatividade, sua identidade, encontrar sua voz, opressão – todas essas coisas acontecem em todo o mundo de forma constante, encontramos pessoas lutando contra elas e muitas vezes nós mesmos estamos nessa batalha”.

DROGAS. No mesmo papo com a Team Rock, Chester admitiu que ou parava com as drogas ou não estaria mais vivo. O grande susto aconteceu em 2006, quando decidiu se tratar. “Eu tomava dez ácidos por dia. Era tanto ácido que fico surpreso de ainda conseguir falar sobre isso! Eu poderia fumar um monte de crack, um piuco de metanfetamina e simplesmente me sentar, ficar doidão. E depois fumar um pouco de ópio para voltar à realidade. Eu cheguei a pesar 110 libras. Minha mãe me disse que eu parecia um sobrevivente de Auschwitz. Então eu usei comecei a fumar maconha para sair das drogas. Toda vez que eu tivesse vontade de usar drogas, fumava maconha”.

FAMÍLIA. Filho de pais separados. Chester lembrou em várias entrevistas ter sofrido bullying extremo na escola, “apenas por ser magrinho e parecer diferente”. Sofreu abusos sexuais de um colega mais velho dos 7 aos 13 anos – disse em várias entrevistas que demorou a denunciar a situação por medo de que pensassem que ele era gay. Curiosamente, seu pai era um detetive que trabalhava com casos de pedofilia, mas nem a ele Chester animou-se de dizer o que acontecia, pelo menos não na época.

FOFOCAS. Alguns boatos circularam em torno de Chester em seus 17 anos de fama. Um deles é o de que teria feito uma cirurgia nas cordas vocais, desmentido pelo próprio no Twitter. O segundo é o de que ele seria filho de ninguém menos que Cher (!). Tem fã que até hoje pensa que isso é verdade. Uma teoria da conspiração que alguns fãs e não-fãs curtiram comentar na quinta é o fato de ele ter sido o segundo vocalista dos Stone Temple Pilots a morrer – Chester assumiu os vocais do grupo em 2013, quando o vocalista Scott Weiland (morto em 2015) não estava mais com eles. Gravou um EP com eles chamado High rise, mas a parceria não seguiu por causa da agenda do Linkin Park.

DISCO NOVO. Em março de 2017, Chester comentou no Twitter que os tempos de angústia adolescente já haviam passado e que ele não pretendia mais cantar sobre isso porque tinha 41 anos. O disco novo, One more light, vinha ganhando uma recepção bem estranha de fãs e críticos por causa de sua sonoridade bem mais pop e cada vez mais longe do som pesado. O músico chegou a afirmar que daria um soco na boca de quem os apelidasse de “vendidos” e mandou um “me esqueçam” para os fãs que ainda cobravam um retorno ao som pesado da primeira fase. “Ou você gosta da música ou não, e se você não gosta da música, porque você ouve isso e rola uma reação na base do: ‘Oh, não tem metal nela, então eu não gosto disso’… Tudo bem. Mas se você fala coisas como ‘esse disco veio de uma decisão de marketing para eles ganharem dinheiro’, você pode me esperar lá fora, que eu vou dar um soco na sua porra de boca. Essa resposta é uma merda, é errada”, falou à Kerrang!. Depois, pediu desculpas aos fãs em alguns tweets, após ser criticado até por colegas, como Corey Taylor, do Slipknot, que o aconselhou “agradecer pelo que tem” (por sinal, o mesmo Corey elogiou a mudança de som do disco, dizendo que “eles têm culhões para isso”).

JARRO NA CABEÇA. No mês passado, um fã atirou um jarro de plástico (!) na direção de Chester quando a banda tocava Fever no festival Hellfest, na França. Chester pareceu ficar bem puto, começou a fazer sinais para o “fã” como se quisesse encará-lo, mas parou por aí. Depois, no Twitter, tentou rir da situação. “Alguém aí acha engraçado que as mesmas pessoas que chamam a gente de vendidos estão sugerindo que iríamos mudar nosso setlist para agradar ao Hellfest?”, disse, aproveitando para agradecer ao público da França.

 

Cultura Pop

No nosso podcast, o R.E.M. de “Automatic for the people” e “Monster”

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No nosso podcast, o R.E.M. de "Automatic for the people" e "Monster"

Já pensou que legal vender milhões e milhões de cópias de um disco? Tem gente que depois de alcançar números muito altos,  entra numa onda de “preciso vender mais que isso”. E tem gente que simplesmente finge que não liga – afinal, depois de conseguir tanta fama e grana, pra que se preocupar? E tem gente que pira. O R.E.M., por sua vez, depois de vender 9 milhões de cópias – que depois evoluíram para 18 milhões – de Out of time (1991), simplesmente já se enfiou num estúdio para preparar outro disco. E permaneceu sumido do universo das turnês, focando apenas em aparições na TV e shows ocasionais.

No episódio de hoje do Pop Fantasma Documento, nosso podcast, a gente dá uma olhada nos bastidores dos discos Automatic for the people (1992) e Monster (1994) e observa tudo o que estava acontecendo com uma das maiores bandas de rock do mundo, numa época em que parecia que Peter Buck, Michael Stipe, Bill Berry e Mike Mills eram ouvidos até por gente que nem tinha o hábito de ouvir música.

Século 21 no podcast: Dolly e The Parking Lots.

Estamos no Castbox, no Mixcloud, no Spotify, no Deezer e no Google Podcasts. 

Edição, roteiro, narração, pesquisa: Ricardo Schott. Identidade visual: Aline Haluch. Trilha sonora: Leandro Souto Maior. Vinheta de abertura: Renato Vilarouca. Estamos aqui de quinze em quinze dias, às sextas!

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Crítica

Ouvimos: Pavement, “Cautionary tales: Jukebox classiques”

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Ouvimos: Pavement, "Cautionary tales: Jukebox classiques"
  • Cautionary tales: Jukebox classiques é o novo box retrospectivo do Pavement, com músicas dos lançamentos da banda em 7 polegadas, além de algumas outras coisas, como as versões alternativas das faixas Black out e Extradition, lançadas em 2006 para quem fez a pré-encomenda da nova versão do disco Wowee zowee (1995).
  • A caixa já está disponível nas plataformas – mas em formato físico, Cautionary tales sai apenas no dia 12 de julho. O pacote inclui reproduções dos singles originais de 7″ e um livreto de 24 páginas.

Blur, Cate Le Bon, Parquet Courts, Nirvana, Weezer, Super Furry Animals, The Coral e até o R.E.M. Todas essas bandas/artistas, em algum momento da carreira, foram comparadíssimas a um verdadeiro gigante do indie rock, o Pavement. Ou se deixaram deliberadamente influenciar pela banda criada pelos guitarristas e vocalistas Stephen Malkmus e Scott Kannberg. Um grupo que, vindo da Califórnia, estava mais para projetinho lo-fi e barulhento vindo de Nova York ou de algum canto ensimesmado de Seattle, embora fizesse sentido no cenário de um estado norte-americano bastante diversificado.

No caso do Nirvana, passou para a história o quanto a música do Pavement inspirou a composição de In utero (1993), último álbum do trio liderado por Kurt Cobain. Dando uma ouvida nas primeiras faixas desse Cautionary tales: Jukebox classiques, caixa (por enquanto apenas virtual) reunindo todo o material de 7 polegadas lançado pelo grupo, fica evidente que sem o ruído berrado dos dois primeiros EPs do Pavement, Slay tracks: 1933 – 1969 (1989) e Demolition plot J-7 (1990), porradas do álbum do Nirvana como Scentless apprentice não teriam sido feitas.

As onze faixas desses dois EPs (incluindo pérolas como Box elder e You’re killing me!) perfazem a primeiríssima fase da carreira do Pavement, uma banda que, por ter vindo de uma cidade pequena na Califórnia (Stockton), parecia se sentir mais à vontade para zoar tudo o que via de longe, e ainda falar do dia a dia de seus conterrâneos nas letras. O próprio grupo não parecia perceber o quanto seu som, apesar de focar no ruído, era sociável – caíram até nas graças do DJ inglês John Peel, que descobriu a banda e passou a divulgá-la.

Slanted and enchanted, álbum de estreia (1992), provocou inveja em boa parte dos grandes nomes do rock da época, Kurt Cobain incluso: era porrada musical elaborada, com uma ou outra canção com tendência a grudar no ouvido – Summer babe, incluída no box, era desse disco, e Cautionary tales resgata também lados B como Baptist blackstick e raridades como Sue me Jack, rock suingado e elegante para os padrões do grupo na época.

De Crooked rain, crooked rain (1994, o segundo disco) em diante, o Pavement ficaria mais elegante, inclusive. Traria barulhos incluídos de modo dosado, em meio a canções mais formais, influenciadas por country, power pop, Beach Boys, Neil Young. A banda juvenil dos primeiros EPs estava se tornando um The Cure bem mais indie, um Television dos anos 1990 ou quem sabe um Grateful Dead da mesma década – misterioso, cultuado e com um séquito de fãs.

Essa história é contada por intermédio de músicas que fizeram o grupo ganhar um número bem grande de fãs no Brasil, como Cut your hair e a bela e quase radiofônica Gold soundz. Ou Range life, canção que, em sua letra, espalhava brasa para Smashing Pumpkins (“eles não têm nenhuma função, e eu não entendo uma palavra do que eles dizem”) e Stone Temple Pilots (“eles não merecem nada mais do que eu”). Billy Corgan, dos Pumpkins, agarrou ódio do Pavement por causa disso – já se recusou a dividir palco com eles em festivais.

Lados B dessa época, como a vinheta instrumental Kneeling bus, com bateria desencontrada e tom dado por riffs de guitarra e solos de piano elétrico, são as boas descobertas da caixa. Daí para diante, o Pavement já fazia parte do cenário indie oscilando entre canções contemplativas e melodias que sequestravam a atenção – além de letras que os fãs, antes de tudo, gostavam de discutir. I love Perth, referência à maior cidade da Austrália Ocidental, faz os fãs australianos da banda debaterem em fóruns na internet até hoje.

A referência irônica à psicodelia californiana de Gangsters and pranksters também despertou a atenção de muita gente. Unseen power of the picket fence, feita pela banda para aparecer na coletânea No alternative (1993), é cara de pau: a música pinta um retrato bem estranho do R.E.M., a ponto de muita gente se perguntar até hoje se ninguém da banda ficou ofendido ou grilado com versos como “o cantor tinha cabelo comprido/o baterista sabia como se restringir/o cara do baixo tinha os movimentos certos/o guitarrista não era nenhum santo”, em meio a referências a discos e músicas do quarteto (“Time after time era a música que eu tinha como menos favorita”, cantam).

O slacker rock (sinônimo de rock blasé e garageiro) do Pavement foi se tornando cada vez mais palatável e de longo alcance à medida que novos álbuns surgiam: Wowee zowee (1995), o ultra-trabalhado Brighten the corners (1997) e finalmente o controverso Terror twilight (1999) – este, produzido por Nigel Godrich (Radiohead), que tentou colocar o espírito livre do Pavement numa redoma, embora a banda tenha soado fora de tempo e espaço como sempre, em Spit on a stranger e Carrot rope, além do B side Harness your hopes, tudo isso presente em Cautionary tales. Uma história bem legal de ouvir, e de contar.

Nota: 10
Gravadora: Matador.

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Cultura Pop

A fase pós-punk de Madonna: descubra agora!

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Quinze passos entre Madonna e o pós-punk

Madonna, você deve saber, não começou sua carreira em 1983, quando saiu seu primeiro álbum. Ela vem de pelo menos cinco anos antes. Teve várias tentativas fracassadas, períodos de fome, possibilidades de se estabelecer como modelo e atriz, etc.

Entre os anos 1970 e o começo dos 1980, apesar de ela ter trabalhado por uns tempos com um grande valor da disco music (Patrick Hernandez, de Born to be alive), o som dela tinha mais a ver com pós-punk e new wave do que com qualquer outro estilo musical. Sem o synthpop da época, nada do que você conhece de Madonna hoje poderia ter sido feito. Confira aí os links entre a rainha do pop e o que foi além dos três acordes. Uma época bem distante do sucesso, e, em especial, da expectativa e da dinheirama envolvida no show da cantora em Copacabana.

  • Só lembrando que temos um episódio sobre Madonna no nosso podcast  Pop Fantasma Documento
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DIZ A VERDADE. Em 1978, há 40 anos, Madonna fez sua primeira música. Tell the truth foi composta por influência de Dan Gilroy, seu primeiro namorado. Tinha poucos acordes (quatro, no máximo) e foi feita pouco depois de Madonna mudar-se para uma sinagoga abandonada no Queens, em Nova York – por sinal a região dos Ramones – junto com Gilroy. Até então, a futura rainha do pop havia trabalhado como modelo vivo e também tinh feito um job como dançarina da sensação eurodisco Patrick Hernandez.

NAS BAQUETAS. Em 1979, Madonna estreou como baterista do Breakfast Club, banda que dividia com o namorado Dan, o irmão dele, Ed (ambos nas guitarras – o primeiro também no vocal) e Angie Smith (baixo). Não deu muito certo porque Madonna – que na época tinha Debbie Harry, do Blondie, como modelo – queria cantar, não ficar lá atrás.

O Breakfast, a propósito, sobreviveu à saída de Madonna: lançou um disco em 1987, epônimo. Durou até 1990, mas em 2016 o grupo pôs nas lojas um EP, Percolate, contendo gravações do segundo (e nunca lançado) disco. Dan Gilroy virou ator, e tem um xará mais famoso ainda, roteirista, que é casado com a atriz Rene Russo. Abaixo você confere gravações de 1979 do grupo e um vídeo com várias imagens de Madonna na época do grupo, com Little boy (do repertório do Breakfast club) no BG.

COMO É BOM SER (QUASE) PUNK. Uma banda que Madonna gostava bastante no começo da carreira era The Slits. O grupo punk feminino britânico, que unia punk, dub e reggae, volta e meia aparecia por Nova York e – diz a biografia Madonna 60, de Lucy O’Brien – era estudado atentamente por Madonna. E a banda não apenas já estava sacando a observação da cantora como não gostava nada disso.

“Morro de raiva de Madonna nunca ter usado uma camiseta com The Slits escrito em lantejoulas brilhantes e chamativas. Ela nos deve tudo. Roubou da (guitarrista) Viv Albertine todas as ideias de moda no início da carreira dela”, contou a vocalista das Slits, Ari Up. Viv costumava usar pedaços de pano amarrados no cabelo e lingerie por cima da roupa, como Madonna lá por 1984.

NEM TANTO. Seja como for, a cabeleireira L’Nor Wolin, responsável pelo cabelo de Madonna no clipe de Borderline, lembra de ter ouvido dela que “não quero que meu visual seja punk, quero que seja urbano”. Isso porque L’Nor, procurada por ela para trabalhar no vídeo, era responsável por vários penteados punk inovadores da época. Por sinal, a cabeleireira se recorda de Madonna dando altas patadas no set do clipe, quando via que o catering não havia selecionado comida vegetariana para ela. “Ela gritava: ‘não vou comer essa merda, vá buscar algo vegetariano pra mim!’”, lembra no livro de Lucy O’Brien.

ALIÁS E A PROPÓSITO, entre 1979 e 1980, Madonna também fez sua estreia como atriz, num filme que – você deve saber – ela renega até hoje, A certain sacrifice. Realizado em super 8 e dando uma geral no universo das relações sadomasoquistas (com direito a um estranhíssimo sacrifício satânico no final, daí o nome), o filme foi feito na base do “faça você mesmo” punk: foi rodado por 20 mil dólares, boa parte do elenco trampou por amor e a cantora ganhou o suficiente para conseguir pagar o aluguel do mês. Madonna tentou comprar os direitos do filme, impedir a produção de ser vista, brigou feio com o diretor (Stephen Jon Lewicki), mas não deu certo: A certain sacrifice foi lançado em VHS, laserdisc e DVD, e foi visto por vários fãs ardorosos de Madonna.

MAIS UMA BANDA.  Teve também a “outra banda” de Madonna pré-sucesso. O Emmy & The Emmys veio de um apelido dela de adolescência, e era basicamente uma parceria entre Madonna e um ex-namorado, Stephen Bray, que ela conhecia desde quando morava no Michigan. O som era uma onda meio ska, e dessa época sobraram só gravações feitas em 1980. Em 1981, Madonna gravou uma demo, dirigida por sua primeira empresária, Camille Barbone, no Gotham Studios, em Nova York. A ideia era que a cantora virasse uma espécie de Pat Benatar. Não deu certo, claro.

DANCETERIA. Em 1982, Madonna arruma um emprego como garçonete na boate Danceteria, em Nova York. No ano seguinte, foi até clicada no local por Eric Kroll em várias poses – você já viu isso aqui no Pop Fantasma. O local era um novo conceito de casa noturna, com quatro andares, vários DJs, inúmeros ambientes, exibições de vídeos (as “danceterias” espalhadas pelo Brasil nos anos 80 tiraram seu nome de lá). No palco e na pista, nomes como Depeche Mode, Duran Duran, B-52’s, Butthole Surfers, Nick Cave.

ALIÁS E A PROPÓSITO, os integrantes do A Certain Ratio, banda lançada pelo selo indie britânico Factory – definida pelo dono da gravadora, Tony Wilson, como tendo “toda a energia do Joy Division, mas com roupas melhores” – podem contar essa pros netos: tiveram um show aberto por Madonna lá no Danceteria. O tal show rolou em 16 de dezembro de 1982 e era “precedido por uma participação especial de Madonna como convidada”, como diz o convite do evento.

Hoje, claro, esse convite é inacreditável. “Este deve ser um dos  mais antigos artefatos de concertos da Madonna de todos os tempo, ou talvez o mais antigo. Madonna apareceu à meia-noite e A Certain Ratio a 1h. Isso era típico dos clubes de Nova York na época – mesmo em uma noite de quinta-feira. Para os convidados houve também um buffet (às 22h)”, afirma o site Record Mecca. Por sinal, o ACR lembra que essa noite com Madonna foi tudo, menos alegre e descontraída. “Madonna entrou e a primeira coisa que ela fez foi nos repreender. Ela disse: ‘Todo o seu equipamento terá de ser movido’. Levamos uma hora e meia para configurar. Nós estávamos tipo: ‘Isso não vai a lugar nenhum’. Acabou em uma discussão massiva”, lembrou o baterista Donald Johnson à Attack Magazine, rindo. “Eu gosto dela desde então, porque ela enfrentou todos esses caras”.

EX PRESENTE. Lembra do Stephen Bray, ex-namorado de Madonna? Ele continuaria presente na carreira solo dela: é co-autor de músicas como EverybodyInto the groove e Express yourself. Por acaso, em 1987, ele também foi parar na formação do Breakfast Club que gravou o único disco da banda. Hoje ele tem um estúdio, um selo e fez coisas para a Broadway,

TEM FILME. Madonna and The Breakfast Club (2019) é um documentário dramatizado sobre os primeiros anos da vida da cantora, quando ela era integrante do Breakfast Club e dava shows em bibocas. Dirigido por Guy Guido, o filme, que chegou a ser exibido aqui no Brasil num projeto comemorativo do Cinemark, fez circuito de festivais, revelou uma atriz extremamente parecida com Madonna (Jamie Auld, que morreria em 2022, aos 26) e traz entrevistas com ex-amigos como Dan Gilroy, Norris Burroghs e Martin Schrieber.

Evidentemente, o filme não apenas é “não-oficial”, como a própria Madonna não topou dar depoimento nenhum – mas a atuação de Jamie foi elogiada. Está disponível no Prime Video, mas não para o Brasil. Também está no YouTube até tirarem de lá.

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