Cultura Pop
Sally Grossman, a garota da capa

A garota da capa de um dos mais significativos discos da primeira fase de Bob Dylan, Bringing it all back home (1965) era a esposa do empresário do cantor, Albert Grossman. Sally Grossman, que aparece no fundo da capa – por sinal uma capa repleta de capas de discos, mas isso é assunto para um próximo texto – tinha se casado com Albert em 1964 e, conforme afirmou à revista Mojo em 1996, entrou no layout apenas por acaso.

Dylan estava hospedado na casa do casal Grossman em 1965. Sally estava ali perto, aquele monte de LPs também, o gato persa de Dylan – que se chamava Rolling Stone – também estava no colo dele, o fotógrafo Daniel Kramer fez a foto, e pronto. Não havia muito simbolismo nas imagens, e tudo ali estava meio por acaso, mas “Dylan pensava que nós parecíamos com uma dupla dinâmica, como Elizabeth Taylor e Richard Burton”, afirmou Sally, que morreu aos 81 anos no dia 12 (sexta), enquanto dormia, em sua casa em Woodstock.
Mojo magazine, August 1996. #SallyGrossman pic.twitter.com/tXiO6Rajof
— Dag Braathen (@dagbraathen) March 12, 2021
Albert Grossman morreu em 1986, na época em que o CD já estava começando a botar a cabeça para fora no mercado fonográfico. Sua gravadora Bearsville Records, que havia lançado artistas como Todd Rundgren, Foghat e Sparks, havia fechado as portas dois anos antes. Sally passou a tomar conta do catálogo do selo e ficou durante vários anos administrando um dos mais importantes negócios de Albert naquele momento: o Teatro Bearsville, também em Woodstock, que começou a ser feito dois anos antes de Albert Morrer.
Grande aglutinador de talentos, Grossman era tão próximo dos artistas que lançava que chegou a construir locais para eles se hospedarem em Catskills, Woodstock. Nomes como Janis Joplin, Odetta, Peter, Paul e Mary e vários outros passaram pelo seu escritório. A ideia de dar mais espaço criativo ao artista seguiu adiante com o estúdio Bearsville (que existem ate hoje) e, a partir dos anos 1980, com o projeto do teatro.
O criador do local pensava em montar um espaço para que os artistas pudessem mostrar seu trabalho para formadores de opinião e gente do mercado fonográfico. Em 1984, quando começou a obra, pôs John Storyk, que projetou o estúdio Electric Lady, de Jimi Hendrix, e também havia feito o próprio estúdio Bearsville, para bolar a arquitetura do teatro. Só que um ataque cardíaco fulminante levou Grossman, em 25 de janeiro de 1986.
A administração do local foi para as mãos da viúva Sally, que em 1989, 24 anos depois de aparecer na capa do LP de Dylan (e três anos após começarem as obras), lançou o teatro. Passou a abrigar desde peças até shows de Roger McGuinn, Dr. John e Odetta, mas as flutuações do negócio fizeram o complexo passar de mão em mão e ter algumas de suas operações fechadas. Em 2019, após o local quase ser vendido para candidatos a proprietários que construiriam um hotel lá, a britânica Lizzie Vann comprou o complexo. O site do teatro (que está fechado desde o começo da pandemia, embora tenha dado abrigo a algumas lives) lista ela como proprietária do espaço.
Liza mudou o nome do teatro para Bearsville Centre, e afirmou que “queria seguir o sentimento original de que este é um lar para a comunidade e um lar para os músicos”. Ainda que Sally não fosse mais a dona do local desde 2004, Liza fez questão de ir conversar com ela quando adquiriu a propriedade. Por causa da covid-19, o ursinho que sempre foi símbolo da Bearsville passou a ostentar uma máscara na logo do teatro, como dá para ver no Instagram da casa.
Cultura Pop
No nosso podcast, Alanis Morissette da pré-história a “Jagged little pill”

Você pensava que o Pop Fantasma Documento, nosso podcast, não ia mais voltar? Olha ele aqui de novo, por três edições especiais no fim de 2025 – e ano que vem estamos de volta de vez. No segundo e penúltimo episódio desse ano, o papo é um dos maiores sucessos dos anos 1990. Sucesso, aliás, é pouco: há uns 30 anos, pra onde quer que você fosse, jamais escaparia de Alanis Morissette e do seu extremamente popular terceiro disco, Jagged little pill (1995).
Peraí, “terceiro” disco? Sim, porque Jagged era só o segundo ato da carreira de Alanis Morissette. E ainda havia uma pré-história dela, em seu país de origem, o Canadá – em que ela fazia um som beeeem diferente do que a consagrou. Bora conferir essa história?
Edição, roteiro, narração, pesquisa: Ricardo Schott. Identidade visual: Aline Haluch (foto: Capa de Jagged little pill). Trilha sonora: Leandro Souto Maior. Vinheta de abertura: Renato Vilarouca. Estamos aqui de quinze em quinze dias, às sextas! Apoie a gente em apoia.se/popfantasma.
Ouça a gente preferencialmente no Castbox. Mas estamos também no Mixcloud, no Deezer e no Spotify.
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Cultura Pop
No nosso podcast, Radiohead do começo até “OK computer”

Você pensava que o Pop Fantasma Documento, nosso podcast, não ia mais voltar? Olha ele aqui de novo, por três edições especiais no fim de 2025 – e ano que vem estamos de volta de vez. Para abrir essa pequena série, escolhemos falar de uma banda que definiu muita coisa nos anos 1990 – aliás, pra uma turma enorme, uma banda que definiu tudo na década. Enfim, de técnicas de gravação a relacionamento com o mercado, nada foi o mesmo depois que o Radiohead apareceu.
E hoje a gente recorda tudo que andava rolando pelo caminho de Thom Yorke, Jonny Greenwood, Colin Greenwood, Ed O’Brien e Phil Selway, do comecinho do Radiohead até a era do definidor terceiro disco do quinteto, OK computer (1997).
Edição, roteiro, narração, pesquisa: Ricardo Schott. Identidade visual: Aline Haluch (foto: reprodução internet). Trilha sonora: Leandro Souto Maior. Vinheta de abertura: Renato Vilarouca. Estamos aqui de quinze em quinze dias, às sextas! Apoie a gente em apoia.se/popfantasma.
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4 discos
4 discos: Ace Frehley

Dizem por aí que muita gente só vai recordar de Gene Simmons e Paul Stanley, os chefões do Kiss, quando o assunto for negócios e empreendedorismo no rock – ao contrário das recordações musicais trazidas pelo nome de Ace Frehley, primeiro guitarrista do grupo, morto no dia 16 de outubro, aos 74 anos.
Maldade com os criadores de uma das maiores bandas de rock de todos os tempos, claro – mas quando Frehley deixou o grupo em 1982, muita coisa morreu no quarteto mascarado. Paul Daniel Frehley, nome verdadeiro do cara, podia não ser o melhor guitarrista do mundo – mas conseguia ser um dos campeões no mesmo jogo de nomes como Bill Nelson (Be Bop De Luxe), Brian May (Queen) e Mick Ronson (David Bowie). Ou seja: guitarra agressiva e melódica, solos mágicos e sonoridade quase voadora, tão própria do rock pesado quanto da era do glam rock.
Ace não foi apenas o melhor guitarrista da história do Kiss: levando em conta que o grupo de Gene e Paul sempre foi uma empresa muito bem sucedida, o “spaceman” (figura pela qual se tornou conhecido no grupo) sempre foi um funcionário bastante útil, que lutou para se sentir prestigiado em seu trabalho, e que abandonou a banda quando viu suas funções sendo cada vez mais congeladas lá dentro. Deixou pra trás um contrato milionário e levou adiante uma carreira ligada ao hard rock e a uma “onda metaleira” voltada para o começo do heavy metal, com peso obedecendo à melodia, e não o contrário.
Como fazia tempo que não rolava um 4 Discos aqui no Pop Fantasma, agora vai rolar: se for começar por quatro álbuns de Ace, comece por esses quatro.
Texto: Ricardo Schott – Foto: Reprodução
“KISS: ACE FREHLEY” (Casablanca, 1978). Brigas dentro do Kiss fizeram com que Gene, Paul, Ace e o baterista Peter Criss lançassem discos solo padronizados em 1978 – adaptando uma ideia que o trio folk Peter, Paul and Mary havia tido em 1971, quando saíram álbuns solo dos três cujas capas e logotipos faziam referência ao grupo. Ace lembra de ter ouvido uma oferta disfarçada de provocação numa reunião do Kiss, quando ficou definido que cada integrante lançaria um disco solo: “Eles disseram: ‘Ah, Ace, a propósito, se precisar de ajuda com o seu disco, não hesite em nos ligar ‘. No fundo, eu dizia: ‘Não preciso da ajuda deles’”, contou.
Além de dizer um “que se foda” para os patrões, Ace conseguiu fazer o melhor disco da série – um total encontro entre hard rock e glam rock, destacando a mágica de sua guitarra em ótimas faixas autorais como Ozone e What’s on your mind? (essa, uma espécie de versão punk do som do próprio Kiss) além do instrumental Fractured mirror. Foi também o único disco dos quatro a estourar um hit: a regravação de New York Groove, composta por Russ Ballard e gravada originalmente em 1971 pela banda glam britânica Hello. Acompanhando Frehley, entre outros, o futuro batera da banda do programa de David Letterman, Anton Fig, que se tornaria seu parceiro também em…
“FREHLEY’S COMET” (Atlantic/Megaforce, 1987). Seguindo a onda de bandas-com-dono-guitarrista (como Richie Blackmore’s Rainbow e Yngwie Malmsteen’s Rising Force), lá vinha Frehley com seu próprio projeto, co-produzido por ele, pelo lendário técnico de som Eddie Kramer (Jimi Hendrix, Beatles, Led Zeppelin) e Jon Zazula (saudoso fundador da Megaforce). Frehley vinha acompanhado por Fig (bateria), John Regan (baixo, backing vocal) e Tod Howarth (guitarras, backing vocal e voz solo em três faixas).
O resultado se localizou entre o metal, o hard rock e o rock das antigas: Frehley escreveu músicas com o experiente Chip Taylor (Rock soldiers), com o ex-colega de Kiss Eric Carr (Breakout) e com John Regan (o instrumental Fractured too). Howarth contribuiu com Something moved (uma das faixas cantadas pelo guitarrista). Russ Ballard, autor de New York groove, reaparece com Into the night, gravada originalmente pelo autor em 1984 em um disco solo. Típico disco pesado dos anos 1980 feito para escutar no volume máximo.
“TROUBLE WALKING” (Atlantic/Megaforce, 1989). Na prática, Trouble walking foi o segundo disco solo de Ace, já que os dois anteriores saíram com a nomenclatura Frehley’s Comet. A formação era quase a mesma do primeiro álbum da banda de Frehley – a diferença era a presença de Richie Scarlet na guitarra. O som era bem mais repleto de recordações sonoras ligadas ao Kiss do que os álbuns do Comet, em músicas como Shot full of rock, 2 young 2 die e a faixa-título – além da versão de Do ya, do The Move. Peter Criss, baterista da primeira formação do Kiss, participava fazendo backing vocals. Três integrantes do então iniciante Skid Row (Sebastian Bach, Dave Sabo, Rachel Bolan), também.
“10.000 VOLTS” (MNRK, 2024). Acabou sendo o último álbum da vida de Frehley: 10.000 volts trouxe o ex-guitarrista do Kiss atuando até como “diretor criativo” e designer da capa. Ace compôs e produziu tudo ao lado de Steve Brown (Trixter), tocou guitarra em todas as faixas – ao lado de músicos como David Julian e o próprio Brown – e convocou o velho brother Anton Fig para tocar bateria em três faixas. A tradicional faixa instrumental do final era a bela Stratosphere, e o spaceman posou ao lado de extraterrestres no clipe da ótima Walkin’ on the moon. Discão.
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